História O Coração de Cristal - Lembranças.

No passado Regina adorava brincar com sua irmã, eram sempre muito unidas, amigas e confidentes uma da outra. Mas, não foi assim que o destino quis, seu pai era um soldado do rei, por isso estava sempre em guerra e raramente ia em casa visitá-las, pois era sempre solicitado para alguma nova batalha. Já sua mãe por sua vez, sempre confortava as duas filhas dizendo que ele logo ia voltar, e iriamos ser uma família feliz para sempre.

E realmente ele voltou, mas se fosse para ser como foi naquele dia, Regina preferia que ele não tivesse voltado.

Naquele dia, seu pai levou Regina e sua irmã Morgana, para passear e fazer um piquinique na floresta que ficava perto do reino.

– Fico feliz que finalmente podemos fazer algo juntos – disse Regina segurando a mão direita de seu pai enquanto caminhavam. –

– O senhor quase não apareceu mais em casa – falou Morgana segurando a mão esquerda e olhando para a irmã. –

– Minhas filhas – respondeu ele. – Vocês estão no auge de seus 16 anos, perdi muito tempo da vida de vocês, peço que me perdoem,mas eu estava servindo a coroa. Os ataques são constantes e precisamos nos defender e para nos defender todos os soldados são úteis...

– Nós sabemos papai – interrompeu Regina. – Nós só estamos querendo dizer que estamos felizes pelo senhor está aqui conosco mesmo sabendo que um ataque contra o reino pode acontecer a qualquer momento.

– Vocês são tudo para mim – respondeu ele. – Sempre que eu puder, venho visitá-las. Eu amo vocês.

– Nós também te amamos papai – respondeu Morgana quando eles adentraram dentro da floresta. –

Aquele definitivamente estava sendo o melhor dia da vida de Regina, pena que sua mãe não pôde ir pois estava trabalhando, mas está ali caminhando para um piquenique com seu pai e sua irmã rindo e trocando palavras carinhosas estava sendo muito mais do que um sonho para Regina, mas tudo mudou quando um sujeito de pele escamosa trajando roupas velhas, seu cabelo era até o finzinho da cabeça e era enrolado, Regina sentiu repulsa ao ver aquele homem, que também carregava uma adaga na palma da mão esquerda.

– Quem é você? – perguntou Morgana. –

– Ninguém – respondeu seu pai com nervosismo na voz e virou-se com as meninas para voltar por onde vieram, mas ao fazer isso o homem escamoso apareceu novamente com um sorriso no rosto na frente deles. –

– Vai mesmo fugir de mim queridinho? – perguntou ele dando um risinho estranho. –

– Papai você o conhece? – perguntou Regina. –

– Não! – respondeu o pai mais nervoso ainda. –

– Isso não seria a resposta de um soldado digno – falou o homem dando mais uma vez um risinho estranho. –

– Vai embora – falou o pai de Regina cada vez mais nervoso. –

– Nós tínhamos um acordo rumrumrum – falou ele. – Na verdade, nós temos um acordo.

– Nós não temos nada – respondeu ele sacando a espada e apontando para o homem. –

– Do que ele está falando? – perguntou Morgana. –

– Você acha que seu pai é um guerreiro forte por mérito próprio queridinha? – perguntou o homem a Morgana, e fez a espada que lhe era apontada desaparecer. –

– Claro que sim – respondeu Morgana firmemente. – Não existe homem mais honesto do que meu pai.

– Vamos Edward – falou o homem escamoso se divertindo com a situação. – Vou lhe dar uma chance, e vou deixar você falar pela última vez a verdade para suas filhas.

– Que verdade? – perguntou Regina. –

– Eu...

– Seu pai vendeu você queridinha – respondeu o homem apontando para Regina. –

– Como assim? – perguntou ela confusa quando o homem fez aparecer um rolo de pergaminho na sua mão, o desenrolou e pediu que Regina lesse... Ao terminar de ler seus olhos estavam marejados de lágrimas e ela virou-se para seu pai. – Como você pôde?

– Filha eu precisava provar o meu valor ao rei – respondeu Edward de cabeça baixa. –

– Me vendendo? Assim que você prova seu valor? – perguntou Regina se banhando em lágrimas. –

– Para seu pai aquela batalha foi mais importante do que a própria família – respondeu o homem sorrindo. – Integrar a guarda real era o único objetivo que ele tinha, por isso pediu minha ajuda para ser o melhor guerreiro de todos e em troca ele me deu você.

– Você não vai levá-la – falou Edward firmemente. –

– Ele não vai me levar – “concordo” Regina. – Eu vou, porque quero ir.

– Maravilhoso – comemorou o homem. –

– Você tem certeza irmã? – perguntou Morgana. –

– Eu serei levada de qualquer jeito – respondeu Regina se aproximando da irmã. – Não tem porque resistir, vai ver esse homem seja mais meu pai do que o que tenho de verdade.

– Você tem meu total apoio na sua decisão – falou Morgana abraçando Regina. –

– Diga a mamãe que eu a amo – falou ela emocionada. –

– Vamos queridinha? – chamou o homem escamoso. –

Regina se afastou de sua irmã, e se pôs ao lado do homem esquisito e antes que eles desaparecessem em uma névoa vermelha, ele virou-se para Morgana e falou:

– Você será uma grande feiticeira queridinha e em breve nos encontraremos de novo – e desapareceu levando consigo Regina. –

– Regina! – gritou o pai caindo de joelhos no chão mas Morgana não sentiu pena, sentiu apenas nojo daquele homem e voltou sozinha para casa. –

Ter aquelas lembranças sempre deixava Regina muito mal, pois desde que descobriu que foi vendida, se tornou uma pessoa fria, e amargurada tanto que ganhou o título de Rainha Má, e sua sede por poder apenas aumentava cada mais, porém o desejo de reencontrar sua irmã e sua mãe era maior.

Não sentia vontade de reencontrar o pai, alguns anos após esse incidente, ela foi informada que ele havia morrido em uma batalha mas não sentiu remorsos de nada, fingiu que aquela notícia era como se um rato tivesse aparecido morto em seu quarto e ela tivesse mandado jogar seu cadáver no lixo.

– Você se tornou uma rainha incrível queridinha – falou uma voz familiar atrás de seu trono no salão real. –

– Tive um ótimo professor – respondeu ela com um risinho, quando um homem de pele escamosa e trajando roupas velhas saiu de trás de seu trono. –

– É uma honra reencontrá-la vossa majestade – falou ele e fez uma reverência. –

– A honra é toda minha, Rumpelstiltiskin – respondeu a rainha com um risinho no rosto. – Ou melhor dizendo, Senhor das Trevas.