História Out of Town Girl - I read it

Victória Franchescci's P.O.V.

Estava na fila para o Meet. Minha irmã me esperava do lado de fora. Já era 19h30 e os portões não tinham sido abertos, quase uma hora de atraso, pelo menos até aquele momento. Os portões só foram ser abertos às 20h01, ou seja, 1h16 depois do combinado. Eu suava frio, minhas pernas estavam bambas, minhas mãos tremiam. O fato de ver apenas posers no local me deixava nervosa, mas nada estragaria meu dia.

A fila começou a andar, quando dei por mim já estava ao lado da pequena “cabine” onde tiraríamos a foto. Olhei para cima e Justin sorria para mim, fez um movimento com a cabeça e quando olhei para o lado Alfredo olhava para mim sorrindo também. Só aquele sorriso, fez os três mil reais valerem à pena.

- Moça, é a sua vez. – Uma voz dizia ao longe que eu deveria ir até o Justin e tirar a foto, mas não conseguia, não poderia parar de olhá-lo um segundo se quer. Aquele momento era único e eu não poderia deixar acabar. Ao longe, garotas gritavam esperando que Justin entrasse logo ao palco; outras cochichavam perto de mim algo que para mim não importava, o que importava naquele momento era eu e ele. – Moça, é sua vez! – O segurança falou um pouco mais alto e, dessa, acordei do transe que seus olhos me deixavam. Caminhei em sua direção e naquele momento senti como se fosse desmaiar. Apoiei-me em seus braços com medo de cair e ele deu uma leve risada. Abriu os braços e me abraçou, seu abraço era bom, aconchegante, um porto seguro praticamente.

Durante o abraço, coloquei minha carta no bolso de sua calça, apenas sussurrando: “leia assim que tiver um tempo de descanso”. Se ele lesse, eu já poderia morrer porque meu objetivo nessa vida já foi cumprido. Mas não foi bem assim. Com o passar dos dias, dos meses, dos anos, percebi que minha missão na Terra não foi apenas descobrir o que é o amor, mas algo maior, algo que para mim nunca teve preço: provar às pessoas que sonhos, por mais difíceis, por mais impossíveis que pareçam ser, tornam-se realidade. O meu se tornou, e de alguma forma, que eu não sei qual, eu consegui inspirar outras pessoas com isso.

Sorri ao ver a minha foto com Justin no meu porta-retrato. Já se fazia dois dias desde que a foto fora divulgada, era quarta-feira. Quando cheguei à escola naquele dia, todos pularam em cima de mim falando “parabéns, você merece!”, até mesmo aqueles que nunca pensei que fossem falar comigo, ou seja, os mais velhos, os mais “tops”, os mais importantes da escola.

Na foto, Justin me dava um beijo na bochecha em meio a um abraço, enquanto eu sorria de olhos fechados. Lembrei da sensação que era ter seus lábios junto à minha bochecha: seus lábios eram macios, seu toque leve mas preciso, seu cheiro como o de um bebê, sua roupa macia e seu abraço um porto seguro, o meu porto seguro.

Deixei o porta-retrato de lado e entrei no Twitter, após tanto tempo sem entrar – pouco mais de dois meses. Minha amiga havia mandando cerca de cinco mentions com “parabéns”, “você merece”, “obrigada por tudo”. Graças a mim, Natalia foi ao show. E mesmo que eu tenha ficado na fila da pista premium, sem necessidade alguma claro, não me arrependo. Aquele foi o melhor dia da minha vida, e passei ao lado da pessoa que mais importa pra mim e que mais quero ver feliz: minha melhor amiga.

Lembrei de Alfredo sorrindo para mim. Seu sorriso era grande, bonito, claro. Um sorriso digno de estrela. Todos na sala eram baixos, com exceção dos seguranças e do Tay James. Ah, o Tay James. Graças a ele e ao Alfredo, minha vida mudou por completo. Mas vamos logo ao ponto, certo?

Desci um pouco mais a página e constava que Alfredo e o Tay James tinham me seguido. Entrei em pânico na hora, aquilo não podia ser possível. Quer dizer, tudo bem, tinha a carta, fui ao Meet, mas não tinha como eles saberem que aquele era o meu Twitter, não tinha colocado nenhum contato meu na carta. Ok, foi burrice de minha parte; eles fazem parte do Team Bieber, o Team Bieber consegue tudo, e as Beliebers são praticamente um FBI. Fui para o Twitter de Justin ver se ele tinha postado algo sobre o show, ou quem sabe até o “eu li” que eu pedi que ele postasse se lesse a carta. Desde a página e só tinha RT’s de fãs, tuítes agradecendo o show de São Paulo e do Rio – como sempre ele falou um monte de São Paulo e pouco do Rio, ai garoto causador –, até que vi o tuíte “eu li”. Entrei em pânico novamente, é muita emoção para um só dia, em menos de uma hora. Cliquei no tuíte e as garotas perguntavam o que ele tinha lido, minha vontade era de responder a todas elas “ele leu a minha carta”, mas ninguém acreditaria e seria egoísta de minha parte.

Dei RT, favoritei, imprimi o tuíte, fiz tudo – ok, não fiz os dois últimos citados, admito –, e então saí do Twitter novamente. Deitei na cama e fiquei stalkeando as pessoas pelo celular, vendo o Twitter do Alfredo, do Tay James, do Justin (novamente), do Kenny (apesar de o grandalhão não ter ido ao show de São Paulo. Fiquei boladíssima), do Scooter (apesar de também não ter vindo ao Brasil). Chegou uma DM e fiquei surpresa de ver de quem era: Alfredo Flores.

“Você é a garota do Meet e de ‘Out of Town Girl’, certo?”

Como ele sabia disso?

Victória Franchescci P.O.V.’s