História My Only Exception (EM REVISÃO) - Encontro não covencional

Gêmeas são as almas que se conectam antes mesmo do primeiro encontro... E quando isso acontece, é como se a magia do universo se desdobrasse, tudo se alinha em uma harmonia celestial e de alguma forma, é como se estivéssemos tocando o divino. Piper e Alex eram assim, suas almas entrelaçaram-se desde o primeiro olhar trocado. Elas, de alguma maneira, compreendiam isso profundamente.

A ansiedade antes de um primeiro encontro é algo universal. No entanto, quando esse encontro é com alguém que faz o coração bater descompassado de uma maneira indescritível, a vida revela seu lado mágico. É como se, quando menos esperamos, somos agraciados com a presença de alguém extraordinário, que toca nossos sentidos de uma maneira que nunca imaginamos antes.

 

 

Naquela manhã de domingo, Piper despertou antes mesmo do despertador. A fotógrafa rendeu-se a um banho quente e escolheu cuidadosamente roupas confortáveis para o dia que ela tinha planejado: calças jeans desgastadas, uma camiseta branca macia e um par de vans pretos. Seu coração batia descompassado, as mãos frias comprovando o nervosismo. Foi com esse turbilhão de emoções que a loira estacionou em frente ao prédio onde Alex morava, tentando respirar fundo para se acalmar. Desceu do carro e verificou o relógio, marcando exatos 08:30 da manhã.

— Droga! Eu estou tão ansiosa que cheguei meia hora antes. Mas o que o coração realmente quer, ele quer, não é? — Piper murmurou para si mesma.

Piper não queria assustar Alex por ter chegado cedo, então decidiu esperar. Pegou sua jaqueta favorita e se recostou no carro, contemplando o prédio à sua frente. Um arranha-céu de 20 andares, suas paredes de vidro brilhavam sob a luz do sol matinal, e ela se pegou imaginando o valor de um apartamento naquele local. O nervosismo, misturado à excitação, formava uma combinação única em seu peito, enquanto os raios do sol pintavam o cenário com tons de expectativa.

Após alguns minutos, Piper resolveu entrar no prédio, não suportando mais a ansiedade que a corroía. Ao se dirigir ao porteiro, informou que estava indo para o décimo andar, onde Alex morava. Pouco tempo depois, o rapaz telefonou para a morena, comunicando que Piper estava lá, e em seguida liberou sua entrada. Caminhou até o elevador, subindo silenciosamente nove andares. Nervosa, virou-se para o espelho atrás dela, certificando-se de estar apresentável o suficiente.

As portas se abriram segundos depois no décimo andar com um "ding", e a loira seguiu pelo corredor carpetado até a porta com o número 516. Respirou profundamente para se acalmar, verificou o relógio mais uma vez — faltavam dez minutos para às nove — e tocou a campainha do lado direito da porta. Seu corpo estava em alerta, mãos frias e coração descompassado. Ela sacudiu as mãos e balançou a cabeça, tentando livrar-se do nervosismo.

— Droga, tudo bem, pare de se mexer e mantenha a calma.

A porta se abriu quase um minuto depois, e Alex estava em pé diante de Piper, vestida apenas com um roupão preto, seus cabelos longos e soltos ainda molhados.

— Oi... Deus, desculpe! Eu cheguei cedo demais? — Piper se desculpou rapidamente. Os olhos de Alex foram rapidamente para os lábios da loira durante o pedido de desculpas e subiram até os seus olhos. Ela sorriu momento depois, e Piper sorriu de volta, sentindo suas palmas ficarem suadas.

— Ei, não, eu acho que eu estou atrasada. Eu estava numa ligação com Nicky e depois corri para me arrumar. — Ela se afastou um pouco, dando abertura para que Piper entrasse. — Por favor, entre. — A loira passou por ela e parou após três passos, sentindo o cheiro da morena encher seus sentidos no processo. Decidiu que era o seu novo aroma favorito. Alex a conduziu até a sala de estar. — Você quer alguma coisa? Chá, talvez um café? — Alex perguntou quando Piper se sentou no seu sofá preto.

— Não, obrigada, estou bem. — Ela sorriu educadamente. Havia uma leve exposição de pele onde o roupão da morena não cobria, e Piper notou de relance uma tatuagem em sua perna. Lutava para manter os olhos no rosto de Alex e resistir à tentação de desviar o olhar para baixo, o que se mostrava bastante desafiador.

— Então, eu vou colocar umas roupas rapidamente. Espere por mim?

— Claro. — Piper sorriu.

Alex desapareceu através de uma porta branca no final do longo corredor. Piper começou a explorar o apartamento com seu olhar. Era lindo e refletia a personalidade de Alex. Na frente do sofá, havia uma pequena mesa de centro. Um grande painel exibia uma televisão imponente, com o restante da unidade de entretenimento abaixo e uma prateleira repleta de artigos que Piper presumiu serem todos os trabalhos já publicados por Alex. De um lado da sala, encontravam-se quadros e fotografias de várias pessoas com Alex. Piper sentiu vontade de examiná-los de perto, mas hesitou, evitando parecer uma intrusa, então permaneceu de pé. O apartamento inteiro era tão elegante quanto Alex, proporcionando uma atmosfera extremamente acolhedora.

Piper pegou uma cópia de alguns dos artigos e começou a lê-los por cerca de cinco minutos. Após a leitura, escolheu outro. Minutos depois, já estava no terceiro artigo, imaginando Alex escrevendo cada palavra com concentração e paixão. Um sorriso se formou em seus lábios. Piper estava no quinto artigo quando foi interrompida.

— Desfrutando dos meus artigos? — A voz grave de Alex encheu seus ouvidos, fazendo-a virar-se para vê-la sorrindo.

Piper simplesmente sorriu em resposta, pois a maneira como Alex estava vestida a deixou sem palavras. Alex usava uma regata cinza, o que acelerou o coração de Piper ao notar pela primeira vez a tatuagem no braço de Alex, algo que ela desconhecia até então. Alex também estava com uma calça preta justa, uma blusa xadrez vermelha amarrada na cintura e um par de botas baixas. Os óculos adicionavam um toque extra de charme.

— Uau... você está... incrível!

— Obrigada. Eu segui meio que o seu código de vestimenta. — Alex sorriu timidamente. — Vamos então? — Piper assentiu e acompanhou Alex para fora do apartamento.

— Você ainda não me disse para onde vamos. — Alex perguntou enquanto se dirigiam para os elevadores.

— Quero que seja uma surpresa. Você se importa de não saber até chegarmos lá? — Piper perguntou, pressionando o botão para descer.

— Tudo bem. — Alex respondeu simplesmente. O elevador abriu segundos depois e elas entraram em silêncio.

— Ah, eu queria te dizer algo... — Piper começou quando saíram do elevador em direção às portas de saída.

— O quê? — Alex perguntou, interrompendo Piper, parecendo um pouco confusa. — Você não está pensando em cumprir sua promessa de colocar uma arma na minha cabeça para me obrigar a entrar na sua van, certo?

— Não. — Piper riu. — Eu só queria me desculpar por tê-la feito acordar cedo hoje. Mas prometo que vou compensar. — Ela disse timidamente.

— Não me importa, você já está compensando. — Alex sorriu, e Piper sentiu suas bochechas corarem.

 

 

Piper guiou o carro para fora da cidade, onde as estradas serpenteavam entre densas florestas e árvores que pareciam dançar ao sabor do vento. Ela agradecia pelo clima agradável que, sem dúvida, contribuiria para os planos que tinha em mente.

— Pelo menos me diz o nome da cidade. — Alex sugeriu após cerca de vinte minutos de viagem, durante os quais apenas músicas suaves preenchiam o interior do veículo.

— Você logo descobrirá. — Piper respondeu, mantendo o suspense. — Ainda temos um tempinho de estrada pela frente. — Alex assentiu e voltou a contemplar a paisagem em constante mutação. Piper não podia deixar de notar os pequenos gestos de Alex, como cantarolar baixinho as músicas do rádio ou lançar olhares rápidos em sua direção.

Passados mais vinte minutos, Piper observou Alex se inclinar em seu banco, os olhos curiosos fixos na paisagem que se desenrolava diante delas.

— Estamos indo para lá? — Alex perguntou, indicando com um gesto amplo a cena colorida à frente.

— Sim. — Piper respondeu, mal conseguindo esconder sua animação. Era domingo de festival de balões, um dos mais encantadores da região. À medida que se aproximavam, dezenas de balões de ar quente preenchiam o céu com suas formas e cores vibrantes, alguns ainda ancorados ao solo, enquanto outros já flutuavam graciosamente no ar.

— Uau! — Alex não conseguiu conter a expressão de admiração diante da visão pitoresca.

A área do festival estava a apenas dois minutos de distância. Piper estacionou o carro e, com um brilho nos olhos, pegou sua bolsa e câmera da parte de trás, pendurando a câmera no pescoço. Juntas, começaram a explorar a extensa área do evento, situada em prados expansivos. Pessoas movimentavam-se, ocupadas com a preparação dos balões, enquanto outras aproveitavam as atrações do festival. Tendas ofereciam uma variedade de comidas deliciosas, lojas de lembranças exibiam itens temáticos, e cabines proporcionavam entretenimento para os visitantes. A atmosfera era contagiantemente calorosa e festiva.

— É incrível. Eu não esperava algo assim. — Alex sorriu, seus olhos refletindo a emoção.

— Você gostou daqui? —  Piper perguntou quando viu a jornalista escaneando todo o lugar. E sua pergunta a fez virar imediatamente e sorrir amplamente.

— Sim, eu nunca fui a esse tipo de evento antes. — Alex contou. — Eu gosto mais do que eu deveria.

— Mesmo? — A loira sorriu, se sentindo orgulhosa de si mesma.

— Muito.

— É uma coisa anual, esse festival. Polly... a minha amiga, ela me falou sobre ele e viemos juntas aqui dois anos atrás. No ano passado, eu vim sozinha.

— Onde estava Polly no ano passado? — Um sorriso brincalhão surgiu nos lábios de Alex.

— Oh não, ela não era minha namorada, ela é minha melhor amiga, mas ano passado ela não veio porque estava em um encontro com o namorado dela. — Ela deu de ombros.

— E este ano você me trouxe aqui sendo um encontro. — Piper assentiu.

— E tenho a sensação de que esta vai ser minha melhor visita aqui.

— Vamos ver sobre isso então?

— Sim, por favor.

As duas caminharam pelas tendas e fizeram tatuagens artificiais em uma das cabines; Piper tinha feito um pequeno balão no pulso, enquanto Alex tinha uma flor no mesmo lugar. A fotógrafa aproveitou o momento e não pôde aguentar sua curiosidade sobre a tatuagem no braço de Alex e pediu para olhar mais de perto. As duas conversavam animadamente, enquanto desfrutavam de um sorvete em outra barraca.

 

 

Elas se arriscaram no caminho em torno dos balões de ar quente, eram enormes e coloridos, lançando grandes sombras em toda a área. Piper conseguiu tirar várias fotos, a maioria de Alex, sorrindo atrevidamente para a câmera e algumas que ela conseguia registrar sem que ela percebesse. Em alguns momentos, Alex pediu sua câmera para que ela tirasse algumas fotos também. A morena estava se divertindo muito tirando fotos de Piper. Haviam algumas fotos delas juntas e a loira não podia estar mais ansiosa para imprimi-las.

Alex apontou para o balão de ar quente em formato de caveira mexicana com um brilho de admiração nos olhos.

— Eu gosto daquele ali.

Piper seguiu o gesto de Alex e assentiu, apreciando a escolha.

— Sim, é realmente lindo. Agora, esse aqui é o meu favorito. — Ela apontou para um balão em forma de câmera fotográfica, sorrindo.

— Como não seria, não é? — Alex respondeu com um sorriso, captando a paixão de Piper pela fotografia.

— Não posso evitar. — Piper riu, compartilhando um olhar cúmplice com Alex.

Elas se encontravam em um canto mais tranquilo do festival, sob a sombra de uma árvore, observando a exibição de voo aéreo que se desenrolava no céu. Piper sentiu a necessidade de se certificar de que Alex estava se divertindo.

— Você está se divertindo, Alex?

Os olhos de Alex encontraram os de Piper e um sorriso genuíno iluminou seu rosto.

— Sim, estou me divertindo muito, Piper.

Um sentimento de calor e satisfação envolveu Piper ao ouvir a resposta sincera de Alex.

— Eu estou feliz. — Piper sorriu em gratidão. — Obrigada por concordar em vir aqui comigo, mesmo sem saber para onde eu estava te levando.

Alex balançou a cabeça em concordância, seu olhar fixo nos olhos azuis de Piper. Houve uma pausa, um momento silencioso onde as emoções flutuavam no ar, e Piper não podia deixar de notar o quão cativante era o olhar de Alex.

— Deus! Como eu senti falta de ver esses olhos. — Piper pensou.

— Você continua olhando desse jeito para mim desde esta manhã. Está me deixando nervosa. — Alex disse suavemente, sua voz revelando uma mistura de surpresa e curiosidade.

Piper sorriu, deixando os olhos percorrerem o rosto de Alex antes de se fixarem nos seus.

— Eu te deixo nervosa? Isso é novidade para mim.

A expressão de Alex oscilou entre a vulnerabilidade e a excitação enquanto ela concordava com a cabeça, mordendo levemente o lábio inferior.

— Você me excita. — A confissão escapou dos lábios de Piper, fazendo Alex erguer as sobrancelhas em surpresa. O coração da jornalista acelerou, e uma sensação calorosa percorreu seu corpo. — Quero dizer, sim, eu quis dizer isso, mas não de forma pervertida. Digo, de uma maneira encantadora, sabe? Sua beleza e inteligência me deixam fascinada.

Os óculos de Alex deslizaram ligeiramente no nariz enquanto ela engolia em seco, tentando conter a vermelhidão que subia por suas bochechas. Ela desviou o olhar por um momento, como se precisasse de um breve respiro diante da intensidade da troca de olhares. Quando seus olhos encontraram novamente os de Piper, havia uma centelha de desejo e apreciação.

— Eu também estou fascinada por você, Piper. — Ela finalmente admitiu, seus olhos transmitindo uma mistura de sinceridade e encantamento. — Gosto do quão honesta e confiante você é. Você não é convencional, não se limita às normas e se diverte por você. Eu respeito e aprecio você por ser você mesma.

Piper sentiu um calor reconfortante diante das palavras de Alex, percebendo a profundidade da conexão que estava começando a se formar entre elas.

— Provavelmente essa é a melhor coisa que alguém já falou sobre mim.

— Mas é a verdade. — Alex assegurou, oferecendo à loira um sorriso que transcendia o simples ato de sorrir.

— Fico feliz que esse sentimento seja recíproco. — Piper confessou, sua expressão revelando uma vulnerabilidade que raramente compartilhava.

— É por isso que estamos em um encontro. — Ela piscou, provocando um sorriso suave nos lábios de Alex. — Eu fico feliz também.

Em meio à troca de olhares, o cenário ao redor parecia desfocar. O festival de balões se transformou em um pano de fundo, enquanto as emoções entre Piper e Alex ganhavam destaque.

Elas permaneceram em silêncio por um tempo, absorvendo a atmosfera mágica do festival, observando os grandes balões de ar quente que flutuavam no céu em uma dança etérea. Piper, então, olhou para o relógio e percebeu que já era hora do almoço.

— Estou com fome, e provavelmente você também. Vamos almoçar e depois subir em um deles?

A sugestão de Piper trouxe um brilho de entusiasmo aos olhos de Alex, que parecia ansiosa para explorar cada momento desse encontro inusitado.

— Nós podemos? — Alex perguntou, sua voz revelando uma surpresa genuína.

— Claro que podemos, esse é o destaque do nosso encontro. — Piper piscou para ela.

Não se sabia quem das duas estava buscando a mão da outra, provavelmente ambas. Mas acabaram de mãos dadas enquanto voltavam para as tendas. O ambiente ao redor era um festival de cores, sons e aromas. As tendas se destacavam com suas diversas opções de comida, enquanto risos e música preenchiam o ar. Piper e Alex caminharam juntas, compartilhando olhares furtivos e sorrisos cúmplices, desfrutando da crescente conexão entre elas.

— Por que está sorrindo? — Alex perguntou, notando a expressão radiante de Piper.

— Nada, só estou pensando em me acostumar a segurar sua mão. — Piper falou, fingindo indiferença, mas seus olhos brilhavam com uma alegria genuína.

— Ah é? E então? — Alex riu, apreciando a leveza da conversa.

— É maravilhoso. Nunca pensei que segurar a mão de alguém pudesse ser tão incrível.

A troca descontraída de palavras revelava a crescente intimidade entre elas, enquanto o ambiente festivo proporcionava o cenário perfeito para essa jornada compartilhada. Alex apertou suavemente a mão de Piper, sorrindo enquanto se deixava envolver pela sensação única de estar próxima a alguém especial.

— Me diga o que mais tem em mente, talvez possamos colocar em teste também. — Alex sugeriu, deixando uma pitada de malícia em suas palavras.

— Você não sabe no que está se metendo, Vause...

— Não sei? Que tal você começar a me contar e eu descubro? 

— Atualmente, esses pensamentos são estritos apenas para mim.

— Tudo bem. Você que sai perdendo. — Alex disse. 

As palavras sugestivas foram acompanhadas por risos cúmplices, criando uma atmosfera de brincadeira. Piper balançou a cabeça e apertou levemente a mão da morena, compartilhando um olhar cheio de significado. A loira queria aproveitar o peso da mão dela movendo-se com a de Alex.

— Sim, eu sei. Mas eu não quero assustar você, Alex.

 

 

A decisão de Alex de comprar o almoço deixou Piper sozinha em uma das mesas enquanto ela se dirigia para a fila. O ambiente vibrava com a excitação do festival de balões, e a loira aproveitou o momento para observar a diversidade de pessoas ao seu redor. Entre risos e cores vibrantes, a ansiedade crescia dentro dela, ansiosa para compartilhar mais momentos com Alex.

Foi então que um homem, usando uma identificação indicando seu envolvimento no evento, se aproximou dela. John, como Piper o apresentou mais tarde, estava envolvido em parte da organização do festival. Seus olhos castanhos e cabelos pretos curtinhos contrastavam com o cenário colorido, e ele começou a conversar com Piper de maneira amigável.

Quando Alex retornou, notou imediatamente a presença do homem ao lado de Piper. Uma onda sutil de ciúmes a atingiu, mas ela se esforçou para manter a calma. O sorriso de Piper ao vê-la aliviou qualquer tensão que pudesse ter se formado.

— Desculpe pela demora, a fila estava enorme. — Alex se desculpou.

—  Está tudo bem, Al. — Piper sorriu. — Ah, este é John, ele me atendeu nas vezes que eu vim aqui.

Apesar de um pequeno ciúmes borbulhar dentro de Alex, ela não pôde evitar sentir seu coração acelerar ao ouvir Piper chamá-la de "Al". John, um homem de olhos castanhos, cabelos pretos curtos e porte forte, cumprimentou Alex apertando sua mão.

— Eu sou John. Eu estou cuidando daquele balão ali. — Ele indicou o balão de ar quente colorido a poucos metros de distância. — E eu queria saber se Piper gostaria de ir nele, mas eu não sabia que ela estava com alguém. — John sorriu.

— Desculpa, John. Quem sabe da próxima vez, talvez? — Piper sorriu, mantendo uma delicadeza palpável.

— Sim, não tem problema. Mas se vocês estiverem interessadas, eu poderia dar um passeio de graça para vocês. — John ofereceu.

Piper olhou para Alex, deixando que a morena decidisse. Apesar do desconforto de Alex, ela concordou com a cabeça.

— Sim, claro.

— Vamos para lá mais tarde, só vamos fazer um almoço rápido. — Piper propôs.

— Ótimo, vocês sabem onde me encontrar. Bom almoço! — John se afastou em direção ao seu balão.

Assim que John estava fora de alcance auditivo, Alex não pôde conter a curiosidade.

— Deixa eu adivinhar, ele ofereceu um passeio em troca de um encontro.

Piper sorriu timidamente.

— Na verdade, ele queria subir nesse balão junto comigo.

Alex não pôde deixar de concordar internamente.

— Ele tem bom gosto, isso eu admito.

Piper caminhou em direção à morena, e um novo brilho surgiu quando suas mãos se encontraram novamente. Alex não hesitou em envolver os dedos nos de Piper enquanto voltavam para o local onde estavam antes, sob a sombra da árvore. Havia uma animação perceptível em seus passos, e elas seguraram as mãos com mais firmeza, como se estivessem fortalecendo um laço recém-descoberto.

— E então, o que você tem aí? — Piper perguntou quando elas se sentaram.

— Eu consegui quatro bons sanduíches artesanais e refrigerante. — Ela disse, retirando do saco.

Piper terminou com um sanduíche de frango e enquanto Alex ficou com o de bacon. Conversavam enquanto comiam. Era relaxante para as duas estarem sentadas ali, juntas, ouvindo uma a outra conversar e rir.

— Você está me olhando daquele jeito novamente, Chapman. — Alex brincou, fazendo Piper perceber que estava admirando-a. Piper abaixou seu sanduíche no colo, sorrindo.

— Você vai usar isso contra mim? — Ela pegou seu refrigerante.

— Provavelmente não.

— Que tal jogarmos um jogo?

— Que jogo? — Alex perguntou, levantando os olhos de seu sanduíche para a loira.

— Vamos revezar perguntas uma para a outra sobre coisas relacionadas a nós mesmas. Por exemplo, eu não sei exatamente quantos anos você tem. — Piper se ajeitou para poder olhar corretamente para Alex.

— 32. — Alex respondeu.

— Eu também tenho 32 anos.

— E se eu não me sentir à vontade de responder algumas de suas perguntas?

— Apenas diga, eu vou entender, assim como direi se também não me sentir à vontade. — Piper incentivou, e Alex concordou.

— Tudo bem.

— Certo. Quando você tingiu seu cabelo de preto? — Piper perguntou, fazendo Alex erguer suas sobrancelhas.

— Eu sou ruiva, mas tingi meu cabelo antes de entrar na faculdade. Foi em uma aposta com a Nicky, e ela me desafiou, desde então, eu mantenho. — Piper assentiu olhando para os cabelos pretos de Alex. Ela já havia visto um pouco de tons vermelhos em seu cabelo e imaginou como seria ver Alex ruiva. — Você já tingiu o seu?

— Sim, quando eu tinha 16 anos, também pintei de preto. Mas depois não quis e deixei o natural surgir. — Piper respondeu, compartilhando um sorriso. — Quantas namoradas você já teve?

— Você precisa ser específica com sua pergunta.

— Isso não é o suficientemente específico? — Ela perguntou confusa. Alex balançou a cabeça.

— Defina namorada.

— Eu não li o dicionário hoje, Alex.

A morena riu.

— Eu quis dizer qual é a sua descrição de uma namorada. O que uma namorada pode ser para você, pode não ser para mim.

— O que é uma namorada para você então?

— Uma pergunta por vez, por favor.

— Tudo bem. — Piper apertou os lábios, pensando. — Eu vou mudar a minha pergunta. Quantas mulheres você namorou quando teve pelo menos três encontros? Espero que isso seja específico o suficiente.

Alex assentiu com a cabeça enquanto contava mentalmente.

— Cinco.

— Uau. Qual foi o seu relacionamento mais longo?

— Receio que seja a minha vez de fazer a pergunta. Com quantos homens você namorou?

— Um. Antes de terminar a faculdade.

— Ele era bonito?

— Minha vez, Alex. Qual foi o seu relacionamento mais longo? — Alex riu, Piper definitivamente se mantinha a sua pergunta.

— Três anos e cinco meses. Foi com a Sylvie.

Piper arqueou as sobrancelhas, demonstrando surpresa diante da revelação de Alex.

— O que aconteceu? Bem, presumindo pelo seu tom, parece que vocês não têm mais nada. — Ela disse pausadamente.

— Claro que não, ou não estaria aqui com você. — Alex riu. — A família dela não nos aprovou, ameaçou cortar os laços se ela continuasse comigo. Além disso, houve desgaste devido aos seus problemas com drogas.

— Você terminou então?

— Sim, eu não a culpo. Embora tenha sido mais sobre o problema dela com drogas que desgastou nossa relação. — Ela sorriu com tristeza. — Mas tive outro relacionamento de dois anos antes de Sylvie.

— E você sabe o que aconteceu com ela agora?

— Ela está casada hoje, com um cara.

— Você foi...

— Para o casamento dela? — Alex terminou por ela. Piper assentiu, e a morena balançou a cabeça. — Não, eu não sou masoquista.

Piper estendeu a mão e pegou a mão de Alex, apertando-a. Ela sorriu calorosamente para a morena.

— Elas que saíram perdendo. — Alex sorriu. Ela não conseguia entender como Piper podia mexer tanto com ela.

— Obrigada. Aliás, você me deve quatro perguntas. — Alex arrebitou o nariz.

— Tudo bem. Estou pronta para responder.

— Quando é o seu aniversário?

— 7 de Junho.

— Qual a sua cor favorita?

— Verde. — Alex podia jurar que Piper deu uma rápida olhada para seus olhos e depois para o seu sanduíche quando respondeu.

— Comida favorita?

— Pizza.

— Mesmo? — Alex perguntou com incredulidade. A morena esperava algo de algum menu de restaurantes finos.

— Sim, definitivamente. — Ela sorriu para a morena. — Você sairia para outro encontro comigo se eu perguntasse?

Alex sorriu. Claro que ela aceitaria.

— Sim.

— Alex?

— Sim?

— Eu sei que esse encontro ainda não acabou, mas você quer ir a um segundo encontro comigo?

Ambas tinham um sorriso completo no rosto nesse momento.

— Sim, eu concordo em um segundo encontro.

— E um terceiro? — Alex riu alto, e Piper suspirou alegremente com o som.

— Você é sempre tão espontânea?

— Eu sou espontânea, entre outras coisas.

— Vou pensar sobre isso.

— Deixe-me saber quando você decidir. Esperarei.

— Tudo bem, mas eu acho que você já sabe qual seria a minha resposta. — Alex piscou para ela, criando uma cumplicidade divertida entre as duas. 

 

 

— Que tal irmos ao passeio grátis do John agora? — Piper perguntou mais tarde, quando elas terminaram de comer.

— Claro. — Alex disse, levantando-se e oferecendo a mão para a loira, que a pegou prontamente.

Elas caminharam em direção ao balão de ar quente, as mãos balançando ligeiramente entre elas, os corações descompassados e tudo girando em perfeita sintonia. De alguma forma, era como se elas tocassem mesmo o céu.