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História O irmão postiço - Orgulho


Escrita por: Cupcake_ruivo

Notas do Autor


OI GENTEEEE
Esse aqui é o antepenúltimo capítulo.
Vamo assentar a mão em algumas coisinhas.
Bora pro cap

Capítulo 28 - Orgulho


Fanfic / Fanfiction O irmão postiço - Orgulho

Era normal que num dia de folga, Kushina quisesse ficar em casa.

No entanto, não conseguia tal coisa depois da noite anterior. Decidiu ligar para Tsunade e seguir para a casa da loira durante a tarde, notando que Naruto não havia descido para tomar café antes de sair. Gaara mandou uma mensagem para a ruiva pouco tempo depois, avisando que o filho estava lá. Provavelmente, foi um pedido do próprio Naruto para não preocupá-la, mas ainda sem vontade de falar com ela.

A Senju não se importou com a visita, ainda recebendo alguma ajuda com doações feitas para a creche no fim do ano. Conversaram pouco até que Tsunade decidiu fazer um pouco de chá e serví-las. Os olhos azuis de Kushina pareciam ter perdido algo no chão, já que ela estava com a cabeça baixa desde que chegara e a voz alta junto ao sorriso também não estava presente.

Certo que já havia alguns meses que os sorrisos da Uzumaki não estavam mais do mesmo jeito, mas aquele estado de espírito era, certamente, mais assustador.

— O que houve agora? - a loira perguntou, tomando um pouco de chá.

Fez uma careta antes de se abaixar e abrir a porta do armário tirando de lá uma garrafa de saquê.

— Hum? - a ruiva perguntou, perdida.

Os pensamentos ainda estavam longe, lembrando-se da conversa na noite anterior.

— O que houve com você, criança? - perguntou de novo a Senju.

Kushina suspirou, movendo a xícara entre os dedos.

— Discuti com Naruto ontem a noite.

Tsunade observou a mulher mais jovem morder o lábio e, a notar que ela não sabia como continuar, tomou um gole da bebida alcoólica antes de dizer.

— Estava demorando até que um de vocês explodisse.

Kushina ergueu o olhar para a mais velha.

— Como?

— Vocês dois têm o sangue quente Uzumaki correndo nas veias. Estão agindo feito dois moribundos há meses. Era óbvio que em algum momento iriam explodir com as coisas entaladas na garganta.

— Ele gritou comigo – a ruiva apertou a xícara – Em qualquer outro momento eu teria arrancado aqueles dentinhos dele, mas…

— Mas… - outro gole.

Tsunade podia jurar que sabia a resposta.

— Eu não sei mais o que pensar.

A Senju alisou o próprio braço antes de procurar o isqueiro e os cigarros no bolso das roupas. Estava preparada para ouvir Kushina porque durante todos aqueles meses, ela apenas guardou o que sentia pra si, esperando até que tudo ficasse bem outra vez.

E isso não estava acontecendo.

No fundo, Tsunade sabia onde isso ia dar. Uzumakis não nasceram pra esconder coisas dentro de si, certamente. Eles não sabiam viver assim. Entendia que nunca haviam passado por uma situação como aquela e não sabiam lidar com isso e por esse motivo, precisaria de um pouco de tabaco para ouvir a ruiva desabafar.

— Não sabe o que pensar sobre o que?

— Sobre aqueles dois. Minha nossa, você tem noção de como isso foi pra mim? - Kushina deixou os dedos penetrarem nos cabelos, perdendo um pouco do controle – Eu conheci Sasuke quando criança. Eu sou totalmente apaixonada por ele e Itachi, os tomei para mim como meus filhos. Eu os amo tanto que, mesmo depois que eu e Fugaku decidimos não ficar juntos, escolhemos manter contato para saber como as crianças iam. Nós criamos uma amizade real nesses anos e ele também sempre perguntou pelo Naruto. Nós podemos não ser convencionais, mas somos como uma família – jogou os fios para trás – Quando Fugaku me contou sobre como Sasuke vinha passando por problemas, eu nem ao menos hesitei em abrir as portas de casa e oferecer alguma ajuda. E eu estava realmente feliz de tê-lo aqui. Ele fazia comida de verdade, e não os semiprontos que Naruto estava acostumado a fazer. Acordava cedo, era organizado. Estava recebendo elogios sobre o trabalho da Kyuubi…

— Então…

— Então eu o peguei com Naruto. Minha nossa, eu estava logo no andar de baixo minutos antes. Fiquei imaginando quantas vezes eles não fizeram coisas como aquela comigo no quarto ao lado. Não faço ideia de como eles começaram com isso, mas tudo que vinha na minha mente era que eles eram meus filhos, fazendo aquelas safadezas pelas minhas costas. Isso é simplesmente absurdo pra mim. Eles são como irmãos.

Tsunade deu uma longa tragada em seu cigarro.

— Eu admito que eles deveriam ter falado com você, mas a parte sobre serem como irmãos…

— Você ouviu o que eu disse? - Kushina perguntou retoricamente.

— Eu ouvi cada palavra, Kushina. Mas não pode manipular os sentimentos dos meninos por um relacionamento seu, do qual eles nem ao menos se lembram.

— Manipular? Eu…

— Você repete isso o tempo todo – bebeu mais um gole de saquê - “Eles são como irmãos”. Mas isso nunca vai fazer sentido na cabeça deles, entende? Eles só conviveram por três anos durante a infância e, praticamente, perderam contato depois disso. Estavam se conhecendo de novo agora. Você vê os dois como filhos pelas coisas que você viveu, mas eles não tem essas memórias. Eram apenas dois colegas de quarto que se interessaram um pelo outro.

Kushina engoliu, porque não sabia como rebater aquilo. Ainda não tinha parado pra pensar daquela maneira.

— Ainda há mais isso. Outra coisa que não entendo. Naruto sempre me contou depois de ficar com alguma menina. Em todo esse tempo ele nunca, nenhuma vez, disse que se interessava por rapazes. E agora ele diz com todas as letras que ama Sasuke. Como isso aconteceu?

— Você perguntou?

— O que?

— Perguntou a eles como aconteceu?

Os olhos azuis encararam os castanhos um tanto perdidos.

— Eu não converso com Naruto há meses – a ruiva sussurrou – Não houve explicação. Só houve ele surtando ontem a noite, tão triste – os olhos arderam – Tão magoado…

— Você o calou e se calou por tempo demais, criança.

— Ele disse que eu não o apoio se ele não fizer o que eu quero.

Tsunade cruzou os braços.

— E então?

— Como assim? Eu… Minha nossa, por quanto tempo ele vinha pensando isso de mim?

— Kushina, ele não disse nenhuma grande mentira. Eu compreendo. Você só tem ele agora, viveu pra criar esse garoto, eu vi boa parte dessa sua jornada, mas quanto tempo mais pretende tratá-lo como uma criança? - apagou o cigarro – Naruto tem dezessete anos. Ainda não é um adulto e, certamente, ainda vai ter muitas coisas pra passar nessa vida. Mas ele não é o bebê inocente que você acha que ele é.

— E se isso for só momentâneo? - perguntou Kushina, ainda resistente – E se depois, eles virem que não era isso que queriam?

Tsunade sorriu.

— Acho que eles já deixaram claro que a relação que eles tem com você e Fugaku está separada da relação que tem um com o outro. E você é mãe, não é? - a loira se aproximou da ruiva, alisando seus cabelos – Se tudo der errado, vai ser pra você que ele vai correr. Então continue sendo o colo perfeito pra ele. Afinal, ainda que não seja por Sasuke, é impossível que seu menino viva todos os seus dias sobre a terra sem se machucar nenhuma vez.

As vistas que ardiam formaram lágrimas grossas e Kushina deixou que caíssem pelo rosto. A culpa tomava cada parte sua, porque seus pensamentos durante aquele tempo lhe pareciam muito plausíveis para uma mulher adulta. No entanto, passou meses encarando a situação apenas pelo seu próprio ponto de vista, enxergando em seu filho a criança que acreditava que ele fosse. Não era isso que ele havia demonstrado uma noite antes e Tsunade acabara de lhe confirmar que também não o enxergava assim.

A realidade a atingia de forma esmagadora. As lágrimas nos olhos azuis de Naruto estavam lá por sua causa. A apatia recente também era culpa sua. Podia reconhecer isso agora, mas ainda tinha coisas demais pra dizer a ele. Do mesmo jeito que estava pronta para ouví-lo, precisava ser sincera com seu filho.

Já não aguentava mais todo aquele silêncio.

Sasuke não sabia bem o que esperar.

Naruto tinha contado na noite anterior que Kushina havia descoberto sobre seus planos de frequentarem a mesma faculdade, e chorou até dormir durante a ligação, com o Uchiha na linha. Contou sobre as coisas que tinha dito e tudo que o moreno pôde fazer foi escutá-lo e tentar consolá-lo, torcendo para que a ruiva não arrumasse um jeito de impedí-los de ficarem juntos outra vez.

Sabia que ele tinha ido para casa de Gaara, porque vinha trocando mensagens com ele desde bem cedo, mas não tinha contado ao loiro que Kushina havia ligado para seu pai. Não sabia exatamente o que eles tinham conversado, mas Itachi o avisou para se preparar para a conversa que ele vinha adiando.

Claro que vinha pensando em tudo que o irmão mais velho havia falado. Queria mesmo adiar a conversa porque, até então, pensava que tudo seria sobre si mesmo. Teria que contar ao pai sobre sua sexualidade, suas escolhas, suas paixões e isso o assustava. Ser insuficiente o assustava. No entanto, naquele momento, não havia mais espaço para isso. Naquele momento, Sasuke tinha coragem porque não se tratava só dele. Se tratava de Naruto. Ele não deixaria que mais alguém ficasse entre eles.

Quando Itachi bateu a porta de seu quarto, avisando que Fugaku o chamava no escritório, não se surpreendeu, na verdade. Apenas puxou a respiração, resignado e seguiu pelas escadas até o andar de baixo. Bateu à porta, avisando que estava ali e entrou. No rosto, a mesma expressão encontrada no patriarca. Os dois eram mesmo parecidos.

— Sente-se – Fugaku pediu.

Sasuke obedeceu. Olhou para alguns pontos perdidos na sala antes de encontrar o olhar do pai.

— Kushina me ligou ontem a noite. Disse algo sobre Naruto querer vir pra cá estudar e que isso tinha a ver com você – o Uchiha mais velho cruzou os dedos sobre a mesa – Eu esperei até que me procurasse para esclarecer o que houve lá, visto que não fez nenhum escândalo ao retornar. Pensei que tivessem esquecido sobre esse envolvimento, mas parece que não.

Sasuke suspirou e umedeceu os lábios.

— Não, não esqueci.

— Você sabe o que um romance entre vocês significa, certo? - indagou, seriamente – Eu me preocupo com Naruto, assim como Kushina se preocupa com vocês. Mantivemos contato por anos pensando em vocês.

— E o que tem isso? - Sasuke perguntou, calmamente – O que eu tenho com ele não tem nada a ver com o que você e Kushina tem um com o outro.

— Se esse relacionamento não der certo? O que pretende fazer?

— O que um término entre eu e Naruto teria a ver com sua preocupação com ele? O que isso teria a ver com o que vocês sentem por nós? Não é como se nos víssemos com frequência de qualquer maneira. Quando nos apaixonamos, concordamos em não levar em consideração o envolvimento que vocês tiveram, porque eu vejo Kushina como minha mãe, ainda que ela esteja com raiva de mim. E Naruto também o vê como um pai, ou padrasto, não sei. Mas isso não tem nada a ver com a gente.

— Apaixonados… - Fugaku deixou as costas se encostarem a poltrona – Então é isso? É assim que se sente?

Agora era a hora. Já havia passado da hora de ter essa conversa, afinal.

— Eu descobri sobre minha sexualidade há alguns anos – começou devagar – Eu não contei porque… Bem, porque nunca achei que eu precisava. Mas dessa vez eu ia. Nós íamos.

— Por que estão apaixonados… - Fugaku o instigava a continuar.

Mas o tom acabou irritando Sasuke. Não sabia se ele estava duvidando de si, mas já tinha chegado até ali. Não era hora de recuar.

— Porque eu o amo – encarou os olhos negros do pai, assim como os seus – Nós fizemos planos e não me importa o que vai acontecer amanhã. Nós poderemos lidar com o depois quando a hora chegar. Eu terei a minha vida e ele terá a dele e não estaremos mais sob os seus cuidados ou os de Kushina. Eu quero seu apoio, pai. De verdade. Mas eu não preciso dele. Já tomei a minha decisão.

Fugaku encarou o menino por mais alguns segundos antes de deixar um dos cantos da boca se erguer. Levantou-se do lugar e seguiu até a janela, parando por ali e virou-se para Sasuke, chamando-o com um aceno. Sasuke engoliu e foi até onde o pai estava. Cada um parado de um lado da janela aberta.

— Quando Mikoto se foi, eu contei a Itachi que ela tinha virado uma estrela – o mais velho devaneou, tirando do bolso um cigarro – Disse que seria sempre a estrela mais brilhante. Anos depois, eu ouvi ele te contar a mesma história.

Sasuke olhou para fora, observando o céu. Isso tinha muito tempo, mas era verdade.

— Itachi sempre foi muito dono de si mesmo. Sempre muito a frente do tempo dele, maduro demais e eu não sei o que faria se ele não estivesse aqui para cuidar de você também. Ele é muito parecido com sua mãe. Mas você… - sorriu – Você é igualzinho a mim.

O patriarca tocou o ombro do filho e depois o pescoço. Sasuke parecia perdido com o gesto carinhoso.

— Eu me preocupo com você, Sasuke. Quando jovem, eu também não tinha muitos objetivos. - Tragou o cigarro – Então conheci sua mãe. Ela me deu um rumo e um algo que eu queria proteger. Ela certamente saberia o que te dizer quando se sentisse perdido, eu nunca fui bom nessas coisas.

Sorriu pequeno mais uma vez, antes de olhar nos olhos do caçula outra vez.

— Eu tinha medo que não conseguisse encontrar seu ponto de equilíbrio. O seu próprio objetivo – falou em voz baixa – Mas desde que voltou, suas notas subiram, passou pra universidade, não tenho mais recebido reclamações suas dos guardas da cidade. Até mesmo seus amigos parecem ter sossegado. Isso tudo foi por causa dos planos que fez com o Uzumaki?

Sasuke mordeu o lábio antes de assentir devagar. E, dessa vez, Fugaku deu um sorriso maior.

— Você herdou mais do que meu nome. Herdou meu sangue, Sasuke. E eu não importo se tiver coisas que não queira me contar, porque eu valorizo sua independência e sua privacidade. Mas eu conheço você. Ainda que não tenha me contado sobre suas “preferências”, eu já imaginava. É claro que fiquei surpreso quando soube desse seu envolvimento com Naruto, mas… Se ele te faz bem… Se ele coloca esse brilho no seu olhar para defender esse sentimento, eu jamais poderia ser contra isso.

Os olhos de Sasuke arderam fortemente enquanto observava o pai. O mais velho deixou o cigarro de lado, enquanto se aproximava do filho. Não conseguia se lembrar da última vez que tinha abraçado o pai, mas era este quem estendia os braços e os enrolava em torno do corpo do rapaz.

— Sua mãe estaria orgulhosa – sussurrou.

Sasuke franziu o rosto, permitindo-se chorar e abraçar o pai de volta. Normalmente, seguraria as lágrimas, mas não conseguiria nem se quisesse. Não dessa vez. Nunca, em toda sua vida, sentiu-se tão aceito, tão maravilhosamente pleno e completo, como naquele momento.

 


Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAAAA
TIO FUGAKU É UM AMOOOOR. TEJE DITO.
KUSHINA ABRINDO OS ÓLEOS. FALTA ESSES UZUMAKIS SE RESOLVEREM AGORA.
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO.
UM BEIJO NO KOKORO DE VOCÊS.
JA NEE


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