História Pó de Estrela - Six

Moonbin acordou tarde na manhã seguinte. Ele estava em seu quarto, mas não se lembrava de ter andado até em casa. A última lembrança que tinha era do céu estrelado um pouco menos brilhante do que o sorriso de Eunwoo. Coçou os olhos com a palma da mão, notando algo azul em seu pulso e não demorou a sorrir para a pulseira de borracha. 

Sua mãe lhe contou que o vizinho havia o levado de volta até em casa depois que Bin dormiu no campinho. Ele não conseguiu evitar as bochechas vermelhas com o sorriso que a mais velha lhe lançou.

Aquilo era tão constrangedor.

A mulher o avisara também que Jinwoo havia passado ali mais cedo e por isso seus planetas não estavam ao alcance dos olhos quando acordou, mas no fim das contas o aviso não foi tão necessário assim.

Pouco depois do almoço, quando o Bin já estava se arrumando para ir à feira de ciências e se livrar daquilo de uma vez, seu celular apitou. Uma mensagem do amigo dizia que sua pequena Lua havia caído e sido comida pelo cachorro do loiro. Ele não tinha uma lua reserva e quase entrou em desespero ao pensar nisso.

Isso, é claro, se a pessoa certa para ajudá-lo não morasse a alguns metros de distância.

– Eunwoo? – o chamou tímido na janela. – Eunwoo-ah? – mais uma vez, tendo como resposta o silêncio. – Woonie? – tentou uma última vez, tendo o sorriso de um milhão de estrelas como resposta.

O garoto estava bonito. Moonbin quase suspirou ao vê-lo tão arrumadinho mesmo que estivesse em suas roupas de sempre.

– Em que posso ser útil hoje, Moonbin? – perguntou em um tom divertido, fazendo Moonbin se sentir um tantinho culpado por estar pedindo algo para o mais velho novamente. E se estivesse sendo um incômodo para o outro?

Balançou a cabeça na tentativa de afastar o pensamento.

– Eu preciso da sua ajuda. – disse e o mais velho fez um sinal para que ele continuasse. – A lua do meu projeto saiu de órbita. – Moonbin se explicou. – Você pode ir comigo até a feira de ciências para consertar?

– Hum... – pensou por um instante, olhando ao seu redor no quarto. – Só um minuto. – pediu, sumindo dentro do cômodo.

Moonbin esperou por alguns minutos e prendeu a respiração mais uma vez quando o garoto da casa ao lado reapareceu na janela e pôs a ponte da semana anterior novamente entre as casas, subindo rapidamente nela e atravessando. Antes que o mais novo pudesse dizer algo – que provavelmente seria uma bronca; Eunwoo não podia fazer com que ele quase arrancasse os cabelos só por querer ir para o seu quarto mais rápido –, ele tirou uma bolinha branca de seu bolso, agitando a mão.

– Mas como você... – deixou a questão no ar, fazendo Eunwoo dar uma risadinha.

– Sempre guarde trabalhos antigos. – Eunwoo respondeu.    

– Obrigado, Woonie. – disse animado, pegando a bolinha branca da mão do outro.

– Não precisa agradecer. – disse, risonho. – Eu faria qualquer coisa por você, Binnie.

Moonbin ficou perdido por um instante, deixando o quarto em total silêncio. Seus dedos encontraram a borracha da pulseira na outra mão, mas por algum motivo estranho aquilo não era a mesma coisa quando ele estava a usando.

– Você não precisa ir se não quiser, a lua é culpa minha, eu fiz ela dar errado. Até porque, acho que você não conseguiria fazer nada errado. – disse embolado, estava nervoso. Não conseguia entender porque estava se sentindo tão constrangido.

O mais velho sorriu, se aproximando do outro em seguida.

– A lua é nosso único problema? – Eunwoo perguntou suavemente, segurando a mão de Moonbin da mesma forma.
O mais novo concordou.

– Aquela lua boba. – resmungou.

Eunwoo diminuiu o espaço entre eles, abraçando a cintura do mais novo e de repente seus rostos estavam próximos demais.

– Eu gosto da lua, ela sempre me lembra você, Moon. – Eunwoo disse, fechando os olhos ao encostar suas testas e logo sendo seguido pelo vizinho.

– Talvez eu seja como a lua. – Moonbin disse, baixinho. – E você como o sol.

Eunwoo riu, aumentando um pouquinho o aperto no corpo do mais novo ao passo que sentiu o coração se aquecer com aquelas palavras.

Ficaram em silêncio por um instante. Conseguiam escutar as crianças que passavam na rua prontas para brincar.

– Eu gosto de você, Binnie. – sussurrou ainda com os olhos fechados.

Moonbin sabia que as bochechas do mais velho estavam vermelhas como as balinhas de cereja em seu criado-mudo, e as suas não estavam diferentes, tinha certeza.

– Eu gosto de você, Eunwoo-ah. – disse como se estivesse compartilhando um segredo e abriu os olhos.
As galáxias nos olhos de Eunwoo o encararam de volta.

– Moonbin, você vai se atrasar. – a voz da mãe do mais novo os tiraram do transe, fazendo-os se afastarem. Quando a mulher entrou no quarto apenas suas mãos estavam entrelaçadas. – Eunwoo! – disse sorrindo. – Não sabia que estava aqui.

– Binnie disse que precisava de mim. – se explicou. – Algo como a lua sair de órbita.

A mulher assentiu, embora não entendesse bem o que o garoto dizia. Ela nunca entendia Eunwoo de qualquer forma.

– Vocês tem que ir logo, então. – ela disse e os dois concordaram.

Desceram as escadas sem se soltarem, a mãe do mais novo sorrindo para os dois logo atrás. Só se soltaram quando já estavam do lado de fora da casa e Moonbin voltou para abraçar a mulher.

– Até mais tarde, omma. – disse.

– Até, meu amor. – ela respondeu, deixando um beijo em sua testa e o soltando logo em seguida.

Eunwoo acenou envergonhado antes de voltar a grudar sua mão com a de Moonbin.

E então eles correram de mãos dadas até o fim da rua, dobrando a esquina, longe dos olhares atentos da mãe de Moonbin, que ainda os observava.

Moonbin se surpreendeu quando Eunwoo parou de súbito, puxando seu corpo e abraçando-o com uma das mãos. O garoto da casa ao lado sorriu quando tocou o rosto do outro com a mão livre.

Moonbin sentia as bochechas quentes, mas mesmo assim aproximou seus lábios aos do garoto que lhe entregou as estrelas, os planetas e as galáxias.