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História Nós sempre teremos Paris - Nós sempre odiaremos despedidas


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Oi!

Aqui é a @Nasuke, a beta, postando o capítulo porque a Barbs está ocupada e não queria deixar vocês esperando. Autora mais amorzinho que essa não existe, não é mesmo?

A Barbs pediu para avisar que vai editar essas notas aqui quando chegar em casa, mas, enquanto isso não acontece, aproveitem o capítulo (que tá lindão, como sempre /pega os lencinhos/).

-X-

Oi! Agora quem vos fala é a Barbs. Resolvi deixar a nota da Sisi aí em cima porque achei muito fofinha ela falando de NSTP, eu fico toda emocional, eu

Esse capítulo é bastante especial também porque ele se trata de resoluções; nós temos vários desfechos para várias coisas, várias pontas soltas porque a vida não termina no último ponto final de uma história, e nós temos, finalmente, a redenção do Baekhyun e sua redescoberta dentro de si mesmo. Eu gosto bastante dele por isso, então espero que vocês gostem também!

Nós estamos chegando ao final da história e eu to chorando, eu. Semana que vem, ou no feriado, eu venho trazer o epílogo para vocês (tudo depende do quão bem eu me dar na minha prova quarta feira), mas, por enquanto, espero que vocês sintam as mesmas coisas que os meus bebês com essa reta final (EU JÁ TO TÃO TRISTE MAS TO FELIZ AO MESMO TEMPO, EU)

Boa leitura, estrelinhas <3

Capítulo 6 - Nós sempre odiaremos despedidas


NÓS SEMPRE TEREMOS PARIS

Capítulo 6 - Nós sempre odiaremos despedidas.

 

Baekhyun acordou sentindo o cheiro característico de Chanyeol e perguntou-se há quanto tempo estava sentindo falta disso sem perceber.

 

Manteve os olhos fechados, aproveitando da boa sensação que lhe era oferecida, antes que precisasse acordar de verdade e encarar a vida como ela era. As lembranças da noite passada voltavam a invadir sua mente, recordando-o do quanto sentira falta de Chanyeol sem que jamais fosse admitir. Eram boas memórias, todas embebidas pelos sorrisos calorosos de Chanyeol de quem está feliz demais para manter para si mesmo e precisa externar de alguma forma. Baekhyun sempre admirara isso em seu ex-namorado, como Chanyeol era, na maioria das vezes, feliz com tudo.

 

Poder beijá-lo mais uma vez depois de tanto tempo, sem que sua consciência continuasse a dizer o quanto aquilo era errado, era uma das melhores coisas de sua viagem. Sentir Chanyeol tão entregue em seus braços fora importante para que percebesse que, caso quisessem, as coisas poderiam voltar ao que eram antes; poderiam fazer aquilo dar certo de alguma forma, bastava que perdessem o medo de dar alguns passos em direção ao desconhecido. Baekhyun estava pronto para dar esses passos, mas sabia que o percurso a ser percorrido não era simples.

 

Estava pronto para fazer o que fosse necessário para ter Chanyeol mais uma vez para si, mas sabia que nem tudo eram flores e encontrariam obstáculos antigos que ainda não tinham superado. Estavam aproveitando do tempo que tinham juntos sem pensar no que os levou a terminar em primeiro lugar, que merecia especial atenção caso tentassem alguma coisa. Não queria que as coisas dessem errado antes mesmo de tentarem mais uma vez, mas precisavam ser realistas e perceber que um ano não era suficiente para que velhos hábitos mudassem, quiçá uma única semana.

 

Porém, naquele momento, Baekhyun ainda não queria pensar nisso. Chanyeol ainda estava adormecido e Baekhyun estava mais preocupado em analisar suas feições sonolentas, a calma que passava com aquele estado e os efeitos que causava no mais velho mesmo inconsciente. Chanyeol era tão bonito e, mesmo dormindo, mantinha-se protetor em relação a Baekhyun, com os braços rodeando sua cintura e mantendo-o próximo, como se de alguma forma tivesse medo de acordar e não tê-lo mais ali. Baekhyun reconhecia que era um medo válido, mas não tinha pretensão  ir a lugar nenhum.

 

Os braços de Chanyeol eram seu lugar favorito no mundo e sentia tanta falta de estar ali que uma única noite não seria suficiente para supri-la. Queria aproveitar da sensação de aconchego e lar que aquele gesto passava, queria sentir-se em paz mais uma vez como sempre acontecia quando estava cansado demais na época da faculdade e Chanyeol oferecia abrigo em sua cama, mimando-o até que dormisse sem perceber, protegido no abraço mais gostoso que já experimentara. Naquela noite, sentira como se os dias de dormitório nunca tivessem acabado e estivessem apenas um período distantes, como as férias de verão na época do colegial quando viajavam com suas famílias e não poderiam se ver.

 

Continuou a observá-lo, marcando em sua mente mais uma vez os traços que nunca chegou a esquecer. Os olhos ainda semi-fechados, o nariz afilado e a boca cheinha entreaberta, respirando contra sua pele; Baekhyun sentira falta de tudo isso. Baekhyun sentia cócegas onde a respiração de Chanyeol batia, mas não sairia da posição em que se encontrava. Seu rosto estava enfiado contra o pescoço do mais novo, seu corpo inteiro moldado ao de Chanyeol como se fossem duas peças de quebra cabeças com encaixe perfeito, exatamente como passaram a noite.

 

Baekhyun sentia-se tão feliz. Ainda tinha as cenas gravadas em sua mente, como tinha saudades dos contornos de Chanyeol, de sua voz rouca soando baixinha em seu ouvido. A noite passara rápida demais em comparação ao tempo em que esperaram,  mas fora suficiente para que tivesse de Chanyeol aquilo que se absteve por tanto tempo: seu carinho, seus sorrisos, seu amor mais uma vez. Em cada um dos beijos, em cada toque trocado, a cada sussurro jogado ao vento sentiam como se fosse um pedacinho de seu amor sendo espalhado, entregue para que entendessem da forma que bem desejassem.

 

Esperava que Chanyeol entendesse seus sentimentos da forma como estava tentando passá-los porque não sabia se ainda tinha prática em declarar-se. Já fora tão difícil da primeira vez, embora Chanyeol tenha se declarado primeiro. Não sabia o que esperar agora que sequer sabia se merecia a segunda chance que seu ex-namorado estava disposto a dar.

 

Tinham suas próprias vidas em Nova York e adequar-se aos horários um do outro seria uma tarefa difícil, ainda mais para Baekhyun que não tinha um horário definido para trabalho, já que trabalhava em casa. Estava sendo fácil como respirar novamente porque estavam presos no mesmo quarto de hotel por dias, acostumados à presença um do outro, embora tenha sido forçada no início, mas não havia promessa nenhuma de que essa sensação seria mantida quando precisassem correr contra o tempo em seus devidos trabalhos, inconscientemente entregando, de novo, aquele relacionamento nas mãos do acaso.

 

Baekhyun não queria que isso acontecesse. Queria que, caso conversassem e aceitassem voltar ao namoro que tinham, pudesse fazer diferente do que fez durante a faculdade, dar atenção necessária para Chanyeol para que o mais novo não se sentisse indesejado novamente quando era o que Baekhyun mais desejava. Precisava encontrar o meio termo entre sua vida profissional de forma que não influenciasse os outros campos de sua vida, aprenderia a não cometer o mesmo erro novamente.

 

Aconchegou-se novamente a Chanyeol, dedilhando o braço que rodeava seu corpo e sorrindo sem precisar de nenhum motivo concreto que não suas próprias lembranças a respeito daquela semana. Se precisasse de qualquer incentivo para realizar uma mudança em sua vida, sabia que Chanyeol seria o suficiente. Chanyeol sempre seria suficiente, só demorara demais a perceber e o perdeu por tanto tempo... Não deixaria que sua obsessão por trabalho pudesse levá-lo para longe mais uma vez, não de novo.

 

Percebeu o momento em que Chanyeol se remexeu, suspendendo sua respiração para observá-lo. O mais novo resmungou alguma coisa, apertando-o ainda mais contra seu corpo, e Baekhyun sorriu ao perceber que muito tempo se passara, mas o ritual de Chanyeol todos os dias ao acordar continuava o mesmo. Assim como esperava, o pintor abriu os olhos, piscando diversas vezes para acostumar com a luz ambiente, até que focou sua atenção no rosto à sua frente.

 

Baekhyun assistiu a surpresa passar pelo rosto de Chanyeol antes de ser substituído pelo sorriso que a sucedeu. Sorriu de volta, aproveitando da sensação de paz que o reconhecimento de Chanyeol produziu. Seu ex-namorado estava em paz consigo também, sem fazer alarde pela noite em que dormiram na mesma cama, e isso fazia toda a diferença para acalmar seu coração, que batia alucinado em receio sobre o que Chanyeol diria na manhã seguinte.

 

Ainda tinham muito o que conversar, é claro. Não poderiam ignorar os problemas que surgiriam, mas, se Chanyeol estava feliz consigo daquela forma, eles poderiam passar por qualquer intercorrência e fazer com que as coisas dessem certo, Baekhyun tinha certeza. Estava recomeçando uma nova fase de sua vida e, dessa vez, faria tudo diferente.

 

“Bom dia”, Baekhyun sussurrou contra sua pele, sentindo-o arrepiar-se. “Dormiu bem?”

 

“Como há muito tempo não dormia”, Chanyeol concordou, afundando o nariz em seus cabelos. “Bom dia.”

 

Baekhyun afastou-se um pouco para poder encará-lo, mesmo que sua vontade fosse de continuar deitado ao seu lado pelo restante do dia e ignorar que tinha uma vida o esperando fora daquele quarto de hotel, que tinha um voo para pegar em poucas horas e que, muito em breve, Paris seria mais uma boa recordação. Afastou-se para guardar cada um daqueles detalhes em sua memória, só para o caso de a vida não facilitar para seu lado, como costumava fazer, e acabasse por perder Chanyeol novamente.

 

Se ao perdê-lo sua última imagem fosse daquele sorriso carinhoso e preguiçoso de quem acabou de acordar e não mais os olhos lacrimosos de um ano atrás, Baekhyun ainda partiria feliz.

 

Chanyeol pareceu resmungar novamente, tentando alcançá-lo para que se deitasse novamente, mas Baekhyun sabia que tinha muitas coisas para fazer. Se seguisse a ideia de Chanyeol, permaneceria naquela cama pelo restante do dia, abraçado ao corpo quente e saudoso de seu ex-namorado e contando o ritmo do coração ecoando ao seu. Não tinha como ser uma imagem melhor para o escritor, mas infelizmente ele não podia fazer isso e a vida o chamava novamente.

 

Chanyeol o observou se levantar e caminhar em direção ao guarda-roupa para guardar as roupas novamente em sua mala. O silêncio tomou conta do quarto, fazendo-o se recordar de horas atrás quando Baekhyun estava entre seus braços e seus risos eram novamente seus, cada pedacinho dele. Agora, vendo-o do outro lado do quarto, parecia tão longe quanto jamais esteve, tão inacessível que Chanyeol não tinha ideia de como poderia se aproximar novamente.

 

Não queria que a última noite fosse, de fato, a última; queria que as palavras trocadas significassem alguma coisa, que never let me go se tornasse a frase símbolo de ambos para que se recordassem do que valia à pena e de como deveriam lutar para que o outro nunca fosse embora. Contudo, Chanyeol estava perdendo Baekhyun aos poucos por entre seus dedos.

 

“Você precisa de ajuda?”, Chanyeol ofereceu, apenas para quebrar o silêncio gerado.

 

“Acho que não, não tenho tanta coisa assim”, Baekhyun respondeu em um dar de ombros. “Só… Estou com pressa.”

 

Chanyeol sentou-se completamente à cama, encostando-se a sua cabeceira para observá-lo melhor. Por que Baekhyun estaria com pressa, se horas atrás estava sussurrando-lhe o quanto o desejava novamente? O que ambos estragaram sem sequer ter consciência do que estavam fazendo, afinal, para que seu ex-namorado desejasse abandonar sua companhia tão rápido?

 

“Nós ainda temos algumas horas até o seu voo”, Chanyeol o recordou, “não precisa ter pressa.”

 

“Eu sei, eu só estou nervoso, então não consigo ficar parado”, Baekhyun explicou. “Estou com pressa porque é a única coisa que consigo fazer agora para que me deixe pensar com clareza.”

 

“No que você precisa pensar com clareza?”, Chanyeol perguntou, sentindo-se receoso com a resposta que estava aguardando. Baekhyun poderia dizer-lhe qualquer coisa e sabia que deveria estar preparado para ouvir a opinião de seu ex-namorado, mesmo que isso partisse seu coração mais tarde.

 

“Não sei, Chanyeol”, Baekhyun respondeu com sinceridade. “Em nós. Em tudo isso. Nessa semana inteira em Paris. Em mim. Talvez principalmente em mim.”

 

Por mais que buscasse compreender as palavras de Baekhyun, ainda soavam enigmáticas demais para a mente sonolenta de Chanyeol. Tudo que queria era poder aproveitar o restante da manhã ao lado de seu ex-namorado como fizeram noite passada, não estava pedindo demais e Baekhyun estava o deixando confuso novamente. Aquilo seria algum sinal de arrependimento pela entrega na última noite ou só estava enferrujado quanto a ler Baekhyun como quem lê seu livro preferido?

 

Guardou silêncio mais uma vez, acompanhando-o pelo quarto, vendo-o apanhar roupas espalhadas pelas cadeiras e colocando-as de qualquer jeito na mala; seu notebook já estava devidamente fechado e guardado em sua maletinha, ao lado do desenho que Chanyeol fez de si no dia anterior. Conferiu, um por um, cada pedacinho de si que estava deixando naquele hotel, como se a marca de sua presença não fosse suficiente.

 

Baekhyun queria deixar sua marca no mundo, mas houve um momento em que Chanyeol fora seu mundo e pôde desenhá-lo e marcá-lo exatamente como queria.

 

Quando deu-se por satisfeito, deixando suas malas prontas para serem levadas embora, com uma muda de roupas limpas para usar após seu último banho em solo parisiense, Baekhyun se permitiu relaxar novamente, sem imaginar que isso era o que devia continuar evitando. Relaxar significava deixar sua mente vazia para que os mesmos pensamentos de outrora voltassem, ainda mais intensificados agora.

 

“Se você quer saber o que eu acho”, Chanyeol atraiu sua atenção novamente, “você está pensando demais e aproveitando de menos. Você me pediu para mostrá-lo porque Paris é a cidade dos apaixonados, mas você continua fugindo de mim.”

 

“Não estou fugindo de você”, Baekhyun negou, sentando-se à cama de Chanyeol mais uma vez. Suas mãos nervosas encontraram as dele, sentindo-as tão frias quanto as suas e acalmando-se um pouco ao perceber que Chanyeol estava tão tenso quanto si mesmo. “Eu só estou… Protelando as coisas. Como sempre, você sabe.”

 

“Não precisamos resolver nada agora, não estou cobrando nada de você”, Chanyeol o respondeu, apertando os dedos que se entrelaçaram aos seus. Baekhyun ergueu o olhar para entendê-lo. “A única coisa que quero é poder aproveitar o último dia ao seu lado, sem vê-lo fugir quando parecer íntimo demais novamente. Não quero que eu comece a duvidar de que tudo não passou de um sonho.”

 

“Não foi um sonho”, Baekhyun disse, aproximando-se. Suas mãos mantinham-se unidas, como se, ao soltá-las, estivessem largando também a corda que os sustentava até ali. Chanyeol ainda estava sonolento, seus olhos estavam um pouco inchados e seu cabelo uma completa desordem, mas Baekhyun pensou que aquele era seu Chanyeol favorito. Aquele que apenas ele podia ver. “Me desculpe, Chan. Eu vou tentar complicar menos as coisas.”

 

“Não quero suas desculpas”, Chanyeol rebateu, puxando-o para mais perto. O susto fez com que Baekhyun se desequilibrasse em primeiro momento, caindo na cama por cima de Chanyeol, que mantinha um sorriso travesso. “Você me deve alguns beijos que não ganhei em um ano todo graças a sua teimosia.”

 

“Engraçado, podia jurar que quem pediu para terminar se chamava Park Chanyeol e não minha teimosia”, Baekhyun ponderou, olhando-o fixamente em desafio.

 

Chanyeol permitiu-se rir; ali estava o Baekhyun que sempre conheceu, o Baekhyun por quem se apaixonou e o Baekhyun que tentou resgatar nos poucos dias que dividiram o quarto de hotel. “O mesmo Park Chanyeol agora pede por você, se você puder aceitar este desejo sem envergonhá-lo ao fazê-lo repetir o pedido.”

 

O que Baekhyun poderia fazer além de acatar a seus desejos?

 

Por mais que seu tempo em Paris estivesse correndo e cada vez mais próximo do fim, e mesmo que ambos ainda possuíssem uma conversa inacabada, naquele momento Baekhyun permitiu-se ser um pouco inconsequente e aproveitar do momento sem pensar nas consequências que teria no futuro. Poderia arcar com qualquer uma delas porque ali estava Park Chanyeol pedindo por si mais uma vez, entre os lábios entreabertos e os olhos fechados, aproveitando de cada sensação que seus lábios passando por sua pele poderia provocar.

 

Havia tanta coisa que queria que Chanyeol soubesse, todas as lembranças engasgadas e todos os desejos reprimidos, mas esperava que tivessem tempo para aquilo mais tarde. Todas as palavras, que sempre foram tão suas amigas por toda sua vida, embaralhavam-se em sua mente quando estava ao lado de Chanyeol, não dando-lhe nenhuma perspectiva de como poderia deixar que Chanyeol percebesse a bagunça que o tornava. Contudo, Baekhyun sabia que teria tempo suficiente, mesmo que nos seus últimos minutos, para conseguir fazê-lo perceber, mesmo que precisassem se esbarrar a esmo pelas ruas de Nova York novamente.

 

Naquele momento, tudo que o importava era continuar a dedicar-se a Chanyeol abaixo de si. Aquela era sua visão favorita em muito tempo e sentia-se saudoso em estar revendo-a depois de tanto tempo. Qualquer coisa poderia esperar enquanto Park Chanyeol lhe doasse todos seus suspiros.

 

. . .

 

O tempo necessário para ambos era agora.

 

O caminho até o aeroporto foi feito em quase completo silêncio. Chanyeol insistiu em acompanhá-lo, com a desculpa de ajudá-lo com as malas que sequer eram tão pesadas assim, já que Baekhyun não se encaixava no perfil de turista comum e não havia comprado quase nada que o recordasse de sua viagem, com exceção de alguns chaveiros para dar a seu agente.

 

O único som no táxi que dividiram era o próprio taxista cantarolando a música que soava do rádio, o que Baekhyun faria de forma inconsciente se sua mente não estivesse viajando para tão longe. Deixar o hotel era como abandonar sua pequena bolha de felicidade momentânea, agora os momentos bons passados ali residiriam apenas em sua memória e pisava em novos terrenos.

 

Chanyeol não se encontrava diferente; escolhera acompanhar Baekhyun para que pudesse desfrutar de últimos momentos ao seu lado na cidade responsável por reaproximá-los novamente. Independente do que fariam quando chegassem a Nova York, nada seria igual aos dias em que dividiram um quarto e mais momentos do que Chanyeol imaginou serem possíveis ao ver Baekhyun pela primeira vez em um ano.

 

Quando deixaram o táxi, foram obrigados a quebrar o silêncio que mantinham e abandonar as memórias onde estavam viajando juntos, mesmo que inconscientemente. Cada passo para o local parecia mais lento do que de costume, como se buscassem protelar por mais um tempo o que sabiam não ser possível.

 

E agora, cá estavam os dois.

 

Baekhyun e Chanyeol encontravam-se no aeroporto, prontos para o embarque do mais velho. Já tinham realizado todo check-in, suas malas já foram despachadas e consigo restava apenas sua maleta com o notebook. Restava apenas uma hora até que seu avião partisse e, de repente, Baekhyun sentia-se nervoso, sua mente em um completo branco como nunca estivera antes, sem que nenhuma palavra pudesse lhe servir de consolo.

 

Em uma hora, partiria em direção a Nova York novamente. Deixaria Paris para trás, guardando com carinho suas recordações, mas deixaria também Chanyeol.

 

É claro que sabia que em breve Chanyeol também retornaria a sua cidade natal, onde ambos se conheceram e vivem suas vidas agora separadas, mas havia alguma coisa lhe dizendo que o que começou em Paris, deveria ter seu desfecho no mesmo lugar. Talvez a aura da cidade mais apaixonada do mundo pudesse ajudá-los a entenderem um pouco mais sobre o que deviam falar, as formas certas para que não acabassem magoando um ao outro novamente.

 

E Baekhyun, que sempre teve as palavras como companheiras bem queridas e que imaginou que jamais seria traído por elas, encontrava-se agora nervoso por não ter nada em sua mente para dizer a Chanyeol e, por isso, continuava encarando-o.

 

Chanyeol, por outro lado, sentia-se tão nervoso quanto Baekhyun. Em pouco menos de uma hora, Baekhyun embarcaria em seu avião, o deixaria para trás com todos os assuntos inacabados e Chanyeol sabia o quanto era difícil encontrar Baekhyun com tempo livre em seu habitat natural. Sabia que, caso quisesse ter a chance de falar alguma coisa, qualquer coisa que fosse, deveria ser feita agora ou seria tarde demais.

 

Porém, devia se recordar de que as palavras nunca foram exatamente suas amigas. Sempre estiveram ligadas a Baekhyun e o recordavam para si, sem nunca jamais colaborar consigo.

 

“Você não acha que essa é uma cena super clichê?”, Chanyeol perguntou, tentando encontrar, de alguma forma, um bom jeito de iniciar aquela conversa. Não queria assustar Baekhyun com uma pergunta repentina, mas também não queria continuar protelando. Sentia-se cada vez mais ansioso.

 

“Acho que essa semana toda foi”, Baekhyun concordou.

 

“Mas veja só”, Chanyeol retomou, “estamos ambos sentados aguardando o chamado do seu voo e, em breve, você irá voltar para Nova York e eu vou continuar aqui, talvez olhando seu avião subir e se perder no céu. Parece final daqueles filmes que você tanto gosta.”

 

“Eu não gosto de dramas, Chan”, Baekhyun retrucou, virando-se para olhá-lo com um sorriso de canto.

 

“Você vivia escolhendo filmes onde ou alguém morria no final ou os personagens nunca mais se viam, Baek”, Chanyeol rebateu. “Como é que você dizia? Chega de romances açucarados, Chan, não funciona assim na vida real?”

 

Baekhyun deu de ombros. “Algumas coisas me fizeram pensar que talvez dê, sim”, respondeu. “Se tentar vezes o suficiente.”

 

Chanyeol pensou se era o efeito de sua mente bagunçada pelas últimas horas, mas todas as palavras de Baekhyun o faziam crer que estava indo no caminho certo. Davam-lhe coragem suficiente para que pudesse abordar o que precisava, porque já não sentia mais que precisava preparar terreno antes de abordar o tema principal. Depois de uma longa semana ao lado de Baekhyun, Chanyeol sentia como se estivesse novamente ao lado do garoto por quem se apaixonou, de volta aos tempos de ouro de seu namoro.

 

E Chanyeol sentia-se tão apaixonado quanto no primeiro dia.

 

“Você reclama de clichês, mas deveria se recordar do que fazia para mim enquanto namorávamos”, Baekhyun comentou, entre risos.

 

Chanyeol voltou a olhá-lo, saindo de seu devaneio com as lembranças que Baekhyun evocou. “O que quer dizer?”

 

“Você não se lembra?”, Baekhyun riu. “Você foi o namorado mais clichê que eu poderia ter!”

 

“Eu era romântico, é diferente!”, Chanyeol se defendeu. “O que eu fiz de tão clichê assim para você?”

 

“Quando entramos na faculdade, Chanyeol, você espalhou rosas por todo nosso dormitório quando descobriu que ficaríamos juntos, apesar dos cursos diferentes”, Baekhyun o recordou. “Mas você é muito afobado, não é, e não viu que ficaríamos no noventa e seis e não no sessenta e nove.”

 

Chanyeol deu de ombros, envergonhado com seu erro que o levou a encher o dormitório alheio de rosas. “Acho que o Kyungsoo não gostou muito de ter o quarto cheirando rosas por tanto tempo”, pensou.

 

“Eu não conseguia olhá-lo depois sem começar a rir”, Baekhyun concordou. “Mas, apesar de bem clichê e ter dado errado, eu lembro de ter achado muito fofo que você tenha se preocupado em fazer com que nossa primeira noite no dormitório fosse especial.”

 

“Ela com certeza foi, com você rindo de mim à noite toda”, Chanyeol respondeu, olhando-o de forma dura enquanto Baekhyun mantinha o sorriso zombeteiro nos lábios. “Mas você não pode falar muito, tem essa pose de coração de pedra, não se importa com romantismo, mas eu sei bem como isso não é verdade.”

 

“Não sei do que você está falando”, Baekhyun desconversou. “Sempre fui o lado mais racional entre nós dois.”

 

“Diga isso para o mesmo Baekhyun que cantou para mim no nosso aniversário de três anos juntos, no meio do refeitório da faculdade”, Chanyeol o lembrou. “Você se lembra? Você cantou Lucky do Jason Mraz, não tem música mais clichê no mundo!”

 

“Você estava reclamando que eu não fazia nada romântico por você!”

 

“Eu esperava que você me desse, sei lá, uma noite de sushi, mas não que fizesse aquilo”, Chanyeol o consertou.

 

Baekhyun teve a decência de sentir-se envergonhado. De fato não era a pessoa mais romântica do mundo e Chanyeol cobrou tantas vezes que demonstrasse um pouco mais de seus sentimentos que não fosse através de seus textos que aquela fora a única forma que encontrou. Gostava de se expor, não era tímido ou qualquer coisa do tipo, mas parecia íntimo demais quando era direcionado a seu namorado e, por isso, sentiu-se tão envergonhado quando tantas pessoas pararam para vê-lo cantar e ainda mais quando começaram a filmá-lo.

 

Por muitos dias Baekhyun viu seu vídeo correr entre os celulares de seus colegas de faculdade, mas Chanyeol nunca lhe sorriu tão radiante e desacreditado quanto naquele dia, então valeu a pena, no final.

 

“Você não pode dizer que não gostou”, Baekhyun murmurou, deixando de olhá-lo para evitar que Chanyeol visse sua vergonha.

 

“Eu nunca disse que não gostei, eu queria que você fizesse ainda mais!”, Chanyeol exclamou. “Mas eu sei que essas coisas o deixam bastante desconfortável, então eu não insistiria para que repetisse. Você ter pensado naquilo sem que fosse algo que eu tenha pedido já significou o bastante para mim.”

 

“No fundo, todas as coisas clichês que fizemos um pelo outro renderam boas histórias, umas mais engraçadas do que as outras”, Baekhyun disse. “Então valeu à pena no final.”

 

“É de pequenos clichês que se mantém um relacionamento, Baek”, o ruivo disse. “Você nunca imaginaria que faria aquilo por outra pessoa porque é tão piegas, mas você se pega fazendo quando está apaixonado porque nada é clichê demais quando é por quem amamos.”

 

“Acho que você está certo", o escritor sorriu. “Eu não faria nada daquilo por qualquer outra pessoa que não você.”

 

“Até mesmo pequenos clichês não são assim tão mais vergonhosos quando se está com alguém que você se importa, como andar de mãos dadas ou passar uma noite inteira só assistindo filmes juntos, embaixo de um cobertor. Se quer saber, eu sentia falta de fazer isso.”

 

“Eu também sentia”, Baekhyun confessou, surpreendendo a Chanyeol. Se bem se recordava de seu ex-namorado, Baekhyun quase sempre apenas concordava consigo e não se expunha dessa forma. “Acho que meus personagens têm muito de mim, no final das contas, e por isso se tornou tão fácil de escrevê-los novamente. Eu estava de novo sentindo o que eles deveriam sentir.”

 

Chanyeol poderia continuar a viagem no tempo durante os anos de namoro por quanto tempo tivessem, mas, ao olhar em seu relógio e constatar que agora faltava apenas meia hora para que Baekhyun pegasse seu voo, resolveu que precisava ser mais rápido e direto. Não havia nada a temer, tudo indicava ao fato de que a última semana também mudou muita coisa em Baekhyun e reacendeu antigos sentimentos, assim como aconteceu consigo. O escritor  não teria dividido sua cama consigo caso não partilhasse dos mesmos sentimentos.

 

Baekhyun poderia ser tudo, mas não seria maldoso consigo a ponto de brincar com seus sentimentos.

 

“Sabe, essa última semana mudou muita coisa entre nós dois e eu acho que foram todas para melhor”, Chanyeol iniciou. Percebeu a forma como Baekhyun ficou mais retesado, mas decidiu continuar. Precisava continuar. “Passar esses dias ao seu lado me fez lembrar de quando nos conhecemos no clube do livro, de como me apaixonei por suas palavras antes de me apaixonar por você. Na verdade, acho que sempre fui apaixonado por você, porque você é o que suas palavras são, no final das contas. Você está em cada uma delas.”

 

“Chanyeol…”

 

“Não, eu realmente preciso falar para você.” Chanyeol o interrompeu. “Quando o vi na porta no primeiro dia, eu só conseguia pensar no quanto eu estava magoado, em como eu nunca tinha superado você realmente, mas você parecia tão bem sem mim, então eu só… Despejei tudo em você. Porém, eu pude ver depois um pouco mais de você fora dessa proteção que você colocou ao seu redor, e foi como conhecê-lo novamente, até que pude me sentir novamente em nossos tempos de dormitório, quando estávamos tão felizes que nada parecia nos abalar. Era como se aquele quarto de hotel fosse uma cápsula do tempo, onde todos os sentimentos bons que tentei guardar para mim voltaram, jogados ao vento como se soprados por um ventilador.”

 

Chanyeol respirou fundo antes de continuar a falar; sentia-se leve depois de expor tudo que estava sentindo. “Eu não sei como está sendo para você, mas essa semana conseguiu fazer com que eu sentisse que todos os anos que estivemos juntos foram muito mais fortes do que o ano em que estivemos separados. Me fez ter vontade de fazer com que realmente desse certo.”

 

Baekhyun o ouviu calmamente, pensando no que deveria responder a Chanyeol. Sabia, dentro de si, que sentia-se da mesma forma, mas ouvi-lo expor seus pensamentos de forma tão sincera o fez pensar que Chanyeol era muito mais do que merecia. Havia feito com que o pintor sofresse tanto no passado, afastou-o mesmo que sem nenhuma intenção, o manteve distante quando poderiam ter resolvido tudo com apenas uma conversa franca como estavam tendo agora…

 

O escritor também esperava que desse certo. Dessa vez tinha que dar.

 

“Eu achei que focar no meu trabalho faria com que eu me esquecesse do que eu deixei inacabado no passado, como o nosso relacionamento, e por muito tempo funcionou”, Baekhyun finalmente disse. “Funcionou até que eu voltasse a vê-lo e, então, você conseguiu fazer com que tudo voltasse a tona, como se nunca tivesse ido embora. Eu me vi apaixonado novamente, mas acho que é porque eu nunca deixei de estar. Eu só estava… Mascarando a situação, tornando-a mais fácil para mim.”

 

O sorriso começou a surgir nos lábios de Chanyeol. Desconfiava que Baekhyun retribuísse seus sentimentos, mas ouvir de sua boca era ainda melhor. “Porém”, Baekhyun continuou, deixando-o receoso, “nós temos ritmos tão diferentes de vida, Chan… Eu não quero que a gente tente algo e terminemos de novo pelo mesmo motivo porque eu não vou mudar tão fácil e nem tão cedo, Chanyeol. Você sabe como sou, você sempre soube, eu não tenho muito tempo para mim mesmo, eu nunca fiz questão de ter até que… Até que você apareceu.”

 

“Nós podemos conciliar isso”, Chanyeol propôs. “Eu não sou o mesmo garoto da faculdade e eu também tenho compromissos com os quais não posso desviar atenção, não posso cobrar sua atenção o tempo todo quando eu não teria como retribuir. Mas não vivemos só para nosso trabalho, Baek, e nós podemos nos encaixar, aos poucos, nas vida que temos agora. Não precisamos desistir um do outro, não precisamos deixar que seja só uma memória de Paris.”

 

Baekhyun ainda parecia relutante, mas Chanyeol sabia que ele acabaria por concordar. Perderam tanto tempo afastados quando a resposta era tão simples… “Acha que não magoaríamos mais um ao outro?”, Baekhyun perguntou. “Eu quero que dê certo, mas eu não sei se ainda temos tempo um para o outro.”

 

“Nós fazemos o nosso tempo”, Chanyeol respondeu, “e eu sempre vou ter tempo para você.”

 

Baekhyun podia sentir a sinceridade daquelas palavras e preferiu acreditar que também teria todo tempo para Chanyeol, que poderiam fazer aquilo dar certo. Se pensasse demais nos contras de tentar de novo, provavelmente fugiria mais uma vez, deixando-o para trás sem grandes explicações como o fez da primeira vez quando viu Chanyeol ir embora e nada fez para impedir. Por isso, focou em todos os prós, em ter aquele sorriso para chamar de seu novamente e ter uma segunda chance para tentar.

 

Ao ouvir o chamado de seu voo, o escritor percebeu quanto tempo passaram conversando. Levantaram-se apressados, caminhando rapidamente até o local de embarque para que Baekhyun não tivesse nenhuma intercorrência; não queriam se despedir, não agora que finalmente estavam conseguindo colocar tudo em pratos limpos, mas sabiam também que aquele não era o final de nada. A viagem de férias de Baekhyun poderia estar acabando, mas era apenas o início para os dois.

 

Observando os outros passageiros entregando suas passagens, Baekhyun parou para se despedir de Chanyeol de forma apropriada. Porém, ao olhá-lo com o mesmo sorriso bonito e calmo que o dedicava anos atrás, o fez se perguntar se estavam mesmo fazendo a coisa certa, se não acabaria quebrando Chanyeol mais uma vez…

 

“Chan… E se fôssemos melhor como um romance de férias?”, Baekhyun perguntou, receoso. “Quer dizer, e se não for melhor que deixemos as coisas como estão? Talvez a gente não dê certo se tentarmos de novo e então teremos essas lembranças estragadas por algo que insistimos quando já não deu certo…”

 

Baekhyun foi impedido de continuar a falar pelos lábios de Chanyeol unindo-se aos seus, deixando-o surpreso. Não esperava por uma demonstração tão pública de afeto de Chanyeol tão cedo, mas não poderia dizer que não estava feliz. O beijo não passou de um selar e Chanyeol afastou-se de novo, as mãos em seus bolsos e um sorriso bailando em seus lábios, zombeteiro.

 

“Nós nos vemos em Nova York, baixinho”, disse. “Você não vai mais fugir de mim.”

 

Chanyeol deu as costas para ir embora, deixando Baekhyun embasbacado para trás, mas não menos satisfeito. Se Chanyeol acreditava que poderiam dar certo no futuro, então Baekhyun acreditaria em suas palavras e também tentaria fazer com que funcionasse. Talvez batessem de frente nos primeiros momentos, talvez pensassem que seria melhor desistir ou que nunca tivessem tentado, mas, no final, valeria a pena. Chanyeol sempre fez com que Baekhyun percebesse as boas coisas da vida, então ele sempre valeria a pena.

 

Havia promessas demais em poucas palavras, mas Baekhyun acreditaria em cada uma delas

 

. . .

 

Nova York continuava o mesmo caos instável que Baekhyun viu da última vez.

 

Desde que chegou de sua viagem à Paris, passou mais dias preso em sua casa do que interagindo com outras pessoas. Aproveitou do tempo restante de suas férias para dar continuidade ao manuscrito que iniciou ao lado de Chanyeol; queria aproveitar as ideias frescas em sua mente para colocá-las na tela à sua frente, para não perder o ritmo imposto em Paris. Se continuasse da mesma forma que iniciou, muito em breve teria algo bom para apresentar a seus editores.

 

Nos primeiros dias, escrever recordava cada momento passado na capital francesa ao lado de Chanyeol, os momentos em que palpitava a respeito de algum parágrafo que pudesse estar soando confuso, sobre o andamento irregular de seu roteiro ou qualquer furo de continuidade que estivesse apresentando. Chanyeol era bons olhos reservas e não deixava que nada passasse, e Baekhyun o agradecia por isso.

 

Contudo, o andamento de sua história começou a recordar dos momentos ao lado de Chanyeol em que seu livro era a última de suas preocupações. Ver seus personagens interagindo, criando novas conexões para substituir as antigas e já desgastadas, o fez pensar quando voltaria a ver Chanyeol. Não tinham feito nenhuma promessa de que voltariam a se ver assim que o mais novo pusesse os pés em solo nova-iorquino, mas Baekhyun mantinha dentro de si a esperança boba de que não fosse demorar.

 

Enquanto esperava que Chanyeol aparecesse ou seus amigos dessem algum sinal de que ele já estava de volta, continuou focado em seu livro, escrevendo na maior parte do tempo livre que tinha, tentando suprir todo o tempo em que esteve parado nas poucas horas do dia que tinha para escrever. Sentia-se tão energizado novamente que assemelhava-se aos últimos anos da faculdade enquanto escrevia seu primeiro manuscrito, tão feliz com a ideia de ser lançado que não viu mais nada ao seu redor.

 

Dessa vez Baekhyun queria fazer diferente e, por isso, começou aceitando os convites para reuniões de seus amigos, surpreendendo a todos. Continuavam convidando Baekhyun em consideração a amizade que possuíam, mas nunca esperavam que ele comparecesse. Geralmente o escritor enviava alguma boa desculpa na manhã seguinte, mas já tão usada que não os surpreendia mais. Ver Baekhyun saindo de seu casulo era algo que certamente os surpreendia agora.

 

Sentia falta de ver seus amigos e poder sair com eles, se divertir sem pensar que tem prazos para cumprir ou metas para alcançar, porque estava de férias, afinal. Joonmyeon ficaria orgulhoso de si se soubesse que estava realmente aproveitando seus dias de folga para espairecer e não focar tanto em trabalho, embora a maior parte deles fossem destinados a seu processo de escrita. Ninguém poderia dizer que ele não estava tentando, afinal.

 

O segundo passo dado foi voltar a ver sua família e finalmente fazer a visita prometida a Baekbeom. Seu sobrinho estava crescendo assustadoramente rápido e Baekhyun sequer se recordava de quando fora o nascimento, mas queria se mostrar mais presente com sua família, por isso passou boas tardes mimando a criança e recebendo as novidades de Baekbeom a respeito do restante de seus familiares.

 

Quando seu mês de férias finalmente terminou, Baekhyun sentiu que saíra outro homem de seu merecido descanso. Fizera grandes avanços com seu manuscrito, estava quase finalizando-o - estava tão confiante que seria aceito pela editora que preferiu manter suspense a respeito de sua ideia até que chegasse a seu final para mostrar a todos - e estava se sentindo novamente bem-vindo entre seus amigos e familiares. No final das contas, não estava sendo tão difícil conciliar os dois lados de sua vida sem surtar como imaginava que faria.

 

No primeiro dia que estava autorizado a voltar à editora - mesmo depois de seu retorno da França, Joonmyeon fora bastante específico em dizer que estava proibido de pisar os pés por ali -, estava ansioso para reencontrar seu agente. Joonmyeon estava atarefado com alguns últimos lançamentos (ledo engano de Baekhyun ao pensar que seu agente ganhou férias ao seu lado) e não pôde se encontrar consigo depois de seu retorno, seu contato resumindo a poucas videochamadas e mensagens trocadas. Apesar de infernizar a vida do pobre agente, Baekhyun devia admitir que estava com saudades.

 

Joonmyeon estava onde costumava ficar o tempo todo, em seu pequeno cubículo cercado de papéis para todos os lados, anotações grudadas nas paredes com prazos em marca texto, a tela de seu notebook repleta de abas abertas para dar conta de seu trabalho. Apesar de extremamente eficiente enquanto profissional, Joonmyeon era uma bagunça caótica em seu habitat natural.

 

“Há tanta bagunça aqui que eu sequer consigo te encontrar, Joonmyeon”, Baekhyun comentou, encostando-se a parede.

 

Joonmyeon pulou em sua cadeira. “Discreto como sempre, amável como pedido”, suspirou.

 

“Meu jeitinho todo especial’, Baekhyun concordou. “Sentiu saudades?”

 

“Incrivelmente sim, apesar de admitir isso aumentar seu ego em proporções que não desejo”, Joonmyeon respondeu, minimizando todas as abas para dar atenção a seu amigo. “Sobreviveu às férias?”

 

“Incrivelmente sim”, Baekhyun repetiu. “Foi um período… Revigorante. Aprendi muito mais sobre mim mesmo do que eu esperava, para sermos sinceros.”

 

“Eu disse a você que era uma ótima saída”, Joonmyeon sorriu. “Fico feliz que poucos dias tenham conseguido fazer com que você mudasse para melhor. Ouvi dizer de Baekbeom que você até mesmo foi visitar seu sobrinho!”

 

“Desde quando meu irmão fala com você?”

 

“De que outra forma você acha que sua mãe tem notícias suas quando você evita atendê-la na maioria das vezes?”

 

Baekhyun revirou os olhos. Devia imaginar que Joonmyeon o apunhalaria pelas costas a qualquer momento.

 

“Logo você dando notícias minhas a minha mãe”, Baekhyun suspirou. “Por isso ela sempre parece tão brava quando eu a atendo.”

 

Joonmyeon riu e Baekhyun se sentiu incapaz de continuar brigando consigo porque estava realmente com saudades desses momentos. Estava tão feliz consigo mesmo nos últimos dias, com o bom andamento de seu manuscrito e a boa relação que estava reconstruindo com as pessoas importantes para si, que nem mesmo sentia vontade de soltar os comentários ácidos aos quais Joonmyeon estava tão acostumado desde que começou a trabalhar ao seu lado.

 

Isso não passou despercebido a seu agente, é claro, que analisou muito bem as feições de Baekhyun para entender o que poderia estar causando toda aquela animação. Gostava de vê-lo feliz e de bem consigo mesmo, parecendo tão radiante como estava, mas sabia que não seria sem motivo. Baekhyun era uma das pessoas mais ranzinzas e mal humoradas que conhecera, apesar de saber que era apenas uma fachada de sua personalidade, por isso alguma coisa muito importante deveria ter acontecido para que o escritor se comportasse dessa maneira.

 

“Acho que os dias em Paris fizeram muito bem a você”, Joonmyeon comentou. “Ouvi dizer que o efeito Chanyeol é mesmo potente.”

 

Baekhyun revirou os olhos. “Lembre-me de nunca apresentá-lo a Chanyeol, vocês dois juntos seriam insuportáveis”, comentou.

 

“Quer dizer que vocês mantiveram uma boa convivência o suficiente para você querer evitar que eu o conheça?”, Joonmyeon perguntou. “Eu estava certo desde o início?”

 

“Incrivelmente sim, apesar de admitir isso aumentar seu ego em proporções que não desejo”, Baekhyun repetiu, repleto de ironia. “Nós tivemos dias bastante esclarecedores e eu pude aprender um pouco mais sobre o que eu sentia quando pensava nele. Então… É. Talvez nós tenhamos definido algo.”

 

“Isso é muito bom. Eu não vou nem me gabar por estar certo porque estou realmente feliz por você, Baek.”

 

Baekhyun sorriu de volta, sentindo-se feliz também em poder expor a Joonmyeon o que aconteceu na cidade parisiense. Era como tornar mais real, mais palpável, quando outra pessoa também estava ciente do que até então era um segredo de ambos. Por mais que Chanyeol ainda não tenha aparecido nem dado nenhum sinal de vida, o escritor já sentia que estava vencendo mais uma etapa de sua vida naquele momento, quando se permitiu ser feliz sem pensar nas consequências, como fazia com tudo que acontecia em sua vida.

 

Joonmyeon abandonou seu cubículo e acompanhou Baekhyun até a sala de reuniões, onde o Byun tinha uma reunião marcada com o editor-chefe para conversarem a respeito de seu livro. Mandara na semana anterior uma cópia do manuscrito até onde parou, torcendo para que desse tempo que todos os envolvidos lessem e dessem um parecer na semana seguinte, quando seu retorno à editora fora permitido.

 

Joonmyeon era uma das pessoas com acesso ao manuscrito.

 

“Terminei de ler ontem o que você enviou, aliás”, Joonmyeon comentou enquanto caminhavam pelo corredor. “Está ficando tão bom, Baekhyun. Tão bom que estou pensando em fazê-lo viajar todas as vezes em que terminar algum livro, para que a inspiração retorne a você de forma tão forte quanto aconteceu dessa vez.”

 

“Acho que o lugar influenciou, mas não foi o único fator, Suho”, Baekhyun deu de ombros. “Eu estava tão preso ao meu passado que eu não tinha nenhum futuro para escrever, foi só quando consegui me desvencilhar um pouco que as coisas começaram a fluir. Tem bem mais a ver comigo do que com Paris.”

 

“E com Park Chanyeol”, Suho observou.

 

“Você vai ser insuportável com isso”, Baekhyun rolou os olhos.

 

“Não é todo dia que podemos zombar de você sem que você fique ainda mais irritado do que de costume”, Joonmyeon concordou.

 

Chegaram à sala de reunião, percebendo serem os últimos que faltavam. As principais figuras de sua equipe já estavam ali, todos com grandes sorrisos de boas-vindas e perguntando a respeito de suas férias, sobre os locais que visitou e surpresos quando disse que visitou a França na primeira metade de sua folga. Baekhyun percebeu que todos ao seu redor tinham uma imagem muito centrada de si, o que não era algo ruim, mas que queria mudar também. Sabia que poderia ser muito focado ao ponto de não notar mais nada ao seu redor, mas queria ser visto como alguém mais flexível também.

 

Após algumas breves considerações a respeito da importância do descanso e atualizações sobre o que aconteceu na editora durante o período em que Baekhyun esteve fora, finalmente começaram a falar a respeito do manuscrito enviado na semana anterior. O escritor sentia-se nervoso; confiava no julgamento de Joonmyeon e se seu agente tinha dito que estava bom, então era um peso a menos em suas costas. Contudo, a opinião do restante da equipe também era muito importante porque bastava um voto para que seu processo fosse vetado e precisasse de alterações.

 

“Devo dizer que nos surpreendemos bastante com o material que nos foi apresentado, Baekhyun”, o editor-chefe iniciou, analisando os parágrafos à sua frente, marcados com marca-texto. O homem de meia idade deu-se ao trabalho de imprimir página por página para que pudesse grifar as partes mais importantes e dar-lhe dicas a respeito de onde deveria mudar alguma coisa. “Não imaginava que as férias fossem fazer tão bem a você.”

 

“Algumas coisas aconteceram nesse meio tempo e minha inspiração voltou a me dar os braços, trabalhando ao meu lado para que as coisas dessem certo”, Baekhyun respondeu, percebendo sozinho depois o duplo sentido de sua frase. Sua inspiração realmente trabalhou ao seu lado.

 

“Consigo perceber uma maior entrega neste texto”, Baekhyun ouviu do revisor ao seu lado. “Há muito mais sentimento empregado em suas palavras, nos conflitos de cada personagem e no dilema que enfrentam para que possam ficar juntos. É um tanto clichê, mas muito bem trabalhado, como esperado de você, senhor Byun.”

 

“Fiz apenas o meu trabalho, me alegra muito saber que está ficando bom”, Baekhyun agradeceu. “Este roteiro é muito importante para mim, por isso fico realmente agradecido que todos tenham gostado dessa forma. Houve um momento em que eu pensei que era um fracasso e que fui apenas um golpe de sorte com o primeiro livro, mas alguém me fez perceber que eu só estava me olhando em uma perspectiva errada e, então, essa história surgiu.”

 

“Seja lá quem foi essa pessoa, deveríamos colocá-la nesta equipe para motivá-lo mais vezes”, seu editor sorriu. Era um bom homem, repleto de paciência e entendimento a respeito de seu bloqueio criativo e Baekhyun se sentia feliz em ter caído em boas mãos. “Ao que imagino, você já deve estar finalizando-o.”

 

“Está a caminho do final. Falta pouco, em pouco tempo terei o manuscrito completo e então ele poderá ir para revisão”, Baekhyun concordou. “Quero que essa história consiga alcançar as pessoas como fez comigo, que possa salvá-las como salvou a mim mesmo. Sei que é apenas um romance e é uma grande pretensão desejar isso, mas eu comecei a escrever porque queria mudar o mundo. A minha forma de fazer isso é criando novos mundos e dando as pessoas motivos para desejar que o nosso seja tão bom quanto o fictício.”

 

“Não tenho dúvidas de que você o fará um dia, Baekhyun”, o editor respondeu e Baekhyun viu o sorriso orgulhoso de Joonmyeon ao seu lado, como um pai que vê seu filho crescendo e voando com suas próprias asas, embora seu agente não fosse muito mais velho. Estava iniciando a nova etapa em sua vida em grande estilo. “Você já tem uma ideia de como o livro se chamará, aliás?”

 

Baekhyun não tinha nenhuma dúvida quanto a isso. “Nós sempre teremos Paris.”


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Qualquer coisa estou aí embaixo nos comentários, no twitter que é o @iambyuntiful e aceitando recadinhos de toda natureza no https://iambyuntiful.sarahah.com/

Nos vemos semana que vem e beijinhos~!


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