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História Quem Disse que A Vingança Nunca é Plena? - Sentimentos Conflituosos


Escrita por: UchihaNarciso

Notas do Autor


Reta final... tan tan tan taaaaaaaaan... Boa leitura! :*

Capítulo 10 - Sentimentos Conflituosos


Um céu realmente estonteante pintava-se a frente deles, enquanto abaixo, como se fosse um grande espelho, o lago estirava-se. Refletia o céu em todo seu esplendor, bem como as montanhas que cercavam a cidade. Natsu havia descoberto aquele lugar quando ainda tinha sete anos e desde então, sempre que precisava ficar sozinho, recorria a calmaria que aquela colina lhe proporcionava. Olhar para o céu ali era quase como olhar através de um grande telescópio em um observatório e, mesmo que o frio da noite ás vezes fosse um pouco cruel, valia a pena suportá-lo pelo espetáculo e, principalmente, pela presença de quem estava com ele.

Lucy tinha de admitir que aquilo superava completamente todas as suas expectativas, embora que de cara percebeu que aquilo se parecia mais com um encontro romântico do que com um encontro entre amigos. Contudo já desconfiava que Natsu iria fazer algo do gênero, no entanto, mesmo alimentando tantas dúvidas, não acreditava que pudesse dar para o rapaz o que ele tanto queria.

Cuidadosamente ele esticou a toalha de piquenique sob a grama. Arrumou os aperitivos que ele cuidadosamente havia preparado e posicionou o notbook ao lado, selecionando suas músicas prediletas para deixar o clima mais agradável. O rapaz sentou-se e fez sinal para a loira que, receosa, ocupou o lugar ao seu lado, mantendo uma certa distância a que lhe pareceu segura. Não confiava nele e isso meio que estava explícito na forma como o olhava. Talvez fosse o medo de que tudo se repetisse ou então temia que algo pior acontecesse, entretanto algo no fundo do seu coração acreditava que ele tinha boas intenções. Que tudo que almejava era apenas uma segunda chance... Mas a verdade é que talvez ela jamais pudesse dar essa chance.

- Espero que goste de torta de frango. É minha especialidade. – Comentou enquanto lhe servia uma fatia.

- Gosto. Bastante inclusive. – Falou. Timidamente provou um pouco a torta, constatando que ele realmente não estava brincando quando disse que era sua especialidade. – Nossa! Acho que é a melhor torta de frango que já comi.

- Obrigado, senhorita.

- Só porque gostei da sua comida não quer dizer que vá deixar de odiar você. – Observou com tranquilidade.

- Não esperava que fosse deixar de me odiar com tanta facilidade. – Olhou-a por um bom tempo e em seguida entregou um copo com suco de morango para ela. – Afinal não seria interessante se não fosse difícil.

- Ou você tem muita confiança em si mesmo ou é um completo idiota.

- Quem sabe os dois, não? – Riu fracamente. – Isso não precisa ser torturante. Será que podemos ao menos conversar sobre algo mais agradável.

- Tudo bem. Sobre o que quer falar? – Falou e em seguida bebericou um pouco do suco que, tal qual a torta, estava delicioso.

- Bom... – Fez uma pausa e após o que pareceu alguns minutos, recomeçou. – Por que escondia o olho azul? Ele é bonito, então não entendo porque o escondia.

- Quando eu era pequena as outras crianças faziam bullying por causa dele... Sabe como crianças são perversas com o que é diferente, então acho que eu meio que cresci com essa insegurança.

- As crianças também faziam piada por causa da cor do meu cabelo e por isso eu me metia em uma porção de brigas. Teve uma vez que eu arremessei meu estojo em um moleque, mas o diabinho desviou e o estojo acertou em cheio a cara da diretora... Fiquei três dias suspenso. Mamãe ficou uma fera...

- Não que esteja apoiando sua atitude, mas você até que tinha razão na história...

- Ela não ficou uma fera porque acertei a cara da diretora ou fui suspenso, mas sim porque não acertei aquele moleque! – Concluiu e a loira caiu na risada.

- Isso soou tão Layla Heartfilia... – Refletiu com um sorriso carinhoso. – Sua mãe parece ser uma mulher muito legal.

- E ela é... Bom, pelo menos quando não está me obrigando a ajudar na faxina.

- Quem diria que o todo poderoso Dragneel fizesse o tipo dona de casa. – Debochou. – Difícil imaginar.

- Também é difícil imaginar que Lucy Heartfilia gosta de filmes de super heróis e seja fã de Star Wars.

- Não é tão... – Começou, mas silenciou-se logo que a dúvida sobre como ele soube daquilo brotou em sua mente. – Espera. Como você sabe disso?

- Han... – Foi pego de surpresa, porém logo se recompôs. – Ouvi Sting comentando com Lissana um dia desses. Antes do treino, sabe.

- Ta... – Disse ainda o olhando com desconfiança. Por alguma razão, aquela simples frase havia ativado o sinal de perigo o que a faria ter o dobro de cautela. – De qualquer forma, não acho tão difícil de acreditar que eu goste disso.

- Bom, não é muito comum encontrar meninas tão bonitas com esse gosto... E não leve a mal, mas você sempre me pareceu o tipo de garota que prefere aqueles romances melosos e trágicos.

- Estereótipos. – Comentou enquanto revirava os olhos. – Como se uma garota não pudesse gostar das mesmas coisas que os homens gostam!

- Bom, garotas assim sempre são mais interessantes.

Após isso, mais um silêncio caiu sobre os dois, seguindo-se insistente enquanto comiam. Lucy olhava as estrelas se perguntando o que viria a seguir, pois mesmo que detestasse admitir e se repreendesse por isso, a realidade era que aquele momento estava longe de parecer um pesadelo. Quase como se estivesse gostando de estar ali com ele. E provavelmente estava.

Natsu por outro lado cogitava todas as formas possíveis de retomar a conversa já que julgava estar fracassando totalmente. Ela parecia uma fortaleza de paredes impenetráveis e aparentemente era isso que inspirava. Contudo, ela estava vulnerável. Mais vulnerável do que ele achava que ela poderia ser.

- Eu gosto dessa música. – Ela observou após ouvir um pedaço da música e, sem se preocupar se Natsu faria alguma observação a respeito, começou a cantarolar. – Cause all of the star... Are Fading away... Just try not to worry... You’ll see them some day... Take what you need... And be on your away...

- And stop crying your heart out... – Acompanhou, mas logo silenciou-se. – Sua voz também acabou se tornando uma surpresa pra todos.

- Eu só não gostava de cantar em público. – Falou de forma breve e logo mudou de assunto. – A tradução é linda, embora que um tanto melancólica.

- Eu descobri essa música ao acaso. Na verdade estava assistindo o final do filme “Efeito Borboleta”. A música é boa, mas admito que aquele filme me deixou confuso.

- “Algo tão simples como o bater das asas de uma borboleta, pode provocar um tufão do outro lado do mundo.” – Citou. – É a teoria do caos. No caso da borboleta, por causa das correntes de ar do bater das asas. Acho que é física quântica, ou coisa do tipo. Mas o que o filme quis mostrar, foi que nossas ações determinam o que vai ser do nosso futuro, pois tudo o que fazemos irá desencadear uma série de eventos que determinarão não apenas o que seremos, como o que as outras pessoas serão.

- Isso é profundo. – Falou recordando-se das consequências geradas por suas ações e, levando em conta o quão desagradável aquele assunto soaria, resolveu conduzir a conversa para outra via. – Você parece gostar de filmes inteligentes.

- Gosto de tudo que me faz refletir profundamente. – Confessou.

Natsu dirigiu um breve olhar para o relógio em seu pulso e ao constar que era hora de iniciar a segunda parte da noite, começou a guardar a louça suja na cesta.

- O que está fazendo? – Perguntou confusa.

- Vamos a segunda parte da noite. – Respondeu com um largo sorriso.

Após recolherem e guardarem tudo no banco de trás, Natsu deu partida, abandonando o morro onde outrora haviam apreciado a beleza do céu noturno. Nenhum dos dois ousou soltar uma única palavra durante o trajeto, conformando-se apenas em ouvir músicas aleatórias que tocavam na rádio da cidade.

Após pouco mais de meia hora, eles chegaram ao estádio de Magnólia que naquela noite estava inteiramente iluminado e cheio de pessoas. Não precisou que o rapaz dissesse qualquer coisa já que de cara a loira deduziu o evento que acontecia naquele instante e que, acima de qualquer razão, estava louca para comparecer.

- Tá brincando comigo! – Quase gritou entusiasmada. – Como conseguiu ingressos para a convenção de Star Wars? Está esgotado faz meses!

- Um amigo do meu pai é diretor do evento. – Se gabou. – Então só precisei de um telefonema.

- O que estamos esperando?! Vamos entrar! – Disse já praticamente correndo para fora do veículo.

Por todos os lados barracas com itens temáticos estendiam-se. Tratavam-se de camisetas, bonecos, réplicas, dentre outras várias coisas relacionadas a temática. Cosplays de personagens caminhavam por entre as pessoas, parando vez ou outra para fazer uma performance ou tirar fotos com fãs. Lucy olhava para todos os lados maravilhada, quase como se fosse uma criança que havia acabado de entrar em uma loja de doces e, mesmo estando igualmente entusiasmado com a convenção, Natsu estava duplamente fascinado pela forma como ela parecia extasiada. A garota havia parado em quase todas as barracas e tirado fotos com tantos personagens que até perdeu as contas. Mas não importava. Estava na convenção de uma de suas sagas prediletas e nenhum foto seria demais.

Mas o ponto chave da noite era a réplica em tamanho real que estava pousada no centro do gramado do estádio. Guardando a entrada da nave havia duas estátuas de cera hiper realistas que representavam Hans Solo e Chewbacca. No interior, ambos ainda foram surpreendidos por réplicas perfeitas de R2D2 e C3PO. Apenas vips podiam olhar a nave mais de perto, contudo e aparentemente, apenas Natsu Dragneel havia conseguido o privilégio de visitar o interior da Focus Millenium.

- É quase como estar dentro de um dos filmes. – Observou maravilhada.

- É verdade... E quem você seria? Princesa Leia?

- Eu adoro princesa Leia, mas acho que eu seria Hans Solo. – Isso o fez rir. – Qual a graça?

- Com tantos personagens e você escolhe logo um masculino?

- E daí?

- Só é engraçado, mas sinto informar, você não poderia jamais ser Hans Solo, afinal eu que seria Hans Solo.

- Há, nem vem! – Riu. – Até parece que você iria conseguir pilotar essa belezinha.

- Há é? – Desdenhou. Natsu começou a mexer no pinel e, pegando-a inteiramente de surpresa, a réplica começou a simular funcionamento.

- Tá brincando comigo...

- Legal, não? – Riu. – Ajustar hiper-propulsores.

- Preparar para entrar no hiper-espaço. – Completou. Natsu olhou-a de relance enquanto ela apenas arqueou as sobrancelhas convencida. – Sou um bom piloto, eu sei.

- Acionar velocidade da luz! – Disse em meio a uma risada. Na tela fagulhas foram vistas e após um clarão, eles vislumbraram a imagem do espaço diante deles. Natsu retirou o celular e acionou a câmera frontal. – Uma foto pra recordação!

-Ficou boa?

- Ficou ótima!

- Obrigado. – Disse em meio a um sorriso meigo o que acabou pegando-o desprevenido. – Me diverti muito hoje. De verdade.

- Também me diverti muito, Luce... – Disse. Ela olhou-o com espanto, a boca quase formando o “o” perfeito. Se encararam por longos segundos até que ela bruscamente se levantou e saiu em disparada porta a fora.

Só quando ela saiu foi que percebeu o que tinha acontecido e então foi atrás dela. Lucy caminhava rápido e a passos largos. Estava difícil alcança-la e a situação piorou quando voltaram para o tumultuo-o de pessoas. Conseguiu alcança-la apenas no lado de fora, quando deteve-se na calçada para tentar pegar um taxi.

- Luce, espera... – Tentou pegar sua mão, mas ela puxou-a com violência.

- É tudo um jogo pra você, não é? – Virou na direção dele. O semblante tomado pela fúria. – Qual seria o próximo passo? Fazer com que eu me rendesse só pra aprontar de novo?

- Me escuta por favor! – Quase implorou. – Eu juro que minha intensão não era brincar com você, eu só queria me aproximar. Tentar mais uma vez e te conhecer de verdade. Foi errado, eu sei, mas eu fiz isso porque eu estou apaixonado por você... Mesmo não querendo admitir, desde o dia que foi a minha casa e tudo aconteceu eu já estava completamente rendido, mas percebi tarde demais... Tudo que eu queria era uma segunda chance pra mudar tudo. Pra entrar na sua vida da maneira certa.

- E eu devo acreditar nisso? – Perguntou em meio as lágrimas que tentou reprimir sem sucesso. – Quer mesmo que eu confie em você? Depois de tudo que aconteceu? Da forma como me tratou e fez todos me tratarem? Está apaixonado, você diz, mas tudo o que vejo são palavras vazias de alguém que acha que sabe o que é gostar de alguém... Você não tem o direito de voltar pra minha vida!

- Eu sei. – Concordou em desespero. Tentou se aproximar, mas ela parou o movimento com a mão. – Eu não tenho o direito de voltar pra sua vida, mas agora minha vida não funciona sem você nela... Pois você está em cada segundo... Em cada lugar e quando eu fecho os meus olhos eu vejo os seus me olhando... – Com cutela, ele aconchegou a mão na face chorosa e, talvez pelas palavras ou pela violência do choro, ela não fez nada. E aproveitando a brecha, ele colou os corpos, mantendo a outra mão na cintura e as testas unidas. – Sempre que penso que enfim vou descansar da minha mente, percebo que você ainda está lá. E não interessa se sou o capitão do time, se sou popular ou se vou ou não ganhar uma bolsa em alguma faculdade, pois nada disso tem sentido e eu não posso conviver com a ideia de que eu não possa te encontrar no meu caminho... Então eu suplico... Me dê uma chance de mudar as coisas... Por favor... Por favor...

E embriagado pelas próprias emoções, ele tomou seus lábios, experimentando uma saudade tão avassaladora que ele se quer sabia que existia em si. Beijou-a com delicadeza, convidando a língua alheia para um tango cheio de sentimentos. Enroscou os dedos nos fios louros e massageou-os com ternura, sentindo com certa satisfação, as mãos que carinhosamente pousaram em seu peito. Depois de tanto tempo. Depois de tantos meses, finalmente ele a tinha ali. Finalmente podia pagar todos os beijos que um dia havia apenas sonhado que existiam e pela primeira vez desde o inicio das aulas, sua vida pareceu se tornar verdade.

Após minutos, ele abandonou os lábios dela com esforço. Deixando o delírio do tato para prender seus olhos aos dela, mas para seu desespero, eles continuavam magoados. Podia ver os sentimentos que ela nutria por ele ali, vivos e tão intensos quanto um dia haviam sido, entretanto, havia também a mágoa que praticamente esbofeteou sua cara.

Sem dizer mais nada ela empurrou-se para longe do abraço, permitindo que os braços caíssem pesadamente dos lados do corpo e acenando para um taxi que se aproximava.

- Não dá... – Balbuciou ferida.

- Luce...

- Por favor... Não me chame assim.

Natsu apenas a viu se enfiar no veículo que logo desapareceu na rua, levando consigo toda e qualquer esperança de uma nova chance. Sentiu seu coração destruído. Como se ele fosse de vidro e agora seus cacos repousassem ao chão, prontos para se perderem na vastidão do tempo. E por um longo tempo ele permaneceu assim. Olhando para o nada. Vislumbrando a lembrança dela que parecia determinada a nunca se apagar.


Notas Finais


Ps.: Perdão pelos erros gramaticais


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