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História Nada é Clichê - A Retaliação


Escrita por: Koha

Capítulo 27 - A Retaliação


Quando eu acordo, Sakura está desfilando pelo quarto com um vestido de alças vermelho com flores brancas. Ela parece bem disposta, com seu cabelo molhado e cantarolando alguma música enquanto não percebe que estou a observando.

Quando enfim percebe, abre um sorriso quase tímido para mim.

— Ah, bom... boa tarde, na verdade. Nós dormimos tanto. — ela corre até a cama, com seus olhos billabong e seu rosto estrelado de sardas sem maquiagem. — Não queria te acordar, você parecia até um anjo dormindo.

Sorrio, passando a mão pelo seu rosto, quando ela franze o nariz e inclina e cabeça para o lado.

— O que sabemos que você não é, obviamente. Quis alongar esse momento, então...

— É claro que não é você, se não me ofender, correto? — ela solta uma risadinha quando eu a seguro pela cintura e a viro contra a cama. — Dormiu bem?

Essa diferença gritante de fuso horário é horrível.

— Muito bem, é claro.

Não que pareça uma mentira bem contada, na verdade é o contrário: Sakura está sendo sincera. Depois de dizer à ela a intensidade dos meus sentimentos, não vou mentir, esperei que o tempo em que eu dormi desse tempo para ela remoer toda a complexidade — que somente ela vê — da nossa relação.

Tudo bem; eu esperava, no mínimo, que ela estivesse distante, me evitando da melhor forma Sakura: fugindo.

— Não vou surtar, Sasuke. — como se ela pudesse ler meus pensamentos, ela diz, rolando seus olhos bonitos. — Não precisa ficar pisando em ovos comigo, eu juro.

— E desde quando? Eu sempre piso em ovos com você, sabe se lá quando você vai decidir que eu mereço um soco.

Novamente, ela rola os olhos, mas com um riso meio divertido.

— Mas se está dizendo que não preciso me preocupar com uma retaliação, então tudo bem.

Ela pisca, pensando, então abre um sorriso do qual sempre me dá calafrios.

— Eu nunca disse que não haveria volta, afinal de contas, aqui se faz, aqui se paga, Sasuke.

Ela se desvencilha de mim, me deixando com uma sensação muito forte de que deixei escapar algo. Me levanto, sorrindo meio amarelo.

— O que quer dizer com isso? — pergunto, a seguindo até o banheiro. Ela para em frente ao espelho, me olhando com uma inocência que, com certeza, ela não têm. — Não pode se vingar de mim porque eu decidi dizer que te amo.

Ela liga o secador na tomada, então fixa seus olhos em mim pelo reflexo do espelho.

— E quem disse que quero vingança por causa disso?

Eu posso sentir a careta em meu rosto e também posso ver as minhas sobrancelhas quase juntas. Sakura liga o secador, o que traz um barulho desagradável entre nós, como se ela estivesse encerrando a conversa.

Quero questionar, mas de repente, quando me lembro de algumas horas atrás, tudo fica muito mais do que claro:

Hayley me beijou. Merda, eu tô fodido.

Parando para pensar agora, eu sou muito idiota. Desde o princípio eu sempre soube que Sakura não deixa nada barato; é claro que ela me daria o troco, como não? Estamos falando as garota que me deu um soco e muita cerveja na cara e depois foi dançar, como se nada tivesse acontecido; a garota que me trancou pelado no banheiro depois de pegar no meu pau; a garota que vomitou pouco depois de eu beijar ela.

Tudo bem, essa não foi de propósito, mas é claro que ela adorou o quanto aquilo afetou meu ego. 

É óbvio que, se tratando de Sakura, eu preciso ficar em alerta, porque vai contra seus instintos naturais não me dar o troco. Essa vingança pode vir como uma surra, um “olho por olho, dente por dente” e até um meteoro na minha cabeça. Com a força da maldade dela, qualquer coisa pode realmente acontecer comigo.

Então, certo, eu estou morrendo de medo quando ela sai do banheiro e decido que minha estratégia será me manter na defensiva.

— Ei, será que podemos ver os cangurus hoje? — pergunta, quando sai do banheiro com seu cabelo agora seco. — Você prometeu que nós veríamos e ficaremos poucos dias.

— Tudo bem. — falo, encarando seu rosto suave, como se ela não tivesse dito nada do que disse antes. — Hayley é muito instável, eu só não estava esperando por aquele beijo.

— Ela me pareceu bem previsível, na verdade. — pergunta com um tom sério, parando na minha frente de costas para mim. — Pode colocar esse colar, por favor?

Eu suspiro, pegando o pequeno pingente de ouro. Sakura segura seu cabelo, se virando para mim quando eu termino.

— Eu sinto muito.

— Eu sei. — ela diz, então me beija levemente nos lábios. — Mas você sabe como funciona entre nós, lindo. Agora, por favor, você pode tomar um banho e me levar para ver os cangurus?

Sabendo que essa batalha está perdida, eu apenas desisto e vou para o banheiro. No chuveiro, amaldiçoo até a terceira geração dos descentes de Hayley, por afetar meu psicológico o bastante para que eu apenas não saiba lidar com toda sua instabilidade.

Carma, correto?

Agora, provavelmente, Sakura faria com que os cangurus me comessem vivo. Isso é impossível, é claro, mas não para Sakura. A persuasão maldosa dela pode convencer até mesmo uma rebelião de joaninhas a comerem minha pele.

Estou ficando paranoico com a retaliação da minha namorada de verdade, então decido que preciso parar. Uma hora o meteoro vem, então que se foda.

— Ele era tão fofo. — ouço sua voz, quase derretida em chocolate. Corro os últimos degraus da escada, para encontrá-la ao lado de Itachi no sofá, que está com um álbum de fotos em seu colo. — Awn, por que os bebês não ficam assim para sempre? Tanto estresse seria poupado, no caso de Sasuke.

Itachi solta uma risada longa, numa concordância que faz meus olhos rolarem.

— Você não faz ideia do quanto, Sakura.

— Não é você que detesta clichês? — falo, fazendo com que ela erga seu rosto em minha direção com um sorriso fácil de quem não está tramando contra mim.

Sakura não me engana, mas vou fingir que estou entrando no jogo dela.

— Alguns são legais, ora. Você era tão fofo quando criança. Posso fazer uma cópia dessa foto?

Antes que Itachi possa responder, eu puxo o álbum de fotos de sua mão. — Nem fodendo!

Sakura me encara com um bico emburrado, quase infantil, então sorri toda faceira.

— Tudo bem, então.

Eu franzo as sobrancelhas quando ela se levanta, totalmente resignada. Vamos lá, meu cérebro apita, desconfiado. Sakura não é do tipo que desiste fácil e ela certamente não estava disposta a desistir no início.

É ridículo, mas os arrepios que sinto me dão um presságio ruim. Encaro a foto, uma de quando eu tinha provavelmente pouco mais de um ano. Minha mãe adorava me vestir com roupas de animais, por isso estou com um macacão de leão que têm uma touca com orelhinhas.

Porra, mãe.

— Bem, tudo bem se você... se quiser a foto. — volto atrás, é claro, porque isso pode ser um ponto ao meu favor.

Posso ver Itachi erguer uma sobrancelha com certa surpresa, enquanto a desalmada da minha namorada abre um sorriso inocente.

Preciso dizer que essa surtada não têm nada de inocente?

— Sério? Mas não quero que você...

— Eu não me importo. — a corto, rapidamente, ansioso. — A mamãe gostava dessas fotos, então que se foda. Tenho certeza que ela adoraria que você as tivesse.

Com certeza, ela teria sido a primeira a mostrar essas fotos para Sakura, caso tivesse o prazer de a conhecer.

Algo em seu rosto muda, como nuances de um sentimento mais dócil. O que eu disse? Ela sorri, pegando o álbum sob o olhar meio perdido do meu irmão mais velho, que provavelmente está surpreso por eu falar sobre a nossa mãe na frente de outra pessoa que não seja ele.

Mas Sakura não é qualquer pessoa.

— Você consegue ser fofo e tão mau caráter, tudo ao mesmo tempo. Incrível! — ela solta uma risadinha, pegando o álbum da minha mão para olhar mais uma vez para a foto. — Obrigada.

Fico olhando para ela e seu rosto estrelado e de repente... como sentir medo dessa mulher? Eu realmente estou fodido de amores por essa surtada.

Itachi se levanta, pigarreando. Quase me esqueci de sua presença, uma vez que os olhos billabong de Sakura estão fixos em mim.

— Bom, se divirtam no passeio. Gostaria muito que fôssemos jantar juntos mais tarde. — ele diz, meio travado, como geralmente faz quando precisa lidar comigo. — Será uma ótima oportunidade para que Sakura conheça um pouco o ambiente noturno de Melbourne.

— Eu com certeza vou adorar. — Sakura diz, antes que eu tenha a oportunidade de dizer que, na verdade, meu plano era levá-la para comer qualquer coisa, voltar e assistir um filme e, só então, foder até que eu não seja capaz de respirar.

Eu teria dito tudo isso, se seu olhos não brilhassem tanto com a ideia. Merda, estou sendo dobrado tão facilmente...

— Tanto faz.

Pego Sakura pela mão e a puxo para fora da casa, deixando Itachi para trás e caminhando em direção a garagem.

— O carro está do outro lado, Sasuke. — ela me alerta, olhando para trás.

— Nós vamos escolher outro carro para hoje.

Eu abro a porta e, quando as luzes se acendem, uma fileira de sete carros aparecem. Sakura solta a minha mão, soltando um assobio.

— Aí meu Deus! — ela corre ao redor dos carros, me divertindo com a sua empolgação. — Esses carros são demais! É sério que nós podemos escolher um?

— Bem, na verdade, você vai escolher um. — digo, cruzando os braços e me encostando numa parede. — Mas precisa ser rápida, se não eu vou dirigir.

Ela arregala os olhos, abrindo seus lábios cheios com formato de coração em um pequeno ‘O'. Isso me diverte, porque nenhuma outra garota que eu tenha conhecido se animou tanto com carros quanto a minha namorada.

Sinceramente, como não amá-la, se ela está confusa entre um Pagero 4x4 e uma Mercedes-Benz conversível?

Por fim, ela escolhe Mercedes-Benz SLK 300 preta. Eu pego a chave, que está guardada num pequeno armário, para entregar à Sakura.

— Está um lindo dia para usar esse carro, e você é oficialmente o melhor namorado do mundo quando tenta me comprar. — ela me dá um suave beijo nos lábios após pegar a chave, deixando claro que está ciente da minha estratégia de agradá-la para que ela esqueça a maldita vingança.

Merda.

Mas não importa; mesmo Sakura têm que ter um preço e eu vou descobrir qual.

— Eu tenho tudo planejado. — ela fala, quando nos sentamos no carro. — Primeiro vamos almoçar, depois vamos até o parque dos cangurus, numa galeria em Federation Square e então vamos até a praia de Brighton para eu ver as casinhas coloridas.

Eu a encaro, muito surpreso pela sua dedicação e pelo fato de ter se planejado tão bem.

— Você pesquisou sobre Melbourne?

— Não apenas sobre Melbourne. Passei tanto tempo pesquisando sobre a Austrália na internet, que posso gabaritar uma prova sobre isso. Sabia que, de tanto Sydney e Melbourne discutirem sobre quem seria a capital da Austrália, acabaram decidindo que seria Camberra?

Eu solto uma risadinha, então ela cora de uma forma bem adorável.

— É claro que sabe, você mora aqui. — ela balança a cabeça, se sentindo idiota, quando é nítido que ela só está empolgada demais.

— Bem, sinto muito em te informar, mas não temos tempo para tudo isso. Ainda precisamos comprar algo para você vestir no jantar de hoje.

— Aí, merda. Como posso ter me esquecido dessa parte? — ela faz uma careta, depois solta um gemido baixo. — Nós podemos desistir? Eu topo comer qualquer coisa, assistir um filme e depois transar.

Eu suspiro, me sentindo um pouco vingado quando percebo que ela é, basicamente, a mesma pessoa.

— Sem desistências, agora. — eu aperto o botão para subir o capô. — A não ser que você queira desistir da sua vingança.

Ela pisca, então comprime os lábios de uma forma meio maligna. Em seguida, coloca a chave na ignição, liga o carro, o som e ajusta o retrovisor.

— Tudo bem, então. Sem Federation Square e praia das casas coloridas.

Passo as músicas até que chegue numa em que a faça sorrir. Panic at the disco, I Write Sins Not Tragedies.

Oh, bem, imagine

Enquanto eu estava passando pelos bancos em um corredor da igreja

E eu não pude evitar de ouvir

Não pude evitar apenas ouvir uma troca de palavras

Que lindo casamento!

Que lindo casamento — diz uma dama de honra para o garçom

E, sim, mas que vergonha

Que vergonha a noiva do pobre noivo é uma vadia!

Ela dirige com o carro, entrando pelo caminho das árvores que nos leva até o portão da residência Uchiha. Quando saímos, Sakura acelera pela rua e então entra numa estrada, sendo guiada pelo endereço que ela mesma colocou no GPS.

Sakura coloca seus óculos escuro, aperta as mãos no volante e, conforme o vento começa a empurrar seu cabelo em várias direções, ela canta:

Eu interrompi com: Vocês nunca ouviram falar de

Fechar a maldita porta?

Não, é muito melhor enfrentar estes tipos de coisas

Com um senso de equilíbrio e racionalidade

Eu interrompi: Vocês nunca ouviram falar de

Fechar a maldita porta?

Não, é muito melhor enfrentar estes tipos de coisas

Com um senso de

Eu dou risada, colocando o cinto e deixando meu braço para fora da janela conforme balanço a cabeça. Com meus próprios óculos escuros, e o maldito vento na minha cara, eu a observo balançar o corpo mas sem tirar os olhos da estrada e, mesmo quando outra música começa, ela não para de cantar.

É outra da mesma banda, com o nome Nine In Afternoon.

— Eu amo essa música! — ela grita, aumentando o volume e cantando o inicio: — Back to the street where we began feeling as good as lovers can, you know. Yeah, we're feeling so good...(De volta à rua onde começamos, sentindo-se tão bem como os amantes podem, você sabe. Yeah, que estamos nos sentindo tão bem)

No fim, somos os dois cantando feito loucos enquanto ela dirige pela estrada deserta que nos leva até o centro de Melbourne. Nós comemos, e Sakura deixou claro que terminaria comigo se eu fosse adepto da carne de canguru. Para a minha sorte, eu não como, pois tenho absoluta certeza de que ela faria isso.

Muito embora ela deteste a ideia de comer carne de canguru, Sakura descobriu que têm medo de cangurus e nós não pudemos ficar a meio metro de distância deles sem que ela corresse ou apertasse minha mão tão forte que chegou a fazer estranhos barulhos de estralo.

Quando finalmente voltamos ao centro, Sakura parou o carro e mandou tirar o cinto de segurança.

— Você precisa sair. — fala, com a voz amena.

— Isso faz parte da sua vingança? — olho ao redor, para as várias pessoas andando pela ruela e os vários pontos de lojas, restaurantes e outros tipos de comércio. — Faria mais sentido se isso fosse uma estrada deserta, linda. Eu posso pegar um táxi para casa, sabia?

— Que bom, pois é exatamente isso que você fará. — ela diz, tirando os óculos para me encarar quando percebe que ainda estou confuso. — Já que tenho um double date com os irmãos Uchiha hoje, quero fazer diferente.

— Você não têm um encontro duplo com os irmãos Uchiha. — franzo as sobrancelhas, não gostando nada de sua colocação. — Se é pra chamar de encontro, então é apenas comigo, seu namorado.

Como de costume, ela me ignora.

— Então, quero fazer uma surpresa e buscar vocês na hora do jantar.

— Uma surpresa? — isso está ficando cada vez mais suspeito. — Do tipo chegar atirando em mim ou mandar alguém fazer o serviço?

Ela rola os olhos, destravando o carro.

— Tchau, Sasuke. Me manda o horário certo por mensagem e esteja magnífico quando eu chegar.

Muito a contra gosto, eu saio do carro. Sakura recoloca seus óculos escuros, então abre um sorriso para mim antes de dar partida com o carro sem nem titubear.

Parado, fico observando o carro sumir pela esquina sem esperanças de que ele volte um dia. Sakura pode aparecer com ele pichado, destruído com um de seus saltos ou pode aparecer com um vídeo dela bebendo champanhe enquanto o joga de um penhasco.

Resignado, penso nos últimos momentos dentro daquele carro. Adeus, é o que eu digo, antes de pedir um táxi para voltar para casa.

Seja o que for, só tenho uma certeza: Sakura não será a mesma quando voltar, o que significa que eu estou bem fodido.


Notas Finais


ESTAMOS NA RETA FINAL!
E, muita coisa MESMO vai acontecer nesse jantar. Qual será a vingança da Sakura?


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