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História Não Conte Nosso Segredo - Capítulo 18


Escrita por: vauseman_damie

Notas do Autor


Último de hoje!

Capítulo 18 - Capítulo 18


 

CAPÍTULO 18

Tentamos descobrir, entre nossos cronogramas apertados, quando conseguiríamos estar juntas. Alex ajudava a mãe a organizar festas nos fins de semana e, ocasionalmente, fazia apresentações de arte performática. Southglenn High não ia para a competição estadual de natação — grande surpresa —, então essa obrigação cairia fora do meu cronograma muito em breve. Durante a semana, o único momento em que Alex estava livre era depois do trabalho, às onze da noite. Sugeri que nos encontrássemos antes de ir para a escola também.

— A piscina abre às seis e fica vazia até as seis e quarenta e cinco ou sete horas — contei a ela. — Existe esse programa de exercícios para os professores três vezes por semana, mas eles não costumam começar antes das sete.

Alex gemeu.

— Ei. — Abaixei a aba do boné dela. — Todos nós temos que fazer sacrifícios.

Era difícil me manter longe dela na escola. Ela ainda devia estar me procurando entre as aulas, porque nos cruzávamos nos corredores três ou quatro vezes por dia. Sempre que isso acontecia, ela fazia contato visual e, sem mudar de expressão, apertava um punho fechado sobre o coração. E, todas as vezes, eu sentia um fluxo de eletricidade me atravessar.

Pelas duas semanas seguintes, fui encontrá-la todas as noites. Nossos encontros clandestinos eram no Blue Onion. Depois, Alex me telefonava para me desejar boa noite e dormíamos com o telefone grudado na orelha. Era excitante, como ter um amante secreto. Ela era excitante. Minha vida aumentou em intensidade.

Uma noite, passei em casa depois do trabalho e Mamãe estava diante do fogão grelhando hambúrgueres.

— Ah, que delícia. — Abracei-a pela cintura. — Estou com tanta fome.

— Chegou uma coisa pra você hoje — ela falou.

— O quê? — Descansei minha cabeça na dela.

— Está na sala.

Fui adiante e fiz cócegas na barriga da Hannah, que estava no colo do Neal.

— Ah, meu Deus. — Meus pés estacaram. — Isso é pra mim?

Mamãe ficou atrás de mim, limpando as mãos em uma toalha de prato.

— Seu nome está no cartão.

Nunca havia visto tantas rosas juntas. Devia haver duas dúzias delas, em um lindo vaso de cristal. Rosas amarelas, minhas favoritas. Meu estômago apertou. Não podia ser o Larry. Ah, não. Ele não faria isso. Na última ocasião em que nossos caminhos se cruzaram, ele nem deu sinal de ter notado minha existência.

Do vaso em cima da tevê, retirei o cartão do envelope da floricultura e li:

 

Para minha namorada. Para sempre. Amo você. A.

— Deixe-me ver. — Mamãe estendeu a mão.

Abracei o cartão junto ao peito.

— É pessoal.

Mamãe sorriu.

— As coisas parecem estar esquentando entre vocês dois. Tenho notado como você está feliz ultimamente. Devo começar a pesquisar os preços de vestido de noiva?

E Neal soltou um:

— Uh-oh.

Meu rosto queimou. Uma pontada de tristeza fisgou meu coração. Nunca haveria um vestido de noiva. Nunca haveria um casamento.

Enquanto eu levantava o vaso, Mamãe lamuriou:

— Ah, você não poderia deixar ele aqui pra todo mundo ver?

— Talvez, mais tarde. — Sorri para ela e para o Neal. — Antes, eu queria ficar sozinha um pouco com elas.

Mamãe apertou meu braço quando passei por ela.

— Piper, eu tenho uma preocupação. — Ela me segurou. — Esse negócio de você ficar todas as noites fora de casa até tarde… Você ainda está na escola, sabe.

Droga. Ela reparou.

— Estou acompanhando bem as matérias — menti. Pela primeira vez na vida, eu havia sido reprovada em um exame. E tinha um relatório de dez páginas de história que precisava entregar amanhã e não havia nem começado. Agora, a escola parecia tão insignificante. Assim como todo o resto. — Não estou passando todo o meu tempo com ela. Às vezes, eu só vou até a Starbucks pra me afastar um pouco de… — Não terminei, uma vez que Neal estava ouvindo.

Mamãe me lançou um olhar severo. Mas ela me soltou e eu voei.

Faith saltou da cama quando me viu passar com as flores. Parecia que agora ela ficava o tempo todo aqui. Minha noção de tempo e espaço estava completamente distorcida, é claro. Eu existia em outro plano, outra dimensão.

— Uau — Faith disse às minhas costas. — Ela deve amar muito você.

Meu coração parou. Pousei o vaso na minha cômoda e girei devagar nos calcanhares.

— O que você disse?

Faith deu um sorrisinho.

— Sabe, eu não sou idiota. Essa divisória não é à prova de som.

Cada músculo no meu corpo ficou tenso. Ela tinha escutado nossas conversas. Faith abriu um sorriso perverso e se retirou para o seu lado da cripta. Um pressentimento caiu sobre mim, como uma mortalha.

Sexta-feira, depois das aulas, eu bati a porta do armário e gemi. Larry estava ali, de braços cruzados.

— Oi — falei, dando um passo para trás.

Ele irradiava raiva. Eu o tinha visto mais cedo, na reunião do Conselho Estudantil, onde agora ele sentava o mais longe possível de mim. Depois da reunião, Polly me parou para perguntar o que havia acontecido entre nós dois. Contei a ela:

— Nós terminamos.

— O quê? — Pensei que os olhos dela fossem saltar para fora das órbitas e rolar pelo corredor. — Ah, meu Deus, Piper. Quando?

— Umas duas semanas atrás.

Polly franziu a testa.

— Você contou pra Lorna?

— Não. — Lorna tinha me ligado, quando? Semana passada? Mas não liguei de volta. Eu andava um pouco distraída.

— Que diabo aconteceu? — Polly perguntou. — Ele…?

— É. — Não a deixei terminar. — Sabe, eu não quero mesmo falar sobre isso. — Disparei, deixando-a para trás com o queixo caído. Deixe-a pensar que foi ele quem terminou. Salvaria a dignidade dele, pelo menos.

— Quero minhas coisas fora do seu jipe — Larry rosnou, içando-me de volta para o presente.

— Ok. Sinto muito. Eu esqueci que elas estavam lá.

Ele girou e se encaminhou para a saída. Alex tinha acabado de chegar ao seu armário e ouviu, ou sentiu, a terra tremer. Compartilhamos uma careta.

Trotei atrás do Larry. Quando ele chegou ao jipe, ficou rígido, mirando além do estacionamento vazio. Abri a porta do motorista e agarrei o saco de dormir dele, o fogão de camping, um taco de hóquei e o puck. Passei todas as coisas para ele. Sem dizer uma palavra, ele virou-se para ir embora. Deu apenas dois passos antes de se voltar para mim, perguntando:

— O que nós tivemos, Piper? Me diga. Você estava fingindo?

Ah, Deus. Eu não queria esse confronto. Nem agora, nem nunca. O que eu poderia dizer a ele? Nosso relacionamento foi uma mentira, Larry. Eu estava mentindo para mim mesma. Mas não estava fingindo com você. Não totalmente.

O que ele estava perguntando… sobre fingir. Ele sabia da verdade? Suspeitava? Meu coração martelou. Abri a boca para dizer… dizer o quê? Não havia nada que eu pudesse dizer.

Antes de me abandonar ali, ele me fulminou com um olhar, que fez meu sangue gelar.

Senti que ela estava atrás de mim.

— Acho que ele sabe — falei.

— E como ele poderia saber?

Balancei a cabeça.

— Eu não… — A resposta se apresentou sozinha. — Faith.

— Eu não me preocuparia com a Faith — Alex disse. — Ela não contaria.

Apenas olhei para Alex. Ela não conhecia Faith tão bem quanto eu.

Alex e eu passamos o sábado juntas. Um dia gloriosamente inteiro. Fomos à Casa das Panquecas para o café da manhã, depois dirigimos até as montanhas e estacionamos. Uma trilha aberta conduzia à Floresta Nacional Arapaho, então seguimos por ela, de mãos dadas e conversando, compartilhando nossos pensamentos mais íntimos, nossos sonhos. Compartilhando-nos. Mal notamos quando a neve começou a cair.

Quando voltamos ao jipe, liguei o aquecedor e começamos a nos beijar. Terminou do modo como sempre terminava.

— Alex — sussurrei rouca no ouvido dela, enquanto nos encolhíamos debaixo de um lençol na traseira do jipe, abraçadas uma à outra e morrendo de frio. — Detesto isso. Precisamos achar um lugar.

— Eu sei — ela disse, ainda respirando pesado. — Ando trabalhando nisso.

— Trabalhe mais rápido — falei.

Na segunda-feira, um coração de papel cor-de-rosa e um bombom Hershey’s Kiss estavam presos com durex na prateleira do meu armário. Ela andava deixando bombons para eu encontrar desde o Dia dos Namorados. No bolso do meu casaco. Na mochila de natação. Impresso na frente do coração, com uma flecha, estava escrito: Por cima. Eu o abri. Esta noite, meu amor — ela escreveu —, me encontre depois do trabalho. TEMOS UM LUGAR.

Meu estômago deu um salto triplo. De jeito nenhum eu ia esperar até o fim do dia.

Lorna e Polly me pararam do lado de fora do centro de mídia, logo antes do almoço. Eu andava me ocultando por ali na esperança de ficar fora do caminho do Larry. Ficar fora do caminho de todos.

— Estamos sequestrando você — Polly falou, apertando um dos meus braços. Lorna agarrou o outro.

— Aonde estamos indo? — Olhei da Polly para Lorna, e elas me carregaram para o corredor.

— A Ilha da Bulimia — Polly falou. — Também conhecida como minha casa. Estamos tirando o resto do dia livre para fazer cookies de chocolate. Depois vamos comer toda aquela massa e enfiar o dedo na garganta.

— Não, não vamos. — Lorna estalou a língua. — Vamos nos dar máscaras faciais e unhas postiças. Talvez fazer luzes nos cabelos. Vamos fazer maquiagem completa umas nas outras.

Meus pés se enterraram no carpete ao final do corredor e nós paramos.

— Não posso. Tenho prova de economia hoje.

As duas gemeram.

— Desculpem — falei, pegando meus braços de volta.

— Então, de noite — Polly disse. — Sei que você jamais daria o cano no trabalho, senhorita Chata e Responsável, mas a gente pega você lá depois.

— Não. — Balancei a cabeça. — Tenho muita coisa a fazer. — Havia um desenho que eu precisava terminar essa noite. Tinha que ser feito essa noite sem falta.

— Viu? — Polly virou para a Lorna, com as mãos na cintura. — Eu disse que ela nos abandonou como amigas.

— Não — protestei. Por que elas pensariam isso? Porque estive totalmente incomunicável por semanas? Dã.

— Kirs me contou sobre o Larry — Lorna falou. — Você nem sequer me ligou.

Ela soou magoada. Meu coração afundou. Eu deveria ter contado a ela. Inventado uma história qualquer. Mas odeio mentir. Provavelmente, esse é o motivo para que eu seja tão ruim nisso. E meu plano de aperfeiçoamento pessoal não incluía me tornar uma boa mentirosa.

— Por que ele terminou com você? — Ela perguntou. — O que aconteceu, Piper?

O que eu podia contar a ela? Que me tornei lésbica? Que sempre fui, só não reconhecia? Tudo o que eu podia dizer era… nada.

— Ela não quer conversar com a gente. — Polly abaixou os braços. — Falei pra você. Ela não precisa de nós como amigas.

— Isso não é verdade. — Eu precisava delas. Apenas não agora.

Lorna pegou minha mão.

— Sinto muito, Piper. Sei como isso dói.

Polly deu um tapa nos dedos dela.

— Tenho uma ideia. Vamos formar um clube. O Clube Estou-Desistindo-dos-Homens-Pra-Sempre.

Eu ri. Isso era mais engraçado do que elas imaginavam.

— Gostei — Lorna comentou. — Me inscreva.

— Está dentro? — Polly apontou o queixo para mim, depois enfiou a mão na bolsa e pegou uma caneta e um bloco de notas.

— Estou dentro. — Sorri. Queria poder contar para elas. Queria demais poder conversar sobre isso. Sobre Alex. Sobre nós.

Lorna disse:

— Precisamos nos reunir, nós três. Sério. Estou começando a ter síndrome de abstinência de amizade. Vamos combinar de dormir na casa de alguém no sábado.

— Por mim, pode ser — Polly falou.

O sinal tocou e portas começaram a se abrir por todo o corredor. Pessoas se derramaram para fora das salas de aula.

— Que tal às sete em ponto? — Lorna nos encostou na parede. — Você pode me pegar no caminho, Piper?

— Não posso. Não posso ir. Acho que vou estar ocupada.

As duas ficaram olhando para mim. O que eu disse?

— Quero dizer, eu vou estar. Vou estar ocupada.

Houve uma mudança de clima entre nós, uma queda de temperatura.

— Vamos, Lorna. — Polly enfiou o caderno de volta na bolsa e agarrou a manga do suéter de Lorna. — Nós estávamos certas da primeira vez.

Enquanto Polly a manobrava através da multidão, Lorna olhou para trás, por cima do ombro, e encontrou meus olhos. Ligue pra mim, ela pediu sem falar, colocando um telefone invisível na orelha.

Eu fingi que não vi.

Alex estava esperando, como sempre, na porta dos fundos do Hott ’N Tott.

Parei o carro e fiquei esperando, mas ela gesticulou para que eu entrasse. Não era o que fazíamos sempre. Estacionei no beco, perto do Neon dela, e tranquei o jipe. Depois, me lembrei da mochila de natação e a peguei na parte de trás.

Ela me abraçou debaixo da luz halógena. Depois, abriu a porta e me puxou para dentro.

— Temos até as quatro e meia — ela falou. — É quando a equipe da manhã chega para começar a cozinhar. Não sei por que não pensei nisso antes.

Ela tinha estado ocupada. Perto das prateleiras para o descanso da massa, Alex havia preparado uma mesinha com uma porção de velas. Um CD player portátil estava ligado, despejando uma música instrumental sonhadora pelo ambiente. O lugar tinha aroma de canela, noz-moscada e baunilha. Assim como ela. Perto da mesa, Alex havia juntado dois sacos de dormir e acrescentado um travesseiro.

Olhei para ela e sorri. Ela tomou minha mão e me conduziu para lá.

— Tenho um presente pra você — ela disse, ajoelhando entre os sacos de dormir.

— Outro? — Ajoelhei diante dela. — Você já me deu as flores. Agora é minha vez.

— Aqui. — Ela estendeu um objeto retangular. Meus olhos precisaram se ajustar à luz bruxuleante das velas.

— O que é isso? — Revirei o objeto. Não havia rótulo.

— É uma fita demo do Pus, já que você gosta tanto deles.

Eu ri.

— Adoro fazer você rir. — O lábio dela se contraiu. — Aqui está o presente verdadeiro. — Ela esticou a mão debaixo do travesseiro e retirou dali uma caixinha. Estava embrulhada em papel vermelho e trazia um laço prateado.

— Alex…

— Abre! — Ela pediu.

Enquanto eu retirava o papel, ela acrescentou:

— Sei que você não usa joias, mas pensei… — Ela parou e mordeu o lábio. Abri a tampa da caixa para encontrar uma correntinha de ouro. Havia um amuleto pendurado nela.

— É uma tornozeleira — Alex falou, tomando-a de mim. — Este é o símbolo de Vênus, duas mulheres unidas por toda a eternidade.

Eu o examinei de perto.

— É maravilhoso.

— Você não precisa usar.

— É claro que vou usar. Aqui, coloque pra mim.

Ela sinalizou para que eu lhe desse meu tornozelo, então sentei e estendi as pernas. Ela tirou meus sapatos e as meias. Ao redor do tornozelo esquerdo, ela fechou a corrente. Eu nunca a retiraria. Nunca. Voltei a ficar de joelhos.

— Tenho um presente pra você também.

Os olhos dela se acenderam. Busquei minha bolsa, abri e puxei a folha.

— Tive que fazê-lo de memória, já que não tinha uma foto. Não está exatamente igual. — Passei-o para ela.

O queixo dela caiu. Ela piscou e disse:

— Esta sou eu?

— Não, é só a garota estranha que fica aparecendo nos meus sonhos. — Arregalei os olhos para ela.

A expressão dela não mudou enquanto examinava o desenho.

— É assim que você me vê? Quero dizer, estou tão bonita.

Aproximei-me e segurei o rosto dela gentilmente entre as mãos.

— Sim, você é.

Os braços dela me envolveram, a mão segurando o desenho atrás das minhas costas.

— Ah, Piper, eu te amo tanto — ela falou.

— Amo você também — contei a ela. — De todo o coração.


Notas Finais


Fofas, não?? <3


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