História O feio mais belo - 11. La La Land

Baekhyun digitava no Google coisas sobre como ou o que fazer quando o passeio é em um parque de diversões. Ele queria saber o que fazer caso aquela situação fosse um encontro de fato, mesmo que seu interior dissesse que não era. Um sorriso tímido dançava em seus lábios enquanto fazia anotações em seu diário, usando até mesmo alguns post-its.

         Ao mesmo tempo em que escrevia o que fazer em dez passos, uma voz surgia em sua mente dizendo:

         “Ah, qual é. Ele tem noiva, Baekhyun. Desencane dele”.

         Aquela voz poderia ser considerada como o seu anjinho, mas sempre havia uma segunda voz depois da do anjinho não é mesmo?

         “Deixe esse Baekhyun bobo para lá. Saia com ele, se divirta e se der ainda dê uns beijos nele. Imagina só? Beijar Park Chanyeol...”

         Essa era a voz do seu diabinho interno e qual foi a sua surpresa quando se pegou com as bochechas coradas só de imaginar sentir o gosto dos lábios de seu próprio chefe? Ah, ele iria surtar.

         - Está trabalhando bastante, Baekhyun. – a voz de Sehun ecoava nos ouvidos do menor. – Assim que eu gosto de ver. – ele mantinha o dedão erguido em um curtir quando o secretário ergueu os olhos em sua direção.

         Mal sabia ele o que o ruivo estava fazendo do fato...

         - É. Ainda tem muito trabalho para fazer. – ria de nervoso. – Heechul, está ouvindo música? – mudava de assunto enquanto olhava para o moreno com os fones em seus ouvidos.

         Esse levantou a cabeça, olhou para seus dois amigos, que estavam em suas mesas, de canto de olho como se estivesse espionando alguém que o estivesse bisbilhotando o que estava fazendo e disse:

         - Claro. – soltava uma risadinha. – Preciso de música para o trabalho que estou fazendo agora.

         - Heechul, está trabalhando mesmo? – Sehun indagava com certa desconfiança.

         - Claro. Você é quem não faz nada o dia inteiro.

         - Ops! – ele soltava uma gargalhada.

         - Ai gente, essa música me representa. I was busy thinking about boys. – cantoralava baixinho.

         - Heechul está empolgado. – Baekhyun gargalhava baixinho atraindo a atenção de Sehun.

         - Meu Deus, Kim Jong In está aqui! Ahhhhhh!

         Na mesma hora o secretário olhou para o elevador de onde saía Kim Jong In, o modelo, e Do Kyungsoo, seu noivo e secretário. O maior continha um sorriso no rosto, enquanto o baixinho segurava sua agente bem colada a seu peito e tinha um olhar tímido sobre os óculos de grau redondos.

         - Esse secretário dele me dá medo. – Heechul franzia o cenho.

         - Por quê? Ele só está tímido. – Baekhyun tinha um ar de curiosidade.

         - É porque você não o viu com ciúmes de Jong In. – o moreno fazia questão de esboçar uma expressão amedrontada em sua face.

         Tudo que o ruivo fez, foi soltar uma risadinha por seus lábios.

         - Ei, Baekhyun. Quanto tempo. – Jong In se aproximava de sua mesa com aquele sorriso perfeito em seus lábios rosados. Kyungsoo estava logo atrás.

         - Oi, Jong In. O que veio fazer aqui na revista?

         - Vim conversar com o Chanyeol sobre algumas coisas. Ei, você retocou o cabelo e está sem o freio de burro.

         - É. – suas bochechas coravam de vergonha com a lembrança. – Bem...o meu freio de burro...eu...só uso para dormir. Aquele foi um dia atípico.

         - Não precisa se explicar. – o moreno soltava uma gargalhada. – Eu gostei do cabelo. Está bem melhor do que antes.

         - Jong In, não deveríamos ir logo? – o tom de voz baixo de Kyungsoo ecoou nos ouvidos do secretário enquanto a sua expressão de timidez era confundida com uma expressão assustadora em sua face pelo secretário.

         - Baekhyun, pode avisar para o Chanyeol que já estou aqui?

         - Claro.

         O ruivo pegou o telefone, discou o número da sala de seu chefe e no segundo toque a ligação foi atendida.

         - Baekhyun? – o presidente estava com um tom de voz grave.

         - Chanyeol, Jong In está aqui na revista. Ele diz que quer falar com você.

         - Mande-o entrar. – afirmou encerrando a ligação sem esperar nenhuma resposta.

         - Ele disse que o espera em sua sala.

         - Muito obrigado. Até o ensaio. – despedia-se com um aceno de mão.

         - Até. – ele sorria.

         - Que ensaio? – Sehun se intrometia na conversa um tanto curioso.

         - Um ensaio fotográfico do Chanyeol. Irei acompanhá-lo. Afinal, eu sou o seu secretário.

         Sehun não respondeu, apenas meneou a cabeça em afirmação e voltou a jogar algum joguinho em seu computador. Já Heechul estava com uma expressão surpresa no rosto.

         - Ei, por que sempre os homens mais gostosos estão falando com você?

         - Não sei. Acho que deve ser porque eu sou simpático?

         - Não, não. Pessoas como Kim Jong In não olhariam nem na sua cara. Você deve ter alguma coisa.

         - Não tenho nada demais Heechul.

         - Isso é verdade. – mordiscava a sua caneta. – A não ser que ser brega e esquisito esteja ficando na moda. Será?

         - Não sei, mas o que me importa agora é que voltarei ao trabalho.

         Heechul franzia as sobrancelhas com algum pensamento que perpassava a sua cabeça e voltava a ouvir sua música para criar a coluna de playlists na nova edição da K-Beauty. Já Baekhyun apenas ignorou todas as falas do moreno e voltou a fazer o seu planejamento para o acontecimento da noite.

         Aquilo sim era importante.

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         Chanyeol caminhava pelos corredores da revista com um ar pensativo. Até mesmo parou próximo a mureta do corredor e apoiou seus braços ali enquanto olhava seus empregados olhando de um lado para o outro trabalhando.

         Por mais que seus olhos castanhos observassem todas aquelas pessoas, sua mente estava longe, vagueava em um universo e espaço tempo totalmente diferente daquele. Voltava a pensar na festa do final de semana, no momento em que estava dançando com Baekhyun, na forma como aquele corpo pequeno se encaixava tão bem ao seu. Ali, ele não sentia estranheza, nem repulsa, o rapaz parecia se sentir calmo, tranquilo, como se por poucos momentos seu secretário tivesse se tornado o seu refúgio. E isso era o total oposto do que sentia quando Megan lhe abraçava.

         Seu coração acelerava, suas sobrancelhas franziram ao mesmo tempo em que seu pensamento dava voltas e mais voltas. Por que estou pensando nele? Por que estou sentindo isso? Ele é o meu secretário e além do mais ele é totalmente diferente de mim, usa roupas bregas e tem uma aparência um tanto esquisita, mas....mas....na festa ele....tenho vontade de abraçá-lo, aqueles olhos grandes chamam a minha atenção e...e....tenho vontade de beijá-lo. Eram pensamentos que martelavam em sua mente.

         Chanyeol mordeu o lábio inferior com força, queria afastar aqueles pensamentos, agir com mais clareza, porém até a conversa que tivera com Jong In o havia deixado confuso. Seu amigo havia insinuado para dar em cima de Baekhyun? Seduzi-lo? Por quê? Talvez não tivesse sido isso, Jong In poderia ter dito outra coisa, no entanto o presidente da K-Beauty não havia interpretado como outra coisa.

         Seria mesmo interessante dar em cima do seu próprio secretário? Não, mas a ideia era tentadora. Isso acabava se tornando um empasse propriamente dito, já que durante em todos os seus anos de vida, esta era a primeira vez que olhava para um homem dessa forma. Nenhum outro havia feito seu coração acelerar, só Baekhyun.

         Justamente o patinho feio, Byun Baekhyun.

         Ainda observava os corredores nos andares debaixo, quando seu secretário passou por um deles só para deixá-lo ainda mais confuso e pensativo. O ruivo estava com um pequeno sorriso no rosto, suas bochechas estavam coradas e Oh Sehun caminhava ao seu lado.

         Por que Oh Sehun? Por que justamente ele?

         Embora Park Chanyeol se sentisse incomodado com a presença constante de um de seus editores ao lado de seu secretário, o modelo não conseguia desviar seu olhar daquele sorriso metálico do menor. Era diferente, atípico, ainda mais por conta do som um tanto estranho que Baekhyun fazia ao rir, contudo aquele sorriso o deixava com as bochechas coradas.

         E ainda havia o passeio no parque de diversões naquela noite...

         - Ai meu Deus. – o presidente arregalava os olhos ao se lembrar daquilo. – O parque de diversões....o que eu vou fazer? Isso é um encontro?

         Mais dúvidas surgiam naquela cabeça já confusa do presidente da K-Beauty.

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         - E então ele foi lá e...BAM! – Sehun fazia um som para deixar a história mais teatralizada.

         Baekhyun arregalou os olhos em curiosidade.

         - E então? O que aconteceu?

         - Aí eu percebi que não havia fantasma nenhum no apartamento do Heechul e era só o gato preto dele. – havia certa decepção em seu tom de voz.

         O menor soltava uma risada.

         - Você queria que o apartamento do Heechul fosse amaldiçoado?

         - É claro! Quem você acha que iria ficar colocando ainda mais medo nele? Eu!

         - Agora eu já sei quem não chamar para me socorrer quando eu estiver com medo.

         Ambos voltaram a ficar em silêncio. Baekhyun colocou suas mãos dentro dos bolsos de sua calça enquanto esboçava um pequeno sorriso ao tentar imaginar Sehun assustando Heechul. Era com toda a certeza uma imagem engraçada, só a imagem de Heechul em seu pensamento já dizia tudo. Já o nosso Shangai Boy olhava o secretário se afastar um pouco de si.

         Sua mão direita se erguia como se quisesse tocar o rapaz, ou melhor, segurar naquela mão escondida dentro do bolso da calça. Ele mordiscava o seu lábio inferior ao mesmo tempo em que não desgrudava os olhos do menor.

         O secretário sentia o clima agradável e assim era toda vez que estava com Sehun. Ele poderia respirar relaxado e soltar boas risadas, da mesma forma em que se sentia confortável e abraçado. Shangai boy não era o seu porto seguro, porém algumas vezes ele parecia um pouco com a sua mãe. Era como se ele percebesse o comportamento por vezes preocupado e protetor do moreno.

         Baekhyun gostava disso. Sentia que poderia ter em Sehun um grande amigo.

         O rapaz estava distraído, relaxado, quando sentiu alguém lhe cutucar o ombro e logo assim que olhou na direção de onde viera o dedo que havia lhe cutucado, soltou um grito assustado.

         - O QUE É ISSO?!

         Sehun estava com duas canetas em sua boca para fazer uma imitação dos caninos vampirescos, só que obviamente a caneta era maior que um dente e acabava batendo abaixo de seus lábios, como se parecesse também com um tigre dentes de sabre. Seus olhos estavam arregalados em uma atuação de parecer assustador. Por fim, suas mãos estavam erguidas e seus dedos contorcidos para fingir que eram garras.

         - Vou chupar o seu sangue. – distorcia o seu tom de voz para parecer uma voz assustadora.

         No entanto, Baekhyun ao se dar conta daquilo começou a rir de forma descontrolada. Acabou que a imitação de Sehun para algo aterrorizante foi hilária. O secretário sentia a sua barriga doer de tanto rir e as lágrimas pareciam querer escorrer de seus olhos também por conta do riso.

         - Ei, isso não é para rir. – o moreno disse depois de tirar as canetas de sua boca e fingir uma indignação.

         - Eu...me desculpa....mas....eu...não...aguentei. – dizia entre gargalhadas.

         - Respira fundo aí, porque está complicado. – Sehun prendia um riso que ameaçava escapar pelos seus lábios.

         O secretário fez o que o maior havia dito podendo se controlar mais e assim relaxar seus músculos faciais que já doíam de tanto rir.

         - Ei, Shangai boy, você não é nada assustador. O que foi isso? – continha uma sobrancelha erguida.

         - Não se faça de desentendido, senhor risadinhas. – aproximava-se do menor e se curvava um pouco para deixar o seu rosto um pouco mais próximo do de Baekhyun. – Vi muito bem a sua cara de assustado logo assim que você virou depois que eu te cutuquei.

         - O que está fazendo? – suas bochechas coraram com tal aproximação.

         Sehun esboçou um sorriso obscuro no canto de seus lábios.

         - Vou te assustar de novo e dessa vez, irei gravar tudo. Quando você menos esperar tem um shangai boy assustador a sua espreita.

         - Tá mais para comediante.

         - Ei...

         O moreno ia rebater, porém foi interrompido pelo celular de Baekhyun que começou a tocar. Era uma ligação de Chanyeol.

         - Alô?

         - O que pensa que está fazendo conversando com Oh Sehun? Não tem trabalho para fazer?

         A face do menor ficou mais pálida do que papel.

         - Não...é que...estava indo ao almoxarifado...

         - Então vá. A propósito, e aquele balancete que tinha de me entregar?

         - Está pronto.

         - E por que não me enviou até agora? Ah, já sei. Você está de conversa com Oh Sehun.

         - Chanyeol, está com ciúmes?

         A ligação pareceu ficar muda por alguns minutos.

         - Chanyeol? – Baekhyun o chamava.

         - Vá fazer o seu trabalho. – ele voltava a dizer.

         - A propósito, como sabe que eu estou com o Shangai boy, quero dizer, Sehun?

         - Eu sou os olhos e os ouvidos dessa empresa. Agora, se não quer perder o seu emprego, recomendo que volte ao trabalho.

         - Pode deixar capitão.

         - Capitão?

         - É...presidente. – soltava uma risadinha para encerrar a ligação logo em seguida. – Eu preciso ir. – saía correndo.

         - Ei, Baekhyun! – Sehun gritava.

         - Acha mesmo que pode me pegar desprevenido Oh Sehun?! – o ruivo gritava em resposta. – Agora preciso voltar ao trabalho antes que eu o perca! – completava com uma gargalhada.

         - Sempre Park Chanyeol. – dizia entre um suspiro pesado que escapava por seus lábios.

         No andar de cima, apoiado na mureta, Park Chanyeol sorria de forma obscura e satisfeita ao ver aquela conversa terminada. Afinal, estragar a brincadeira dos outros sempre foi um de seus passatempos favoritos.

°°°°°°°°°°°°°°°°

         Baekhyun olhava seu reflexo no espelho do banheiro da empresa. O expediente havia acabado e naquele momento a ansiedade tomava cada vez mais conta de si. Seu diário estava ao seu lado, sobre a bancada, como um escudeiro fiel. Todo o seu planejamento estava ali e o ruivo esperava ao menos cumprir pelo menos três dos dez passos que anotou em seu diário.

         Suas mãos estavam espalmadas apoiadas no balcão, sua respiração estava pouco forte, mas isso era tudo por conta das borboletas agitadas em seu estômago como consequência da ansiedade que sentia e dos seus pensamentos que vagavam nas expectativas e especulações do que poderia acontecer naquele parque de diversão. Ali o ruivo se olhava e fazia uma checklist mental de sua própria aparência.

         Cabelos ruivos pouco bagunçados ✓

      Camisa de meia manga de abotoar, azul claro com patinhos amarelos com uma pequenina mancha de molho do almoço ✓

      Óculos grandes com lente fundo de garrafa para poder enxergar✓

      Aparelho ortodôntico com borrachinhas verdes e dentes limpos ✓

      Calça jeans de alguns números maior do que o seu  ✓

      Pancinha nutella  ✓

      All star preto de cano longo velho e sujo ✓

         É, ele não estava tão ruim assim. Pensava consigo mesmo.

         Byun Baekhyun até mesmo ousava fazer uma expressão sexy em frente ao espelho, só que de sensual aquela expressão não tinha nada. O ruivo parecia estar tendo espasmos musculares tentando deixar os olhos em fendas, os lábios entreabertos de um jeito sedutor, e aquele olhar 43 que tentava fazer.

         - Você é sexy, Baekhyun. – dizia para si mesmo. – Você é bonito e está superpreparado para sair com Park Chanyeol.

         Amor próprio é tudo, não é mesmo?

         Um suspiro pesado escapou por seus lábios ao mesmo tempo em que deu leves batidinhas em sua bochecha.

         - Ei, você consegue. Sabe que você consegue e nem sequer ouse fazer besteira, ouviu Byun Baekhyun? Não se sabote, seja esta pessoa linda, incrível e carismática que você é. Isso mesmo. Você vai sair com Park Chanyeol. Vai sair com Park Chanyeol...Ai meu deus, eu vou sair com Park Chanyeol! – seus dedos passavam por entre seus cabelos. – Calma, não hiperventila, fique tranquilo. É...Eu vou sair do banheiro.

         E assim o fez. O ruivo decidiu esperar por seu chefe sentado em sua cadeira para ver se o nervosismo diminuía. Só que mal deu tempo do secretario se preparar e se acalmar, pois o presidente da K-Beauty logo surgiu em seu campo de visão com roupas casuais e uma expressão desconhecida em sua face.

         - Chanyeol, você trocou de roupa. – levantou-se muito rápido. – Bem rápido, a propósito. – sussurrou o final da frase.

         - É. Eu estava no banheiro.

         Foi então que Baekhyun gelou.

         - B...Banheiro?

         - É. Ouvi tudo o que você disse. – o modelo tinha uma de suas sobrancelhas erguidas. – Amor próprio...bom.

         Uma risada nervosa escapou por seus lábios. Eu quero me jogar de uma ponte neste exato momento, ele pensava. Já havia quebrado a primeira coisa que havia dito: não se sabotar. Mas se o rapaz não fizesse isso, ele não seria Byun Baekhyun, não é mesmo?

         E Chanyeol estava em uma situação parecida, porque antes do secretário entrar no banheiro, ele estava na cabine trocando de roupa em uma tensão que parecia mais que ele iria salvar alguém de um sequestro do que apenas ir a um parque.

         Ambos estavam nervosos. Era assim que todo esse grande negócio do qual chamamos amor começava. Se estiver nervoso, com borboletas no estômago e planejando dez passos do que se fazer quando sair com alguém, como Baekhyun, pode apostar que esse negócio todo, essa indústria sentimental, já está instalado em você.

         - É melhor irmos logo, não acha? – o secretário desviava do assunto.

         - É. É melhor.

         Por favor, Baekhyun, não pague mais nenhum mico. Isto se tornou um mantra em sua mente altamente descontrolada.

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Luzes e mais luzes. Cores. Brinquedos de diversos tipos para todos os lados. Crianças correndo para lá e para cá. Muitas pessoas. Barraquinhas. Tumulto. Esta foi a breve definição para parque de diversões que Chanyeol encontrou no exato instante que havia entrado no lugar. Tudo aquilo o deixava tonto, afinal, não estava acostumado. Mas depois de alguns segundos já conseguia caminhar normalmente, assim como comer.

Quando lá chegaram, Baekhyun comprou espetinhos com bolinhos de peixe para não ficar com fome no meio daquele encontro. Só que o presidente da K-Beauty comeu também e não foi um só. Foram cinco de uma vez. É, ele estava bem nervoso. Não sabia sobre o que conversar a acabou comendo além da sua cota de calorias diária.

O secretário, vendo que ninguém iria falar nada, virou de costas para a barraquinha e deu de cara com a montanha russa a poucos metros de distância dali. Por breves momentos, sentiu a adrenalina percorrer o seu corpo, do mesmo jeito que começava a ficar animado.

- Ei! A montanha russa está bem ali! Vamos lá! – seus olhos grandes como os do gato de botas do Shrek brilhavam para Chanyeol.

- Montanha russa? – uma de suas sobrancelhas se erguia.

- É, vamos!

- Eu não acho que seja uma boa...

- Ah, deixa de frescura, vamos logo. – saiu puxando o seu chefe pela mão, que logo sentiu suas bochechas ficarem coradas.

Baekhyun nem mesmo deu ouvidos para o modelo, assim como não se sentiu envergonhado ao tocar a mão desse, Foi um gesto tão espontâneo e animado da parte de um jovem que parecia voltar para a sua infância naquele momento, que não havia nenhuma maldade ali.

- O que está fazendo? – Chanyeol perguntava enquanto sentia o seu estômago revirar em um ato impulsivo.

Suas bochechas de forma automática ficaram vermelhas, seu coração batia mais rápido e a figura de seu secretário virando a cabeça para lhe direcionar um sorriso tanto com os lábios quanto com os olhos passou diante de si em câmera lenta.

Eu...Eu...O que é isso que estou sentindo? Aquele sorriso...Por quê? Baekhyun é um homem e eu também sou, mas por que de alguma forma eu pareço me sentir atraído? É como se Byun Baekhyun fosse um planeta que estivesse me puxando para o seu centro gravitacional com toda a sua força. Eu tento resistir, só que ao mesmo tempo sinto que de alguma forma, em algum momento acabarei fazendo parte dessa órbita gravitacional. Como um satélite que gira em torno do seu próprio planeta.

E veja só, é o patinho feio e esquisito do meu secretário.

No entanto...Sinto que minha cabeça vai explodir.

O modelo se sentia confuso, ao mesmo tempo em que seu estômago revirava mais uma vez e começava a doer. A figura do ruivo a lhe fitar com um sorriso estava bem diante de seus olhos. Baekhyun nem sequer se deu conta de que o rosto do moreno estava começando a ficar pálido.

- Vamos lá, por favor. – fazia um biquinho com os seus lábios. – E, veja só, a fila está bem pequena. Se formos agora seremos os próximos.

- O que não me pede chorando que eu não faço sorrindo? Se esse brinquedo...

- Já sei, já sei, serei demitido. – completava com uma gargalhada no final da frase.

- É. Ainda bem que sabe.

Assim como o moreno havia dito, foram os próximos a entrar no brinquedo. Chanyeol sentou no primeiro carrinho, teve o seu cinto afivelado e bem preso pelo funcionário do parque, e mais uma vez seu estômago deu sinal de vida, porém procurou disfarçar a sua careta de dor.

- O que foi? – o menor havia percebido.

- Nada. Eu estou...

- Está com medo, Park Chanyeol? – Baekhyun mantinha um sorriso desafiador em seus lábios.

- Eu não tenho medo.

- Aham...Veremos isso.

Os carrinhos começaram a andar pelos trilhos, para logo em seguida subir aquela enorme ladeira. É, nesse momento o presidente da K-Beauty, modelo queridinho da Coreia, sentiu que iria cagar nas calças, não literalmente, porém ele sentiu aquele medo que interfere até mesmo em suas pregas.

Suas mãos agarraram com força o ferro que fazia pressão em seus ombros, para que se mantivesse sentado, o carrinho se aproximava cada vez mais do topo e enquanto Chanyeol estava completamente amedrontado, Baekhyun parecia estar com um sorriso sádico em seus lábios, mas era apenas parte da adrenalina e da excitação que sentia. Ele adorava aquele brinquedo.

- É agora. – dizia baixinho.

O carrinho despencou ladeira abaixo em uma velocidade espetacular que fez o modelo berrar de medo. Foi então que houve uma sucessão de gritos, berros, gotas de suor escorrendo pela testa e o pavor evidente nos olhos de Chanyeol enquanto a montanha russa fazia curvas, ficava de cabeça para baixo. Já Baekhyun não parava de sorrir. Ah, como ele adorava aquilo.

Porém, em um momento, o sorriso desapareceu de seu rosto dando lugar a bochechas extremamente coradas e olhos completamente arregalados em meio a surpresa que sentia. O presidente da K-Beauty segurou em sua mão de forma bem apertada. O secretário não estava esperando aquilo, não mesmo.

Aquele gesto havia feito seu coração bater rápido igual a uma escola de samba. Seus olhos castanhos brilhantes e derretidos fitaram a face de Chanyeol praticamente destruída pelo suor, lágrimas, e a expressão contorcida de medo ao mesmo tempo em que Baekhyun pensava em um suspiro apaixonado: “Que fofo. Ele segurou na minha mão. Repetindo, Park Chanyeol pegou na minha mão”.

Ficaram assim até o final. Quando os carrinhos da montanha russa pararam no lugar de início, o moreno estava com a face extremamente pálida, seu estômago não parava de revirar, sentia que iria vomitar a qualquer momento. Sendo assim, soltou a mão de seu secretário de forma rápida e saiu correndo para achar um banheiro. Entretanto, seu estômago não conseguiu esperar até que o rapaz chegasse ao banheiro e foi ali mesmo, um pouco mais afastado da montanha russa, em um arbusto que vomitou todos os bolinhos de peixe que havia comido.

Era uma cena desagradável de se ver, temos de admitir, todavia Baekhyun veio correndo todo apressado para saber o que estava acontecendo e chegou quando seu chefe já estava colocando tudo para fora.

- Está bem? – perguntava em curiosidade.

Os olhos castanhos de Chanyeol fitaram o menor com um brilho mortal.

- Estou bem? Acha mesmo que eu estou bem?

- É...bem você não está não.

- Eu vomitei na frente do parque todo. Já posso até ver as notícias do dia seguinte: Modelo destrói parque de diversão com o seu vômito.

- Não diga besteiras. – era quase impossível não soltar uma risada com aquele título de notícia.

- A mídia pode ser bem sensacionalista quando quer.

- Não precisa se preocupar. Eu sou sua capa de invisibilidade ou já se esqueceu disso? Além do mais, eles preferem olhar muito mais para uma pessoa com uma camisa de patinhos suja de molho do que para alguém vomitando.

- Sua camisa está suja de molho? – erguia uma sobrancelha em curiosidade e ao mesmo tempo em pequeno nojo.

- Er...molho? Disse suja de molho? Não. Ela não está. – fazia uma gargalhada forçada para mudar de assunto.

- Ah. Bem, agora eu preciso de água e balas de menta.

- Não vai vomitar de novo não, né?

- Não. E se acontecer, sabe...

- Eu sei. Serei um homem demitido. – soltava uma risadinha.

~x~

Já totalmente recuperado e com o seu hálito mentolado de volta. O modelo andava com seu secretário pelo parque, assim como também expressava a sua opinião sobre o que tinha achado da montanha russa.

- É adrenalina demais para mim, Não sei se encararia de novo.

- Nossa, que fraco. – Baekhyun falava mesmo para provocar. Tanto é que não parava de rir.

- Está me chamando de fraco?

Já é bem perceptível o fato de que às vezes Chanyeol pode ser um tanto pavio curto.

- Se a carapuça servir... – outra cutucada.

- Baekhyun, não queira ser um homem morto ao invés de ser um homem demitido.

- Ahh! Olha aquela barraquinha, vamos lá! – ignorou completamente o comentário feito pelo seu chefe.

A barraquinha vendia várias bijouterias, pelúcias e arcos temáticos. O ruivo logo se apaixonou por dois arcos que havia ali. Chanyeol, por poucos segundos, ficou hipnotizado naqueles olhos castanhos gigantes e brilhantes.

- Quanto custa os arcos? – perguntava eufórico.

- 5.000 won cada.

- Eu quero esses dois. – apontava para os escolhidos e pagou o vendedor. – Tome. Este é seu. – entregava para o modelo.

- Por que acha que eu vou usar um arco com um laço gigante da Minnie?

- Para combinar com o meu de tigre. Por que mais seria? E eu também quero tirar uma foto no meu celular.

- Hum...Estou analisando essa proposta. Eu posso fazer isso se...

- Se...

- Se você for no trem fantasma comigo.

O ruivo soltou uma gargalhada nervosa. Se havia algo do qual sentia medo era monstros e qualquer coisa relacionada com assombração. O sentimento de medo percorreu a sua espinha, Aquilo não era justo, mas ao mesmo tempo também era certo, porque seria injustiça fazer com que só Chanyeol “sofresse”.

- E então? – o maior sorria de forma obscura.

- Tudo bem. Eu vou. – ele cruzava os braços.

- Então me dê o arco.

Baekhyun assim o fez. Seus olhos se derreteram em fofura ao ver seu chefe com aquele arco. Ele simplesmente sentia vontade de apertar aquelas bochechas.

- Aigoo, você está tão fofo.

- Não vamos tirar a foto?

- Claro.

O menor pegou seu celular, abriu o aplicativo da câmera, fez uma pose fofa com os seus dois dedos erguidos, com o arco de tigre enquanto que Chanyeol sorriu de forma mínima e tímida. Aquela era uma boa foto.

- Agora vamos ao trem fantasma. – o maior voltou a sorrir de forma obscura.

- Às vezes eu tenho medo desse sorriso.

~x~

No trem fantasma, Baekhyun não conseguiu manter a postura de durão por muito tempo. Foi só o primeiro fantasma aparecer que começou a gritar. Depois de uns três sustos consecutivos, o menor abraçou a cintura de Chanyeol e enterrou o seu rosto no casaco jeans do maior. Algumas vezes o secretário soerguia o seu olhar apenas para se deparar com mais alguma assombração que pulava em si. No resto do tempo ele se assustava com os sons assustadores do brinquedo.

Naquele brinquedo, o tempo pareceu parar para Park Chanyeol. Era como se nenhum som ou monstro o assustasse ali, depois que o menor se encaixou em seu abraço tremendo de medo, a única coisa que conseguia passar por sua mente era a vontade e o sentimento de proteger o ruivo e nada mais.

Seus olhos nem mesmo observavam as coisas a sua volta. Ele apenas olhava para aquele amontoado de fios alaranjados ao mesmo tempo em que sentia aqueles dedos finos apertando com força a sua camisa e sua cintura.

Era estranho, pois no momento mais assustador, o modelo da K-Beauty não conseguia sentir medo algum. Se pudesse, ficaria a noite toda com Baekhyun em seus braços, mas felicidade de pobre dura pouco, não é mesmo?

O passeio pelo trem fantasma havia acabado. Agora eles caminhavam pelos corredores de um pequeno castelo que havia ali. Chanyeol esboçava um sorriso triunfante em sua face, já o ruivo estava um pouco cabisbaixo e com as bochechas coradas em vergonha.

- Quem é o fraco agora? – o moreno explodia em uma risada.

- Ei! Eram fantasmas, monstros.

- Corrigindo: eram pessoas fantasiadas de fantasmas e monstros.

- Você berrou igual a uma criancinha na montanha russa.

- Eu estava passando mal!

O presidente não iria admitir tal fato e o secretário percebeu isso.

- Ok, ok. Nós dois nos assustamos, mas só você vomitou. – completou rindo.

- Baekhyun...

- Eu já disse, não precisa se preocupar. Eu sou a sua capa de invisibilidade. – sentava-se em um banco que havia ali.

- Não precisa ser a minha capa de invisibilidade. Só seja você mesmo. – Chanyeol se sentava ao lado do menor.

- Eu...eu... – não sabia o que dizer. Aquilo fez o seu coração derreter em felicidade.

- Eu gostei do passeio. – Chanyeol colocava as mãos nos bolsos de sua jaqueta. – Foi divertido, apesar de ter acontecido algumas coisas.

- Fico feliz que tenha gostado.

O moreno deu um meio sorriso.

- Não me divertia assim há muito tempo. E eu também tirei uma conclusão disso tudo.

- Qual?

- Se estiver de barriga cheia, não vá à montanha russa.

Baekhyun gargalhou em resposta.

- É um bom conselho.

- Baekhyun. – Chanyeol o chamou.

- O que foi? – o ruivo olhou para aqueles olhos castanhos de brilho intenso.

- Obrigado.

- Por que está me agradecendo?

- Só obrigado. É tudo o que precisa saber.

Ele sorriu de forma a mostrar o aparelho ortodôntico.

- De nada.

Ambos voltaram a ficar em silêncio. A luz da lua iluminava a face do modelo, deixando-o ainda mais bonito, seus lábios cheios estavam entreabertos e aqueles olhos castanhos não paravam de encarar o rapaz ao seu lado.

Baekhyun, por sua vez, sentia seu coração aquecido. Aquelas palavras ditas por seu chefe o fizeram ficar calmo, feliz, quase como se tivesse alcançado o nirvana. Ouvir da boca de Chanyeol que não precisava ser a sua capa da invisibilidade, mas ele mesmo, fez abrir uma porta no coração do seu secretário que há muito já estava sendo batida pelo presidente da K-Beauty. O ruivo já era apaixonado pelo seu chefe e com aquelas palavras ele de fato chegou ao estágio de paixão genuína. Não havia mais volta. Seu coração agora pertencia a Park Chanyeol.

Um sorriso ia iluminando a sua face enquanto estava hipnotizado pela figura do modelo sendo iluminado pela luz do luar. Ali, o ruivo apenas se deixou levar pelos seus desejos mais íntimos quando falou:

- Chanyeol, posso fazer uma coisa?

- O que?

Tudo aconteceu muito rápido e assim que o maior se deu conta do que havia acontecido, percebeu que Baekhyun havia depositado um beijo em sua bochecha.

- Ei!

Baekhyun gargalhou e saiu correndo. Já Chanyeol se levantou e permaneceu estático por alguns segundos.

- Volte aqui! – berrava,

O modelo queria ficar irritado, mas tudo o que conseguiu fazer foi colocar sua mão na bochecha que foi beijada, relembrar o acontecimento, sentir suas bochechas corarem e deixar um sorriso iluminar o seu rosto.

O mais engraçado nisso tudo, foi que Baekhyun não seguiu nenhum dos dez passos que havia anotado em seu diário. Ele nem havia sequer percebido isso. Assim como o secretário não sabia que os melhores encontros não eram os planejados, mas sim aqueles que têm acontecimentos inesperados e um sentimento de felicidade genuína, como aquele que havia acabado de acontecer.

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- Lee Jong Suk, como você é capaz de fazer isso com a minha pessoa? Não sorria desse jeito, você sabe que o meu coração não tem estruturas para isso. – Baekhyuna dizia olhando para a televisão de forma hipnotizada. – Ei, você viu isso não viu, Minseok? – agora perguntava para o rapaz do outro lado da ligação.

- Vi.- o rapaz soltava uma gargalhada.

- Agora me diz uma coisa, como Jong Suk consegue ser tão bonito?

- Eu não sei. – havia certa timidez em seu tom de voz.

- Ah Minseok, para com isso. Entre nós você é a pessoa que mais joga uns verdes para o Jong Suk quando o vê na televisão.

- Muito obrigado por dizer isso. – dessa vez foi a voz de Jong Dae que ecoou do outro lado da linha.

- Sabe que eu te amo né, Jong Dae?

Antes que alguém pudesse responder, a campainha tocou, estragando totalmente o clima daquele momento.

- Ahhhh, não acredito, quem está interrompendo o meu dorama a essa hora da noite? Minseok, já já volto a falar com você. – disse encerrando a ligação.

Hyuna caminhou até a porta batendo o pé no chão em irritação. Ela detestava quando alguém a fazia parar de ver doramas, principalmente se fosse para não fazer nada demais. Quando isso acontecia, ela ficava possessa.

Ao abrir a porta, a expressão irritada em seu rosto sumiu por completo para dar lugar a uma expressão surpresa.

- Oh Sehun? O que faz aqui?

O moreno estava com os cabelos molhados, uma expressão pouco pensativa em seu rosto. Mordiscou até mesmo o seu lábio inferior.

- Hyuna, podemos conversar? – seu tom de voz estava sério.

- Er...claro. – a mulher franzia as sobrancelhas em curiosidade.- Quer entrar?

- Não. Vamos conversar enquanto caminhamos pela rua, tudo bem?

A mulher apenas meneou de forma positiva com a cabeça, fechou a porta e começou a caminhar com o rapaz. Ele parecia estar muito calado, diferente do habitual feliz shangai boy.

- Aconteceu alguma coisa? – Hyuna quebrou o silêncio.

- Eu estou cansado.

- Do que?

- De mim mesmo.

- Me explica isso direito.

Um suspiro pesado escapou pelos lábios do moreno.

- Estou cansado de tentar me iludir, mas sei que quando se trata de sentimentos não dá para parar de se iludir, você só continua na ilusão por mais que você saiba que aquilo não vai dar certo.

- Está falando do meu irmão?

Sehun soltou uma risada morna.

- Está tão na cara assim?

- É, está.

- Eu não sei o que fazer.

Dessa vez foi Hyuna quem respirou fundo. Aquilo era uma conversa complicada. Falar sobre sentimentos era difícil, ainda mais quando a mulher não era a conselheira em pessoa para isso.

- Olha, o Baekhyun já está interessado em outra pessoa.

- Eu sei e ela se chama Park Chanyeol.

- É. E sinceramente, eu quero que ele fique com Chanyeol. Não que eu não goste de você, nem nada do tipo. Depois que pude te conhecer mais, descobri que é uma pessoa legal. Só que pela primeira vez em muito tempo estou vendo o meu irmão feliz e quero que ele continue assim, por mais que eu achasse o Chanyeol um babaca depois das coisas que aconteceram.

- E ele não deixa de ser às vezes. Hyuna, o Chanyeol está noivo e isso querendo ou não pode machucar o Baekhyun. O presidente da K-Beauty está fadado a ficar com outra pessoa.

- Não necessariamente. Não é porque você tem um compromisso com uma pessoa que você a ame de fato. Nada impede desse relacionamento terminar um dia. Talvez o meu irmão não seja o destruidor desse relacionamento. Ele pode estar destruído há muito tempo.

- Você não está me ajudando.

- Eu não costumo ser uma boa conselheira para esse tipo de coisa.

- Percebi.

Sehun baixou a cabeça por um momento enquanto passava a mão por entre seus cabelos. Talvez conversar com Hyuna não fosse a solução. Talvez, o melhor a se fazer era voltar para casa.

- Ei. – a garota se aproximava dele e erguia a sua face com a mão.

Aquele toque foi inesperado, seus olhos se arregalaram de forma leve, seus lábios se entreabriram, porém deles não saiu som algum e tudo o que ele fez foi observar aqueles olhos tão iguais aos olhos de Baekhyun.

- Olhe para mim. – ela falava com uma expressão séria no rosto.

- Eu estou olhando.

- Se você gosta tanto assim do meu irmão, deixe-o ser feliz. Assim como eu espero que você também seja. É duro dizer isso, mas a pessoa que está no coração de Baekhyun não é você.

- Eu não poderia mudar isso.

- Dessa vez eu creio que não. Nunca vi algo parecido assim acontecer com ele.

- Bem...se é assim, acho melhor ir para casa. – tirou as mãos da mulher de seu rosto e se distanciou dessa.

- Oh Sehun! – Hyuna gritou, mas o rapaz nem sequer se virou. – Shangai boy!

Na segunda tentativa o moreno se virou para olhá-la. Seus olhos estavam marejados, as lágrimas ameaçavam sair.

- Eu quero mesmo que seja feliz!

- É, mas como vou ser feliz agora, se eu não estou no coração da pessoa de quem eu gosto? – sussurrava para si mesmo enquanto ia embora.

Hyuna tratou de voltar correndo para casa e quando lá chegou, pegou o seu celular que estava em cima do sofá e ligou para Hechul. O rapaz atendeu no primeiro toque.

- Baekhyuna? Aconteceu alguma coisa?

- Heechul, acho que teremos de dar um empurrãozinho.

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Baekhyun terminava de trancar a porta de casa para ir para o trabalho, quando se deparou com o carro de seu chefe no seu portão e com um Chanyeol, vestindo roupas de academia e com os cabelos molhados, parado de pé do lado de fora desse.

“Meu senhor, que visão é essa logo de manhã?” Ele pensava em admiração.

- Chanyeol, o que faz aqui? – ele não sabia muito bem quais palavras dizer.

- Hoje é o dia do meu ensaio fotográfico e como ainda tenho que passar em casa para trocar de roupa, vim aqui lhe buscar para ir comigo.

- Até a sua casa? – indagava surpreso.

- Para onde mais seria?

Aquilo era muita informação para ser processada logo de manhã e espera...se ele iria até a casa de Chanyeol, então isso queria dizer que ele conheceria os seus pais também? O ruivo já começava a se sentir nervoso, conhecer os pais do seu chefe era um grande passo a ser dado.

- Vamos logo. Eu não posso me atrasar. – a voz do modelo o trazia de volta a realidade.

- Claro. Já estou indo. – se apressava para chegar até o carro.

Quando já estava dentro desse, o moreno olhou para o menor com um sorriso no rosto para dizer logo em seguida:

- Acho melhor se segurar. Eu irei dirigir um pouco rápido hoje.

~x~

O modelo não havia mentido quando disse aquilo. Baekhyun ao sair do carro sentiu seu estômago dar voltas ao mesmo tempo em que ficava embasbacado com a enorme mansão a sua frente.

- É linda. – sussurrava baixinho.

- Eu sei que a minha casa é grande, mas você vai ficar mesmo parado aí?

- Er...não, já estou indo.

Se ele já estava embasbacado com a entrada da casa, imagina quando viu a sala de estar? Baekhyun ficou totalmente boquiaberto e o único pensamento que passava pela sua cabeça era: Meu Deus, esta sala é do tamanho da minha casa.

Sua primeira reação foi pegar o celular, entrar no grupo do kakaotalk que tinha com o seu pai e sua irmã e digitar a seguinte mensagem logo em seguida:

“A sala de estar do meu chefe é do tamanho da nossa casa”.

“Hyu: Está na casa do seu chefe é? (emoction com carinha de safado).”

“Sem graça, você, Hyuna”.

“Hyu: E quando chegar no quarto, o que vai fazer?”

“BaeBae: O QUE É ISSO QUE ESTÁ ACONTECENDO? COMO ASSIM NO QUARTO DO SEU CHEFE?! BAEKHYUN!”

É, aquele definitivamente não era o momento para mandar mensagem. Ele guardou o celular no bolso de sua calça e continuou caminhando pelo local com Chanyeol. A decoração da sala era basicamente branca com alguns móveis pretos, o que dava um toque bem sofisticado.

- Mãe, pai. – a voz grossa do modelo ecoava em seus ouvidos.

Foi então que Baekhyun sentiu aquele calafrio percorrer a sua espinha e todas as palavras que tinha pensado para dizer tinham sumido de seu cérebro. Ele olhou para o homem e a mulher com os olhos pouco arregalados.

- Nossa, você é a cara da sua mãe. – foi a primeira coisa que saiu em um momento de iluminação.

A mulher se pôs a rir.

- Ainda bem, não é mesmo? Sofri muito na gravidez para Chanyeol não vir com nenhum traço meu. – seu tom de voz era doce, gentil.

- Mãe, menor, por favor. – o presidente estava sem graça.

- Não menti. – ela ergueu os braços em rendição.

- Bem, eu vou lá em cima trocar de roupa. Daqui a pouco eu estou de volta.

- Chanyeol, eu... – o rapaz ficava nervoso mais uma vez.

- Você fica aí com os meus pais. – disse subindo as escadas.

 O ruivo começou a balançar as mãos, olhar para os lados, ele não sabia muito que fazer. Os pais do presidente da K-Beauty também o fitavam, entretanto depois de alguns minutos de silêncio a senhora Park disse:

- E então, como é trabalhar com Chanyeol.

- Ah...é bom. Às vezes ele tem um gênio forte, mas o presidente é bem empenhado e dedicado ao trabalho.

Ela sorriu em resposta. Nesse gesto mínimo, foi então que o secretário percebeu o tabuleiro de baduk sobre a mesa.

- Uau, baduk! – um sorriso iluminou o seu rosto.

- Você conhece este jogo? – o rosto da mulher se iluminou.

- Claro! E se me permite dizer, eu sou o melhor jogador de baduk do meu bairro. – dizia tentando se gabar.

Os olhos da senhora Park brilharam do mesmo jeito que os olhos do Chanyeol brilham quando ele é desafiado.

- Ah, é mesmo?

- Claro.

- Então, o que acha de marcarmos um dia para jogar baduk comigo?

A face de Baekhyun se iluminou por um momento.

- É claro.

Antes que a mulher pudesse responder, eles ouviram passos descendo as escadas e tão logo Chanyeol apareceu na frente de Baekhyun com a sua tradicional expressão sisuda.

- Vamos?

- Vamos. Foi um prazer conhecê-la, senhora Park. – cumprimentava-a com uma reverência.

Ela esboçou um sorriso em resposta. Logo assim que eles saíram, ela se voltou para o seu marido, que continha uma expressão divertida no rosto, e disse:

- Eu gostei dele.

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Ele não se cansava de olhá-lo e nunca se cansaria. Era tão diferente vê-lo no escritório e vê-lo ali no ensaio fotográfico. Chanyeol parecia ter duas personalidades. Quando ele está sendo fotografado é como se todo o mundo parasse para admirá-lo. Era uma visão simplesmente hipnotizante.

E da mesma forma que Baekhyun atraía Chanyeol para o seu campo gravitacional, Chanyeol também atraía Baekhyun para o seu. Bastava apenas um olhar, apenas um encontro com aquela imensidão castanha que ele já estava girando em torno daquele campo gravitacional. Eram dois planetas de galáxias diferentes que se atraíam.

O modelo estava sendo fotografado com Jong In no carrossel fazendo com que Baekhyun se pegasse pensando o motivo de não terem ido ao carrossel no seu passeio. Estava marcado em um de seus passos, mas acabou por não fazer.

Naquele curto período de tempo, Chanyeol olhou para Baekhyun, que estava com as bochechas coradas por conta do dia frio, e em um gesto tímido piscou e sorriu para seu secretário, que só faltou desfalecer no chão com aquilo.

- Está tão na cara que você está afim dele. – Kyungsoo, com os olhos enterrados em seu livro, aproximava-se do ruivo.

- O que?

- Você e Chanyeol. Está muito óbvio.

Ele arregalou os olhos em resposta.

- É sério?

- É e eu diria para não se apaixonar por ele.

- Por quê?

- Porque Park Chanyeol sabe muito bem como quebrar um coração de alguém. Além do mais, ele é um babaca de marca maior. – Kyungsoo fechava o livro e respirava fundo.

- O que quer dizer com isso? Chanyeol está mudando eu...

- As pessoas não mudam tão rápido assim e além do mais, elas mentem.

- Olha, você deve conhecê-lo a mais tempo do que eu, porém sei que nesse curto período de tempo Park Chanyeol já não é mais o mesmo de antes.

- É, pode até ser. – disse em um tom de voz entediado. – Só que ainda tem um fator.

- Qual?

- Aquele ali. – apontava para o carrossel.

Ao olhar na direção indicada, Baekhyun sentiu o seu interior murchar. Megan havia acabado de chegar e ela já estava agarrada nos braços de seu chefe dando-lhe um demorado beijo em seus lábios.

É, felicidade de pobre dura pouco.

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A K-Beauty estava tranquila, tranquila até demais, tanto que Baekhyun estava lendo mangá escondido. Ele estava mais passando as imagens do que propriamente lendo. O rapaz ainda se lembrava do exato momento em que Megan chegou ao ensaio fotográfico e grudou em Chanyeol igual a chiclete quando gruda no cabelo.

O ruivo teve de voltar de ônibus para a revista, só porque a mulher não queria vê-lo ali. Ele não se importava em usar o transporte público, a única coisa que o incomodava era que ele não conseguia aturar aquela mulher. Baekhyun já teve provas o suficiente para saber que aquela personalidade boazinha só era utilizada na frente do presidente.

A expressão em seu rosto era pensativa, seu olhar distante, até que o seu celular toca avisando que havia recebido uma mensagem. Era de Chanyeol. Ele pedia para ir à sala de tecidos no almoxarifado pegar uma prova para ele.

Baekhyun se levantou de forma automática e foi caminhando em direção ao almoxarifado. Seu olhar pousou sobre a mesa vazia de Sehun, o shangai boy havia faltado o trabalho naquele dia e Heechul, bem...Heechul estava compenetrado lixando as suas unhas

“Talvez seja por isso que o dia está tão estranho, shangai boy não veio hoje.” Pensava tristonho.

O caminho até o almoxarifado não foi muito longo, em poucos minutos o secretário já estava na pequena sala de tecidos procurando a prova que Chanyeol queria, porém algo curioso aconteceu. Enquanto Baekhyun estava ali tentando fazer o que seu chefe havia pedido, ouviu a voz de Chanyeol bem próxima de si dizer:

- Baekhyun, o que quer?

- Hã? Chanyeol? O que está fazendo aqui? – franzia as sobrancelhas em curiosidade.

- Você me mandou uma mensagem dizendo que queria que eu visse algo de errado que tinha na sala de tecidos no almoxarifado.

- O que? Eu recebi uma mensagem sua falando para vir pegar uma prova de tecido aqui na sala. – foi então que o ruivo se deu conta. – Espere...

O secretário ia correndo em direção a porta, só que alguém foi mais rápido, fechou-a e trancou por fora.

- Ei. – o ruivo mexia a maçaneta em vão. – Ei, abra a porta. Abra a porta!

- O que está acontecendo?

Baekhyun, hiperventilando, virou-se para Chanyeol.

- Alguém nos trancou aqui. Nós não podemos mais sair, estamos presos. Nos trancaram aqui.

A face do secretário estava pálida, ele estava com falta de ar pelo nervosismo em que sentia ao pensar que nunca os encontrariam ali, eles iriam morrer de fome e frio, assim como uma hora ou outra alguém cometeria canibalismo.

- Chanyeol, nós vamos morrer aqui.

- Ei, ei. – dizia abraçando o menor em um gesto instintivo. – Se acalme, não vai acontecer nada. Está tudo bem.

~x~

Já haviam se passado algumas horas e Baekhyun e Chanyeol ainda estavam trancados na saleta. Eles estavam sentados no chão, um de frente para o outro. O modelo estava com as costas apoiadas na estante enquanto o secretário estava com as costas apoiadas em algumas caixas de papelão.

O ruivo estava mais calmo depois de ser abraçado e confortado pelo presidente, mas em seu inconsciente ele ainda pensava naquilo como um teste de sobrevivência.

- Por que você usa esses óculos? – a voz do presidente estava mais grave do que o normal.

Um sorriso mínimo iluminou a face de Baekhyun.

- Eu amo estes óculos. Eles eram da minha mãe, então eu tenho um carinho muito grande. Não pretendo parar de usá-los, pois sinto que estando com eles eu estou perto da minha mãe. Tenho uma conexão com ela. É meio louco, eu sei, mas às vezes eu só quero me agarrar a qualquer coisa que ela deixou para eu ter a sensação de que ela está ali. E, claro, sem eles eu não enxergo um palmo a minha frente. Drama de uma pessoa míope.

Chanyeol mordiscou os lábios, pensativo, ao mesmo tempo em que o menor soltava uma risadinha.

- Você nunca se sentiu mal sendo desse jeito? Digo, vestindo essas roupas, sendo assim? – o modelo mantinha uma expressão séria.

- Estamos entrando em um assunto muito pessoal, não acha?

O maior passou a mão por seus cabelos rindo de forma tímida.

- É que estou curioso. Preciso saber.

- Bom, se é assim...Eu não me sinto mal me vestindo assim, porque eu sou assim. O que você está vendo aqui é o verdadeiro Byun Baekhyun, só que eu seria hipócrita em dizer que eu não me senti mal quando as pessoas falavam coisas bem malvadas e desagradáveis de se ouvir. É óbvio que não dá para ser feliz e se aceitar todos os dias, ninguém consegue fazer isso. Só que é triste quando você já se aceita e vem alguém podre e diz algo ruim sobre a sua aparência, o modo como anda, como fala. Eu detesto isso, detesto a forma como a sociedade está sempre pronta para apontar os “defeitos” dos outros, mas nunca está disposta a virar o dedo para si para ver os seus. Eu odeio esse padrão imposto, simplesmente odeio porque com eles as pessoas deixam de ser quem são para se adequar a algo totalmente ridículo. Sabe, eu sou feliz do jeito que eu sou, não tenho pretensão alguma de mudar, sei que posso ser bonito do jeito que eu sou e quero conquistar as pessoas com o meu eu verdadeiro e não com algo falso.

Chanyeol absorvia todas aquelas palavras quieto. A sua reação era quase a mesma do dia em que conheceu Minseok, aquelas palavras foram tão fortes quanto a imagem daquele paciente. Aquilo era mais um soco no estômago, mais uma cutucada em seu inconsciente, em seus defeitos.

Baekhyun havia percebido que o clima, depois do que disse, havia ficado denso, pesado e ele não queria nada daquilo. O rapaz só queria aproveitar esse momento a sós que tinha com o seu chefe.

- Eu estou com frio. – dizia quebrando o silêncio.

- Sente-se ao meu lado. – dava leves batidinhas no chão.

- Seu pedido é uma ordem. – sorria.

Assim que sentou ao lado do maior, este tirou o seu blazer e o entregou a Baekhyun.

- Tome. Vista para ficar mais aquecido.

O secretário vestiu a roupa de forma a ficar parecendo que estava coberto com algum edredom.

- Chegue mais perto. – Chanyeol sussurrou perto do lóbulo da orelha de Baekhyun.

- Mais perto. – suas bochechas coraram.

- É. Me abrace se quiser.

- Se você está dizendo...Eu é que não irei desobedecer.

O ruivo envolveu a cintura do presidente e aninhou o seu corpo naquele suéter. Suas narinas inalavam aquele aroma almiscarado enquanto o seu coração batia mais rápido.

Chanyeol, por sua vez, deixou o menor se aninhar em seu corpo. Ele se sentia a vontade com aquilo, da mesma forma que ergueu uma de suas mãos e começou a acariciar os cabelos do ruivo.

- Baekhyun. – ele o chamava.

- Hm. – foi tudo que o menor conseguiu responder.

- Não fique com medo.

- Por quê?

- Porque eu estou aqui.

°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°

O sol nasceu, assim como mais um dia de trabalho se iniciou. A K-Beauty já estava agitada, porém dois de seus funcionários estavam ausentes.

Chanyeol e Baekhyun ainda estavam presos naquela saleta. Ambos dormiam. O secretário ainda estava abraçado ao modelo, enquanto este repousava a sua cabeça sobre a do ruivo. Os rapazes ressonavam um sono tranquilo, as expressões em sua face eram de placidez, os corações batiam de forma sincronizada como se fossem um só e cada um estava presente no sonho de ambos.

Estavam interligados tanto no mundo real, quanto no mundo dos sonhos.

Aquele momento poderia durar para sempre, ninguém se importaria caso o tempo parasse, porém do mesmo jeito efêmero que aquele momento começou, terminou.

A porta da saleta foi aberta em um rompante, quase que em um estrondo, fazendo com que os rapazes acordassem. Sob aquela porta a figura de uma Megan espumando com raiva em seus olhos pairava. As mãos da mulher se fechavam em punho, seus dentes rangiam e aquela visão lhe causava o mais profundo ódio e náuseas.

- QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! – berrava.

Baekhyun arregalou os olhos em resposta.