1. Spirit Fanfics >
  2. Mr Romance-Hinny >
  3. Brilhando

História Mr Romance-Hinny - Brilhando


Escrita por: LiviaWsleyy

Capítulo 21 - Brilhando


Eu precisei do coração partido de uma mãe, de um pai babaca e de mais de uma década de anestesia metódica para construir uma fortaleza em torno do meu coração. Harry precisou de um dia para demoli-la.

Durante muitos anos, eu pensei que o amor me enfraqueceria, me tornaria sem forma e fraca em um mundo espinhoso e implacável. Mas, depois de realmente deixar o Harry entrar e admitir o que sinto por ele, parece que o contrário aconteceu. Estar com ele faz com que eu me sinta como uma super-heroína. Cada toque gentil e olhar apaixonado, cada vez que ele sorri para mim como se não pudesse acreditar que sou de verdade, cada xingamento sussurrado quando eu lhe dou prazer, me enche de tanta adrenalina que eu poderia parar um trem.

Parte de mim se sente idiota por ter tido medo desse sentimento durante tanto tempo, mas ainda sinto um espinho de ceticismo me espetando, sussurrando que eu embarquei estupidamente no Expresso do Amor, mesmo sabendo muito bem qual o destino final. Nesses momentos, meu cérebro se torna agressivo e barulhento, como um bêbado se preparando para uma tremenda briga de bar com meu coração. Na utopia que tenho vivido nos braços de Harry, o bêbado desmaia antes de causar qualquer dano real. Mas, sinceramente, eu me pergunto quem ganharia de fato, se Harry não estivesse aqui, constantemente me lembrando que está no ringue com o meu coração.

Talvez seja esse medo que me faz ser egoísta e decidir passar o dia todo com ele. Entre ligações para o hospital para checar como está Nan, ele cozinha para mim, toma banho comigo e me mantém quentinha e segura. E, mais que tudo isso, ele passa a maior parte do tempo enroscado em mim, me mostrando várias vezes o quanto me ama e precisa de mim.

Aparentemente, nós temos muita frustração sexual para trabalhar ainda, porque, quando eu penso que não podemos transar mais uma vez, ele me olha de um jeito, ou me beija, ou anda por aí seminu, então as cinzas do nosso desejo se tornam chama de novo. Sim, eu estou ficando dolorida, mas o desconforto não é nada comparado ao que sinto quando ele está se mexendo dentro de mim. Me conectar tão profundamente com ele é uma euforia tão grande que um pouco de irritação não é o bastante para amornar minha paixão.

E agora eu estou deitada na cama, olhando para ele enquanto o sol da manhã começa a aparecer por cima dos prédios de Manhattan. Ele está deitado de barriga para baixo, com os braços enrolados em um cobertor, o lençol mal cobrindo a curva da sua bunda. Eu corro gentilmente meus dedos pelos músculos das costas dele e afasto uma mecha de cabelo da sua testa. E aí faço algo que nunca pensei que faria com um homem: eu suspiro. Por mais ingênuo e romântico que isso possa parecer, é a única reação que me parece apropriada agora. Esse homem lindo é meu. Quão bizarro é isso? 

Meu primeiro instinto é ligar para Asha e descarregar minhas emoções épicas, mas agora ela provavelmente está com a língua enfiada na boca de algum belo  francês, então essa não é uma opção. Contudo, ainda preciso de um escape, e sei que existe uma maneira segura de expurgar todos esses pensamentos e ainda dar um jeito na minha situação profissional.

Eu me inclino e dou um beijo suave na cabeça de Harry antes de sair da cama, vestir uma de suas camisetas gigantes, ir para a sala e sentar em sua escrivaninha  Há um iMac enorme bem no meio dela, e quando eu aperto um botão, a tela acende.

Abro um documento em branco e começo a digitar. As coisas que aprendi com Harry precisam ser ensinadas a outras pessoas e, neste momento, escrevê-las me parece a melhor forma de passar isso para a frente. Como com qualquer texto, as melhores coisas vêm direto do coração, e é isso o que acontece enquanto encho páginas detalhando minha experiência com o Mr. Romance. Não é a história que eu planejei escrever e não é o que Derek está esperando, mas é a verdade, e me sinto bem em poder falar de algo tão puro em um mundo que parece viver de piadas maldosas e críticas. Eu escrevo sobre meus preconceitos a respeito dos motivos de Harry e sobre como eu estava errada; eu escrevo sobre as clientes dele e sobre como eu as julguei mal; mas, acima de tudo, eu escrevo sobre Harry, sobre como ele deixou para trás quem foi educado para ser e se transformou no homem que tantas pessoas precisavam que ele fosse.

Ao terminar meu último parágrafo, o sol já está totalmente visível no horizonte. Quando ouço Harry bocejando no quarto, salvo rapidamente o documento e desligo o monitor. Eu ainda preciso conversar sobre o que pretendo fazer com isso antes que ele leia, para que ele não entenda errado.

Quando volto para o quarto, Harry está se espreguiçando, e eu não posso deixar de notar que o lençol mal cobre sua épica ereção matinal.

— Bom dia — ele diz, sua voz abafada pelo sono. Eu me enfio embaixo dos lençóis e me enrolo ao seu lado.

— Bom dia. — Dou uma olhada no volume sob o lençol. — Sério? Ele nunca fica cansado?

Ele puxa o lençol para cima um pouco, mas o contorno continua claríssimo.

— Não quando está perto de você, pelo visto. Acredita em mim, eu não tinha ideia que ele tinha essa energia até você aparecer.

Eu me apoio no meu cotovelo e olho para ele.

— Bom, não vá se animando. Eu preciso ir ficar com a Nan e, se você chegar perto de mim com essa coisa, nós dois sabemos que ficarei aqui por horas.

Ele me puxa para um beijo e então se afasta para examinar meu rosto.

— Só me prometa que, se sair daqui hoje, você não vai surtar enquanto estiver fora e mudar de ideia sobre a gente.

— Eu posso prometer que vou tentar — eu digo e o beijo suavemente, realmente esperando que não existam surtos no meu futuro, já que agora sou membro oficial da Seita do Amor. Nesse momento eu poderia escrever volumes de poesia sobre a ternura dos olhos dele, a curva sensual dos seus lábios e a perfeição masculina do seu corpo. Eu estou tão cheia de amor por ele que a Ginny de um mês atrás pensaria estar em uma realidade paralela. Ela reviraria tanto os olhos que talvez até conseguisse ver o próprio cérebro.

Quanto ao Harry, ele só respira profundamente e me encara, sereno e inocente.  Como sempre, ele consegue ler meus pensamentos, e com certeza deve estar se parabenizando por ter transformado a cética durona em uma tonta apaixonada.

— Você odeia o que está sentindo por mim, não odeia? — ele pergunta, com um sorriso se espalhando pelo rosto.

— Meu Deus, demais! Nunca esteve no meu plano de vida me sentir assim.

— Nem no meu. — Ele contorna meu rosto com os dedos. — Você sacudiu meu mundo inteiro, Ginny Weasley. Estou acostumado a estar no controle. A ser aquele por quem as pessoas se apaixonam. Não deveria ser eu a me apaixonar.

— Ainda assim, você deve estar se sentindo muito bem por eu ter caído direitinho na sua isca.

Ele observa a própria mão enquanto a desliza do meu pescoço ao meu peito.

— Eu não usei nenhuma isca com você, mas fui muito além do que normalmente vou nos encontros. Tudo sempre foi mais real com você.

— Porque você estava tentando acabar com a minha matéria?

Ele franze as sobrancelhas.

— Em parte. Eu precisava que você entendesse o que eu faço e por que eu faço, pra que você parasse de pensar que eu sou um babaca. Mais do que isso, eu queria que você me visse. Me conhecesse. Você acha que consigo escrever uma música pra qualquer uma? Só pra você e só como Caleb.

Corro meus dedos pelos seus cabelos e, quando arranho de leve minhas unhas em seu couro cabeludo, ele murmura em aprovação.

— Você não poderia só ser você mesmo?

O sorriso dele some.

— Não, porque eu passei tantos anos tentando mudar o homem que eu costumava ser, que já não sabia mais quem eu era. — Ele se senta, e agora é ele que olha para baixo para me ver. — E, mesmo assim, não importava qual fosse meu personagem, eu sempre me sentia uma pessoa melhor quando estava com você. Por tanto tempo eu me senti um ninguém... você fez eu me sentir um alguém de novo. Alguém que não precisa se esconder atrás de personalidades falsas pra ser um bom homem.

Ele se inclina e me beija e, depois de muitos minutos de um amasso lento e apaixonado, as coisas esquentam bem mais do que deveriam para quem está com pressa como eu.

Eu o afasto, rindo quando ele grunhe desapontado.

— Ginny, por favor. Eu estou sofrendo aqui.

— Eu também. Então guarda esse troço gigante dentro das calças até de noite, que até lá acho que a Regina já vai ter se recuperado o suficiente pra deixá-lo entrar de novo.

Ele deita de barriga para cima e se cobre com um travesseiro.

— Droga, estar tão a fim de você é uma tortura.

Eu sorrio e saio da cama.

— Uma verdade. — Eu entro no banheiro e ligo o chuveiro. — Então, quer jantar hoje à noite? Se sim, eu precisaria voltar pro hospital depois. Estou morrendo de culpa por ter gozado mil vezes em vez de ficar com Nan, mas ainda assim... — Olho para ele pela fresta da porta enquanto espero a água esquentar.

— Nós podemos passar algumas horas juntos.

É ridículo que, depois de todo o sexo que fizemos, eu ainda fique nervosa ao chamá-lo para jantar. Meu coração está disparado como se eu estivesse convidando o capitão do time de futebol para a formatura.

Ele se senta e me olha por alguns segundos. O breve silêncio que se segue parece infinito. Meu cérebro pensa em dezenas de motivos para ele hesitar, e nenhum deles é bom. Então prendo a respiração e espero ele responder.

— Ginny, eu adoraria, mas hoje... eu vou trabalhar.

— Ah, trabalhar tipo...

— Eu tenho um encontro.

Meu estômago vira chumbo.

— Certo. Mas eu achei que você não estivesse atendendo clientes enquanto nós estamos... bom... o que quer que esteja acontecendo.

— Eu não estava, mas eu tenho contas vencidas. Além disso, algumas clientes estão passando por períodos difíceis e realmente precisam do meu apoio.

Quero dizer que tenho certeza de que nenhuma delas tem uma avó em coma, mas isso seria mesquinho, sem falar injusto. Ele não trabalha há semanas por minha causa. Eu não posso tirar o ganha-pão dele, mesmo que me doa pensar em outras mulheres recebendo seu carinho.

— É claro. Sem problema algum.

— Podemos nos ver amanhã à noite. Eu te levo pra jantar.

Eu sorrio.

— Sim, claro. Parece ótimo.

— Ginny...

Eu sei que ele vai pedir desculpas, e eu não quero mesmo que ele faça isso.

— Harry, por favor, não se preocupa. Está tudo bem. Você tem contas a pagar.

Eu entendo completamente.

Tiro a roupa e entro no banho. A água está quente demais, mas isso é bom neste momento. Eu a deixo correr pela minha pele enquanto tento aliviar a tensão nos meus músculos.

Sendo realista, eu estava preparada para isso. Sempre pensei que um relacionamento contivesse algum grau de decepção e concessão. O trabalho de Harry é importante para ele, e com razão, mas isso não torna mais fácil aceitar que, se eu mergulhar fundo em tudo isso com ele, vou possivelmente ser uma jornalista desempregada, cujo namorado atende uma boa parte da bela elite de Nova York. Preciso encontrar uma forma de ficar bem com isso.

Quando me viro para molhar meu cabelo, dou um pulo ao ver uma sombra do outro lado da cortina. Ao puxá-la, vejo Harry ali, com uma expressão perturbada no rosto.

— Encontros são só trabalho — ele diz. — Eles não mudam o que sinto por você. — Ele chega mais perto. — Além disso, com tudo saindo no artigo, não sei mais quanto tempo isso vai durar, e eu preciso do dinheiro. Eu sou alguém sem faculdade e com uma dívida imensa. Nunca vou conseguir ganhar tanto dinheiro fazendo outra coisa.

— Eu sei. E eu não quero que você pare. Você é ótimo no que faz e essas mulheres precisam de você.

— Mas te incomoda, não?

Eu desligo a água. Quando ele me estende uma toalha, eu saio de debaixo do chuveiro e a enrolo em volta de mim.

— Harry, se imaginar você saindo e beijando outras mulheres não me deixasse louca de ciúmes, você deveria se preocupar com a profundidade dos meus sentimentos. — Eu me estico para lhe dar um beijo. — Escuta, eu sabia com o que você trabalhava e me apaixonei por você mesmo assim. Eu vou achar uma forma de lidar com isso, o.k.?

Ele me encara sem piscar por uns três segundos, então me pergunto se cometi algum pecado que eu não sabia existir no universo dos relacionamentos.

— Harry? Você está bem?

Ele engole e assente, e eu vejo os músculos do seu maxilar trabalhando.

— Sim, você só... — Ele parece estar lutando para manter a compostura. — Você disse que me ama pela primeira vez, e eu achei que estivesse preparado pra isso, mas pelo jeito não estou não.

Ele me puxa para os seus braços e enfia o rosto no meu pescoço.

— Fala de novo.

Eu rio, apertando-o mais forte.

— Eu te amo, Harry Potter. Eu te amo de um jeito estúpido, doente e revoltante. Isso te faz feliz?

Consigo sentir o sorriso dele contra minha pele.

— Mais do que você pode imaginar. — Ele se afasta e me olha. — Só pra constar, eu também te amo revoltantemente, então acho que vamos mesmo fazer isso.

Eu sorrio.

— Acho que sim.

Nós estávamos tão protegidos dentro da bolha de prazer na qual vivemos durante as últimas horas que não pensamos no que aconteceria quando saíssemos do apartamento. No entanto, agora que colocamos nossos sentimentos para fora, maiores do que nós mesmos e assustadores demais, precisamos achar um jeito de fazer isso funcionar na vida real.

— E você tem certeza que vai ficar bem comigo voltando a trabalhar?

Ele estuda meu rosto esperando uma reação, e eu me forço a manter meu sorriso sincero.

— Com certeza. Agora, sai daqui antes que eu faça coisas com você que me farão precisar de outro banho.

Ele me dá um beijo rápido e um aperto na bunda, mas, assim que ele vai para o quarto, eu sinto um peso no estômago que me diz que esse relacionamento novo e brilhante que estamos construindo está sob um terreno instável.

Quando termino de secar meu cabelo e visto o roupão de Harry, descubro, pelo aroma no ar, que ele já começou a preparar o café da manhã. Assim que chego à cozinha, me deparo com um prato de comida em cima do balcão. Está tão apetitoso que parece ter vindo de um restaurante. Harry está andando só de jeans, fazendo café preto em sua máquina de espresso vintage. Eu tiro um momento para olhá-lo com admiração.

Ele me pega olhando.

— O quê?

— Só estou me perguntando se você é ruim em alguma coisa.

— Claro. Em coisas demais pra te contar.

Eu me sento em um dos bancos de metal em frente ao balcão de inox.

— Fala algumas, só pra eu saber que você não está mentindo.

— Tá bom. Contabilidade. Sou terrível nisso e me entedia até a morte.

Eu levo uma garfada de ovos à boca. Previsivelmente, estão deliciosos.

— Bem-vindo ao clube. E...?

— Boliche. Eu sou o rei da canaleta.

— É, é. Isso não é nada. Algo importante?

Ele me traz um capuccino perfeito e o coloca na minha frente, passando um braço pela minha cintura e me puxando na sua direção.

— Sim. Ficar longe da mulher que me deixa mais duro que aço. Eu sou terrível nisso. — Ele se inclina e toma posse dos meus lábios. Mesmo com pressão mínima e nenhuma língua, a onda de desejo que corre por mim é tão forte que conseguiria lançar um satélite do tamanho de uma cidade ao espaço.

Eu toco o rosto dele e nós dois ficamos assim, lábios unidos, respiração rápida.

Quando nos separamos, eu olho para ele.

— Eu preciso terminar de me arrumar, seu homem malvado.

— Ainda não. — Ele me beija de novo, mais profundamente desta vez, e definitivamente com língua. Se a intenção dele era me fazer esquecer o que eu ia dizer ou fazer, ele é vitorioso. Quando ele se afasta, sua respiração está tão atrapalhada quanto a minha. Ele aperta meus peitos por cima do tecido macio, então grunhe de frustração e dá um passo para trás.

— Coma seu café da manhã. Talvez se sua boca estiver ocupada, eu consiga esquecer todas as coisas que quero fazer com ela.

Como rapidamente enquanto ele arruma a cozinha, e fico admirando suas costas maravilhosas. Harry está quieto e parece perdido em pensamentos, então nem percebe quando vou terminar de me arrumar.

Ao finalmente sair do quarto, completamente vestida para enfrentar o dia, fico chocada ao encontrar Harry sentado em frente ao computador. Seus antebraços estão apoiados na escrivaninha, e ele está inclinado para a frente, seu rosto iluminado pela tela enorme.

Ele olha para trás quando ouve eu me aproximar. A expressão dele tem um pouco de culpa, mas também algo a mais que não consigo definir.

— Você escreveu isso hoje de manhã?

Eu faço que sim.

— Não conseguia dormir. Pensamentos demais.

— É isso o que você pensa de mim?

É impossível interpretar o tom dele, então resolvo aceitar o que vier e ser honesta

— Sim.

Ele aponta para o parágrafo final e o lê em voz alta.

— “Tudo parece ordinário até você se sentir amado, então tudo se transforma. De repente, é algo lindo. Incrível. Inestimável. Todo mundo merece se sentir inestimável pelo menos uma vez na vida. Apesar de seu passado conturbado, Harry Potter criou um negócio em que faz mulheres se sentirem assim. A prosperidade do Mr. Romance pode nos dizer algo sobre o estado da nossa sociedade obcecada pela imagem. Talvez, se existissem mais pessoas como o sr.Potter espalhando a alma do romance por aí, o mundo fosse um lugar melhor”.

Ele fica quieto e se vira para mim.

— Ginny... esse artigo é... — ele sacode a cabeça. — Eu não mereço tanto.

— Sim, você merece. Eu não teria escrito se não merecesse.

Ele se reclina na cadeira.

— Quando vai ser publicado?

Eu me aproximo, nervosa por ele estar tão tenso.

— Não vai. Eu decidi dizer ao Derek que está tudo cancelado.

Espero ver alívio em seu rosto, mas ele parece dividido.

— Esse texto é... brilhante, Ginny. Sério. Eu nem sonhava que você pudesse escrever algo tão bonito sobre mim. Filosófico, até. Esse artigo pode fazer sua carreira decolar.

— Sim, mas às custas da sua, e eu não estou disposta a fazer isso. Eu me sinto melhor depois de ter escrito tudo, mas, Harry, você sabe tão bem quanto eu que, se isso for publicado, seu negócio acaba.

Ele pega minha mão e eu fico entre as pernas dele, enquanto ele olha para os nossos dedos.

— No começo, essa decisão era tão simples... Era eu ou você. Uma luta por sobrevivência, mas agora...

Acaricio o cabelo dele.

— Eu sei o que você quer dizer.

Ele se inclina na cadeira e nos encaramos. Não há uma resposta fácil. Não importa o que façamos, alguém sairá arruinado. Meu lado teimoso e egoísta não quer que seja eu, mas, só de pensar em machucá-lo, já fico enjoada. É a isso que o amor me reduziu? A alguém que desiste dos seus sonhos para proteger o homem que ama?

Talvez o Derek fique com pena de mim e não me demita. Ou talvez eu esteja errada sobre o trabalho do Harry nos destruir.

Não acho que alguma dessas possibilidades seja provável, mas tenho que ao menos tentar.

— É disso que se tratam relacionamentos, certo? — digo, me sentando no colo dele. — Sacrificar o que você quer pela pessoa que você ama?

Eu me inclino e fecho o documento. Harry então coloca a mão dele sobre a minha.

— Eu queria que existisse outro jeito.

Suspiro.

— Em um mundo perfeito, nós dois conseguiríamos o que queremos, mas, como sei que isso não é possível... — Eu sorrio para ele antes de enviar o documento para mim mesma por e-mail. — Eu prometo que isso é só pra mim.

Eu só quero ter uma cópia para que, sempre que eu me sentir uma fraude sem talento, eu possa me lembrar que uma vez escrevi algo decente e profundo.

Quando um som anuncia que o e-mail foi enviado, eu deleto o documento, e então, para tornar tudo ainda mais doloroso, eu esvazio a lixeira.

— Derek está na Europa por duas semanas. Assim que ele voltar, vou dizer a ele que a matéria está cancelada. Se eu implorar bastante, ele talvez me deixe voltar a fazer memes.

Harry me olha com pena, e eu passo os dedos por suas sobrancelhas franzidas.

— Eu não quero que isso acabe com a gente.

— Eu odeio que você precise fazer isso — ele diz. — Obrigado nem começa a expressar o quanto eu estou grato. Você vai ficar bem?

— Claro. Você esqueceu que agora eu tenho um namorado maravilhoso pra me dar apoio emocional? — Eu tremo um pouco. — Uau, é estranho dizer isso.

Ouço um barulho em seu peito e Harry me aperta mais forte contra ele.

— Talvez você precise dizer de novo, só pra se acostumar.

— Hummm... Meu namorado maravilhoso parece gostar de quando eu chamo ele assim.

— Sim, ele gosta pra caralho.

Ele me puxa para um beijo e isso é exatamente o que preciso antes de sair da nossa bolha de amor e enfrentar o mundo real. Talvez tudo fique bem com ele ao meu lado. Se alguém pode me fazer acreditar nisso, esse alguém é o Max



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...