Quando acordei no outro dia, estava deitada na minha cama. Deduzi que Kookie tivesse me colocado lá. Fui até a sala e ele dormia tranquilamente no sofá. Seu jeans preto estava jogado em cima da poltrona, e isso quer dizer que ele estava só de camiseta e cueca por baixo daqueles cobertores… Engoli em seco, tentando afastar esse pensamento impuro.
Fiz o café silenciosamente, enquanto pensava em Kookie ali deitado no meu sofá, dormindo. Mesmo depois de tudo, ele ainda parecia um anjo.
Não demorou muito e ele acordou, se espreguiçando. Assim que seus olhos encontraram os meus, ele sorriu, bocejando em seguida.
-Ah, que cheiro bom - Ele ia afastar os cobertores, mas então parou. Eu virei o rosto e fingi que não estava prestando atenção naquilo, mas senti meu rosto queimar. Eu tinha olhado direto para lá, involuntariamente. Espero que ele não tenha visto.
Abri a geladeira e enfiei a minha cara lá dentro, tentando me esconder, com vergonha. Ouvi o barulho de um zíper sendo fechado, então deduzi que ele já tivesse vestido suas calças.
Kookie não falou nada, então nem deve ter percebido.
Peguei qualquer coisa da geladeira, para disfarçar, e coloquei em cima da pia.
-Preciso voltar para Busan pegar minhas coisas. Aish, como eu fui burro, eu devia ter trazido já. - Ele falou, apoiado no balcão da cozinha - Minha mãe não vai saber arrumar minhas coisas, só você sabe o que eu… - Ele disse e parou no meio da frase, me encarando um pouco sem jeito. Provavelmente ele iria falar algo íntimo sobre nós - Bom, fazer o que. Vou chamar o motorista.
- Tome café primeiro. Tem Toddynho - Sorri de canto, tentando deixar ele à vontade. Eu sei que falar sobre nós dois era desconfortável, e por mais que estivéssemos nos dando bem, ainda era difícil evitar alguns momentos e coisas do passado.
- Ok - Ele abriu um sorriso.
Kookie e eu trocamos mais algumas poucas palavras e tomamos nosso café em paz. O motorista não demorou chegar, e acompanhei ele até a porta, me despedindo com um aceno. Eu queria abraçá-lo, mas achei inapropriado. Eu tinha que me acostumar em sermos apenas bons amigos, para que aquilo não acabasse virando um rolo mal resolvido novamente.
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Depois de uma semana de reuniões, os garotos renovaram o contrato, o que foi um alívio para todo mundo. A cada dia eles negociavam e mudavam as cláusulas, até que todos os meninos concordassem em continuar. E de fato algumas coisas mudaram, e não só para eles, mas para nós também.
Os meninos se mudariam para um apartamento em Hannam the Hill, e eu, PDogg, Sejin, e Deuk também, por conta da segurança. Obviamente não moraríamos no mesmo apartamento, apenas no mesmo condomínio.
Yoongi e Namjoon teriam um estúdio só para eles, cada um, e o apartamento também contava com sala de dança, academia e um espaço para gravações de vídeos.
As exigências para os shows também mudaram. Muitas condições com relação à comida e conforto foram incluídas, o que eu achei bem justo.
Tae, mesmo inseguro, acabou assinando, devido ao apoio dos meninos. Eu o ouvi chorando no telefone com seus pais depois. Não sei se de felicidade, arrependimento, cansaço ou o quê, mas depois ele começou a rir e percebi que ele estava falando com sua irmã mais nova.
Vê-lo assim apertava meu coração. Jin também estava com cara de poucos amigos, mas ele tentava ser otimista, por ele e pelos outros membros. Ele sabia que, de certa forma, ele era a base para os outros garotos, por ser mais velho.
Logo que eles assinaram o contrato, eu, Hitman, PDogg, Deuk e todo mundo que faz parte da direção artística, fizemos uma reunião com o grupo, para definir como seria de fato o próximo álbum e todo o conceito. A reunião acabou durando três dias.
Depois de feito, Yoongi, Namjoon e Hobi foram para o estúdio ver como estavam as outras músicas do álbum, que faltavam ser gravadas. Não tinha muito o que mudar, então logo eles começariam os ensaios para a gravação.
Hobi e Yoongi saíram da sala, e Namjoon ficou. De início eu nem tinha percebido, porque estava entretida nos arquivos, mas então sua voz grossa soou na sala de forma gentil.
-Então… Você e Jk…?
-Pois é, nós conversamos. - Virei minha cadeira para ele, o encarando, curiosa - E que bom que você tocou no assunto. O que deu na sua cabeça de falar para ele passar o ano novo comigo?
- Não gostou? - Ele sorriu, sugestivo.
- Gostei sim, mas achei que não nos aprovasse .
Depois do sermão que tinha levado de Namjoon, era o mínimo que eu podia achar. Sem contar que quando eu e Kookie estávamos juntos, ele enchia nosso saco várias vezes, dizendo que aquilo estava atrapalhando o grupo.
- Eu não aprovo a sua covardia. Se fosse para se comportarem do jeito que estavam fazendo, era melhor ficar longe mesmo. Mas eu sabia que no fundo você gostava dele - Joonie sorriu de um jeito gentil e aproximou sua cadeira da minha - Estou orgulhoso por você ter encarado seus sentimentos. Eu sei que você tem medo de se machucar.
-Qual é, não é grande coisa - Fiquei sem graça. Eu não gostava de admitir que tinha medo de alguma coisa, mas a verdade é que eu tinha sim. Eu gostava da minha zona de conforto, e demorei muito tempo para estabelecê-la. Não era fácil sair. Mas Jungkook estava me forçando - Enfim Joon-ah, só estamos sendo amigos…
-E porque essa cara de desânimo?
Era bom Kookie e eu termos esse vínculo, mas e se isso mudasse as coisas entre a gente? E se no meio do caminho ele acabasse se apaixonando por outra pessoa?
-E se ele se acostumar com isso e acabar me vendo apenas como uma amiga? Pior, como uma irmã mais velha?
-Ninguém quer comer a irmã mais velha - Namjoon revirou os olhos e eu acabei rindo do seu comentário - Isso não vai acontecer, acredite.
Acabei afastando esse pensamento. Namjoon tinha razão. Era improvável. Porém, era um risco que eu corria, e tudo bem se Jungkook se apaixonasse por outra pessoa. Pelo menos eu não teria mais opção, a não ser deixar essa história de lado e seguir em frente.
-Enfim, eu e o Jin vamos sair beber, você quer vir com a gente? - Ele perguntou - Acho que esse vai ser nosso último momento de folga. E ele está meio triste, vai ser bom animá-lo um pouco.
-Ele está triste por causa do contrato? - Era inegável que Jin andava pensativo e cabisbaixo nos últimos dias, mas eu não sabia direito o porquê.
- Mais ou menos. Tem uma garota que ele gosta, e ele queria se casar…
-Casar?! - Perguntei, chocada. Estava com dúvidas se tinha escutado direito.
- Sim, casar - Namjoon riu, enquanto eu fechava a porta do estudo. Jin sempre foi mais sério e reservado com relacionamentos, mas não imaginava que fosse nesse nível. - Bem, de qualquer jeito isso vai ter que esperar, porque agora ele assinou o contrato.
-Porque ele nunca disse nada?
-Porque ele diria? Para ter problemas? Você sabe como ele ama o grupo e o army, não vai arriscar isso.
Me senti um pouco culpada. Eu e Jungkook tínhamos colocado tanta coisa em risco por causa do nosso relacionamento. Mas por outro lado, eu entendia o Jin, e entendia o que era abrir mão de alguém que amamos pelo bem do grupo.
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