1. Spirit Fanfics >
  2. Pequena Konoha (Hiatus) >
  3. Gatuna

História Pequena Konoha (Hiatus) - Gatuna


Escrita por: Kirilov

Notas do Autor


Mil desculpas pela demora. Tentarei não demorar muito com os próximos, prometo!

Espero que gostem ^-^

Capítulo 3 - Gatuna


Fanfic / Fanfiction Pequena Konoha (Hiatus) - Gatuna

 Tudo acabou bem, mas não da melhor forma possível.  Calhou que no exato dia em que resolvi me rebelar e conhecer a boca desentupidora de Sasuke, a mãe dele estava de plantão no hospital, ela era enfermeira, vale ressaltar que a mais boazinha e delicada na hora de aplicar injeções. E mais importante que tudo, dona Mikoto era minha madrinha, a minha preferida, aliás. Adorava-a por uma questão muito simples, diferente das outras madrinhas e padrinhos que sempre me davam roupas e sapatos, ela, além de ser muito amável, na páscoa me presenteava com ovos de chocolate que comprava em Suna, os quais sempre vinham acompanhados com um envelope contendo dinheiro.

  O dinheiro, claro, eu não desfrutava dele, mamãe pegava para me comprar alguma roupa; mas o ovo, sempre enorme e da melhor marca, era o suficiente para me deixar bastante satisfeita e no auge da felicidade, de forma que até me esquecia da parte monetária. É certo que dividia o chocolate com toda a minha família, aliás, embora fosse diabética, minha avó era a que mais comia.  Também não posso me esquecer de que, até meu aniversário de 13 anos, madrinha Mikoto me dava brinquedos. Sem dúvidas alguma ela era a melhor, mesmo quando respondia “Deus te abençoe, cabeça de boi”, depois de eu pedir a bênção.

  Naquele dia, foi ela a minha grande salvadora. Pois o plano brilhante de Sasuke baseou-se em me levar para o hospital e inventar para a mãe dele que eu havia passado mal na quadra; ela, claro, nos questionou sobre o fato de o jogo já ter terminado há bastante tempo e nos olhou como quem sabia de tudo, no entanto, fingindo acreditar no meu mal estar e incapacidade de locomoção, apenas riu dos meus gaguejos e desconcerto ao tentar explicar o que exatamente estava sentindo. "Uma dor intensa", eu insistia, embora não fosse capaz de explicá-la.

  Seu Iruka, o motorista, que dormia atrás do balcão de atendimento e de frente para uma pequena TV, foi prontamente acordado. Naquele dia voltei para casa de ambulância, e o mais engraçado é que sequer fui medicada, certamente não precisava, mas isso só evidenciou o quanto estava encrencada com minha madrinha. Ela entendera tudo, tive certeza disso, e temi que contasse para meus pais sobre o caso, porém, Sasuke me garantiu que isso não aconteceria.

  Quando cheguei, minha família também acabara de retornar da caçada. Na varanda, bastante agitados, eles falavam com o guarda noturno, provavelmente o escoltando para me procurar. Ouviam-se coisas como "vou matar aquela menina", "dessa vez ela não me escapa", "... Que se dane o conselho tutelar" etc. etc., mas assim que me viram descer da ambulância, com a cara de doente e voz falha que sabia fingir bem, as injurias cessaram e o cenário mudou drasticamente. Sustentei a desculpa de que estava sofrendo de um mal súbito, acrescentei prováveis coisas ditas pelo médico e também enumerei os remédios "tomados". 

  Mamãe logo disse que eu estava muito pálida e vovó correu para fazer um chá de Capim Santo, também cogitou me preparar um lambedor no final de semana; papai  conversava com seu Iruka sobre a minha saúde, o motorista confirmou toda  história contada, sabe lá o porquê, talvez por não preferir dizer que estava dormindo durante o expediente.  Por fim, fui bastante mimada e a culpa caiu na rotina cansativa, tanto que, no dia seguinte, por mais que insistisse, fui impedida de levantar cedinho e ir para Suna. Claro que as proporções desastrosas da mentira me deixaram mal, mas não arrependida, porque, com certeza, era preferível perder um dia de aula e não a vida.

  Não tive que sair da cama às 05:00 para me arrumar e ir à escola, tampouco fui solicitada nos deveres da casa. Acordei  umas sete da manhã, mas apenas para assistir desenhos, e foi somente às 11:00 que fui arrancada da TV pelos gritos da minha avó.  Primeiro ela brigou pelo fato de eu ter tomado café da manhã na sala, pior ainda, em cima do sofá! Fez-me tirar a xícara de cima da mesinha de centro,  limpar a marca do líquido e sumir com cada migalha de pão.

- Agora vá buscar  umas acerolas  na casa de Madara. – ordenou, quando eu deixava as coisas na pia. Minha primeira reação foi não ter reação – Passei por lá ontem e os pés estão cheio. As bichinhas tão quase apodrecendo... – lamentou. Eu ouvia a tudo atentamente, sem conseguir pronunciar um único a. Ela tirava coisas da geladeira e levava a pia, era uma mulher bastante agitada e proativa, gostava de conversar, principalmente sozinha. Não parava quieta, possuía mais agilidade e disposição que eu, e naquele momento isso ficou bastante evidente – Vamos! Está esperando o quê, menina? – esbravejou, olhando-me, enquanto eu fazia as vezes de uma estátua.

 

- É... É pra ir roubar?  

 

- Tenha mais respeito, nunca roubei nada de ninguém! Ainda mais depois de velha. – Olhou-me, injuriada, uma faca na mão, o que me fez estremecer. E quando pensei que a indignação significava que se arrependera da sandice, tornou – E vá num pé e volte no outro, pra dá tempo de fazer o suco antes de a tua mãe chegar.

  Meus pais chegavam  para o almoço ao meio dia. Embora quisesse recusar, lembrei-me do que aconteceria caso mamãe descobrisse minha desobediência, e ela descobriria, pois vovó contava tudo que eu fazia, inclusive aumentava as coisas, queixava-se sempre que eu era respondona e mal acostumada. Pois bem, a ausência do suco tornaria o almoço um inferno e a minha conduta seria posta em cheque. 

 

- Sim senhora.

 

 - Pegue a leiteira que tá lá no portão – esbravejou, enquanto eu sem hesitar procurava uma vasilha, odiava que mexessem nos armários da cozinha, para ela, quebrar um copo era motivo de guerra. E eu era recordista em quebrar louças, portanto, parei de vasculhar no mesmo instante e rumei em direção à varanda. – Seu Akimichi deve está doente pra não ter passado hoje... – foi a última coisa que a ouvi comentar,  e pelo resto do dia  ela indagaria aquilo, como costumava fazer quando algo mudava na rotina.

   Akimichi Chouji morava no sitio e tinha algumas vacas, toda manhã ele ia pra Konoha de moto, levando na garupa um latão cheio de leite, de forma que, quem queria comprar, deixava a leiteira em frente a casa – na janela ou pendurada no portão –, e então ele buzinava, enchia o pote e recebia o pagamento.

  Peguei a bendita leiteira laranja e segui para cumprir a missão me passada. A casa do prefeito ficava no final da rua, isolada dentro de um terreno cercado por muros baixos e altos coqueiros. Ao todo, possuía três portões, estes quais ficavam sempre abertos. Era uma casa muito grande e bonita, a de maior destaque na cidade, também a mais frequentada.  Todo mundo entrava e saia dali a hora que bem entendia, fosse para limpar os inúmeros pés de acerola e goiaba ou para pedir coisas ao prefeito. No carnaval, por exemplo, seu Madara mandava encher a piscina e todos os eleitores iam foliar lá. Eu, claro, só olhava tudo de longe, pois minha mãe não me deixava fazer parte da algazarra, no máximo, permitia-me sair nos blocos e tomar as chuveiradas, apenas para que não chegasse a casa toda suja de ki-suco e melasse o chão dela, recém limpado.

   Passado o portão, o trajeto até as árvores era o mais complicado, pois se tornava necessário contornar a casa, uma vez que, as acerolas ficavam na parte de trás do terreno, logo após a piscina seca.

  Embora aquele fosse um hábito comum dos moradores de Konoha, temi ser vista. Pior ainda foi o medo de encontrar Sasuke por ali, ele morava na fazenda com a mãe, o pai e o irmão, mas frequentava bastante a casa do avô. Apressei-me, então, tentando ao máximo agilizar o processo e evitando qualquer encontro embaraçoso. Deixei a vasilha no chão e foi só naquele momento que me lembrei: estava usando vestido. Por sorte, pés de acerola são pequenos e não do tipo que você precisa subir para colher as frutas, mas ventava bastante, e foi exatamente o tecido pouco resistente que chamou a atenção da minha consciência. Tornou-se uma grande luta tentar, simultaneamente, manter o vestido no lugar e erguer as mãos para alcançar alguma coisa; portanto, logo fiquei irritada, porque além de não conseguir evitar que o tecido subisse ora ou outra, vergonhosamente expondo minhas coxas e até parte da calcinha rosa, não tinha tantas acerolas como relatara minha avó, na verdade, até então não conseguira pegar nenhuma verdadeiramente madura.

 - Roubando goiabas – ouvi murmurarem atrás de mim, o que me fez pular e deixar escapar um grito assustado. Não precisei virar para saber que Sasuke me pegara no flagra. A voz dele sempre foi inconfundível.

  Tudo parecia está conspirando contra mim, ou a favor, não tive certeza. Havia um lado bom e outro ruim por ele aparecer ali, justamente quando eu pagava de gatuna.  

- Acerolas. – respondi, ao me virar, como se furtar acerolas fosse menos que furtar goiabas. E o vento ainda me traia, o que não passou despercebido pelos olhos de Sasuke, que na verdade eram bastante atrevidos e curiosos. Forcei as duas mãos sobre o tecido fino, ele entendeu o recado e ficando levemente constrangido, fitou-me, finalmente olhando-me nos olhos e não em outra parte. – Minha avó disse que tinha bastante e me pediu para vir pegar algumas... – ele me observava com um sorriso torcido, desconfortando-me por completo e quase me fazendo gaguejar, no entanto, respirei fundo antes de continuar, e escapei de demonstrar quão sem graça estava – Para fazer um suco. 

 Ele abriu o sorriso; em seguida, inclinando-se para pegar a leiteira no chão.

- Eu tirei todas ontem, estavam quase apodrecendo. Vou encher para você – ergueu a vasilha no ar, mostrando-me e querendo dizer algo que só entendi quando  me deu as costas e rumou em direção a casa. Corri atrás dele, ainda que tardiamente.

- Seu avô não está?

- Não. – simplesmente não, aquilo me deixou nervosa.

- Então... você está sozinho? – emendei, apenas para iniciar uma conversa, imediatamente me dando conta da minha burrice ao perguntar aquilo. Que me interessava ele está sozinho? Eu não quis ser mal compreendida – Digo... Não que...

- Eu entendi. – riu novamente, dando fim ao breve diálogo. Tornou a falar apenas quando alcançamos a porta da cozinha e eu fiquei ali parada, como uma estátua, com as mãos cruzadas atrás do corpo e me balançando para um lado e outro, enquanto ele adentrava o lugar – Você não vai entrar?

- Posso esperar aqui. – ficar sozinha com um garoto numa casa vazia era suicídio. Ainda mais, quando a qualquer momento, alguém poderia aparecer e espalhar por Konoha inteira que a filha de Mebuki estava com o neto do prefeito na casa dele. As conclusões seriam obvias, aliás, em konoha, de tudo se concluía apenas uma coisa: a pouca vergonha das moças. Seria terrivelmente difamada pelo simples fato de colocar meus pezinhos naquela cozinha, então, preferi esperar na porta, sem contar que, vez ou outra, pelo canto dos olhos, Sasuke ainda dava uma olhada nas minhas pernas. Embora fosse educado e bastante contido, ele tinha quase 18, não me esquecia disso nunca.

- Você não foi para aula hoje? – perguntou. A obviedade da pergunta quase me fez revirar os olhos. Se fosse outra pessoa, eu, com certeza, responderia com ironia. Mas bem, tratava-se do Uchiha, não o direcionaria meu desdém, e a verdade é que já estava bastante nervosa, pelo simples fato de ficar diante dele novamente.

- Não, não fui. Eles realmente pensam que fiquei doente.

- Hm – respondeu apenas, colocando as acerolas dentro do pote e nos devolvendo ao silêncio. Ele demorou mais do que o necessário fazendo aquilo, literalmente escolhendo a dedo as pequenas e avermelhadas frutinhas. Depois de muito tempo de espera e constrangimento, finalmente me entregou a leiteira, o que piorou tudo, pois ficamos nos olhando, como dois paspalhos. Sasuke mexeu no cabelo e moveu os lábios para me dizer algo; esperei ansiosamente cada palavra que viesse a proferir, qualquer que fosse, mas nada foi dito. Então ri, e sem graça alguma, girei nos calcanhares. – Sakura? – finalmente chamou-me, virei imediatamente. Com muito custo escondi o riso de alivio e felicidade. – Você... – ele novamente deslizou a mão pelo cabelo – Você vai descer hoje? – descer significava ir para praça, ou seja, sair à noite.

- Não sei, talvez. – ri brevemente, contente por não gaguejar e, principalmente, pelo evidente interesse dele. – Você vai? – consegui emendar, dessa vez com uma boa pergunta.

- Não... – arregalou os olhos, como se arrependido ou confuso; ri outra vez, acho que gostando de vê-lo embaraçado. – Quer dizer, vou pra fazenda agora. Mas se você for descer, eu posso voltar à noite. – novamente se desconcertou, balançando a cabeça e fervorosamente bagunçando o cabelo. Estava pior que eu, ele conseguia ser muito mais tímido, pelo menos quando não estava beijando, porque nesse caso era bastante descarado e incisivo.

- Então eu vou – disse sem pensar, porque evidentemente minha mãe não me deixaria sair, não depois da noite passada. No entanto, fiquei tão afoita e feliz que mal pude raciocinar e estudar as possibilidades. Só queria ficar com Sasuke outra vez, e com certeza era isso que ele estava deixando subtendido, ou pelo menos tentando.

- Tá bom – respondeu; balancei a cabeça, consentindo e me despedindo. Sai rapidamente, envergonhada, ainda que satisfeita.

  Vovó desconfiou do fato de as acerolas estarem congeladas, diante disso, contei a verdade. Falei sobre o neto do prefeito ter colhido todas, mas me cedido algumas, falei exatamente assim, neto do prefeito, para não levantar suspeitas. O ocorrido a fez repetir o dia inteiro sobre como Sasuke era um bom rapaz, um exímio trabalhador que cuidava dos animais da fazenda do avô, ressaltou também o fato de ele sempre passar com a D20 cheia de ração pros bichos e sobre a excelente educação que recebera da mãe, exaltou que ele pedia licença quando passava entre ela e as amigas na calçada. Enfim, para ela e todas as avós do município, o neto do prefeito era o arquétipo de jovem perfeito, mas claro que isso mudaria em questões de segundo se eu revelasse quão exigente era a língua dele, e quão atrevidos eram seus olhos.

 Bem, agora o que vale dizer é o óbvio, mamãe não me deixou sair à noite. Implorei, esperneei, menti que precisava imprimir um trabalho no cyber, mas para tudo ela encontrou soluções que mantinham meus pés longe da rua. Para mim foi um grande sofrimento. Deixar o garoto que eu gostava esperando nunca esteve nos meus planos, e ocorreu que quando estava quase me recuperando da imensurável dor de não poder encontrá-lo, ouvi batidas na porta. Estava no quarto, ouvindo a música que intitulara minha e de Sasuke, enquanto escrevia inúmeras coisas no meu diário, as folhas já eram cheias de  corações contendo o meu nome e o dele. Antes de o meu pai finalmente abrir a porta, rapidamente fechei o diário com o cadeado em formato de coração.

- Tem uma menina no portão querendo falar com você – disse, dando pouca atenção, e antes que eu pudesse responder qualquer coisa, deixou-me. Provavelmente estava assistindo o jornal, não gostava de perder nenhuma reportagem.  

 Eu não fazia ideia de quem poderia ser, pensei em Hinata, mas caso fosse ela, papai a anunciaria pelo nome. Descobri que era Karin a me chamar, antes menos de chegar a varanda, o cabelo vermelho era inconfundível. Assustei-me com a presença dela, nunca fomos grandes amigas, o que, por si, não explicava o fato de ela estar ali. Porém, Karin era amiga de Sasuke, muito amiga, aliás. Em verdade, ela era amiga de muitos garotos, o que a rendia o desprazer de estar sempre na língua do povo e com o nome circulando pelas calçadas, não que ela aparentasse se importar com isso, era do tipo que não estava nem aí para nada, até jogava futebol com os meninos, também não fazia questão de esconder que namorava Suigetsu.

 - Oi – murmurei acompanhando um singelo sorriso, parando em frente às grades, enquanto ela me fitava do lado de fora. Mamãe repudiava tanto a conduta de Karin, que sequer havia me dado a chave para abrir o portão para a menina.

- Oi. Então... – sussurrou de volta, num tom mais baixo que o meu, estava visivelmente inquieta e não parava de olhar para dentro da casa, provavelmente se certificando que ninguém nos ouvia – Você não desceu e... É... – trouxe o rosto para mais perto, falava tão baixo que nem mesmo eu a estava ouvindo direito – Sasuke mandou dizer que está te esperando na pracinha de cima, no mesmo lugar de ontem.

- Ele mandou dizer isso? – afobei-me. Sim, deveria ser verdade, até porque eles eram muito amigos, e Sasuke não mandaria recado por um dos meninos. Mas foi exatamente isso, o recado, que me deixou boba e levemente burra, a ponto de fazer aquela pergunta idiota.

- Sim, mandou. E estava te esperando lá em baixo até agora, então é pra você subir logo, porque ele veio na moto do irmão, não pode demorar muito, é perigoso voltar tarde. – entendia que era perigoso, no último mês haviam roubado duas motos nas estradas da região, e isso só me deixou pior, porque eu sabia que não poderia ir, ainda assim, pedi para que Karin esperasse e prometi que tentaria sair.

  Voltei para sala, disposta a conseguir o aval e maquinando muitas mentiras. Ninguém me olhou, eles prestavam atenção na TV.

- Essa menina não veio trazer recado de machinho não né? – Mamãe logo perguntou, eu detestava quando ela usava aquela palavra “machinho”, até preferia pilantra ou malandro. “Machinho” provocava uma agonia estranha nos meus ouvidos, como um gatilho para a repulsa. – Essa menina parece que não tem mãe, vive solta na rua. – aquilo me deixou constrangida. Virei para trás, pela porta tentei verificar se Karin ouvira alguma coisa, pareceu que não, pois ela estava de costas, batendo os dedos contra as grades.

Não, mãe. É que Hinata também não vai poder descer para imprimir o trabalho – continuei na tecla do trabalho, coisas relacionadas ao estudo tendiam a funcionar. – E temos que entregar amanhã.

- Então imprimi amanhã, nos computadores da escola.

- Mas é pra primeira aula...

- Não. – cortou-me, parecia até ver a mentira nos meus olhos. – Eu já disse que você não vai sair. Não me faça repetir.

- Deixa a menina ir – papai tentou, mas não tinha voz ativa, a última palavra da casa, nem de longe, era dele.

- Deixa ir coisa nenhuma. Não tem precisão de ir pra rua, ela pode muito bem fazer isso na escola.

- Mas...

- Chega de mas. Não pense que nasci ontem. E dispense logo essa arruaceira do meu portão, se não eu mesma a coloco pra correr. – foi alto, e Karin certamente ouviu, porque bastou eu me virar e a fitar para ela menear a cabeça e ir embora.

  Nada mais poderia ser feito. Com a cara fechada, voltei para o quarto, onde chorei tudo que tinha para chorar. Apenas duas coisas passavam pela minha cabeça: eu tinha uma mãe linha dura, claro que, tudo que ela fazia era para o meu próprio bem, mas naquele momento só pensava que a detestava. Segundo, mas nem um pouco menos importante, meu romance com Sasuke não vingaria, porque obviamente ele iria preferir uma garota que, pelo menos, podia sair na rua e o encontrar sempre que possível. Como Ino, por exemplo, que não saia do pé dele e não ficava uma noite longe da pracinha.

 Por que ele a recusaria e se arriscaria a tentar algo comigo, que mal dava o ar da graça e vivia mais em Suna que em Konoha? A resposta que encontrava: ele não vai se arriscar, não quando tem tantas opções. Porque a verdade cruel é que eu não era a única apaixonada pelo neto do prefeito, todas as adolescentes e jovens da cidade o queriam.

 Todos esses anseios me afligiam e atormentariam meus pobres pensamentos pelo resto da noite, contudo, lá pelas dez, recebi um sms. O número eu não conhecia, mas a mensagem dizia o seguinte “Estamos namorando ou apenas ficando?”.

 Meu coração entrou em desespero; meus neurônios, em colapso. Pulei feito uma desesperada, pelo chão e também em cima da cama, parando somente quando vieram averiguar se eu, em demonstração de rebeldia, estava destruindo o quarto.

 Apenas passada a euforia e tremedeira foi que raciocinei. Supus que havia sido Sasuke a mandar aquilo, no entanto, ele não tinha meu número, e mais importante que tudo, nosso único e afobado encontro tinha sido o suficiente para fazê-lo, mesmo em entrelinhas, pedir-me em namoro?

 Pensei em responder um “Quem é?”, mas caso realmente fosse ele, eu passaria uma impressão completamente errada, Sasuke haveria de pensar que eu beijava todo mundo por aí, ao ponto de a mensagem poder ser de qualquer um. Mesmo assim, se fosse um engano, logo descobriria e acalmaria minhas expectativas de um provável namoro com o garoto por quem era tão apaixonada.

  Por fim, resolvi-me por ligar, daria um toque e esperaria dizerem algo do outro lado. Se fosse Sasuke, reconheceria a voz imediatamente. Pois bem, enfiei-me embaixo de todos os cobertores, para não correr o risco de alguém me ouvir ao telefone, e então fiz o que tinha que fazer. Cada toque foi um derrame sofrido, até que, no terceiro, atenderam, mas isso não serviu de muita coisa, pois só veio silêncio do outro lado, e somente depois de alguns longos e tenebrosos instantes, ouvi:

- Sakura? – o tom foi ameno, mas sim, era ele! 

 Todavia, de tão estupefata, fiquei muda. No desespero e vergonha, desliguei o telefone. Sentindo toda a felicidade do mundo, ainda embaixo das cobertas, apertei os olhos e ri até as bochechas doerem. Ter a certeza de que era ele foi uma das melhores sensações, e por deus, poderia jurar que estava sonhando e vendo um pedacinho do céu, belisquei-me, aliás.     

Acalmando-me e respirando pausadamente, respondi por mensagem “Estamos namorando”. Eu era boba, mas não tanto, não daria a brecha de dizer que não, ou de mostrar dúvida com um “Não sei...” ou “Talvez”. Porque, toda a precipitação, mostrou-me que Sasuke gostava de mim, tanto quanto eu gostava dele.

E, principalmente, o pedido que demonstrava intenções sérias, confirmava o que vovó sempre dizia sobre o neto do prefeito ser um rapaz correto e não um pilantra como os demais de Konoha. Ou então, ele era o pior dos malandros, chegando ao ponto de tentar me iludir com namoros escondidos, para posteriormente conseguir o que bem desejava, essa possibilidade passou pela minha cabeça ao me lembrar dos olhares dele para o meu vestido que o vento tentava levantar, mas rapidamente se desfez, pois preferi pensar no quão desconcertado ele ficava perto de mim, portanto, apeguei-me a primeira opção. Aliás, Sasuke era do sítio, e diziam que os garotos do sítio eram bocós, não que isso me fizesse gostar menos dele, e certamente ele não era um completo bom moço. Não, com aquela boca faminta e sorriso safado, com certeza não era bobo.

"Certo" enviou-me, depois de certo tempo. E logo em seguida "Então você é minha namorada". 

Com os maiores dos sorrisos, fiquei lendo e relendo aquela mensagem por horas e horas, e embora digitasse muitas coisas, não cheguei a encontrar nenhuma resposta suficientemente boa.


Notas Finais


Foi um pedido bem entrelinhas mesmo, e pior, por mensagem. Mas Sasuke é tímido, não teria coragem de pedir pessoalmente.
Então foi isso, espero que tenham gostado!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...