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História Não Conte Nosso Segredo - Capítulo 15


Escrita por: vauseman_damie

Notas do Autor


Boa tarde!
Sinto cheiro de "beijo" Vauseman hahahaha
Boa leitura!

Capítulo 15 - Capítulo 15


CAPÍTULO 15

Estávamos concentrados em um exercício sobre tridimensionalidade quando Alex levantou-se e andou casualmente, vindo deixar um bilhete sobre a minha prancheta. Ele saltou e foi parar na mesa, no espaço entre eu e Winslow. Ele esticou a mão para pegá-lo, mas o alcancei primeiro. Abri no meu colo. “Minha mãe vai provisionar o Duelo de Bandas da rádio KBTO no sábado à noite”, ele dizia. “Ela disse que vai pagar quinze dólares por hora, se você ajudar. É meu jeito de compensar você por faltar no trabalho. De quebra, a gente assiste ao show de graça. Só nós duas. Quer?”

A letra de mão dela era miúda, um garrancho. Escrevi minha resposta embaixo, depois me levantei e entreguei o bilhete. Eu ainda não tinha voltado para a minha carteira quando ela explodiu em uma risada.

“Só se você mantiver as mãos longe de mim”, escrevi.

O sábado parecia nunca chegar. Enrolei o Larry dizendo que estava menstruada, isso sempre o repelia. Sei que eu precisava cortar as amarras, e faria isso no momento certo. Quando conseguisse fabricar as palavras. Tão logo eu as reunisse. “Olha só, Larry. Conheci outra pessoa com quem prefiro estar. Ah, e agora vem a melhor parte: ela é uma garota.”

Meu Deus. Eu nunca poderia fazer isso com ele.

Alex falou para eu passar na casa dela às quatro horas, para que eu ajudasse a carregar e montar o equipamento.

— Que tipo de show? — Mamãe perguntou enquanto eu me aprontava para sair. Ela tinha se convidado a entrar depois de trocar as toalhas do meu banheiro.

— Um show de rock, acho. É um duelo de bandas.

— Você vai com o Larry?

Passei uma escova no cabelo, querendo que ele fosse mais longo para que eu pudesse fazer algum penteado interessante. Cachos, tranças, qualquer coisa.

— Não. Com a Alex.

— Onde você arrumou essa Alex?

Minha cabeça levantou para travar olhares com Mamãe. O tom de voz dela me irritava.

— Você fala como se ela fosse uma doença.

Mamãe levantou um catálogo de universidade da minha cômoda e começou a folhear.

— O que você viu nessa garota?

Se ela soubesse…

— Ela é legal. Eu gosto dela.

Mamãe abaixou o catálogo e disse:

— Não quero você saindo com gente igual a ela. Depois de hoje, diga a ela pra ir procurar amigos em outro lugar.

Meu queixo caiu.

Mamãe acrescentou:

— E esteja em casa antes das onze.

Desde quando eu tinha toque de recolher? E desde quando minha mãe escolhia meus amigos? Esperei até que os passos dela terminassem de subir a escada, então murmurei:

— Vá pro inferno. — E apontei o dedo do meio.

A casa da Alex ficava a dois quarteirões da Washington Central. Era uma casa em estilo vitoriano, com dois andares e, na frente, um alpendre envidraçado. Aconchegante. Toquei a campainha e um menino de seis ou sete anos correu pela porta.

— Oi. — Ele sorriu me cumprimentando. Tinha um nariz bonitinho igual ao da Alex.

— A Alex está? Vou ajudar com os preparativos do show.

— Mããe! — Ele berrou sobre o ombro e através da porta da frente. Depois desapareceu do lado de dentro.

Segurei a porta exterior, antes que ela batesse e entrei. O aroma foi a primeira coisa que reparei — comida mexicana. Meu estômago roncou. Durante o dia todo, estive nervosa demais para comer. Mais que nervosa, paranóica. Alex surgiu de um corredor nos fundos, carregando uma montanha de tecidos — toalhas de mesa e guardanapos.

— Piper. — Ela estacou no mesmo lugar. — Oi. — Os olhos dela se estreitaram na direção do irmão, já entretido diante da tevê. — Eric, seu malcriado. — Ela balançou a cabeça para mim. — Ele não tem modos. Vamos entrando. Minha mãe está na cozinha.

Eu a segui por um conjunto de portais arqueados. O cheiro picante era mais forte na cozinha e fiquei com água na boca.

— Mãe, essa é a Piper.

A mãe da Alex se endireitou na frente do fogão, recolhendo o suor da testa com uma luva de forno.

— Oi, Piper. — Ela sorriu para mim. — Obrigada por ajudar.

— Obrigada por me pagar tão bem — falei. — Muito generoso de sua parte.

A mãe da Alex estreitou os olhos para ela.

— E quão generosa eu fui?

Ah, meu Deus. Alex…

Alex falou apressada:

— Você pode dar a ela a minha parte. Vamos terminar de levar as coisas pra van. Pegue aquela caixa, Piper. — Ela indicou com o cotovelo.

Enquanto eu passava diante da mãe da Alex, ela me olhou, me avaliando. Fez com que eu me sentisse uma ameba sob a lente de um microscópio. O que mais Alex havia dito a ela?

A van estava estacionada na saída de carros dos fundos. Na lataria, estava escrito: “Katering da Kate”. Alex equilibrou a caixa no joelho e abriu a porta lateral. Empurramos para dentro do veículo seis longas mesas, depois tecidos, pratos, talheres, copos e bandejas. Finalmente Kate — que, suponho, era a mãe da Alex — nos passou a última tigela de enchiladas e verificou a lista de afazeres.

— Vá acordar seu irmão — ela pediu para Alex. — Avise a ele que horas são. Diga que estamos saindo agora.

Alex desapareceu de vista antes que eu pudesse me mexer, me deixando sozinha com sua mãe.

— Não precisa me pagar — falei, abanando a barra da minha jaqueta jeans, pois estava suando como um porco agora. — Não é nenhum incômodo ajudar.

— Quanto ela disse que eu pagaria? — Kate perguntou, sem levantar os olhos da lista.

Engoli em seco.

— Quinze por hora.

A cabeça dela levantou devagar.

— Aquela menina. — Um lado do lábio dela repuxou, do mesmo modo como Alex fazia. Depois a expressão dela ficou mais sombria e ela disse: — Tome cuidado com ela.

O que ela quis dizer com isso?

— Vou tomar — eu disse, automaticamente.

Um homem saiu da garagem, esfregando um tubo de cobre com uma lixa.

— Já está tudo na van? — Ele perguntou.

— O seu timing é perfeito, como sempre. — Kate forçou um sorriso para ele. — As garotas ajudaram. — O braço dela passou ao meu lado para fechar a porta lateral.

Estendi uma mão para o homem e falei:

— Oi, eu sou Piper Chapman.

— Piper? — Ele chacoalhou minha mão. — Igual ao país?

— É, com os moinhos e as tulipas.

Ele riu. Tinha um sorriso caloroso que se estendia para seus olhos.

— Vocês, garotas, se divirtam.

— Vamos, sim — Kate falou. Eles deram um beijo, e então ele abriu a porta do carro para ela. Alex atravessou a porta externa da casa, com o boné de beisebol na cabeça, um lençol dobrado sobre o braço e um moletom por cima.

Kate espiou do lado de fora da janela do motorista.

— Você tem que vestir essa camiseta?

— Sim, é obrigatório — Alex zombou. Era a camiseta com os dizeres: ASSUMIDA! E COM ORGULHO!

Kate revirou os olhos diante do marido.

— Bem, entra — ela disse com um suspiro, esticando o braço para destravar a porta do passageiro.

Alex falou:

— Vamos na parte de trás.

A mãe dela observou o lençol, depois enviou a Alex o mesmo olhar que havia dado na cozinha.

— O quê? — Alex falou. — A gente não vai fazer nada. — Ela não deu chance para a mãe responder antes de abrir a porta lateral.

Alex subiu e gesticulou para que eu entrasse. Havia um espaço estreito ali dentro, com toda a comida e os suprimentos para o Katering, mas Alex reorganizou duas caixas e estendeu o lençol. Enquanto a van começava a andar, nos debatíamos para sentar. Terminamos de frente uma para a outra, com as pernas estendidas.

— Seu irmão não vem? — Perguntei.

— Meu irmão? Ah, você diz o Greg? Não, eles vão mais tarde. — Ela deve ter lido a confusão no meu rosto. — Ele vai com a banda dele. Estão na competição.

— Sério? Você nem me contou isso.

— Não fique animada. Você ainda não os viu tocar. — Ela sorriu um pouco, depois olhou para mim e continuou olhando.

Meu estômago fazia acrobacias.

— Então, hum… — Eu me acomodei, de modo que nossas pernas não ficassem tão juntas, para que eu conseguisse falar. — Suponho que seus pais sabem sobre você?

— Ah, sim — ela respondeu.

— E como eles lidam com isso?

Ela deu de ombros.

— Meu pai é bem legal. Minha mãe… — Ela desviou os olhos. Alisou o lençol ao lado dela. — Ela não gosta, mas o que pode fazer? Minha irmã é lésbica também, então é como uma praga em dose dupla.

Caramba.

— Só posso imaginar. Uau. E quando foi que você, hã, se assumiu?

Ela me fitou de novo.

— Pra minha família? Quase dois anos atrás, acho. Minha irmã só saiu do armário depois de mim. Mas eles já sabiam. Tinham que saber, só não queriam acreditar. A negação se enraíza bem fundo.

— Onde está sua irmã?

— Nova York. Ela é mais velha que eu, tem vinte e três. — Alex deu uma baforada de ar. — Foi fácil pra ela. Tudo o que ela fez foi mandar um e-mail pra Mamãe dizendo: “Ah, Alex se assumiu? Bem, adivinha? Sou gay também”.

Alex agitou um pulso mole. Isso me fez rir.

— Então você leva suas namoradas em casa?

Ela franziu a testa.

— Por que você quer saber isso?

Meu rosto ferveu.

— Eu só… — Por que eu queria saber? Porque eu precisava. — Você trouxe a Brandi para apresentar para os seus pais?

— Brandi? — Alex franziu a testa um pouco. — Não. Por quê? — Ela inclinou a cabeça. — Deveria?

Meu cérebro entrou em pane. Fiquei tonta, destrambelhada, fora da realidade. Engolindo em seco, perguntei:

— Você não está… namorando ela?

— Brandi? Deus, não. Foi isso que você pensou?

— Bem, foi.

— Não. Somos só amigas. Ela gostaria de ser mais… — Alex ajustou o boné, puxando-o para baixo, mais perto dos olhos.

— Mas você não está interessada? — Eu arrisquei. Esperei.

Alex falou:

— Ela não é o meu tipo.

— Qual é o seu tipo?

Ela espiou o lado de fora, por baixo da aba do boné.

— Bem, vamos ver… — Alex me olhou de cima a baixo.

Eu mal podia respirar. Por favor, rezei, faça isso. Toque em mim. Só uma vez. Bastaria.

Ela prendeu meu olhar por um momento e soltou um suspiro.

— Eu gosto de garotas com fome. Você está com fome? Porque eu estou faminta. — Ela se levantou. — Não comi nada o dia inteiro.

Eu me pus de pé, sentindo-me frustrada, decepcionada. Alex resgatou dois garfos e comemos enchiladas direto da panela. Preenchemos o espaço entre nós com “mmmms” e “delícia”.

O jantar que a mãe da Alex organizava estava sendo oferecido pela estação de rádio para os DJs e seus convidados. Nós arrumamos as mesas do buffet atrás do palco, no auditório, e imediatamente começamos a servir. As equipes técnicas precisavam de espaço, então tivemos que nos apressar. Segui os comandos da Alex, colocando e reabastecendo as bandejas de metal, acendendo os fogões portáteis, limpando comida derramada. Que bando de relaxados. Esse foi o esforço físico mais duro que já fiz, além de nadar. Pelo menos, quando nado, não fico suada.

Quando tínhamos retirado todas as mesas e carregado para a van, o duelo de bandas havia começado. Kate disse:

— Olhe, estou com enxaqueca. Queria ficar para ver o Greg, mas não posso. Estou presumindo que vocês duas queiram ficar.

Alex concordou e olhou para mim. Confirmei.

— Se o Greg não puder dar uma carona pra vocês de volta pra casa, chame o papai. — Kate beijou Alex. Ela tocou o meu braço e disse: — Muito obrigada, Piper. Vou fazer um cheque pra você assim que me pagarem. Ah, e Alex — ela apontou um dedo rígido para a filha —, você conhece as regras da casa.

Alex mostrou a língua para as costas da mãe. Enquanto a van se distanciava, perguntei:

— E quais são as regras da casa?

Ela fitou a estrada.

— Estúpidas.Vem, vamos ouvir a música.

Entramos nos bastidores, onde uma banda, DVOX, estava apenas começando a se apresentar. O grupo era formado por dois rapazes e duas garotas, e logo ficou evidente quem eram os músicos. Os rapazes meio que fingiam tocar guitarra e não eram muito convincentes. A baterista era incrível. Como se lêssemos a mente uma da outra, Alex e eu começamos a dançar.

Eu tinha esquecido o quanto adorava dançar. As únicas oportunidades que tinha para dançar eram nos bailes de boas-vindas e de formatura da escola. E, ainda assim, só com minhas amigas, porque Larry não dançava.

Alex saltitou ao meu redor, dançando animada, e minha exaustão evaporou. As paredes se dissolveram e tudo ao nosso redor, entre nós duas, desapareceu. Éramos só eu e ela. Em nosso próprio lugar, em nosso próprio momento, nossa pequena bolha. Nada era capaz de penetrá-la, ninguém podia invadi-la. A apresentação continuou por uns vinte minutos — uma só música — e, quando terminou, nós duas estávamos ofegantes. Quando outro grupo subiu ao palco, Alex gemeu.

— Ah, não. Eles são os próximos?

Devia ser a banda do irmão dela.

— Qual é o nome da banda? — Perguntei a ela, observando enquanto plugavam os cabos nos amplificadores e faziam a checagem de som.

— Pus — ela respondeu.

Olhei para ela.

— Tá de brincadeira.

A expressão dela não mudou. Foram apresentados como “Pus” e o primeiro acorde que tocaram, se é que dá para chamar aquilo de acorde, fez com que eu me encolhesse. Alex apontou para o irmão, Greg, que era o vocalista principal.

— Ele é bom — precisei gritar para Alex ouvir.

Ela falou no meu ouvido:

— Ele é péssimo. Todos eles são. O nome deles é Pus.

Eu ri. Ela sorriu.

— Vamos lá. — Ela gesticulou para que nos afastássemos da cortina. — Preciso tomar um pouco de ar.

A porta da saída de emergência era mantida aberta por uma cadeira. Nós passamos por trás do prédio, onde dois ajudantes de palco estavam fumando. Estavam sentados no cascalho, mas logo voltaram para dentro.

Alex se encostou na parede de tijolos, usando um pé para se equilibrar. A cabeça dela caiu para trás e ela fechou os olhos. Eu me encostei ao lado dela.

Então aconteceu. A corrente elétrica surgiu entre nós, através de mim, e se apossou do meu coração. A atração era tão forte que eu não podia resistir. Não queria. Ela estava tão próxima, tão próxima, a cabeça dela tão perto da minha. Eu podia ouvir a respiração dela, sentir o coração dela bater. O ar estava gelado, mas não era isso que me fazia tremer.

— Alex. — Minha voz soou áspera, sussurrante.

— Hum?

Virei para encará-la, apertando meu ombro de encontro aos tijolos.

— Eu quero… — Parei. Não podia dizer. Não podia dar esse passo.

Ela virou a cabeça e abriu os olhos.

— O quê, Piper? O que você quer?

Eu estava tremendo tanto. Vai. Faz isso!

— Quero beijar você.

Ela se ergueu, endireitou-se rápido e se virou para mim.

— Eu não te impediria. — Ela molhou os lábios.

Fechei os olhos. Abri, estiquei a mão e arranquei o boné dela, fazendo-o deslizar pelas suas costas. Com a outra mão, mergulhei meus dedos nos cabelos dela. Estava tudo acontecendo em câmera lenta. Minha mão acariciando a cabeça dela, puxando-a para perto de mim…

E aconteceu.

Ah, Deus. Os lábios dela eram macios. Ela era morna, quente. Eu a queria inteira. Eu estava caindo, caindo, sem ter onde pousar. Precisei me afastar.

Ela ficou ali, congelada, a cabeça inclinada, os olhos fechados. Um sopro visível de ar escapou dos lábios dela, como se tivesse segurado a respiração, assim como eu. Então ela pareceu esvaziar.

Ela odiou. Fiz tudo errado.

— Alex? — Minha garganta estava raspando. Entrei em pânico, tentando ressuscitar as batidas do meu coração. — Diz alguma coisa.

Os olhos dela se abriram. Ela balançou a cabeça devagar e disse:

— Meu Deus, Piper. Por que você demorou tanto?



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