— Oie. - Ele sorriu como uma criança que via um doce e eu permaneci estática.
Me mantive imóvel por alguns bons segundos, tentando digerir o que havia acabado de acontecer.
Respirei fundo e empurrei a porta o mais forte que pude, e logicamente, Nate era mais forte que eu e então falhei.
— O que você quer? - Sorri sem mostrar os dentes e sem ousar olhar em seus olhos.
— Conversar! - Respondeu naturalmente.
— Não temos absolutamente nada pra conversar, Skate! - Praticamente cuspi todas aquelas palavras e ele arqueou as sobrancelhas. — Desiste! Me esquece de uma vez por todas.
— Primeiro. - Ele riu nasalado. — Já fazem seis anos que eu te esqueci, Victoria fez esse favorzinho pra mim. - Ele piscou com um dos olhos e eu cruzei os braços, agora o encarando com raiva. — Segundo, eu não vou desistir. Qual é Jessica, todos sabem que Nate Maloley não desiste até ter o que quer!
— E o que você quer? - Rebati de cara fechada.
— Ver o meu filho. - Ele revirou os olhos como se fosse algo óbvio e eu fechei os olhos com força, na tentativa de me controlar. — Se você foi madura o bastante pra criar e educar uma criança. - Ele aproximou uma das mãos repousando então sobre meu ombro direito e eu me esquivei. — Eu acho que você é madura o bastante pra conversar civilizadamente comigo.
— Tudo bem. - Dei de ombros e virei deixando para que ele fechasse a porta.
— Onde vai? - Questionou assim que comecei a subir os degraus da escada.
— Acha mesmo que vamos conversar aqui? - O olhei por cima do ombro e ele ergueu as mãos como redenção. — O Border Grill é logo aqui do lado. - Ele assentiu sem expressão alguma. — Vou me trocar, volto rápido. - Ditei sem ânimo.
Tomei uma ducha rápida, sem molhar o cabelo, sequei-me e apenas com as roupas íntimas e toalha na mão, corri até o quarto do Stew. Ele dormia como um anjo, no mínimo permaneceria ali por horas ou até a fome matá-lo.
Segui até o meu quarto, vesti um shorts jeans claro, num comprimento comportado; coloquei uma blusinha cinza de manga longa que tinha alguns botões na gola, os quais eu preferia deixar desabotoados. Calcei um oxford preto e coloquei uma corrente dourada. Deixei meu cabelo todo solto, apliquei apenas um batom claro e ajeitei minhas sobrancelhas, passei perfume, assim finalmente, deixando o quarto.
[...]
— Por quê olha tanto pra minha roupa? - Dei ênfase a dizer "tanto" e cruzei os braços.
— Não é nada. - Ele deu de ombros e riu fraco. — É só que eu nunca achei que um dia te veria assim de novo, assim tão... Jessica? - Ele semicerrou os olhos e eu franzi o cenho.
— Como assim? - Torci o beiço e coloquei uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.
— Assim, ontem, durante a formatura você estava toda formal. - Eu uni minhas sobrancelhas. — Quer dizer, aquele não era o seu estilo, e agora ver você vestida dessa forma me faz lembrar dos velhos tempos, da velha Jessica.
— A velha Jessica morreu. - Disse seca.
— Tá legal. - Nate sorriu exageradamente. — Não está mais aqui quem antes falou! - Eu cruzei os braços e balancei a cabeça negativamente.
— Você não acha que foi uma péssima ideia deixar aqueles dois malucos tomando conta do Stew? - O olhei aflita e ele engoliu seco.
— Relaxa Jessica. - Deu de ombros. — Lua é tecnicamente a tia dele, estou errado? - Arqueou as sobrancelhas e eu neguei. — E o Sam... - Disse pensativo. — É, claramente o Sammy não é uma pessoa muito confiável pra cuidar de uma criancinha, mas, a Lua é bruta o bastante pra dar ordem na porra toda.
— Espero que você esteja certo. - Bufei e rolei os olhos pelo local, ainda aflita.
Eu nunca havia ficado um minuto se quer longe do Stew, há não ser quando eu estava cumprindo o meu horário de serviço enquanto ele ficava na escola. Mas deixar o Stew sob responsabilidade de outra pessoa, sem chances. Eu estava realmente muito preocupada.
— Escuta! - Nate disse e abriu a garrafa de vodka que acabara de ser deixada pelo garçom na mesa onde estávamos. — Por quê sua mãe não pôde ficar com ele? Ela é avó, eu acredito que você confie pelo menos nela. - Deu de ombros e ameaçou despejar a bebida no meu copo.
— Não! - Arregalei os olhos e parei o movimento da garrafa em sua mão. — Não sei como você consegue beber desde tão cedo e ainda por cima querer tratar deste tipo de assunto. - Apoiei meu ombro nas costas da cadeira e balancei a cabeça negativamente. — Mas sobre a minha mãe, quando eu lhe disse que havíamos nos mudado para cá graças a uma boa proposta de emprego que ela havia recebido, bom, ela agora é auxiliar de enfermagem no hospital comunitário da cidade, sendo assim ela trabalha dia e noite, domingo a domingo. - Sorri sem mostrar os dentes e ele assentiu como se estivesse interessado no assunto.
— A galera de Omaha sentiu falta de vocês. - Disse repousando as mãos sobre as pernas que mexiam freneticamente. - E os turistas também. - Ele riu e eu ri assim que entendi o que ele queria dizer com aquilo. — Os Jacks passaram esses lindos seis anos me questionando quando poderiam finalmente conhecer o sobrinho e...-
— Você quis dizer o Johnson não é? - Arquei apenas uma sobrancelha enquanto sorria e ele assentiu revirando olhos. - Johnson e eu éramos tão próximos. - Suspirei.
— Tão próximos ao ponto de tratar o Gilinsky que nem lixo! - Nate rebateu e eu assenti tentando conter minha gargalhada.
— E não literalmente! - Sorri e ele sorriu. — Lembra quando estávamos nós quatro no refeitório do colégio, e então uma das vacas com quem o Gilinsky estava todo enrolado na época começou a se aproximar...
— E ele começou a ficar cheio de mimimi, dizendo que precisava ser fofo com ela e não fugir feito cafajeste... - Nate completou e eu assenti.
— E quando ela estava cada vez mais perto... - Nate arrastou sua cadeira para mais próximo da minha e assentiu para que eu continuasse. — O Jack deu um pulo e a melhor ideia que tivemos foi de enfia-lo...
— Dentro da lata de lixo. - Eu e Nate dissemos em uníssono e rimos.
— Você ainda lembra de muita coisa não é? - Ele colocou uma mecha de meu cabelo para traz da minha orelha e eu sorri sem mostrar os dentes. — Antigamente parecia tudo mais fácil.
— Porque era mais fácil! - Arregalei os olhos e o encarei completamente séria. — E o restante do pessoal? - Retirei sua mão dos meus cabelos com toda delicadeza do mundo. — Como estão?
— Depois que nos formamos, Nash, Cameron, Matthew, enfim, geral se mudou pra California. - Deu de ombros.
— Todos eles? - Franzi o cenho. — Parece que a California está tentando reunir todos nós novamente. - Sorri.
— Então isso quer dizer que você toparia ir numa festa, a qual todos eles também vão? - Arqueou as sobrancelhas e eu neguei com a cabeça. — Seria muita idiotice de minha parte, te convidar pra essa tal festa?
— Seria sim! - Cruzei os braços. — Sem chances, sem festas pra mim! - Abri os braços e arregalei os olhos enquanto ele ria da minha reação. — Mas por quê todos eles vieram morar pra cá?
— Você sabe Jessica, aqueles meninos são todos farinha do mesmo saco. - Eu levei minha mão até a boca e abafei o riso. — Os meninos tão se dando bem por aqui, quer dizer, por Los Angeles, eles continuam fazendo o que sempre fizeram, nada é novidade pra você. - Disse e eu assenti.
— E o Cameron...? - Arquei apenas uma sobrancelhas e ele riu fraco sabendo o que viria pela frente. — Desculpa, eu não sei você, mas eu só consigo pensar na Amanda quando ouço o nome Cameron.
— Eu sou você! - Ele riu nasalado. — O Cam não se relacionou com ninguém durante esses anos. - Dessa vez eu ri nasalada e revirei os olhos não acreditando no que acabara de ouvir. — Pelo menos é o que eu sei, não notei nada de diferente, ele não namorou sério com nenhuma garota, até porque se isso acontecesse os noticiários e as revistas de fofocas iriam te notificar! Agora sobre sexo, ai eu já não posso entregar meu brother. - Repousou as costas no encosto da cadeira e me mediu dos pés à cabeça.
(Deem play em End of the day - One Direction, é importante)
— E a Ferny? - Sorri e encolhi os ombros ao mesmo tempo com medo de sua reação.
— Passou esses lindos seis anos me infernizando. - Disse pensativo e eu franzi o cenho. — "Quando vai me levar pra ver a Jessie?" "Será que eu nunca mais vou ver a Jessie?" - Nate afinou a voz enquanto fazia trejeitos típicos de uma garota e eu balancei a cabeça negativamente.
— Eu sinto um aperto enorme no coração só de ouvir isso. - Abaixei a cabeça. — E eu realmente espero que ela saiba o quanto significa pra mim. - Ergui minha cabeça e me deparei com o sorriso exagerado do Nate. Olá obras do demônio, mais conhecidas como covinhas.
— Ela tem um amor especial por você, desde o momento em que meus pais decidiram adota-la, bom, você já estava por perto, sendo assim ela tem muita consideração por ti. - Eu assenti enquanto me distraía com o garçom que me entregava o suco que eu havia pedido. — Ela adoraria conhecer o Stew. - Disse entre os dentes e eu dei um gole no meu suco sem olhar em sua direção. — Eu entendo que você não quer me ver nem pintado a ouro, mas então se esforça, faça isso pela Ferny!
— Escuta! - Respirei fundo. — Eu não tenho a guarda judicial definitiva do Stew, muito menos você. - O olhei incrédula e ele revirei os olhos. — E não existe ordem judicial que proíbe o pai biológico de ver o filho, então eu não vou ser tão orgulhosa a tal ponto. - Bufei.
— Entendi, mas pra ser sincero o melhor argumento mesmo seria que fui em quem enfiei, eu quem coloquei o esperma lá, então eu tenho direito de ver o Stewfan. - Disse naturalmente enquanto terminava de virar mais um copo de vodka.
— Como consegue ser tão nojento? - Puxei a garrafa para perto de mim e ele me reprovou com os olhos. — Será que você não consegue ser alguém normal enquanto sóbrio? - Arqueei as sobrancelhas.
— Vai um limãozinho pra descer mais saboroso? - Esticou uma fatia de limão em minha direção e eu espremi o mesmo em sua mão, e então sem intenção alguma, Nate pregueou os olhos e começou a gemer como se sentisse dor.
— O que foi cara? - Levantei-me da cadeira num pulo e agachei logo abaixo do corpo de Nate, estiquei meus braços levando minhas mãos até seus olhos e acariciando a região. — Calma! Deve ter sido apenas uma irritação de leve! - Ditei e ele continuou com os olhos completamente fechados.
— Eu não faço ideia, você me segou com essa porcaria de limão. - Disse irritado e eu bufei.
— Me perdoa, não foi por querer. - Belisquei sua perna e ele gemeu mais alto. Essa não foi uma boa ideia. — O que você quer que eu faça?
— Agora o mínimo que você pode fazer por mim, é olhar o que está acontecendo. - Arqueou as sobrancelhas sem abrir os olhos e eu levantei o corpo até igualar nossas alturas. — Olha mais de perto e me diz se a cegueira já me possuiu. - Disse e involuntariamente eu repousei minha cabeça sobre seu ombro abafando o riso. Fiquei naquela posição por alguns segundos, e pude sentir o aroma forte que tinha sua roupa e seu pescoço ali tão próximos, mas dessa vez não cheiro de cinzas ou coisas do tipo, mas o cheiro típico do Nate.
Calafrios subiram pelas minhas costas, ergui minha cabeça lentamente e evitando olhar para o rosto dele, pois eu sentia seu olhar pesando sobre mim. Era inevitável.
Virei meu rosto em direção ao seu, ele intercalava o olhar entre meus olhos e minha boca e eu fazia o mesmo.
Eu mantinha o meu equilíbrio com as mãos ainda postas sobre cada um de seus ombros, e então Nate levou apenas uma mão até o meu rosto e deslizou o dedo sobre meu queixo, acariciando a região, logo dando impulso para frente, e aproximando o meu rosto do seu. Sem ousar fechar os meus olhos e me entregar de uma vez para ele, senti nossos lábios roçarem e sua mão livre passou a percorrer pela minha coxa, me impulsionando para cima de seu corpo, me deixando sentada sobre seu colo, completamente frágil ao seu toque e a sua essência, ou... não.
— Você não percebe que as pessoas sentem a sua falta? - Ele disse calmamente cada palavra, deixando assim mais difícil para que eu aguentasse seu hálito quente tão próximo aos meus lábios. — Eu sinto a sua falta.
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