História O feio mais belo - 12. Seja o meu secretário

Baekhyun não se lembrava de muita coisa depois de acordar ao lado de Chanyeol na sala de tecidos, porém aqueles olhos esbugalhados de Megan e aquele tom de voz estridente em seus ouvidos não saíam de sua mente. Assim como a dor que sentiu em seus pulmões, pela curta interrompida na chegada de oxigênio até esses, quando – ainda observando aqueles olhos esbugalhados a sua frente – Megan o empurrou com força contra a parede.

         Na frente de todos. Ela fez questão de levá-lo até o seu ambiente de trabalho para humilhá-lo. He Ra não deixaria barato, ela o faria aprender que Chanyeol era seu.

         - O QUE ESTAVA FAZENDO COM O MEU NOIVO TRANCADO NA SALA DE TECIDOS?! – berrava ao mesmo tempo em que cutucava com força uma das têmporas do secretário. A cabeça do ruivo chegava a tombar um pouco para o lado e depois voltava para ser agredida mais uma vez.

         - He Ra. – a voz do rapaz saía fina como em um sussurro. – Alguém nos trancou lá e...

         Uma mão cortou o ar com força. Um estalido fora ouvido e a bochecha esquerda de Baekhyun ficou vermelha pelo tapa que levou. Sehun assistia à cena com uma de suas mãos fechadas em punho. A ira o consumia pelo fato de ver Megan destratando seu senhor risadinhas daquele jeito. Já Chanyeol a todo custo tentava separar aquela briga, mas naquele momento He Ra estava mais forte do que ele. A mulher era movida pelo simples e puro ódio.

         Ela agarrou o colarinho da blusa do ruivo, mordiscou os lábios vermelhos por conta do batom, deixou o seu rosto mais próximo do de Baekhyun, uma gargalhada escapava por seus lábios enquanto uma de suas sobrancelhas era erguida.

         - Não me interessa. Você estava com o MEU noivo! Eu não quero que isto se repita! Você é apenas o mero secretariozinho dele e eu nem sei o que um tribufu horroroso como você faz aqui na revista.

         Baekhyun respirou fundo, afastou a mulher um pouco de si e disse com o tom de voz sério:

         - Já disse que alguém nos trancou lá dentro. Além do mais, faço muita coisa nesta revista e o meu chefe é o Chanyeol, não preciso ficar ouvindo nenhuma bronca sua.

         - Como ousa? – Megan tornava a se aproximar.

         O secretário agora estava mais confiante e não deixaria a mulher histérica ter o controle daquela situação.

         - Foi o que acabou de ouvir. Não manda em mim, Megan. Obedeço às ordens de Chanyeol e eu faço o que bem entender com ele quando se trata da minha vida profissional.

         Nesse curto período de tempo e com aquelas palavras todas ditas pelo ruivo sendo processadas por sua mente, Megan surtou. Sem nem pensar duas vezes ela foi para cima de Baekhyun como uma onça vai para cima de sua presa.

         A mão direita da mulher cortou o ar, suas unhas enormes arranharam uma das bochechas do rapaz, chegando a sair um filete de sangue do arranhão. Ela arrancou os óculos do rosto do secretário ao mesmo tempo em que esse arregalava os olhos.

         CRACK!

         Este foi o som que todos puderam ouvir quando os óculos caíram no chão e Megan pisou nesse com toda a sua força. Uma das lentes se quebrou e a armação, por ser muito antiga, quebrou ao meio.

         Mesmo com sua visão turva, Baekhyun conseguiu ver o que havia acontecido e depois do estalido dos óculos se quebrando, todos puderam ouvir o grito cheio de dor que saiu pelos lábios do secretário.

         - SUA VADIA! – gritou em meio as lágrimas enquanto partia para cima da mulher, que colocava um sorriso no canto de seus lábios.

         He Ra já estava pronta para ir para cima de Baekhyun, assim como este já ia para cima dela, porém sentiu braços firmes a lhe segurar.

         - Não faça isso. – a voz de Sehun chegou até seus ouvidos.

         Depois dos óculos ser quebrado, Sehun segurou Baekhyun e Chanyeol segurou Megan. A briga terminou, porém todos ainda olhavam na expectativa de ainda ter alguma coisa, pois o secretário do presidente estava com a face vermelha e os olhos arregalados por conta da raiva que lhe subia a cabeça.

         - NÃO ADMITO ISSO! – berrava tentando se soltar de Sehun. – NÃO ADMITO SER HUMILHADO POR ESSA LOUCA! E TAMBÉM NÃO QUERO TRABALHAR EM UM LUGAR EM QUE NÃO SOU RESPEITADO!

         - O...o que quer dizer com isso, Baekhyun? – Chanyeol sentia um nó se formar em sua garganta.

         - EU ME DEMITO!

         - Baekhyun, vamos conversar. Está com a cabeça quente e... – as palavras escapavam de forma rápida pelos lábios do presidente.

         - EU NÃO QUERO CONVERSAR! OLHA O QUE ESSA LOUCA FEZ! ME DEMITO! – se soltou dos braços de Sehun, abaixou-se para pegar o seus óculos quebrados e foi em direção ao jardim da empresa. Shangai boy foi atrás logo em seguida.

         O modelo sentia a sua cabeça girar. Ele não sabia muito bem o que fazer, o olhar de todos os seus funcionários presente naquele recinto pairava sobre ele, entretanto a única coisa que conseguia pensar era nas palavras de seu secretário dizendo que se demitia.

         - Voltem para o trabalho! – tentava manter a sua expressão sisuda. – Se eu ouvir qualquer comentário sobre o que acabou de acontecer sofrerão punições, ou melhor, serão demitidos!

         - Chanyeol. – Megan se esfregava no modelo com uma voz manhosa.

         - E você. Vamos conversar na minha sala. – sua voz saía entredentes.

         Pela primeira vez, He Ra viu um olhar de pura ira direcionado a ela vindo de Chanyeol.

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         - Por que você fez aquilo?! – Chanyeol vociferou logo assim que a porta se fechou atrás de si.

         - O que?

         Megan arregalou os olhos surpresa. Ela não espera por aquilo. Como assim o seu noivo estava defendendo aquele secretariozinho de merda? Como aquilo era possível? A mulher observava a expressão transtornada na face do presidente, o tormento naqueles olhos castanhos e os lábios crispados. Não era normal. A atitude que via não era normal. Chanyeol seria o primeiro a defendê-la e ainda zombaria daquele tribufu, contudo He Ra via que ele estava transtornado por conta do que aconteceu com Baekhyun e não por causa dela.

         O que está acontecendo com Chanyeol? Era o que se passava por sua mente naquele momento.

         - Por que quebrou os óculos do Baekhyun e partiu para cima dele igual a uma maluca?! – esmurrava a sua mesa.

         - Chanyeol. – ela franzia as sobrancelhas em curiosidade. – Ele estava dormindo com você. O que pensou que eu faria?

         - NÓS FOMOS TRANCADOS LÁ! – gritou.

         - Você é o meu noivo.

         Uma gargalhada obscura escapou pelos lábios do rapaz.

         - Isso não te dá o direito de sair agredindo meus funcionários. Ele é o meu secretário!

         - Por que parece que não é só isso?

         - O que? Está maluca? Endoidou de vez? – Chanyeol passava os dedos por entre seus cabelos.

         Os batimentos de seu coração estavam acelerados, a respiração pesada, sua mente não conseguia pensar em nada, os pensamentos estavam confusos e a sensação era que o seu peito se esmagaria cada vez que relembrava o momento em que o ruivo pedia demissão. Tudo no que o presidente conseguia pensar naquele momento era em Byun Baekhyun.

         - O meu secretário pediu demissão! Por sua causa! – vociferou.

         - É bom que assim pode encontrar alguém mais decente para o cargo. – Megan falava olhando para as suas unhas.

         - Não acredito no que estou ouvindo.

         - Queria que eu mentisse? Não gosto daquela coisa horrenda mesmo.

         Quando Chanyeol a fitou com a ira queimando em seus olhos, Megan sentiu um pouco de medo.

         - Ele não é uma coisa, ele tem nome. É Byun Baekhyun e ele é o meu secretário.

         - Não é mais.

         - Ele é. – o modelo fez questão de frisar o presente.

         Megan soltou uma risada cética.

         - Não acredito nisso. Está do lado daquele serzinho? Quem é mais importante? Eu ou ele?

         - Não se meta com os meus funcionários. Quem manda e desmanda neles sou eu. Da próxima vez que se meter no meu trabalho, vou pensar seriamente se esse relacionamento deve continuar ou não.

         - O QUE?! COMO PODE FALAR UMA COISA DESSE TIPO?! – a mulher arregalava os olhos.

         - Vá embora, Megan.

         - Park Chanyeol....

         - Já disse, vá embora! Não quero falar com você por hoje e nem talvez pelos próximos dias!

         - Chanyeol. – seus lábios estavam trêmulos enquanto ela tentava forçar um choro.

         - VÁ!

         O presidente berrou de uma forma que talvez a K-Beauty inteira tenha ouvido, assim como fez Megan sentir um arrepio de medo correr por sua espinha. Sem pensar muito, ela fez o que o modelo disse e saiu de forma silenciosa.

         Logo assim que ficou sozinho, Chanyeol saiu correndo de sua sala. Ele precisava falar com o seu secretário.

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         Baekhyun segurava em suas mãos os óculos quebrados, uma das lentes estava rachada e as lágrimas caíam de forma incessante por seu rosto. Aquilo doía, na verdade estava doendo demais. Era como se a sua mãe tivesse ido embora de fato, não havia mais nada que o ligasse fisicamente a ela, nada e tudo por culpa daquela louca da noiva do seu chefe.

         - Senhor risadinhas? – a voz de Sehun ficou bem próxima do rapaz quando sentou ao lado desse.

         - Não é um bom momento para me chamar assim, Shangai boy. – seu tom de voz estava embargado.

         - Baekhyun... – sua face se contorcia ao olhar para os óculos quebrados.

         - Eu quero acabar com ela! – estava perdido em seus próprios pensamentos. – Quero arrastar a cara daquela vadia no asfalto quente!

         - Você está sangrando.

         - O que? – aquela afirmação o fez voltar a si.

         No exato momento em que Baekhyun virou o seu rosto, o dedo indicador tocou o arranhão sobre a sua bochecha. O rapaz estava com uma expressão compenetrada em sua face. Suas sobrancelhas franzidas e unidas no meio de sua testa davam um ar de sobriedade junto aos olhos negros de brilho tão intenso, que fez o ruivo parar e observar aquela imagem com os seus lábios fechados, quieto.

         Aquele momento pareceu durar incontáveis, intermináveis minutos para o secretário, que não desgrudava os olhos da face de Sehun, quando na verdade tudo não durou apenas mais de um segundo.

         - Nossa, eu não sabia que era tão bonito assim. – o moreno quebrou o silêncio ao mesmo tempo em que punha um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

         Os olhos castanhos do ruivo arregalaram de forma sutil e suas bochechas ficaram coradas.

         - O que? Você...um band aid do Bob Esponja? – franziu o cenho em curiosidade ao ver o maior tirar um do bolso de sua calça. – Quem usa isso?

         - Bem...Eu e agora você. Precisamos cobrir esse pequeno machucado não é mesmo?

         Baekhyun nem sequer tinha sentido sua bochecha machucada, só o fez quando Sehun disse. O pequeno arranhão em seu rosto ardia, mas aquele incômodo não chegava nem aos pés do que seu coração sentia.

         Com delicadeza, o maior abria a embalagem do curativo e colocava o band aid com vários Bob Esponjas sorridentes na bochecha direita do secretário, um pouco abaixo do seu olho.

         - Pronto. Agora que tem Bob Esponjas sorridentes em seu rosto, por que não sorri também, senhor risadinhas? – Sehun voltava a ter a expressão facial um pouco mais descontraída.

         - Eu não quero sorrir, Shangai boy. Estou com raiva.

         - Você...

         Sehun voltou a ficar com uma expressão séria, enquanto o secretário voltava a chorar com toda a sua dor e ódio que estava sentindo. Baekhyun estava com seus ombros trêmulos, em meio as lágrimas, soluçava. Soluçava de tal forma a perder sua respiração, o rapaz chorava alto, ainda que recebesse o olhar de algumas pessoas que passavam por ali.

         - Olha o que aquela maluca fez. – abria suas mãos para mostrar e observar os óculos quebrados. – Ela...

         - Eles são importantes para você? – o maior perguntava baixinho, sentindo um nó em sua garganta, o seu peito apertar e aquele incômodo por não querer ver o seu senhor risadinhas daquele jeito.

         - É a minha mãe. Ela destruiu a minha mãe.

         Ao pensar nisso mais uma vez, Baekhyun urrou de dor. As lágrimas ficaram muito mais intensas, seu nariz de tão entupido que estava, chegava a deixar escorrer um pouco de muco, vulgo catarro, seus ombros ficaram ainda mais trêmulos, assim como suas mãos. O secretário praticamente tremia por inteiro enquanto não conseguia parar de chorar por um minuto sequer.

         O coração de Sehun se mantinha em pedaços ao ver aquela cena. Ele se esforçava ao máximo para não desfazer a expressão séria em seu rosto. Não poderia simplesmente desmoronar com o ruivo, Shangai boy queria ser forte o suficiente para se tornar o porto seguro do Senhor Risadinhas.

         O moreno, sem pensar duas vezes, puxou o menor para perto de si em um abraço. A cabeça de Baekhyun repousava no peito de Sehun. O secretário conseguia ouvir os batimentos acelerados do coração do nosso Shangai boy, mas ele estava concentrado demais em sua dor para notar isso.

         As lágrimas de Baekhyun molhavam a camisa de Sehun. O menor estava encaixado naquele corpo mais alto do que o seu, o moreno havia se tornado o seu abrigo, mas que de uma forma era totalmente diferente do abrigo que Chanyeol lhe proporcionava com o seu abraço. Ainda sim, o secretário começou a se sentir confortado.

         Sehun, com sua mão direita, acariciava os cabelos de Baekhyun. Seus lábios e nariz estavam afundados naqueles tufos ruivos, estes tinham cheiro de morangos. O maior tentou ao máximo deixar aquele aroma gravado em sua mente. Ele também depositou um beijo ali e disse baixo, porém com um tom de voz forte, certeiro para o secretário.

         - Eu estou aqui. Irei te proteger. Não vou deixar que nada aconteça com o meu senhor risadinhas. Pode chorar o quanto quiser, tire essa dor de seu coração. Serei o seu porto seguro de agora em diante.

         Baekhyun nada respondeu, apenas continuou ali chorando enquanto pensava em sua mãe e logo em seguida na figura de Chanyeol dormindo com a cabeça recostada na sua. De um momento que parecia ser o seu sonho, tudo desmoronou e virou um pesadelo.

         O presidente da K-Beauty procurava por seu secretário em todos os cantos da revista. Quando finalmente chegou ao jardim, deu de cara com aquela cena. Oh Sehun estava abraçando o seu secretário. A expressão em seu rosto logo se fechou, sua mão se fechava em punho e naquele momento sentia raiva de si mesmo. Raiva, porque Chanyeol queria ser aquele que estava abraçando Baekhyun e não ser aquele que via outro a abraçar o seu secretário.

         Seus olhos brilhavam por conta das lágrimas que ameaçavam vir e com a mesma rapidez que chegou ali, voltou para seu escritório. Ao chegar lá, a primeira coisa que fez foi jogar tudo de sua mesa no chão em um só ímpeto. Um grito forte escapava por seus lábios e sua respiração estava alterada.

         O modelo não sabia muito bem o que fazer, aquele incômodo em seu peito apenas o sufocava e a imagem de Baekhyun nos braços de outro não saía de sua cabeça. Tal imagem fazia o seu peito queimar, a sua cabeça girar e como um lobo ferido, soltava um uivo de dor enquanto seus joelhos iam de encontro ao chão e seu rosto era enterrado em suas próprias mãos.

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         A porta do escritório da presidência foi aberta. Baekhyun surgiu dessa logo em seguida. Ele havia parado de chorar, mas seus olhos ainda estavam inchados e o nariz vermelho. Já Chanyeol estava sentado em sua cadeira, ao redor de todas as suas coisas espalhadas pelo chão. O modelo mantinha um brilho perdido em seu olhar, assim como olhava para um ponto fixo sem realmente estar olhando para aquilo. Sua mente vagueava para bem longe, porém ele percebeu quando seu secretário entrou em sua sala. Seus olhos até se ergueram para observá-lo.

         O ruivo, ao ver aquela bagunça, arregalou os olhos de forma sutil em uma demonstração de surpresa. Aquela sala parecia refletir o caos instalado dentro da mente de Park Chanyeol.

         - Senhor presidente. – o secretário disse de forma baixa, contudo audível o suficiente para o modelo não hesitar em se levantar nem ao menos uma vez.

         - Baekhyun! Você... – parou quando olhou com as sobrancelhas franzidas para o band aid do Bob Esponja na bochecha do rapaz.

         - Vim aqui pedir a minha demissão. – foi a vez do menor olhar para os seus pés e depois para a expressão de ruína na face de Chanyeol.

         - Eu não vou te demitir. – gargalhava em nervoso.

         - Não posso trabalhar em um ambiente no qual não sou respeitado e não quero ser humilhado pela noiva do meu chefe, que nem sequer manda em mim.

         - Não vou te demitir, Baekhyun. Deixo que tire uns dias de folga, mas não pode ir embora desse jeito.

         - Eu já decidi. – mordia seu lábio inferior. – Vou embora.

         - NÃO! – Chanyeol berrou.

         O secretário se assustou com aquele gesto, não esperava ver o seu chefe daquele jeito, com uma expressão que beirava a loucura senão a bestialidade.

         - VOCÊ NÃO PODE IR DESSE JEITO! – caminhava guiando Baekhyun até a parede. O menor arregalou os olhos sutilmente ao ver que não havia mais para onde ir.

         O corpo do modelo estava bem próximo do seu, suas pernas quase se encostavam. As mãos de Chanyeol repousaram espalmadas na parede gélida, deixando o ruivo completamente encurralado e com as bochechas coradas, do mesmo modo que seus corações aceleravam.

         - Posso ir e vir quando eu bem entender. – as palavras eram ácidas.

         - Por que está fazendo isso comigo?

         Por breves segundos o secretário titubeou, pensou em continuar, tudo porque viu os olhos do presidente brilhantes, molhados como se quisesse chorar. Aquilo partia o seu coração.

         - Por que, Baekhyun? – o maior tornava a repetir.

         - Não posso mais ficar aqui.

         O moreno aproximou o rosto do menor. Seus lábios quase se tocavam.

         - E por mim? Você ficaria? – aquela voz grave saía por seus lábios de forma sussurrada, deixando-o ainda mais atraente.

         Baekhyun sentiu perder a sua respiração por breves momentos. Aqueles olhos suplicantes estavam bem próximo aos seus, os lábios vermelhos e cheios também. Seus corpos estavam próximos, tal coisa fazia o coração do menor disparar, sua mente titubear e por um momento desistir daquilo para continuar ao lado de Chanyeol, porém não foi bem isso o que aconteceu.

         Com toda a sua força, o ruivo empurrou o maior para afastá-lo de si. A expressão confusa desapareceu de sua face dando lugar a expressão séria e raivosa de antes, suas mãos foram em direção à maçaneta da porta e antes de sair dali, voltou a olhar para o modelo enquanto dizia:

         - Me desculpe. Além do mais, você vai casar, tem uma noiva. Pode ficar com ela. – bateu com a porta atrás de si.

         Chanyeol não sabia o que fazer nem o que dizer. Sentia que seu coração estava sendo despedaçado e tudo por conta de um mero secretário. Será que era só apenas um mero secretário?

         Seus joelhos desabaram no chão mais uma vez, seu rosto foi enterrado em suas mãos, porém diferente da primeira vez, Park Chanyeol começou a chorar.

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         - ESSA VACA FEZ O QUE COM VOCÊ?! – Baekhyuna gritou a plenos pulmões no restaurante de seu pai, quando terminou de ouvir o relato de seu irmão. – ARGH! EU VOU LÁ ENFIAR A MINHA MÃO NA CARA DELA!

         - Hyuna, eu já tomei uma medida... – o rapaz falava baixo olhando de canto de olho, envergonhado, para todos os clientes que fitavam o jeito explosivo de sua irmã.

         - QUEM ELA PENSA QUE É? QUEBROU OS ÓCULOS DA NOSSA MÃE E AINDA TE MACHUCOU! EU QUERO ACABAR COM ELA! EU QUERO VER SANGUE! – batia com sua mão na mesa enquanto sua face estava vermelha de raiva.

         - Hyuna! Eu já tomei uma decisão! – ele empurrava sua irmã para baixo para que se sentasse mais uma vez, assim como falava de modo a fazê-la prestar atenção em si.

         - Qual decisão você tomou?

         - Irei pedir demissão da K-Beauty.

         - O que? – ela arregalava os olhos. – Você finalmente encontrou um emprego, está ganhando dinheiro.

         - Não posso ficar em um lugar no qual sou humilhado, ainda mais por aquela víbora que nem minha chefe é.

         - É. Você tem razão.

         - Além do mais, posso voltar a trabalhar fazendo entregas para o nosso pai.

         - O que Chanyeol achou disso? – a mulher observava seu irmão de canto de olho enquanto dava um gole em seu soju.

         Baekhyun tornou a ficar com as bochechas coradas enquanto se lembrava da expressão chorosa no rosto de seu chefe. Ele sentia vontade de abraçá-lo.

         - Ele...não quer me demitir. Disse que me daria alguns dias de folga, mas não quer que eu saia.

         - Hm... – foi tudo o que Hyuna conseguiu dizer ao mesmo tempo em que mantinha uma expressão pensativa em seu rosto.

         - Hyuna.

         - O que foi?

         - Será que...

         - Você está fazendo a escolha certa? – ela completava a frase do rapaz. – Não sei. Isso só você é capaz de dizer, mas saiba que estarei aqui para te apoiar em qualquer decisão que tomar.

         - Obrigado. – Baekhyun sorria mostrando o seu aparelho.

         - Agora, se eu ver essa tal de Megan passar do meu lado na rua, prometo que irei sentar a minha mão na cara dela ou eu não me chamo Byun Baekhyuna. – a mulher continha uma expressão assustadora em sua face enquanto tomava mais um gole do seu soju.

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         Os dias foram passando, Baekhyun voltou a fazer entregas de frango frito para o restaurante de seu pai e Chanyeol se sentia cada vez mais solitário na revista. Todos os dias ele mandava mensagem para o seu secretário como essas:

         “Tire o tempo que precisar de folga, mas não vá embora”.

         “Não consigo fazer o meu trabalho sem o meu secretário”.

         “Estou a ponto de enlouquecer, porque ninguém faz o trabalho direito”.

         “Volta”.

         Mas nenhuma delas tiveram resposta. Baekhyun apenas as visualizava e mesmo estando, algumas vezes, com o coração apertado, tudo o que fazia era voltar a guardar o celular em seu bolso.

         Depois de algum tempo, Chanyeol parou de mandar as mensagens. Cada um passou a viver a sua própria rotina, exceto o dia em que Baekhyun estava no consultório do dentista, sendo atendido por Suho, quando – sem ninguém nem ao menos esperar. – o presidente da K-Beauty adentrou aquele consultório com uma expressão ofegante, como aquelas pessoas que correm por alguns minutos.

         - Ei, Baekhyun, volta para a K-Beauty. Por favor.

         O menor o fitou com um brilho envergonhado em seus olhos. Ele não podia falar naquele momento, estava com sua boca toda aberta enquanto Suho fazia a manutenção do seu aparelho.

         - Quem é você? – o dentista perguntava com um brilho curioso em seu olhar.

         - Sou o chefe dele.

         - Ele não é não. – o ruivo dizia de forma a parecer que estava com um ovo em sua boca por conta da ferramenta que deixava sua boca totalmente aberta.

         Suho estava com vontade de rir, porém se controlou o máximo que conseguia, tornando a falar com Chanyeol.

         - Hã...Estamos no meio de uma consulta, será que você poderia esperar lá fora?

         Foi então que o modelo se deu conta do que estava fazendo.

         - Ah, sim...é...claro. – saiu do consultório de forma rápida.

         - O que acabou de acontecer aqui? – Suho se virava para Baekhyun soltando uma gargalhada.

         O ruivo apenas revirou os olhos em resposta.

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         Chanyeol estava sentado em sua cama com as costas recostadas em seu travesseiro. O celular repousava em suas mãos, seus olhos não desgrudavam um minuto do visor aceso com o nome de Baekhyun bem destacado pelos seus olhos.

         Ele queria mandar uma mensagem, entretanto já havia mandado tantas que se o fizesse mais uma vez talvez o seu secretário o considerasse um pouco obsessivo. Quero dizer, se o ruivo ainda for o seu secretário.

         Desde aquele fatídico dia, o modelo não mantinha muito contato com Megan. Ela ousou ir algumas vezes a sua casa e tentar ter algum tipo de relação com o moreno, só que não havia conseguido nada. Chanyeol sempre dava um jeito de tirá-la dali.

         Sua mente estava completamente ocupada pela imagem de seu secretário. Em nenhum dia ousou tirar Baekhyun de seus pensamentos. O rapaz confessava até mesmo já estar enlouquecendo, queria saber qual era o sentimento que o consumia, E o mais estranho era que a causa de tudo isso tinha nome e sobrenome: Byun Baekhyun,

         - Chanyeol. – ouviu alguém lhe chamar no fundo de seus pensamentos.

         - Jong In? – franziu as sobrancelhas em curiosidade ao ver o modelo parado na porta de seu quarto. – O que faz aqui?

         - Vim visitar o meu primo, não posso?

         - Por acaso minha mãe... – deixava seu olhar em fendas ao mesmo tempo em que tentava deduzir o motivo daquela visita inesperada.

         - É, ela me contou tudo. – soltava uma pequena gargalhada.

         - Ah, que ótimo. – afundava-se ainda mais em seu travesseiro enquanto rolava os olhos.

         - Pois então, o que está acontecendo? – sentava-se em uma cadeira.

         - Não vai desistir enquanto não souber, não é?

         - Como pode me conhecer tão bem assim?

         - Menos, Jong In, menos.

         Ouviu uma explosão de gargalhadas vinda de seu primo.

         - E então?

         Chanyeol soltou um suspiro pesado por seus lábios. Não havia escapatória.

         - É só que...Não consigo trabalhar sem o meu secretário. Tudo fica esquisito...

         - Aham. – Jong In sorria de forma a saber de tudo aquilo que o maior estava sentindo.

         - É como se...se....Argh! Não sei explicar. – passava os dedos por entre seus cabelos. – Acho que estou enlouquecendo, é isso.

         - Por que acha isso? Sou todo ouvidos.

         O presidente da K-Beauty olhou de canto de olho para o seu primo e começou a falar logo após suspirar mais uma vez.

         - Eu continuo olhando e pensando em uma pessoa. Faço isso o dia inteiro. Às vezes percebo que estava olhando para essa pessoa. Ela me faz sorrir e mesmo quando não estou perto dela continuo sorrindo. Isso significa que gosto dessa pessoa? – seus dedos se entrelaçavam e se soltavam de forma constante.

         - Bem... – o sorriso de Jong In se alargava ainda mais em sua face. Eureka! – Eu não quero dar spoiler, deixarei descobrir isso por si mesmo.

         - Ah, nossa...Você foi de grande ajuda. – deitava a sua cabeça em seu travesseiro passando assim a fitar o teto.

         - Chanyeol, me responda uma coisa.

         - O que?

         - Quer mesmo ter o seu secretário de volta, não é?

         - Claro, por que a pergunta?

         - Será que você tentou de fato tudo para trazê-lo de volta?

         - Claro que...

         Chanyeol não conseguiu terminar de falar. Enquanto dizia aquelas palavras, algo se acendeu em seu cérebro, mostrando-o que não havia tentado de tudo. Ainda tinha uma coisa e essa com toda a certeza faria Baekhyun voltar para a K-Beauty.

         - É isso! É isso! – o maior sorria.

         - É isso o quê? – Jong In estava sem entender nada.

          - Não me interrompa. – o ceo disse pegando o seu celular e ligando para alguém. – Alô? Baekhyuna? Eu preciso da sua ajuda.

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       **********Música: I love you boy - Suzy (While you were sleeping OST)

  A brisa gélida daquela noite ricocheteava no rosto de Baekhyun, que estava sentado no balanço da pracinha que fica ao lado de sua casa. Suas pernas se moviam para frente e para trás, seu olhar era cabisbaixo enquanto uma tristeza assolava o seu corpo.

         Ele sentia falta, sentia a ausência de Chanyeol todos os dias. Sua mente não parava de pensar um minuto sequer no presidente babaca, de expressão sisuda, que não estava mais tão babaca assim. Lembrava-se dos abraços, da mão do maior sobre a sua na montanha russa, no dia em que foram assistir Titanic e na festa da revista em que recebeu aqueles olhares de brilho intenso e desconhecido de Chanyeol.

         Baekhyun o amava. Desde a primeira vez em que o viu. Não havia sombra de dúvidas quanto a isso. Seu coração acelerou por Chanyeol no exato instante em que este surgiu diante de si em seu primeiro dia de trabalho, com aquela pose autoritária falando para os seguranças o soltarem.

         Ele só não sabia que teria o dedo podre mais uma vez para escolher o cara errado. Havia um empecilho e ele se chamava Megan. O pior empecilho de todos. Às vezes, Baekhyun desejava que ela nunca tivesse existido. Talvez, as coisas não seriam tão difíceis com Chanyeol, talvez.

         Desde que voltou a fazer as entregas para o seu pai, o ruivo sentiu ainda mais falta da revista. Sentia falta daquele ambiente agitado, que não para nunca, das novidades que os funcionários traziam, assim como de Heechul e do Shangai boy.

         Sehun...Nem mesmo as suas mensagens o rapaz havia respondido. Ele estava envergonhado demais depois daquele abraço e daquelas palavras para sequer responder algumas mensagens no kakaotalk.

         O mais engraçado de tudo era que sempre que ia para aquela praça e se sentava naquele balanço, sentia-se mais leve, tranquilo, mas naquela noite isso não havia acontecido. Baekhyun estava estranhamente se sentindo nervoso. Ele nem sequer percebeu quando Chanyeol chegou e se sentou no outro balanço, ao seu lado.

         - O que tanto admira nesse chão de terra? – a voz grave do modelo ecoou em seus ouvidos.

         - Chanyeol. – seus olhos arregalados observavam a figura do homem ao seu lado. – O que faz aqui? Se veio me pedir para voltar para a revista, saiba que...

         - É. Vim pedir para você voltar. – seu olhar continha um brilho intenso e caixa que segurava em suas mãos passou despercebida pelo ruivo.

         - Já disse que não vou voltar.

         - Também quero pedir desculpas.

         - Pelo que?

         - Por eu ter invadido a sala do seu dentista e pelo o que aconteceu com a Megan. Saiba que ela não é importante, eu sou o seu chefe. Não precisa se preocupar com isso. Ela está muito bem avisada.

         Baekhyun franziu as sobrancelhas em resposta.

         - Chanyeol, por que quer tanto que eu volte para a K-Beauty?

         O modelo mordiscou o seu lábio inferior enquanto borboletas passeavam por seu estômago.

         - Porque eu não sou nada sem você lá. Me sinto extremamente perdido, ninguém sabe o que eu quero, os relatórios não são os mesmos, a revista não é a mesma e por incrível que pareça eu não sou o mesmo sem você lá. E claro, preciso de alguém para pegar o meu café. – completou com uma risada.

         Tum...Tum...Tum...

         Baekhyun conseguia ouvir o som do seu coração batendo mais rápido. Por um momento tudo pareceu parar e a única coisa que conseguiu fazer foi continuar encarando o rosto ansioso de Chanyeol enquanto suas bochechas coravam. Se acalme Baekhyun, você precisa ficar calmo, o ruivo dizia para si mesmo.

         - Então é isso, eu sou o seu garoto do café?

         - Não, você não é o meu garoto do café. É mais do que isso.

         O presidente se levantou do balanço, foi para frente do menor e se ajoelhou no chão de terra batida.

         - Ei, ei, o que está fazendo? – o ruivo perguntava com as suas bochechas ainda mais vermelhas.

         - Tome. – erguia a caixa.

         - O que é isso? – mantinha um brilho curioso em seu olhar.

         - Pegue e veja.

         Assim o ruivo o fez. Ao abrir a caixa, Baekhyun sentiu o ar faltar em seus pulmões por poucos segundos, do mesmo modo que as lágrimas vinham e deslizavam por sua face de forma involuntária. Seus óculos estavam ali, restaurados. A armação quadrada preta ainda estava lá, mas as hastes agora já não eram mais pretas e grossas como a parte da frente, elas estavam finas – ainda mantinham a cor preta – e tinham uns detalhes em dourado.

         - M...Meus...óculos. – sua fala saía enrolada por conta do choro.

         Chanyeol sorriu.

         - Há um tempo, você me disse que seus óculos eram a sua única ligação com a sua mãe e que eles eram como uma representação dela aqui. Bem, eu não poderia deixar que ficasse sem ela, sem essa ligação e agora que eu mandei restaurar de acordo com o meu próprio gosto, você não tem só uma representação dela, mas como também tem uma minha. Pode me levar para onde quiser agora. Estarei sempre com você. – um sorriso largo iluminava a face de Chanyeol.

         Baekhyun fungava em meio às lágrimas. O ruivo não conseguia esconder a felicidade que não cabia em seu peito. Ele não sabia nem sequer o que dizer.

         - Chanyeol, eu...

         - Baekhyun, quero que saiba que eu não posso perdê-lo mais uma vez. Por favor, seja o meu secretário.

         - Eu...

         - Volte para a K-Beauty. Estarei te esperando até às dez da manhã. Se não chegar lá até esse horário, saberei que não quer mais o seu cargo.

         - Chanyeol...

         - Por favor, estarei te esperando.

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         Mais um dia de trabalho já havia se iniciado na K-Beauty. Park Chanyeol estava em sua sala, de pé, com as pernas recostadas em sua mesa enquanto seus olhos observavam o horário em seu relógio.

         10:30h.

         Um suspiro pesado escapou pelos seus lábios ao mesmo tempo em que uma expressão frustrada e triste tomou conta de sua face. Ele tinha que admitir, encarar o fato de que havia perdido o seu secretário, que ele não voltaria mais.

         Quando ia voltar a se sentar em sua cadeira, ainda cabisbaixo, ouviu o som da sua porta se abrir. Ele nem se daria ao trabalho de olhar, mas ao ouvir aquela voz, sentiu seu coração acelerar e sua face se iluminar.

         - Desculpa pelo atraso senhor presidente. Tive alguns contratempos, mas estou aqui me apresentando. Meu nome é Byun Baekhyun e sou o secretário de Park Chanyeol.

         O modelo ergueu seu olhar vendo que aquilo não era uma ilusão da sua cabeça. Baekhyun estava ali com os seus cabelos bagunçados, com seus óculos, suas roupas completamente bregas e com o all star preto de cano longo totalmente surrado e sujo. Seu secretário estava ali.

         Chanyeol sorriu e isso afetou o coração do ruivo que não tinha estrutura para aquilo naquele horário da manhã. O presidente, sem pensar duas vezes, saiu correndo na direção do menor e o abraçou com toda a sua força. Como era bom ter aquele corpo junto ao seu novamente.

         - Você voltou. – dizia com a sua face enterrada naqueles tufos ruivos.

         - É. Eu voltei. – sorria abraçado ao seu porto seguro.