História Princess - A garota do chalé.

Henry estava fora há uma semana, de acordo com as notícias que ele enviou a conselheira havia conseguido abafar o caso, a notícia não havia saído do palácio e o que corria era apenas que o príncipe havia saído em uma viagem diplomática, mas uma equipe estava a procura dele em secreto. As coisas estavam mais tranquilas no cortiço, eles esperavam notícias mais concretas de Henry para planejarem o que fariam.

Era uma tarde calma, fria, e Amber estava conversando com Jonghyun quando avistou Amy sentada no quarto escrevendo uma carta concentrada.

- Escrevendo para o seu admirador?

A princesa se aproximou da amiga com tom de brincadeira.

- Ha ha. - Amy riu sarcástica. - Só vou escrever para ele avisando que não estou no palácio, se chegar uma carta podem relacionar ele conosco e o envolver em tudo isso.

Enquanto as duas conversavam Jonghyun se atentou para o envelope onde algo escrito lhe chamou a atenção.

- Lan Hua? Sua carta é para o vilarejo de Lan Hua?

- É sim.

- Então nem precisa se preocupar em arranjar um mensageiro. - Ele virou o rosto em direção a porta. - Kibum! Ya Kim Kibum!

Depois de poucos segundos gritando, Kibum apareceu na porta ligeiramente irritado.

- Qual o seu problema? Não consegue ser mais silencioso?

- Você vai para Lan Hua essa semana? Por que a moça aqui tem uma carta que precisa ir para lá.

- Provavelmente vou resolver alguns assuntos lá. Posso saber para quem vai a carta?

Ailee continuou ainda alguns segundos em silêncio, ela havia se esforçado por anos a manter a identidade dele em segredo, mas agora não havia mais motivos para esconder aquilo, então decidiu por fim dizer.

- Jang Dongwoo.

- Como?!

Kibum parecia perplexo.

- Jang Dongwoo.

Ailee repetiu, um pouco receosa e confusa pela reação do outro.

- Você é a garota do chalé?

Kibum perguntou. Ao ouvir aquela descrição, Amy acabou se perdendo em lembranças quase que automaticamente.

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No pacato vilarejo de Lan Hua, um chalé um pouco afastado, cercado por grossos arbustos, e um frondoso jardim. Um chalé com paredes de pedras, e janelas que quase sempre permaneciam fechadas, dentro dele uma garota morava ali desde os seus quatro anos, agora ela já estava em seu décimo segundo ano de vida, e não havia saído daquele chalé nem uma única vez. O dia todo ela tinha lições sobre etiqueta e deveres de uma mulher em casa, a única hora em que ela tinha de descanso ela passava cantando. E foi isso que a salvou.

Ela já sabia que havia um homem trabalhando no jardim, e o fato de estar acompanhado por uma criança assim como ela a deixava curiosa, mas estava proibida de sair do chalé pela sua tutora. Todos os dias, quando ouvia que o jardineiro trabalhando e sua tutora não estava por perto, Amy encostava seu ouvido na porta para ouvir a conversa dos dois, ouvia sobre o vilarejo, sobre as pessoas, um pão que foi roubado, uma gata que havia dado cria, preparações para festivais, ela apenas ouvia.

Um dia sua tutora não estava em casa, era uma das raras vezes que Amy ficava sozinha durante o dia, ela estava cantando enquanto resolvia um cryptex de madeira quando ouviu passos em direção ao jardim dos fundos, pensou que era o jardineiro, mas logo percebeu que era apenas o garoto que o acompanhava. Era a primeira vez que o ouvia ali sozinho.

- Ei. Psiu, você está aí?

A garota estranhou a situação.

- Vamos lá, todo mundo me disse que a Senhora Ming mora aqui sozinha mas eu tenho certeza de que você está aqui. Eu ouvi você cantando.

A garota encostou o ouvido na janela, as mãos sobre o coração.

- Me chamaram até de maluco, mas eu tenho certeza de que você existe. Onde você está?

Amy não estava entendendo o porquê de seu coração estar batendo tão forte. Talvez fosse a ansiedade de descobrir que alguém sabia da sua existência, talvez a chance de poder sair um pouco já que sua tutora não estava presente. Ela não se lembrava de seus pais, e sua tutora não era a pessoa mais afetuosa consigo, e de repente havia alguém a procurando? Alguém que queria saber de si? Aquele misto de emoções a fazia se apoiar cada vez mais na janela, como se pudesse de alguma forma transpassar aquela barreira. Ela só não esperava que a janela na verdade estivesse destrancada e que ela abrisse com seu peso.

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- Amy? Amy? Ailee?

Hyejin saiu de seus devaneios ao ouvir YiYun a chamar.

- Que história é essa de garota do chalé?

Amy resumiu a história, contando de como conheceu Dongwoo e como mantinham contato durante esses anos.

- Ya… E eu fiquei ouvindo Woohyun e os garotos chamando ele de louco apaixonado.

Kibum comentou e Ailee torceu para que seu rosto não ficasse vermelho só de imaginar que Dongwoo poderia estar apaixonado por si.

Amber ficou um pouco pensativa, mas aquela última história fez com que ela estivesse mais certa quanto aos seus planos. Ela queria resolver toda essa confusão, queria que Amy voltasse para Lan Hua, deixar que Donghae saísse do palácio quando quisesse, buscar as antigas amigas de Minzy, todos eles mereciam ser livres para voltarem às suas vidas.

- Com licença, mas a Liu YiYun está aqui?

A voz fez com que todos se virassem ao mesmo tempo, e se surpreenderam ao ver que quem chamava era a mais velha das irmãs Jung.

- Estou aqui.

Amber não conseguiu esconder a apreensão na voz.

- Posso roubá-la um pouquinho?

Nenhum deles fez menção de recusar.

- Pode me acompanhar YiYun?

A princesa acompanhou a jovem em silêncio. Em momento algum Sooyoung se mostrou antipática ou desagradável, na verdade ela andava com um leve sorriso nos lábios, mas era como se houvesse uma aura gelada em volta de si, que deixava Amber apreensiva, como se a Jung soubesse mais do que ela poderia imaginar.

Elas andaram pelo cortiço até achar um quarto vago, assim que entraram Sooyoung começou a falar, mesmo que ainda estivesse de costas para a princesa.

- Sabe, eu e Kris nos conhecemos desde muito novos, acho que antes de começarmos a falar. Ele sempre foi meio esquisito eu acho, ria de coisas que só ele entendia, mas eu sempre gostei da companhia dele, sempre fizemos muitas coisas juntos.

Yiyun ficou ainda mais apreensiva, as lembranças de seu último beijo começaram a aparecer na sua mente.

- Mas o Senhor Wu acabou mudando isso de uma forma radical. Kris é um excelente ator, acho que tirando eu e Tao todos se enganam quando ele estava rindo e brincando com os outros, mas dentro de si ele estava se transformando em uma pedra de gelo.

“Quando ele conheceu Sophia as coisas mudaram, ele estava começando a voltar a ser o Kris de antes, mas depois da morte dela ele parou no tempo de novo, não era a mesma melancolia do começo, mas também não progrediu, continuou parcialmente fechado para o mundo.”

A princesa queria saber onde aquela conversa levaria. Sooyoung se virou para ela depois daquele curto monólogo.

- Eu me importo muito com ele, e nunca na minha vida pensei que meu pai fosse levar essa história de casamento a sério nós só aceitamos pela amizade, mas nunca pensamos um no outro desse jeito.

A Jung pegou as mãos de Amber com certa firmeza.

- Eu não sei o porquê YiYun, mas eu tenho certeza que você pode mudá-lo, ou melhor, traze-lo de volta, e eu não sou a única que percebeu isso. Você fez com que aquele relógio voltasse a andar. Eu e Tao já fizemos o que podíamos, e eu tenho certeza que posso deixar isso em suas mãos.

Sem dizer mais nada ela se retirou, deixando uma Amber pensativa para trás. Ela sabia que essa conversa não a influenciaria realmente na sua decisão a tomar em relação a Kris, mas a deixou curiosa para saber quem ele fora.

À noite, enquanto jantavam, as coisas pareciam bem mais calmas, até que Krystal entrou batendo portas e correndo desesperada.

- Krystal?

Boa foi a primeira que se levantou, e foi até a mais nova, segurando-a pelos ombros para que ela se acalmasse e se concentrasse um pouco.

- O que aconteceu?

- A Victoria Unnie. Onde ela está?

- Ela e o Zhoumi não vem aqui há alguns dias. - A mais velha explicou. - Eles provavelmente estão em alguma viagem diplomata. O que houve?

Krystal parou um pouco para respirar fundo.

- Quando Amber mencionou Park Sunyoung eu e Sulli estranhamos. O nome nos era familiar, mas não tínhamos como ter certeza, demoramos alguns dias para ligar os pontos, o que era óbvio porque tudo aquilo aconteceu quando éramos muito novas.

- As coisas que você está falando não estão fazendo sentido.

- Não podemos confiar na Conselheira! De jeito Nenhum!

À essa altura Amber já estava ao lado das duas, tão confusa quanto Boa. Qual era aquela verdade que Krystal e Sulli sabiam?

- Krystral me conte por favor.

A princesa pediu com os olhos suplicantes.

- Não posso dar certeza, quem pode fazer isso é a Victória Unnie, temos que ir atrás dela agora.

Antes que mais alguma palavra fosse dita, as portas do cortiço foram arrombadas, passos de cavalos e soldados foram ouvidos.

- Atenção todos! Todas as saídas estão bloqueadas! Nós sabem que o príncipe Liu YiYun está aqui. Ele está sendo procurado por crime contra a coroa, traição e rebeldia. Nos entreguem ele agora ou todos serão levados como cúmplices!