Após o jantar Kabru se despediu de Milsiril e então andou até o quarto de Laios, uma parte dele considerou que talvez seria melhor esperar até a manhã para ir falar com ele, mas ele temia que talvez se ele esperasse até a manhã coragem o abandonaria e ele começaria a pensar em motivos para não fazer o que ele agora acreditava ser certo.
Laios não estava lá quando ele chegou, mas já passava do horário em que ele ia dormir geralmente, então Kabru achou melhor ficar lá e esperar por ele ao invés de ir procurar por ele e arriscar um desencontro.
Ele se sentou na cama, e pegou o boneco que Milsiril tinha feito para o bebê. Era um dragão, mas não parecia assustador, era até meio fofo, e o pano que sua mãe tinha usado era bem macio ao toque.
Ela provavelmente vai gostar, talvez até amar se ela acabar sendo como o Laios. Talvez não seria tão mal se ele pintasse alguns dragões no quarto dela.
Ele colocou o boneco de volta na mesa de cabeceira e então notou o caderno que lá estava.
E ele reconheceu como sendo não um dos cadernos atuais de Laios onde ele fazia desenhos e anotações durante as reuniões do conselho, mas sim o que ele tinha antes de se tornar Rei.
Ele abriu e folheou as páginas e quase no final viu o desenho da quimera que Laios tinha se transformado para derrotar o demônio. E então ele virou a página.
Kabru já tinha visto a página com o desenho do monstro que Laios tinha inventado uma vez no passado, mas não a página atrás. A maior parte dessa página detalhava as habilidades especiais do monstro, mas no fim havia uma pequena seção titulada Reprodução.
Se sentindo estranhamente nervoso Kabru começou a ler.
Reprodução
Como lobos, coiotes, albatrozes e outras criaturas, o monstro se acasala pela vida toda com um único parceiro, sendo que apenas após o monstro achar o parceiro que ele gostaria de ficar por toda a sua vida este se tornara fértil, caso o parceiro escolhido seja alguém do mesmo sexo o monstro passara por certas mudanças anatômicas e fisiológicas para permitir reprodução, similar ao que acontece com sapos e peixes palhaços (tão legal!). Com casais de parceiros do sexo oposto a fecundação segue os padrões de pênis inserido dentro de vagina, ejaculação e fertilização. Com casais consistindo de duas fêmeas haverá a formação temporária de um pseudo pênis (similar a hienas) permitindo a transmissão de material genético de uma fêmea para a outra em um processo similar a ejaculação, depois de um tempo o pseudo pênis vai se retrair e só se formar novamente quando chegar a hora daquela fêmea carregar outro filhote, geralmente com as duas fêmeas alternando qual vai gestar os filhotes e qual vai injetar o material genético via pseudo pênis, necessariamente todas as crias dessas uniões serão fêmeas. No caso de dois machos após a seleção do parceiro para começa uma mudança interna começando com a formação de um útero, e ovários um tubo que conecta este a área do ânus que só se abrirá quando em estado de alta excitação sexual, após este estarem formados a fecundação será possível, ao contrário das fêmeas é possível que os dois parceiros engravidem ao mesmo tempo sendo que a produção de esperma não se interrompe apesar da presença do útero e ovários, também as crias das uniões poderão ser machos ou fêmeas.Com o período de gestação durando aproximadamente dez meses e produzindo 1 a 3 filhotes por gravidez.
Kabru fechou o caderno e o colocou de volta na mesa de cabeceira.
Ele estava bem surpreso, embora não tanto pela definição do que Laios considerava legal em termos de biologia, mas por causa da parte sobre o monstro que Laios inventou só se acasalar com um único parceiro pela vida, e que se ele tinha a mesma característica significa que o motivo da gravidez não foi apenas Laios ter se transformado em um monstro por um tempo, mas por eles terem se apaixonado e pelo menos por um tempo Laios ter decidido que ele era a pessoa com quem ele queria ficar pelo resto da sua vida.
Por favor, que isso ainda seja verdade, que eu não tenha arruinado tudo.
Laios apareceu alguns minutos depois, ele não pareceu surpreso em encontrar Kabru lá, mas ele também não pareceu agradado.
“Eu não quero fazer sexo com você hoje a noite, então você devia ir para o seu próprio quarto.” Laios disse.
“Eu não vim aqui procurando por sexo. Eu quero conversar.”
“Eu não quero conversar. Vá embora por favor.”
Kabru não se moveu.
“Você não pode continuar fazendo isso.”
“O que?”
“Me dizendo para ir embora sempre que eu digo algo que você não gosta, especialmente sem me dar qualquer chance de explicar o que eu estou pensando. Não é certo.”
Laios pareceu considerar o que ele falou por um momento então disse:
“Eu não notei que eu estava fazendo isso. Eu sinto muito.”
Laios se sentou ao lado dele.
“Você chorou hoje? Seus olhos estão meio vermelhos.”
“Sim, a quantidade de tempo que eu passei chorando hoje é um pouco excessiva.”
“É minha culpa que você chorou?”
“Um pouco sim, mas mais por minha própria culpa. Mas de qualquer maneira nós podemos conversar? Por favor?”
“Tá, vamos conversar.”
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