- Pronto, e agora o que a gente faz? - Perguntou Alicia nervosa sentando ao lado de Paulo na cantina do colégio.
- Nesse momento, a gente tem que arranjar uma prova de que você está mesmo grávida. - Respondeu simples mordendo seu sanduíche calmamente.
- E por que você está tão calmo assim criatura? - Perguntou tentando controlar a respiração.
- Porque minha querida Gusman eu tenho tudo sobre controle. Um teste de gravidez é fácil de arranjar, o problema é a assinatura e o carimbo da médica. - Disse a encarando com um sorriso no rosto, ela tentava encontrar um sentido no que ele tinha acabado de falar, até que entendeu tudo balançando a cabeça negativamente.
- Não, não, não, não e não. - Falou nervosa se levantando e caminhando em direção a sala, ele terminou seu lanche e correu para alcança-lá.
- Pensa bem Aly, é o único jeito. Além do mais ela nem precisa saber.
- É claro que ela nem vai saber, se não correria o risco dela ser presa seu idiota. - Explodiu chamando a atenção de alguns alunos que passavam perto deles no momento. - Isso é loucura, eu não vou colocar a minha tia no meio dessa história, tá ouvindo? - Falou mais baixo enquanto o Guerra bufava impaciente.
- Por favor né Alicia, a gente não vai roubar um banco nem sequestrar o governador, nós só vamos falsificar uma assinatura e pegar um carimbo emprestado por cinco segundos. Isso não é nada comparado a matar alguém. - Disse seguro de que tinha convencido a amiga, mas foi surpreendido pela gargalhada da morena.
- Eu ainda me impressiono com as coisas que saem da sua boca. Olha Paulo me dá um tempo, eu vou tentar pensar em outra coisa. - Falou lhe dando as costas e entrando na sala.
- Pensa com carinho. - Gritou quando ela já havia sumido de vista.
Marcelina se aproximou e o abraçou de lado sendo retribuída. Depois de alguns segundos em silêncio ela falou séria:
- Shippo muito vocês dois.
- Vai a merda Marcelina. - Disse impaciente se soltando e entrando na sala seguido da irmã que ria da sua reação.
A manhã passou devagar para a Gusman, ela estava tão irritada com Paulo que ignorou todas as formas que ele utilizou para chamar a sua atenção, desde bolinhas de papel a aviãozinhos que constantemente acertavam seu cabelo. Assim que a professora deu por encerrado a pequena reunião que combinaram para tratar dos últimos detalhes relacionados a formatura, ela suspirou aliviada, deu um abraço em Marcelina e saiu correndo do colégio a fim de não encontrar o amigo, agora estava em seu quarto encarando o teto tentando em vão pensar em outra forma de comprovar essa suposta gravidez.
- Que merda Paulo, por que você foi ter essa ideia imbecil?! - Perguntou em voz alta escutando a porta abrir devagar.
- Filha, a gente pode conversar rapidinho? - Indagou sua mãe entrando e sentando ao seu lado. Alicia já conhecia aquele tom de voz, e tinha certeza de que não iria gostar do que estava para escutar. - Eu e seu pai pensamos em uma proposta para lhe oferecer. Depois que você voltar desse retiro queremos que você entre em uma faculdade.
- Tá, até aí não é nenhuma novidade, mas sempre tem um porém. - Falou revirando os olhos escutando sua mãe suspirar baixinho, ela detestava quando a filha fazia isso.
- O porém é que se você não aceitar nós vamos te enviar para passar o tempo que for necessário com a sua avó. - Disse com um sorriso vendo a cara de indignação dela.
- Vocês são loucos. Eu não vou, de jeito nenhum. - Falou se levantando rapidamente e encarando a mãe que tinha um sorriso vitorioso no rosto.
- Então faça uma faculdade. - Comentou simples chegando onde queria. A Gusman sustentou o olhar de sua mãe e deu de ombros vencida.
- Pois eu faço. - Começou vendo o sorriso dela se iluminar. - Eu vou fazer Artes plásticas. - Terminou sentando-se novamente.
- Artes Alicia? Artes? De jeito nenhum. Tanta coisa para você fazer no mundo e escolhe logo isso. Não quer fazer música logo não?! - Perguntou irônica acabando com a pouca paciência que a morena tentava conservar.
- Quer saber eu não vou nem lhe responder, sei que não vai dar em nada mesmo. - Falou com uma calma forçada, sua mãe fechou a cara e levantou rapidamente se dirigindo a porta.
- Escute bem minha filha, espero que você pense muito bem em qual vai ser a sua decisão, ou então tenho certeza de que você vai se divertir muito com a sua avó. - Falou tentando soar ameaçadora para a Gusman que só conseguiu gargalhar.
- Nossa mãe você não combina nem um pouco com o papel de vilã de novela mexicana. - Disse ainda rindo arrancando um sorriso dela que saia do quarto devagar. - Olha, eu tenho certeza de que eu seria uma ótima artista. - Falou fechando a porta rapidamente escutando ela bufar do outro lado. Assim que escutou os passos se afastarem ligou para o amigo impaciente. No terceiro toque ele atendeu sorrindo.
- Sabia que você ia acabar aceitando. - Constatou vitorioso.
- Pois saiba que eu praticamente não tenho escolha. - Disse começando a contar sobre a proposta que havia acabado de receber.
- Mas o que você vai fazer? - Perguntou preocupado, sabia o quanto Alicia detestava a avó.
- Com certeza vou fazer de tudo para ficar longe da vovó. - Respondeu suspirando. - Mas ainda tenho 4 semanas para pensar em algo, agora devemos fazer logo esse cadastro porque é até amanhã.
- Como eu sabia que você toparia a minha ideia de gênio.
- Iludido - Cortou Alicia fingindo uma pequena toce.
- Voltando, eu já consegui o exame falso só falta a assinatura da sua querida tia.
- A assinatura é o mais fácil, já o carimbo. Quer saber me encontra em frente ao consultório dela daqui a meia hora, eu tive uma ideia. - Falou com um sorriso ouvindo ele rir.
- Então quer dizer que a senhorita Gusman finalmente pensou em algo? - A provocou escutando uma risada irônica dela.
- Toda esta beleza é acompanhada de um grande cérebro. Sinta-se avisado. - Disse arrancando uma gargalhada dele.
Na casa dos Guerra, Paulo se arrumou rapidamente e avisou Marcelina que iria sair, não sem antes prometer que contaria tudo quando voltasse. Por sorte o trânsito estava calmo aquela hora e ele chegou rapidamente ao consultório da tia de Alicia, a morena já o esperava impaciente na calçada.
- Da pra ver seu nervosismo daqui. - Comentou se aproximando.
- E você quer que eu esteja como? Eu não sei se eu consigo fazer isso. - Começou a dar para trás receosa, ele segurou sua mão a fazendo lhe encarar e abriu um sorriso compreensivo.
- Se você não quiser mais tudo bem, eu não vou te forçar a nada. - Prometeu enquanto ela analisava todas as possibilidades e respirava fundo tentando controlar o nervosismo.
- Quer saber, foda-se, vamos fazer isso. - Falou convicta o puxando em direção a porta de entrada, antes de abrirem ele a olhou com um sorriso brincalhão.
- Pronta para ficar grávida?
- Por que não? Não tenho nenhum plano melhor para hoje mesmo. - Respondeu sorrindo junto com ele antes de entrarem na pequena clínica.
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