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História Not a love story - When everything was fake - Donna



Notas do Autor


N.A. 1: Sim, outro capítulo da Donna. Eu sei, que tédio... Nós não achamos bacana postar capítulos seguidos com um mesmo p.o.v.. Estamos fazendo isso agora pra tirar o atraso da fic. E pra adiantar um drama na história, afinal, com todo esse povo se pegando como iríamos justificar o título da nossa história?

N.A. 2: há uma diferença enorme entre Colin/Collins. “Colin” é o Agente Colin Farrell, da CIA. “Collins” é o Dr. Misha Collins. Mas dá pra saber que eu tô falando de duas pessoas distintas, poxa. Donna acaba de se referir a um com cautela e logo fala de outro com certo carinho. Sem falar na grafia. Mas pra evitar confusão, a partir de agora “Colin” (da CIA) será Farrell ou agente Farrell, ok?

Beijo na bunda!

Capítulo 48 - When everything was fake - Donna


Aquele foi um dos dias mais tensos que enfrentei no Colégio Gosling.

Após ficar quarenta minutos perdida naquelas passagens, descendo escadas espirais, passando por túneis escuros e ouvindo vozes do outro lado das paredes como se as pessoas estivessem ao meu lado, encontrei uma saída discreta no dormitório dos funcionários (todas as outras davam em locais públicos demais).

Só fui pensar na distância entre o prédio e o colégio mais tarde. Provavelmente eu havia passado por uma conexão subterrânea.

Ao voltar para o prédio principal, procurei Mary. A cozinheira não gostou nenhum pouco da solicitação que lhe fiz. Disse que “não havia sido contratada para aquilo”. Mas quando lhe falei que pensei nela ao perceber que “precisava de alguém discreta e de confiança”, ela sorriu e se dispôs a limpar a bagunça de Ryan na diretoria.

O tempo voou.

Eram seis horas da tarde e eu já tinha três notas mentais: conversar com o agente Farrell, ir ao arquivo do Gosling e observar se as passagens estavam inseridas nas plantas do colégio e registrar um abono por hora extra à Mary na secretaria (maquiando o motivo, lógico).

Nesse horário duas coisas aconteceram ao mesmo tempo: meu orientador me ligou adiantando nossa reunião. Enquanto eu estava ao celular conversando com ele, Collins entrou na diretoria, olhou diretamente em meus olhos, me observando atentamente por alguns instantes e saiu.

-=-=-=-=-

Entrei em casa e tudo estava na penumbra. Estranhei aquilo, pois o Agente sempre deixava uma luminária ou a própria lâmpada do cômodo acesa para mim. Alcancei o abajur que estava ao lado do sofá e acionei o dispositivo. A luminosidade preencheu parcamente parte da sala.

- Como foi a reunião? – ouvi a voz do Agente vinda do corredor.

Eu já havia me acostumado a sua presença e não me assustei. Apenas estranhei a escuridão inicial, algo que nunca havia acontecido naquele mês que... passamos juntos.

- Foi chata – deixei o tédio transparecer – O Professor Smith cortou dois capítulos de meu trabalho e insistiu em minha participação na formatura.

- Eu lamento – a voz profunda ecoou baixa – Eram bons capítulos e serviriam de introdução àquele que você está escrevendo. Entretanto, quando se lê separadamente, acaba-se por julga-los desnecessários. Mas estou me referindo à sua reunião com Gosling.

Olhei para o corredor, embasbacada.

- Mas que droga! – exclamei, passando a mão sobre os cabelos – Você está fuçando até mesmo meu artigo?

Joguei a bolsa sobre o divã. Eu estava com raiva, não conseguia determinar exatamente o motivo. Talvez fosse os acontecimentos na diretoria ou as falas de Collins à Ryan (cujas frases ainda ecoavam em minha mente), talvez fossem as pilhas de currículos que fui incumbida de averiguar para depois repassar ao jovem diretor. Quem sabe a ligação de meu orientador realmente tenha contribuído em alguma coisa?

- É meu trabalho olhar tudo – o Agente disse pela centésima vez – Você sabe disso, O’Brien.

- Não gostei disso, Agente! Já falei com Farrell que tem limite – eu disse, entredentes – Ele não lhe passou esse recado?

- Deve ter mencionado algo a respeito – respondeu – Mas vou perguntar novamente. Como foi a reunião com Gosling?

Suspirei pesadamente.

- Com certeza você e sua turma já devem saber – retruquei; àquela altura do dia eu tinha recuperado parte da audácia que possuía nos tempos antigos – Ao menos você, já que está dos dois lados. As notícias correm bem rápido no Centro, hein?

Um som que pareceu uma risada abafada chegou aos meus ouvidos.

- Não em todo o Centro – admitiu – Nos dividimos em setores. E naquele em que trabalho, confesso, que certas notícias a seu respeito realmente chegaram...

- E onde você trabalha? – interrompi.

- Ora, Donna... Você sabe.

Algo naquele tom, naquele timbre chamou minha atenção. Chamou mais do que o fato do Agente me chamar pelo meu nome de batismo pela primeira vez desde que nos conhecemos.

- Eu apenas suponho – confessei – E não vai além disso, de uma simples suposição.

Sentei-me no divã, o braço escorado sobre a inclinação ondulada do móvel. Minha bolsa estava jogada na outra ponta, como um item esquecido. Ouvi um clique e o abajur se apagou, lançando o cômodo novamente na escuridão.

Meu corpo tencionou-se ao ouvir passos aproximando-se.

- Eu ouvi histórias a seu respeito, Donna – a voz do Agente estava próxima, sussurrada, mas de alguma forma alta o suficiente para que ele escutasse – Ouvi histórias suas dentro da CIA e agora, infelizmente, o Centro também sabe. Por isso Gosling está tão preocupado.

Naquele exato momento eu me questionava várias coisas. Por que havia decidido ajudar o agente Colin Farrell há quase seis anos atrás? De tantas ofertas recebidas, por que raios escolhi o Colégio Gosling para estagiar? Por que eu havia comprado cortinas blackout?

O Agente estava parado a menos de um metro mim, em pé e imponente. Tinha cerca de um metro e oitenta de altura e possuía uma estrutura forte. Eu conseguia saber isso apenas pelo fato de distinguir um casaco fino cobrindo corpo de músculos definidos. Eu não sabia se ficava com medo ou admirada.

- Exatamente pelo mesmo motivo eu estou preocupado. E ouso dizer: mais preocupado que Gosling.

Respirei fundo, desviando o olhar da figura.

- Por quê? – questionei.

O Agente abaixou-se, apoiando seu peso sobre um joelho; sua intenção era ficar à minha altura. Colocou uma mão em minha perna, apertando-a levemente. Aquilo me intrigou deveras.

- Ele quer inseri-la no Centro, afirmando que nosso próprio sistema poderá protegê-la – disse, a voz sussurrante – Mas seu passado irá persegui-la lá dentro.

Eu estava paralisada pela afirmação. Olhei para o lugar onde o rosto do Agente possivelmente estaria.

- Eu mudei! – afirmei no mesmo tom, desesperada – Eu não sou mais... daquele jeito.

- Eu sei, Donna – iniciou – Entretanto há alguns indivíduos no Centro que irão trata-la como...

Alguns instantes de silêncio permearam a sala. Nesse ínterim, o Agente arranhou os dedos na pele interna de minha perna, apertando-a novamente, com sua mão livre acariciou minha mão. O aperto não era algo violento ou contra minha vontade; muito pelo contrario, era algo totalmente novo e fazia eu me sentir querida e desejada. Provocava um arrepio leve em meu corpo, seguido de um aquecimento em meu baixo-ventre.

Eu conhecia a violência mascarada de desejo. Foi assim que eu havia me envolvido com o reitor da antiga faculdade em que havia estudado. Mais tarde ele havia sido acusado de assassinato a nível federal; descobriu-se que ele e um deputado estavam envolvidos no mesmo crime – por isso a CIA encarregou-se da investigação. Como eu era sua amante à época, acabei sendo usada para obtenção de provas e confissões.

Relembrar aquilo me fez recuperar o fio da meada.

- Agente?

- Hum? – ele sussurrou.

- Você estava dizendo... – lembrei-o do assunto – Como algumas pessoas do Centro irão me tratar?

Ele suspirou.

- Não irão trata-la como merece ser tratada.

A verdadeira resposta ficou suspensa no ar.

Umedeci meus lábios, nervosa, lembrando por um instante de Ryan e do ocorrido na diretoria.

- Er... Ryan disse que me recomendaria para uma faculdade com a qual vocês têm um convênio.

O toque do Agente fugiu de minha pele e quase lamentei. Logo senti o divã afundar ao meu lado e a voz profunda do homem soava novamente.

- Quando se trata de você, Gosling sabe utilizar de eufemismos – a voz dele soou sarcástica – Por isso discordamos na maioria dos pontos. Para ilustrar o que digo basta relembrar o que ocorreu à pobre cristaleira, resultado de uma de nossas discordâncias.

- Em quê, exatamente, vocês discordaram? – questionei.

Eu estava curiosa. O Agente, inicialmente, me pedia um relatório da reunião, sendo que ele já sabia o que havíamos discutido. Ele queria saber se eu iria ocultar algo? Agora ele me relatava os motivos de discordar de Ryan, entre eles uma possível má-recepção de algumas pessoas do Centro.

- Ryan foi um bom agente dentro do Centro. Mas ultimamente tem tomado decisões por impulso, sem avaliar as consequências. A maioria apenas considerando você – começou – Isso a colocou em risco e ele não imaginou tal possibilidade. Acreditava que estava fazendo o melhor, quando na realidade a colocou na linha de frente. Ao menos isso é o que ele quer fazer o Centro pensar.

Sua última afirmação chamou minha atenção. Pisquei, balançando a cabeça levemente, dispersando um momentâneo lapso de desatenção.

- Como assim? O que quer dizer com isso? – questionei.

O Agente novamente suspirou. Sua voz falhava em certos momentos e novamente me impedia de identifica-la, mesmo estando a tão pouca distância. O que me fez crer que no Colégio Gosling ele utilizava de recursos vocais, não em minha casa, como pensei inicialmente.

- Gosling não está sendo totalmente sincero nem com o Centro, nem com a CIA, nem consigo mesmo. Nem com você, Donna – ele resumiu – E as consequências de suas ações levaram-no a tomar as decisões que explicou-lhe hoje.

Eu só pude olhar para ele – ou para a sombra do que imaginava ser ele – e refletir sobre aquilo. Não conseguia, de forma alguma, relacionar a figura de Ryan à alguém que fazia as coisas para atingir um objetivo específico, usando as pessoas para isso. 

- Eu disse a ele que deveria ter contado suas intenções a você, Donna – falou – Isso não a teria assustado, ainda mais com tudo o que vivenciou. Se um homem lhe dissesse que faz parte de uma organização secreta e que precisa protegê-la por que indiretamente envolveu-a numa intriga, tenho certeza que você não se assustaria.

Acenei, concordando, mas não sei se ele percebeu. Fiquei intrigada ao notar que ele me conhecia tão bem.

A voz do Agente foi incisiva ao afirmar em seguida:

- Mas Ryan Gosling é um covarde. Ele queria sair do Centro, entretanto não tinha como fazê-lo sem ser punido diretamente por isso. Dessa forma, preferiu fazê-la se apaixonar por ele, sabendo de seus antecedentes com a CIA. Sim, Donna, ele sabia! – frisou – Apenas dessa forma poderia sustentar uma ligação entre ele e a Agência. Você foi um meio para um fim.

Fiquei boquiaberta, olhando para a sombra do que seria a figura do Agente. Levantei-me do divã, trombando na mesinha de centro. O Agente se levantara também, seus braços logo me amparando de uma possível queda, mas ao mesmo tempo virando-me bruscamente.

- Ele usou-a - disse incisivamente, o hálito quente atingindo meu rosto - Usou-a para que o Centro, por alguns instantes, desviasse a atenção da traição dele e se concentrasse em você.

Fechei os olhos, digerindo a informação. Naqueles breves instantes a figura de Ryan apareceu em minha mente, os olhos verdes cheios de promessas, os lábios macios afastando minhas dúvidas e seus braços longos me puxando para seu peito, o lugar que eu considerava o mais seguro do mundo.

- Isso não faz o menor sentido - minha voz saiu baixa e trêmula - Por que ele fingiria? Por que ir tão longe?

- Já lhe dei essa resposta. Porém você se recusa a aceitar minhas palavras. Vejo que ele encontrou sucesso na empreitada, pois o sentimento se encontra muito enraizado em você.

O Agente tinha razão. Eu me recusava a aceitar aquilo que dizia.

- Você tem certeza do que está falando? Por algum acaso isso... - tentei insinuar, mas fui interrompida.

- Eu só quero que você fique bem, O'Brien - o tom profissional havia voltado, sua voz alteou um pouco ao dizer aquilo - Não quero que se machuque novamente e não falo de ferimentos físicos. Falo de seu bem estar.

- Muito obrigada pela preocupação, mas...

- Sei que é resistente, mas não venha me dizer que sabe se cuidar sozinha - alertou, as mãos subindo para meus braços, me apertando com uma força incomum; deixei um gemido baixo escapar por meus lábios - Nós fomos treinados para machucar, ferir. De todas as formas. Física e emocionalmente. 

As mãos grandes relaxaram o aperto, passeando pelo local numa leve massagem. 

- Me desculpe - pediu, num sussurro.

Não respondi. Eu não queria responder a mais nada. 

Apenas uma dúvida ainda martelava em minha mente.

- Então... Ryan não me ama? – questionei.

O homem não respondeu. Sua mão ainda massageava meus braços, talvez no intuito de fazer o sangue voltar a fluir no local.

- Por quê? - indaguei a sombra a minha frente, as primeiras lágrimas caindo - Depois de tudo o que passamos juntos?

As mãos do Agente pararam em meus pulsos, segurando-os levemente.

- Exatamente o quê passaram juntos, Donna? - instigou - Refletiram a respeito de seus empregos no Colégio? Falaram sobre o noivado de Gosling, que ele nunca mencionou terminar? Trocaram beijos ao anoitecer ou em locais desertos? Aliás, sempre em momentos em que ninguém nunca os avistava juntos? Ele já a levou para a cama, Donna? Você reparou que sempre é ele que evita consumar o que chama de paixão avassaladora?

A cada pergunta do Agente, uma luz acendia em minha mente. E uma adaga afiada atravessava meu pobre coração. 

Dessa vez não pude segurar minha dor... Deixei as lágrimas lavarem meu rosto; não demorei muito e comecei a soluçar como criança.  E chorei como há muito não chorava. 

Logo senti o ar abafado e meu corpo se apoiar em algo firme. O Agente havia me puxado num abraço, apoiando meu rosto em seu peito. Um braço forte circundava meu corpo, enquanto sua mão direita estava entremeada em meus cabelos. Seus dedos faziam movimentos circulares e leves, um misto de carinho e massagem.

Assim que o estoque de lágrimas acabou e que meu olfato estava limpo o suficiente para distinguir aromas, respirei.

E uma fragrância atingiu-me timidamente, como se pedisse permissão para, mais uma vez, adentrar meus sentidos e brincar com eles. Sim, mais uma vez. Aquele perfume amadeirado com uma leve nota cítrica...

Eu já havia o sentido antes.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Afinal, escrever em semanas de provas, com prazo de entrega de artigo estourado e professor cobrando é difícil. Muito difícil.
Beijinhos!


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