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História Pit-a-Pat - Capítulo XXVI


Escrita por: Bibelo

Notas do Autor


Boa noite meus lindos <3

É, eu sei. Demorei demais para postar e sinto muito por isso, mas vou confessar algo para vocês esse ano começou uma merda. Não foi preguiça ou falta de vontade, foi psicológico mesmo. As coisas tem estado meio ruins na familia desde que o ano começou, então não tem sido muito fácil eu arrumar cabeça para escrever, isso pq tenho o roteiro até o capítulo 30, mas enfim.

Consegui ontem e hoje terminar de escrever o que eu já tinha começado. Vou passar a madrugada respondendo vocês, claro, mas quero que saibam que eu NUNCA vou abandonar PaP. Sei que vocês morrem de medo disso e quero que entendam que é um medo bobo, nao via acontecer. Eu demoro, mas volto.

Só quero compreensão de vocês caso eu demore a entrar nos eixos novamente. Espero que possam ficar comigo o resto do ano com minhas publicações não tão frequentes.

Enfim, quero agradecer demais por todos os comentários favoritos e o carinho de vocês. Amo vocês demais <3 Sério mesmo! Cada comentário de vocês é uma faísca de felicidade pra mim.

obrigada por tudo!

enfim, sem mais delongas urehurehu

Boa Leitura~

Capítulo 26 - Capítulo XXVI


Fanfic / Fanfiction Pit-a-Pat - Capítulo XXVI

Nico

Capítulo XXVI

:: 49º dia na Itália — Semana 7 ::

[...]

Nico sentou-se melhor na cama analisando todos os prós e contras sobre sua decisão. De certa forma ir embora seria a melhor solução para ele e para Will, tanto para prevenir futuros ataques quanto encerrar o relacionamento conturbado dos dois.

Ele estaria mentindo se dissesse que não se importaria em ir embora, pois deixar Will para trás já estava começando a ficar cada vez mais complicado à medida que os dias passavam. Ele queria poder ficar, de verdade, mas além dos soldados do Condado estarem rondando por Ravenna Nico tinha um navio pirata para cuidar.

Respirou fundo passando a mão pelos cabelos soltos. Ele poderia voltar a qualquer momento para o Caribe, considerando que ele provavelmente teria de voltar por conta própria devido ao aumento de marinheiros na região desde que apareceram na baia dois meses atrás. Nico estava por conta própria e a única coisa que o estava segurando em Ravenna não era o machucado.

Era o Will.

O doutor era a única coisa que o impedia de pensar muito sobre voltar ao Caribe. Ele estava gostando da rotina, da vida calma que nunca teve antes, nem mesmo quando ainda era da nobreza. Calmaria nunca foi parte de sua vida em nenhum momento antes do Will.

Toda a vida dele se tornou novidade desde o momento que pisou na casa do doutor. A rotina, o trabalho, as risadas, a companhia, o conforto.

O sentimento quente em seu peito que não sentia desde Hazel e Maria. Nico estava se sentindo bem, pela primeira vez em anos ele se sentia ótimo, mas claro que era impossível as coisas continuarem simples desse jeito.

Claro que ele tinha que se apaixonar pelo Will. Ele podia não ser o homem mais religioso que Nico já conheceu, mas a parte cômica disso é exatamente o fato de ele se privar das coisas só por ter sido ensinado que aquilo de certa forma é errado, mas nunca contestou ou foi atrás para ver se realmente eram fatos ou mentiras.

Ele acreditava, e isso o estava corroendo por dentro.

Talvez o fato de estar lidando com a prova viva de que pessoas se apaixonam, mesmo não sendo um homem e uma mulher, estivesse dando a Will mais perguntas do que respostas. Nico não saberia dizer até onde o medo do Will ia, se realmente parava no fato de irem para a forca ou o famigerado medo de ir para o inferno.

Nico suspirou tapando o rosto com as mãos. Estava divagando mais do que deveria. Ouviu a porta ser aberta e não precisou sequer olhar para sentir Will o encarando do batente.

— Tudo bem? — Will perguntou curioso aproximando-se do pirata. Nico somente aquiesceu retirando as mãos de seu rosto.

Observou Will suavizando o olhar. Sorriu tristonho batendo com a palma da mão no espaço da cama ao seu lado. Will franziu o cenho, mas sentou-se onde Nico pediu.

— O que foi?

— Quanto tempo ainda acha que tenho de esperar até poder fazer uma viagem de navio novamente? — indagou direto mantendo contato com seus olhos azuis.

Will arregalou os olhos em choque. Abriu a boca duas vezes antes de realmente responder:

— S-Se cuidar bem, dessa vez sem se esforçar, provavelmente uma semana. — respondeu honestamente abaixando o olhar.

Nico queria muito saber o que se passava em sua mente.

— Pretende ir embora? — Will perguntou deixando Nico desconfortável em ter de responder de fato.

— É o melhor para nós dois. — admitiu respirando fundo. Quanto antes se separassem mais fácil seria no final para esquecerem um do outro, ainda que Nico não estivesse tão certo de que poderia realmente esquecê-lo tão logo.

— Muito cedo para viajar até o Caribe. ― advertiu o doutor, o tom de voz baixo e desgastado. Nico negou:

― Holanda. ― corrigiu apoiando o queixo nos joelhos dobrados frente a seu peito. Fechou os olhos por breves instantes antes de continuar: ― Passar um tempo com a Hazel.

― Oh... ― Will exclamou, um som forçado e nem um pouco surpreso. Virou o rosto para o lado antes de se levantar abruptamente. Nico ficou tenso: ― Vou te trazer algo para comer. ― E assim ele saiu sem nem mesmo dizer nada.

Nico escondeu o rosto no joelho repuxando a coberta entre seus dedos calejados. Mordeu o lábio aquietando sua mente que gritava em sua cabeça:

― O que eu estava esperando? ― sussurrou para si mesmo, incrédulo e cansado: ― Ele não me pediria para ficar depois de tudo. ― concluiu respirando fundo. Abaixou os joelhos fitando suas mãos sem muito interesse.

Desenhou com os dedos formas desconexas nas dobras da coberta com a frustração estampada em seu rosto. Subiu os dedos lentamente pressionando-os sobre o ferimento em seu abdômen, febril e incômodo. Mais uma lembrança amarga para sua coleção.

Suspirou pesado desabotoando a camisa até conseguir retirar a corrente com o anel de caveira e a chave. Arrancou do pescoço em um puxão simples segurando os dois contra os dedos como se segurasse todo seu mundo entre seus dedos.

E de certa forma era exatamente isso.

Ele tinha duas escolhas. Dois caminhos para trilhar dali em diante. Um deles representando o anel dos Di Angelo e trazendo a tona tudo pelo que ele vivia fugindo e fingindo esquecer no fundo de sua mente; a opção de lutar pelo que era seu por direito e enfrentar um problema de cinco anos de repercussão. E a chave da Hazel. Delicada e singela, com tantos significados quanto o próprio anel em si.

Trazia conforto para Nico, diferente da caveira que o julgava incessantemente. Ele poderia fugir até Hazel, fugir novamente de todos os seus problemas e deixar a maré o levar até onde precisava estar. Não tinha o porquê de tentar ficar e lutar, ficar e morrer pelas mãos das pessoas que ele considerava família.

Crispou os lábios fechando a mão com força sentindo a ponta da chave pressionando contra sua pele. Levou a mão à boca e fechou os olhos como uma espécie de prece. Não sabia o que fazer e não tinha como ter ajuda aquela altura. A situação já estava fora de controle, não tinha como sair bancando o herói e salvar as pessoas do Ducado.

Ele não é um herói. Nunca foi e nunca será. É um antagonista, um pirata incorrigível e não confiável. Um vigarista assassino.

Um apaixonado incorrigível.

Soltou o colar do aperto deixando-o cair em seu colo sobre a coberta. Cobriu o rosto com as mãos ao sentir o peito retrair-se em uma dor silenciosa. Ele não queria ir embora.

Por tudo que era mais sagrado ele queria ficar.

Entretanto, não podia se ele fosse acabar destruindo tudo o que Will era e acreditava. Não queria isso, não queria que ele trocasse suas crenças por Nico. Nunca! Ele tinha de ir embora antes que as coisas complicassem e os soldados do Condado o achassem, porque depois disso não teria mais escapatória fácil.

Dali em diante seria planejar sua ida. O dinheiro já tinha, agora precisava da parte mais difícil de uma viagem.

A despedida.

Will voltou um tempo depois com a janta. Desta vez ele resolveu comer sozinho na cozinha deixando Nico quieto no quarto com seu prato intocado. Não estava com fome nem disposição o bastante para colocar a comida para dentro, então somente ficou deitado encarando o teto.

A noite foi turbulenta pela falta de sono com sua mente trabalhando a mil por hora, mas assim que os primeiros raios de sol invadiram seu quarto levantou-se e se retirou da cama na marra. A febre já havia passado, mas a fraqueza ainda estava presente em seu corpo. Lavou o rosto com a água da bacia, fez suas necessidades e saiu silenciosamente do quarto. 

Desceu as escadas vagarosamente e com cautela para não cair. Suas pernas não tinham tanta firmeza quanto deveriam. Entrou na cozinha e pegou a primeira caneca que viu para esquentar água para café. Colocou no fogo e sentou-se a mesa esperando. Ela ainda estava posta com a comida do jantar e com o prato de Will quase intocado no canto extremo dela.

Nico encarou o prato um tempo antes de desviar o olhar para outra coisa. Quais as chances dele estar sentindo as mesmas coisas que Nico?

Levando em conta a forma como ele reagiu Nico chutaria quase como nulas, mas talvez sentisse sua falta como um amigo pelo breve tempo que ficaram juntos.  

Ficou ali sentado esperando a agua ferver. A noite mal dormida o estava matando, mas se fosse realmente ir embora seria no máximo ate o dia seguinte e precisava se preparar, e isso incluía no mínimo o básico de nutrientes para suportar uma viagem de quase duas semanas no mar.

Terminou o café em pouco tempo. Tomou devagar esperando a cafeína funcionar em seu organismo e o despertar para mais um dia turbulento.

― Nico?

O pirata levantou o olhar relutante. Will estava parado na porta o encarando de volta. Tinha um semblante difícil de decifrar, muito diferente do habitual. Possuía os olhos caídos e cansados de uma noite em claro, além de ainda estar com as roupas do dia anterior.

― Solace. ― repetiu o cumprimento voltando a beber do café. Will se sentou de frente pra ele se servindo.

― Quando você parte? ― perguntou o doutor segurando a xicara entre ambas as mãos atrás do calor dela. Não o encarou em nenhum momento para receber a resposta.

― Se possível já quero ir amanhã. ― admitiu engolindo o bolo que se formava em sua garganta: ― Quanto antes for embora melhor.

Will meneou a cabeça, mas nada disse além disso. O silêncio pela primeira vez pra Nico se tornava insuportável ao ponto de querer fugir daquele cômodo o mais rápido possível. Tinha medo de fazer a pergunta que martelava em sua mente e receber uma resposta nem um pouco agradável.

― Nico. ― Will o chamou outra vez, a voz calma fez o pirata o encarar de verdade. Ele parecia bem mais cansado do que reparara quando entrou. Franziu o cenho para ele: ― Pode me dizer por quê?

Ele demorou um pouco para compreender o que ele queria, mas assim que o fez respirou fundo apoiando os braços na mesa:

― Tenho que fugir de algumas pessoas Solace. Se me acharem será ruim para mim e principalmente para você. ― respondeu sério: ― Além disso, as coisas estão ficando tensas na casa, já dei trabalho demais por esses dias. Está na hora de seguir em frente.

O doutor abaixou o olhar: ― Então... Você não tem escolha?

Nico negou vagarosamente. Ele tinha sim, mas a escolha de ficar seria a de lutar contra seu passado, um passado que ele precisava esquecer e fugir pra longe. A bola de neve estava grande demais.

― É a escolha mais logica. Acredite. ― reafirmou Nico dando um sorriso fraco para Will. O doutor repetiu o gesto rapidamente, mas depois voltou à expressão séria.

― Precisa de ajuda com as coisas? ― continuou ele. Nico confirmou:

― Tenho mais coisas pra levar do que eu tinha quando cheguei. Vou precisar de uma mala. ― respondeu gesticulando com as mãos: ―Tem alguma que eu possa usar e que você não queira de volta?

Will arqueou a sobrancelha, mas somente soltou uma risada fraca:

― Tenho uma no quarto debaixo da escada, mas vai ter que procurar ela no meio das tralhas. ― falou mais descontraído: ― Depois te ajudo a organizar, mas estou terminando um estudo no escritório agora.

― Oh! ― Nico exclamou. Aquilo explicava as olheiras: ― Passou a noite em claro?

Will crispou os lábios se levantando:

― Vou pegar a chave do quarto. ― comentou se levantando da cadeira. Nico o observou caminhar até um dos armários e abrir uma gaveta. Deu uma mexida dentro até retirar uma chave solta: ― Vamos?

Nico o seguiu. Ainda estava um pouco fraco, mas conseguiu andar sem cambalear. Claro que isso não impediu o olhar analítico de Will de perceber e colocar a mão em sua lombar como apoio. Retesou-se com o toque, mas deixou que o fizesse.

Will destrancou a porta que abriu ruidosamente. Uma lufada de ar quente e o cheiro de mofo estapeou seu rosto o fazendo tampar o nariz. Will torceu a boca em desagrado:

― Faz muito tempo que não entro aqui. ― admitiu: ― Chuto anos.

― Deu para perceber. ― respondeu Nico entrando no cômodo.

Todas as coisas dentro dele ou estavam empilhadas de uma forma que Nico não conseguia entender como não haviam caído, ou cobertas com panos uma vez brancos. Alguns deles gastos e roídos pelas traças.

Observou o lugar com cautela tendo sua atenção voltada para o móvel no fundo. Ele conhecia aquele formato.

― Você tem um piano? ― perguntou Nico olhando para Will que o seguia logo atrás. Ele confirmou:

― Sim, mas nunca me interessei em aprender. ― assumiu dando de ombros: ― Kayla adorava tocar. Ficava o dia todo se deixasse.

Nico soltou uma risada:

― Eu sabia tocar quando mais novo. Era uma de minhas obrigações. ― lembrou-se passando a mão pelo tecido: ― Sabia tocar um pouco de cada instrumento, mas meu foco mesmo sempre foram os estudos. Nunca tive um hobbie como música.

― Então somos dois. ― respondeu Will sorrindo. Nico sorriu de volta. O clima entre os dois estava melhorando um pouco.

― Por que não coloca na sala? ― sugeriu Nico cruzando os braços: ― Sabe, estética.

― Gosto de espaço. ― disse suavemente como se lembrasse de algo: ― Muitas das coisas aqui ou eram de minha mãe ou coisas que a Kayla não levou pra casa dela quando casou.

― Então é praticamente o quartinho das lembranças. ― zombou Nico recebendo um empurrão de leve no braço.

― Vou voltar pras minhas anotações. Qualquer coisa dê um grito. ― Will comentou afastando-se:

― Sim senhor! ― Nico respondeu batendo continência. O doutor rolou os olhos e saiu pela porta deixando ela aberta para ventilar.

Nico suspirou arregaçando as mangas:

― Mãos a obra.

Will

Will sentou-se a mesa segurando a cabeça entre as mãos. Ela latejava incessantemente pela noite em claro. Não tinha nenhuma pesquisa ou pacientes que precisassem de sua atenção durante a madrugada, mas qualquer desculpa seria valida para evitar contar o motivo de não ter conseguido dormir.

Ele não queria admitir, na verdade queria poder mesmo era ficar satisfeito com ele ir embora, mas não estava. Estava angustiado, triste e decepcionado. Uma grande parte dele gritava assustado com a ideia de nunca mais ver o pirata sentado no Hall lendo livros aleatórios de sua estante.

Nunca mais ser recebido com um sorriso idiota e um comentário desnecessário sobre qualquer assunto que surgisse em sua mente. Will se acostumou com ele. Acostumou-se com a presença tão forte e significante em sua vida.

Não iria explicar, não com todas as palavras que provavelmente deveria usar, mas quando Nico lhe disse que iria embora a única coisa que conseguiu fazer foi correr para fora do quarto. Só queria sair de perto dele e ocupar a mente com qualquer coisa, porque era só achar um minuto do dia em paz que começava a se sentir vazio.

Odiava esse sentimento.

Respirou fundo mordendo os lábios nervosamente. Pensaria nisso depois. Se remoeria por qualquer coisa depois que Nico fosse embora. Não tinha motivo pra fazer algo naquele instante, Nico iria embora de toda forma então para que tentar adiar?

Eles conversaram no dia anterior. Uma conversa que ele não pensou ter coragem de começar, mas ele o fez. Ele admitiu algo que talvez não teria coragem de fazer uma segunda vez em voz alta, mas que ele sabia e sentia com todas as letras. Ele não negou Nico naquele dia, ele se apavorou.

Ele gostava dos toques. Gostava da proximidade e dos sorrisos. Gostava da presença constante dele.

Will segurou a respiração em choque.

Ele gosta dele.

Sentiu o peso das batidas de seu coração contra o seu peito forte e descontrolada. Soltou o ar com a resposta que ele chegou. Ele gostava do Nico.

Ele gostava do Nico.

― Merda. ― resmungou tapando o rosto vermelho: ― O que eu fiz? Como chegou nisso?

Uma porta bateu com força o fazendo pular no lugar pelo susto. Levantou-se indo até o Hall. A porta do cômodo onde Nico estava havia batido com força. Respirou fundo aproximando-se dela. Viu a maçaneta mexer, mas a porta continuava fechada:

― Nico?

― Essa porcaria emperrou! ― ele gritou de dentro frustrado. Will riu segurando a maçaneta:

― Ela é velha, vou tentar abrir por fora. ― comentou puxando pela para fora tentando desemperrar com um solavanco, mas ouviu batidas na porta de entrada.

― Solace, nem se atreva. ― Nico o ameaçou, mas o tom era zombeteiro. Will riu:

― Fica ai, já volto. ― falou deixando o rapaz no cômodo enquanto atendia a porta.

Abriu ela com um sorriso convidativo:

― Posso aju...dar? ― Will sentiu seu sangue gelar na mesma hora em que bateu o olho na farda dos homens em sua porta.

― Bom dia doutor. ― Um dos soldados cumprimentou num gesto com as mãos. Will acenou com a cabeça, sua mente em total alerta.

― Aconteceu algo senhores? ― perguntou sem convidá-los a entrar. Os três se entreolharam brevemente:

― Poderia nos deixar entrar? Meu companheiro está reclamando de dores de cabeça já tem alguns dias. ― o soldado loiro falou, a autoridade na voz palpável.

Will franziu o cenho:

― Com certeza, por favor. ― abriu caminho para eles: ― Me diga exatamente há quanto tempo e se tem comido algo diferente nos últimos dias.

Fechou a porta se virando para os homens, mas um deles o segurou pelos braços puxando-os para trás. Sentiu dedos enroscarem-se em seus cabelos puxando sua cabeça para cima. Will arfou empalidecendo na hora. Os três o encararam com feições nada amigáveis.

― Onde ele está?

― Q-quem? ― perguntou tentando ignorar a dor irradiando por seu corpo.

― O pirata. ― o outro soldado reforçou, retirando uma arma de fogo de seu cinto.

Will arregalou os olhos em desespero.

Haviam sido descobertos!

― Não sei do que estão falando. ― defendeu-se o mais convincente que pode. O soldado loiro lhe socou no estomago fazendo Will arquear para frente sem ar. O outro ainda o segurando pelos braços.

Tossiu dolorosamente ajoelhando no chão.

― Doutor nós já sabemos. Agora ou você o entrega e se safa disso sem represálias ou será punido com ele. ― advertiu o soldado loiro, provavelmente o líder deles.

Will franziu o cenho, mas não disse nada. O homem riu:

― Vou considerar isso como colaboração, doutor. Vamos deixar se livrar dessa se ficar quieto. ― comentou ele afagando os cabelos de Will. O doutor se afastou enojado: ― Procure em todos os cômodos. Assim que o achar, mate.

O coração de Will falhou uma batida.

Matá-lo?

Soltou o ar devagar olhando horrorizado para os homens que se dirigiam até o cômodo onde Nico estava. Um desespero enorme apossou-se de seu corpo. Levantou num solavanco e em um movimento brusco derrubou um dos enfeites perto da porta quebrando dois vasos e a peça de pedra chamando a atenção dos três soldados.

Respirou fundo rezando para Nico ter ouvido o barulho. O soldado loiro rosnou:

― Leve ele pra cozinha! ― bradou o homem enquanto voltava a vasculhar o lugar.  

Sentiu-se ser puxado para o outro cômodo. Sabia o que provavelmente o esperava lá, mas sorriu consigo mesmo. Não iriam pegá-lo.

Não desprevenido.

Nico

O soldado abriu a porta com força desemperrando-a. Entrou com a arma em mãos observando o cômodo milimetricamente. Nico respirou fundo segurando a barra de ferro em mãos. Não tinha uma boa visão do soldado, mas a arma foi à primeira coisa que fez questão de notar.

Ouviu atentamente os passos do soldado contra o assoalho velho que rangia alto. Apertou os olhos tentando enxerga-lo entre os espaços dos móveis e panos mofados. Ele se virou na direção de Nico o fazendo arregalar os olhos.

Não eram marinheiros.

O emblema dourado de um bastão com asas e duas cobras enroladas nela estapeou Nico no mesmo instante. O símbolo da nobreza, o emblema do Condado que estava atrás dele.

O símbolo dos Castellan.

Rangeu os dentes raivoso. Aqueles homens não estavam ali para um trabalho honesto como marinheiros fariam. Estavam ali para eliminá-lo, e Will se envolveria nisso. Merda! Deveria ter ido embora muito antes, como foi idiota.

O homem resmungou algo saindo pela porta ruidosamente. Nico levantou-se caminhando devagar até a porta. Ouviu passos rápidos no andar de cima de um cômodo ao outro antes de descer as escadas.

― Não tem ninguém na casa. ― afirmou um deles ao chegar ao térreo.

― Então ele saiu. ― concluiu o outro soltando uma risada irônica: ― Pior para o doutor.

Nico ficou tenso apertando a barra entre suas mãos com força. Will havia sido tolo de se envolver daquela forma. Claro, ele o alertou dos homens na casa, mas ele não se livraria daquela facilmente.

Inclinou-se para fora vendo um dos soldados na entrada da cozinha de costas para o Hall. Os outros dois provavelmente estavam dentro com Will. Andou sorrateiramente por detrás do homem começando a pegar um pouco da conversa.

― Onde ele está?! ― gritou um deles de dentro da cozinha. Ouviu um barulho grave e Will grunhir de dor. Nico parou no lugar arregalando os olhos.

Podia ver dali o doutor curvado sendo segurado pelos braços. Os cabelos estavam soltos e o canto de sua boca sangrava. Ele respirava pesadamente pelo recente soco que recebera. O doutor levantou o olhar, severo e centrado. Nico o observou em choque. Nunca tinha visto aquela feição nele antes, aquela raiva, aquela certeza.

Ele parecia satisfeito. Nico sentiu um bolo forçar-se em sua garganta:

― Vai pro inferno. ― cuspiu Will encarando o soldado raivosamente. O homem riu debochado:

― Valente demais pra alguém que não sabe lutar. ― comentou olhando para o homem que segurava Will: ― Termina com ele.

O soldado levou a mão para o cinto e foi nessa hora que Nico perdeu a noção do que estava fazendo. Com o bastão em mãos derrubou o homem na entrada com um golpe certeiro em sua cabeça.

O soldado loiro se virou para ele defendendo-se com sua espada do golpe de Nico. O pirata investiu novamente desviando da lâmina e subindo o bastão com força acertando a lateral do rosto do homem.

Este cambaleou pelo impacto dando brecha para Nico avançar contra ele chutando-o para trás. Ele colidiu contra o gabinete com força não dando tempo de se defender do golpe que recebeu o derrubando no chão.

Ouviu o barulho de gatilho atrás de si e virou-se rapidamente. O outro soldado havia soltado Will no chão distante deles e apontava a arma para Nico. O pirata apertou os olhos encarando-o sério. O soldado sorriu debochado.

Nico avançou com o bastão desviando para o lado ouvindo o tiro bem perto de si e acertou o homem na lateral. Este arfou virando um soco em Nico bem no machucado.

O pirata soltou um grito caindo ao chão pela dor que irradiou por seu corpo. Como ele...? Olhou de relance para o soldado que carregava a arma novamente. Nico arregalou os olhos, não tinha como desviar desta vez.

E então outro barulho alto se fez presente no cômodo e o soldado caiu no chão ruidosamente. Nico respirou descompassado vendo Will segurando uma das panelas de aço fundido em mãos. Aquelas coisas eram muito pesadas de fato.

O doutor resfolegou antes de soltar a panela e se afastar arregalando os olhos em terror, como se percebesse naquele momento o que fizera. Nico se levantou forçado indo até o homem ver seus sinais vitais. Ainda respirava.

Foi até Will o segurando pelos braços. O doutor tremia sob suas mãos. Nico o apertou forçando Will a encará-lo:

― Está tudo bem, ele não está morto ok! ― reafirmou: ― Você me salvou, está tudo bem.

Will negou com a cabeça:

― Não está nada bem, eles sabem sobre você Nico. ― falou ele em desespero: ― Sabem sobre nós, sabem sobre tudo. Não tem como fugir.

― Eles não são marinheiros, Solace. ― disse ele acariciando o rosto do doutor afetuosamente: ― Eles são soldados do condado, não tem nada a ver com a política daqui.

Will franziu o cenho olhando para os homens desacordados no chão.

― Mas então o que eles queriam? Como eles sabiam? ― perguntou ele olhando Nico nos olhos. O pirata negou:

― Não sei dizer. ― admitiu observando os machucados de Will. Suavizou o olhar acariciando a ferida no seu lábio: ― Desculpe por isso, é minha culpa.

Will nega segurando suas mãos em seu rosto:

― Nem pense. Eu reagi Nico, a culpa é minha. ― respondeu abaixando o olhar para o ferimento de Nico: ― Droga, está sangrando Nico!

O pirata seguiu o olhar do doutor que o afastou para observar melhor a ferida.

― Ele sabia que eu estava machucado. ― comentou simplesmente, mas então parou: ― Ele... Sabia que eu estava machucado... ― repetiu para si mesmo franzindo o cenho.

Will o encarou sem entender:

― Só quatro pessoas sabem onde estou ferido, e duas delas somos nós. ― Nico comentou sério.

O doutor o observou antes de arregalar os olhos negando:

― Não! Eles não fariam isso! ― defendeu Will subindo o tom de voz: ― Charles nunca faria algo assim.

Nico respirou fundo passando a ponta dos dedos no rosto de Will:

― Isso não. ― admitiu virando-se para os homens no chão: ― Mas isso ele com certeza faria.

― Nico, eu sei que você sempre ficou preocupado com o Charles e a Silena saberem, mas eu te asseguro que eles nunca fariam algo para prejudicar alguém. ― falou Will novamente: ― Confie em mim, por favor.

O pirata passou a mão pelo pescoço não sabendo o que responder, mas iria dar um voto de confiança ainda que tivesse certeza de que havia sido eles.

― Bom, temos de nos livrar disso. ― Nico comentou cruzando os braços. Will respirou pesado sentando-se na cadeira escondendo o rosto nas mãos.

― Não tem como fugir disso Nico. ― falou derrotado: ― Como se some com três homens, e ainda por cima soldados, sem que eles voltem com mais homens?

O pirata torceu o lábio em desagrado. Will tinha um ponto. Não poderia sair matando assim qualquer pessoa que se metesse no seu caminho, não era dessa forma que ele fazia as coisas por mais que parecesse. Tudo tinha um motivo.

― Eu tenho uma solução, mas você não vai gostar dela.

Will levantou o olhar preocupado:

― O que seria?

― Chamarmos a marinha.― respondeu sério. O doutor empalideceu.

― Está louco?! ― trovejou Will em choque: ― Que explicação a gente vai dar para toda a situação? Nós nocauteamos três soldados. ― continuou embasbacado: ― Sendo eles ou não da marinha ainda são soldados!

― Soldados sem jurisdição em Ravenna. ― Nico o interrompeu: ― Soldados do Condado não podem executar nenhum tipo de serviço sem antes apresentar uma permissão dada diretamente pelo Duque.

Will franziu o cenho:

― Como sabe disso?

Nico suspirou: ― Enfim, eu me encarrego de explicar as coisas, ok?

O doutor aquiesceu à contra gosto. Abaixou o olhar momentaneamente antes de indaga-lo:

― Por que eles estão atrás de você?

Nico ficou quieto. Desviou o olhar:

― Solace...

― Olha, eu posso tentar te ajudar. Me diga o que está acontecendo Nico. Por favor... ― o doutor implorou. O olhar suplicante doeu em Nico mais do que pensou que doeria.

Mordeu o lábio.

― Não agora. ― respondeu: ― Depois, eu prometo te explicar tudo, mas agora temos outra prioridade.

Will respirou fundo, mas aceitou a resposta.

― Tudo bem, confio no seu julgamento.

Nico soltou uma risada fraca:

― Não deveria.

 


Notas Finais


Gostaram? Deu um gelo básico ai? reuhruerhue Hey, a vida é feita de adrenalina ;)

Nico ia embora, mas decidiu o fazer tarde demais, e agora? Então, quem será que contou para os homens do condado que Nico estava lá e ainda por cima ferido? Apostas?

Chamar os marinheiros vai ajudar? Talvez... Bom, vamos descobrir certo? reuhruehruehrue

WILL ADMITIU! ELE ADMITIU! Meio caminho andado meus amores, só aguarda mais um tico!

obrigada por ler, sério vocês são maravilhosos <3

vejo vocês no proximo!!

beijinhos~


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