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História More than a Simple Conection - Salvar


Escrita por: MrsKah

Notas do Autor


Oi lindeeeeees, desculpem a demora do capitulo de hoje diqwduhqwud estou um pouco ocupada esses dias, confesso que muito exausta também. Enfim, sem mais delongas:

Boa leitura!

Capítulo 20 - Salvar


    ”Eles levaram ela.” A voz feroz e horripilante que assombrava seus pensamentos se manifestou. “Roubaram o que nós caçamos… tudo porque você é um inútil.” Sentia que não tinha o que responder. Infelizmente ele estava certo. Havia perdido Ravena por ser inútil demais. “Vou trazer ela de volta.” Respirou fundo. Não podia perdê-la assim tão facilmente. Não havia voltado do inferno e a procurado por quase três anos para apenas perdê-la para míseros selvagens imundos. Já havia enfrentado situações muito mais difíceis, envolvendo roubos e tesouros, rastreá-la e resgatá-la seria como tirar doce de criança.

    Era noite quando Garfield sentiu o seu pé recém fraturado estar novo como nunca; pisou no chão aos poucos apenas para ter certeza, mas logo se moveu com rapidez para alcançar o que precisava para ir, tinha que sair antes que notassem sua falta ou quisessem ir junto. Precisava ir sozinho, porque morreria de um jeito ou de outro. Afivelou o coldre com firmeza, verificou a munição do seu revólver e então o colocou dentro do compartimento do coldre; vasculhou dentro de algumas caixas debaixo da cama e de dentro pegou algumas cordas e um arco e flecha antigo da guarda real de Siracusa, talvez fosse o suficiente. Por último, pegou o seu sabre que estava no cabide acima da cabeceira da cama, olhou o próprio reflexo na lâmina brilhante. Ravena salvou sua vida duas vezes. Aquele era o momento de retribuir o favor.

    Antes que saísse, quando estava guardando um pergaminho enrolado dentro do bolso, conseguiu notar a adaga sobre a madeira da sua mesa, a adaga que havia dado para ela; a pegou, guardando-a um pouco mais escondida do que as outras coisas. Atravessou o batente da entrada da cabine com determinação; olhou ao redor um pouco apreensivo, conseguia escutar os burburinhos vindo do porão, estavam discutindo sobre como e quando a resgataram, mas até que decidissem, já estaria voltando com ela; desceu a rampa a passos silenciosos e há alguns metros do navio, desenhou um símbolo grande na areia com a ponta da espada, uma linha grossa na vertical e uma fina na diagonal que se cruzavam, por fim, duas esferas, uma no topo direito e outra no canto inferior esquerdo. Viktor saberia o que significa. Olhou para a selva e respirou fundo. “Eu vou te resgatar.



 

    O vento frígido uivava através das barras fortes e grossas de madeira da jaula em que estava presa. Presa como um animal. Não sabia se chorava, se rezava desesperadamente, esperando que algum milagre pudesse simplesmente acontecer, ou se apenas se mantinha deitada até que finalmente chegasse o momento que eles lhe matassem. No final, não era como se existisse a hipótese de estar livre, mesmo que não estivesse mais numa jaula. Ainda estava presa pelas algemas; presa naquele navio maldito porque não sabia nadar; presa à Trigon; sua prisão era predestinada desde antes mesmo de nascer. Tudo por causa do destino que não conseguia fugir, por mais que usasse todos os seus esforços. Não se podia fugir do caminho que já estava traçado.

 

    Ravena soltou um pesado suspirar ao sentir uma corrente de ar mais gélida se chocar contra as suas costas, fazendo seu corpo tremer involuntariamente por causa do frio arrebatador; sentou-se no chão, envolvendo a capa ao seu redor com mais força, na intenção de que criasse um calor minimamente maior, a ideia de morrer de frio era assustadora. Seus olhos marejados olharam para o céu sem estrelas, procurou pela imagem brilhante da lua, mas as nuvens a cobriam; estava certa de que iria morrer, mas, se possuía qualquer mísero fio de esperança, desejava que fosse resgatada, desejava ver sua única amiga de novo e escutar todos os seus monólogos melodramáticos sobre seu amor, por mais insuportáveis que fossem; desejava poder conversar com Viktor e fazer um milhão de perguntas. Apenas desejava estar livre daquele lugar. “Por favor, só quero ser salva…” Pensou, desesperada.



 

    Era uma mata densa, obscura e misteriosa; não se passava um único feixe de luz vindo do céu, tornando tudo difícil de se enxergar e distinguir. Mas Garfield não se importava. Andava sem medo, olhando com atenção para o chão conforme refazia todo o caminho até que chegasse de volta ao local da emboscada. Analisou o lugar com atenção. Várias pegadas de direções diversas estavam amontoadas na lama; algumas flechas e lanças estavam fincadas na madeira dos coqueiros. Lembrava-se que eles estavam escondidos, provavelmente já tinham visto o navio atracar logo depois da tempestade e os seguiram o tempo todo até o momento perfeito. Ergueu seu pulso, como se fosse olhar as horas num relógio e, em questão de poucos segundos, vislumbrou a imagem melancólica de Ravena, encolhida numa jaula medíocre enquanto todas as partes do seu corpo tremiam de frio, ela estava no alto da montanha, claro que estaria no lugar mais difícil que poderia ter naquela ilha. Ele suspirou com pesar, porém, não perdeu mais muito tempo, se enfiando cada vez mais na penumbra daquele lugar.

    Mesmo sem conhecer o território por onde andava, tinha pressa em seus passos, a ideia de que Ravena poderia simplesmente morrer por culpa do vento frio do alto da montanha era um incentivo a mais para que tivesse que pressa; após uma quase morte de hipotermia, o que eles poderiam fazer com ela? Na verdade, preferia não imaginar, preferia não ficar aumentando todas as paranoias que o seu cérebro ansioso estava criando, mesmo que os pensamentos fossem profundamente inevitáveis. Umedeceu os lábios com a língua, a ação de erguer o pulso para ver a imagem da empata novamente fora mais forte que qualquer outra coisa. ”Merda… eu estou indo, Ravena.” Pensou, dando passos mais largos e destemidos.

 

    Talvez fosse o frio e o escuro levando parte da sua sanidade embora, mas Ravena podia jurar que em meio à todo aquele silêncio noturno, a voz de Logan ecoou muito claramente aos seus ouvidos. Estava louca? Estava tão desesperada pelo socorro e para voltar ao navio que estava ouvindo coisas? Olhou ao redor, tentando encontrar algum traço verde que seja, o único problema, era que quase todas as coisas ao seu redor eram verdes. Óbvio que ele não estava ali e era mais do que óbvio que o frio estava lhe deixando retardada. Esforçou-se para espremer-se com o pano de sua capa, tentando criar mais calor ao seu redor, porém, não fez tanta diferença. Olhou as próprias mãos, trêmulas, incapazes de serem úteis até mesmo para quebrar as barrar ou cavar o chão, seus poderes não funcionavam, como já deveria estar acostumada e não tinha nenhum outro artifício que pudesse usar para tentar se libertar; em busca de qualquer fio de esperança, seu olhos acabaram repousando sua visão sobre o seu pulso, que estava aprisionado pelas algemas, as algemas que talvez, pela primeira vez desde que haviam lhe prendido, poderiam ser úteis. Talvez fosse isso? Talvez a voz de Logan tenha sido escutada por causa delas? “Logan?” Ela o chamou mentalmente.

 

    Ele estava abaixado no chão, tateava a lama com apreensão, estudando a profundidade das pegadas marcadas ali antes de prosseguir o seu caminho; a voz de Ravena soou alto em sua mente, porém, assim como ela, jurou estar louco. Virou-se com a espada empunhada em mãos, olhando ao seu redor em busca de movimentos suspeitos que pudessem denunciar alguma coisa; não acharia estranho se ouvisse coisas, já escutava outra voz dentro de sua cabeça que não fosse a sua própria, não duvidaria que talvez, por conta da sua obsessão, estivesse ouvindo a voz dela tão claramente. “Logan, consegue me ouvir?” De novo. Por um lapso de memória, recordo-se que comunicação telepática era um dos artifício da ligação criada pelas algemas, era isso, então? Recobrava-se quando se aproveitaram disso na luta contra Fletcher. Suspirou mais aliviado, guardando a espada dentro da bainha.

 

Ravena? Ravena, você está me escutando?!

 

Estou, não sei se fico feliz ou triste.

 

Como consegue ser sarcástica, agora?

 

Humph, vai fazer alguma diferença eu falar em outro tom?

 

Tanto faz. Olha, eu estou indo atrás de você, não se mexa.

 

Há, muito engraçado…

 

Te fizeram alguma coisa?

 

Me sequestraram e me trancaram numa jaula. Mas acho que você viu uma boa parte disso acontecendo.

 

Você entendeu a minha pergunta.

 

Estou bem.

 

Quero que me diga a verdade.

 

Eu estou falando a verdade. Eu estou bem, por enquanto. Talvez eu amanheça morta por causa desse frio congelante, mas estou bem.

 

Vou te tirar daí, só espera mais um pouco.

 

Bom, não há muito para onde  eu posso ir.

 

    Por mais estranho que fosse falar com ela sem poder vê-la, mais especificamente, sem poder olhar fundo nos seus olhos ametistas, as poucas palavras que trocaram, foram o suficiente para que parte do seu tremendo desespero se transformasse em mais determinação, se ela estava sarcástica, era um bom sinal, só precisava ir rápido, o mais rápido que conseguir.

    Por quase uma hora, seus maiores problemas durante o caminho eram as plantas, que o obrigavam a andar, rastejar ou escalar por corta-caminhos, porém, ao atravessar um amontoado de árvores, deparou-se com uma extensa ponte de madeira e cipós que ligava à primeira parte alta da montanha; abaixo, há não muitos metros de distância, estava o seguimento de um rio que terminava no mar e se originava de uma cachoeira alguns quilômetros de distância, a queda não lhe mataria, mas lhe tiraria o pouco tempo que tinha. Pisou na primeira tábua de madeira com cuidado, verificando a estabilidade da ponte; era bem firme, parecia ter uma manutenção recente, por isso, não demorou para que começasse a atravessá-la sem medo.

Garfield apenas não estava contando com o maior sabotador que poderia estar ao seu encalço: Trigon. Ele assistia tudo o que acontecia desde a tempestade, esperando sempre o momento certo que poderia agir. Julgava que o pirata estava demorando demais com o seu resgate para com a sua primogênita, por isso, deveria fazê-lo ter mais pressa

    Ao pisar na tábua que marcava o meio da ponte, um ranger alto podia ser bem audível vindo da madeira, que rachou com o seu peso e quase instantaneamente se partiu; seu pé passou pelo buraco recém feito e seu corpo caiu pelo resto da ponte, fazendo com que a mesma passasse a se balançar de um lado a outro, ainda suspensa ao rio. Garfield olhou para a água corrente com um pouco de desespero por alguns segundos, seu sangue gelo e seus olhos lentamente se moveram para o resto da ponte, querendo ter certeza de que conseguiria subir de novo e terminar de atravessar. Por enquanto, nada. Respirou fundo, segurou nas cordas e se impulsionou para cima, retirando a perna do buraco no meio da ponte. Antes que pudesse recuperar-se para continuar andando, a corda que segurava subitamente se desamarrou da estaca de madeira que prendia a ponte do lado que havia vindo; a ponte pendeu para o lado, obrigando o esverdeado a de segurar com mais força na corda enquanto procurava algum jeito de se equilibrar. “Porra…! Os deuses me odeiam, só pode!” Pensou com raiva, agarrando-se a uma das tábuas. Com medo que algo mais acontecesse, apressou-se em engatinhar até o final, apenas ficando em pé quando teve certeza que a terra era firme o bastante. Sentiu o calafrio ao olhar uma última vez para a ponte, por isso preferiu esquecê-la logo, retomando a caminhada em busca de Ravena.

    Subiu longos metros da montanha, o suficiente para encontrar um caminho que passava por detrás da cachoeira, alguns metros não muito longe, o seu próximo obstáculo era uma parede extensa de pedra, com relevos minúsculos e escorregadios com a água e o muco dificultando ainda mais a escalada; ele apertou o chapéu na cabeça e arregaçou as mangas da camisa, preparando-se para subir, não deveria ser tão difícil. Seus dedos apenas seguravam míseros centímetros das brechas entre as rochas, respirando fundo para sustentar o peso do próprio corpo num lugar são estreito e complicado; os pés dentro dos sapatos espremiam os dedos como se fosse capaz de segurar as poucas extremidades para ajudar, mas quanto mais alto, menos espaço tinha. Sentiu o suor que pingou em seu ombro pesar mais do que realmente pesava, as veias das mãos ficando mais tensas por debaixo da pele verde pelo esforço dos seus músculos, mas a sua verdadeira inimiga sendo a iminente gravidade; num passo em falso, os poucos centímetros que seus sapatos alcançavam escorregaram com brutalidade, seu peso fez um peso maior e a vertigem somente piorou a sensação de estar caindo para trás; colou o máximo que pôde do seu corpo contra a parede e deixou que a atmosfera fria dominasse o seu corpo ansioso, não tendo certeza se tremia de frio, desespero, ou porque as articulações já começavam a ficar doloridas; respirou fundo, prendendo o ar em seus pulmões e se impulsionou para subir mais um pouco. Sua mão segurou um relevo não confiável da parede, não demorando muito para a mesma escorregar quando colocou peso para subir com a outra, cortando sua palma num ferimento doloroso, sua voz não pôde ser ouvida ao gritar por causa da água corrente da cachoeira, mas sentiu garganta doer; preferiu puxar o pela boca e ignorar que o sangue e o machucado dificultavam para que continuasse, mas uma queda de dez metros não era exatamente alto que gostaria, por isso, mesmo que o machucado se sujasse e a ferida se abrisse ainda mais, continuou subindo. Chegar ao topo não teve uma comemoração, por mais que a felicidade de não ter morrido numa queda miserável estivesse bem estampado no seu sorriso desesperado; olhou a própria mão, o ferimento não era muito fundo, mas não estava muito bonito com o musgo grudado e alguns grãos pequenos de cascalho, ainda doeria muito.

    Rasgou um pedaço da manga de sua camisa e o tentou tirar as maior parte das impurezas antes de enfaixar o machucado apenas para que não piorasse a situação no futuro.

 

Você está demorando, daqui duas horas o sol vai nascer.

 

Claro, você acha que é fácil chegar numa aldeia de um bando de selvagens no topo de uma montanha, não é?

 

Oh, desculpe, realmente, perdão por te apressar para que você chegue antes que eles simplesmente arranquem meu coração e me matem.

 

Quase caí de uma ponte e de uma parede de mais de dez metros de altura numa cachoeira, eu estou tentando ir o mais rápido que posso!

 

Não vai ser rápido o suficiente se continuar nesse ritmo.

 

Consegue calar a porra da boca? Não vou chegar a tempo de propósito se continuar falando na minha cabeça.

 

Se não fossem as malditas algemas, já teria saído daqui sozinha.

 

Porra, de novo veio falar de algemas?

 

Sim! De novo! Por que é tudo culpa sua!

 

Eu também não estou feliz em lidar com uma bruxa fresca e insuportável.” 


 

    Ravena bufou, decidindo não responder. Se levantou, mesmo com o vento frio e a incapacidade do seu corpo de criar calor, a raiva já era o suficiente para lhe aquecer; tentou agarrar-se a isso, a sua raiva iminente enquanto andava de um lado ou de outro. Pensava no que ele havia dito, fora vendada assim que entrou na selva com os nativos e por isso não viu nada sobre o caminho, tentava recobrar-se de alguma parede, mas não tinha sentido movimento de como se estivesse sendo carregada numa escalada, mas o som da cachoeira era memorável de fato, talvez ele não estivesse tão longe? Não sabia dizer. Não saber lhe deixava nervosa.

    Garfield não demorou muito mais tempo para começar a encontrar alguma coisa; ao longo do caminho, algumas árvores possuíam braseiros de pedra ao redor para seus troncos para que iluminassem ao seu redor, mesmo que já estivesse acostumado com a escuridão. Subiu numa árvore, movendo-se com cuidado e silêncio, mesmo que talvez não houvesse ninguém por onde estava agora, ainda não queria ser pego por alguém e morto antes que sequer visse Ravena. Enquanto se movia por entre os galhos, algumas vozes masculinas podiam ser escutadas se comunicando entre si, mas não conhecia a língua para que conseguisse discernir o que era, julgaria que fosse algo não muito importante, pois eram dois guerreiros que apenas vigiavam aquele ponto. Para voltar seria pior, tinha certeza. Andou até que conseguisse ver algo que chamasse mais atenção. Uma iluminação maior do que as tochas e os braseiros espalhados por toda a selva, uma iluminação vinda de uma aldeia, guardada por quatro a seis homens em cada extremidade. O problema agora era passar por todos eles sem ser visto. Bom, já havia passado por toda a torre de segurança do livro da paz de Siracusa, que era uma segurança extrema ao nível de Bruce Wayne, passar por uma defesa desconhecida de um monte de selvagens imprevisíveis e retardados não seria muito pior, não é?

    A arroxeada percebeu as estrelas ficando um pouco menos visíveis, conforme o céu iniciava a sua transição de azul escuro profundo para o clarear gradativo em amarelo do céu, tinha apenas uma hora ou algo assim, a ansiedade lhe deixava irritada e mais ansiosa. Mordeu a unha do polegar enquanto olhava ao redor, a precisão em procurar uma silhueta verde no meio de todas aquelas árvores verdes era retardada pelo cansaço e desespero, Logan poderia estar ali para lhe salvar a qualquer minuto, como também poderia não chegar nunca. Ao longe, uma moça com vestes feitas de pele de animal e penas começou a andar na sua direção, segurava o que parecia ser uma tigela de madeira e acessórios parecidos com o que usavam, seria aquilo uma roupa de sacrifício? Um sacrifício ao nascer do sol? “Que merda, Logan, se apresse!” Ela rezou mentalmente, com um pouco de medo.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Peço perdão pelos erros gramaticais, às vezes passa mesmo com revisão.


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