[Echidna: Ho, oh, que interessante~]
A mulher de cabelos brancos e vestido negro falou em um tom de interesse pelos acontecimentos que prosseguiram com o jovem sentado na sua frente, no meio do seu jardim para Festa do Chá, seus olhos negros fixos nele. Afinal, ele tinha acabado de passar por dois de seus testes em tempo recorde sem pudor ou dificuldade.
[Subaru: ——? O que? Testes não são feitos para serem superados?]
Natsuki Subaru perguntou com uma expressão impassiva, mas um pouco de zombaria no tom.
No que seria considerado quase três semanas na perspectiva do jovem, muitas coisas aconteceram. Entre elas foram os acontecimentos do Santuário. Ele e Emilia tinham sido convocados por Roswaal para tal área, onde residia o tumulo da Bruxa da Ganância, Echidna, a mulher na frente do garoto de cabelos negros. Onde eles acabaram se encontrando logo no instante que entraram na área do Santuário.
Foi um conversa rápida.
Pois quando Subaru foi desperto, ele já teve lidar com figuras bastante complicadas: Garfiel, Ram e Roswaal. Falando que a partir daquele momento; o mago estaria em prisão domiciliar até Emilia ser capaz de completar os testes do Santuário, o que também era necessário para libertação dos Demi-Humanos dentro daquele lugar, em especial, Emilia que também tinha sem querer tornado-se prisioneira — o que irritou profundamente Subaru ao perceber no que aquilo poderia dar.
E quando ela tentou fazer o Primeiro Teste, não deu certo. Quanto a Subaru, que entrou no Túmulo quando ouviu um grito de Emilia — seus instintos anteriores de preocupação pelo bem estar dela —, ele também começou os Testes.
Seu Primeiro Teste foi sobre seu passado.
[Echidna: Surpreendeu-me um pouco. Foi capaz de reconciliar seu passado, ao perceber como não só seus pais te amariam incondicionalmente sobre suas capacidades serem incríveis ou medíocres, mas também percebeu como os idealizava de maneira errada. Percebendo os erros que eles também cometiam, e aceitando-os como também uma cegueira pessoal pela admiração que sentia pelas pessoas que cuidaram de você, não que não fosse esperado. —— Superar tal Teste com tanta facilidade, merece minha parabenização.]
Foram as palavras da Bruxa quando chegou ao final do teste. Não só Subaru tinha percebido os seus erros para com seus pais, como também os dele para com ele. Uma ponte que impediu-o de sentir raiva e compreender o amor que eles sentiam por ele.
E quando ele acordou, encontrou Emilia inconsciente.
Emilia foi incapaz de superar seu Primeiro Teste. E nos próximos dias, ela também se viu incapaz de superá-lo — que deixava Subaru cada vez mais irritado com a garota.
Já que o relacionamento deles não estava no melhor, ele tentava ignorá-la na maior parte do tempo. Deixando a função de cuidar dela completamente para Ram, apesar de suas reclamações, mas sobre a desculpa que fora do perímetro da mansão, ele não teria que importar-se com a segurança ou os problemas que Emilia deveria superar por si só.
Quando Subaru resolveu voltar com Patrasche para Mansão, no intuito de alertar sobre a situação para Frederica, Rem e Petra, que tinha tornado-se uma das novas empregadas, ele acabou se vendo em uma situação complicada: Elsa.
A Caçadora de Intestinos. A mulher que mais tinha matado e ferido ele, tinha retornado.
Não só tinha eliminado as pessoas da Mansão, como também o eliminou quando chegou e encontrou aquela zona de destruição no lugar. O que ele fez morrer e retornar para acordar dentro do Tumulo de Echidna e novamente se encontrar com a Bruxa para terem uma rápida conversa. E quando retornou? Emilia não só estava na mesma situação que no Loop anterior, como agora Garfiel estava com suspeitas sobre ele por conta do Miasma da Bruxa e isso gerou atrito entre eles naquele novo Loop.
E as situações continuaram a se complicar. Até mesmo Subaru passou pela terrível experiência de ser devorado vivo pelo Grande Coelho, que Echidna tinha explicado ter sido criado pela Bruxa da Gula, Daphne — quem Subaru negou querer conhecer.
[Subaru: Não quero lidar com mais ninguém, se possível.]
Foram o simples pedido para Echidna quando esta ofereceu para que ele conhecesse as outras Bruxas, como uma possibilidade. Mas ele negou e limitou as interações naquele espaço para somente os dois presentes no momento e a Bruxa da Ganância respeitou tal pedido, bloqueando a entrada das outras Bruxas.
Voltando ao presente momento...
Quando novamente Subaru tinha passado por outro loop, ele veio em busca de ajuda. Passando então pelo Segundo Teste: Um Presente Impensável. Onde ele viu como cada mundo estava após sua morte.
[Echidna: O que me surpreende é sua atitude... pensava que estaria em choque pelo que presenciou.]
[Subaru: ——?]
[Echidna: Perceber como as pessoas agiram com sua morte, perceber a importância que deram ao seu fim. Afinal, você mesmo tinha pensado nisso, hein~? Que talvez a vida continuasse após cada um dos finais de seus loops, que tudo seguiria em frente após sua morte. E não fica apavorado com tais possibilidades?]
[Subaru: Por que ficaria?]
Ele ergueu uma sobrancelha, mantendo a mesma expressão indiferente, como agora um tom frio. Coisa que a Bruxa não pode deixar de sentir mais interesse quanto a isto.
[Echidna: Poderia elaborar? —— Não que eu não tenha presenciado o que você viu, mas gostaria ouvir de você. Especificamente; gostaria de ouvir detalhadamente sua percepção única sobre os acontecimentos no seu Segundo Teste. Sobre a possibilidade daqueles mundos talvez existirem, de como sua vida chegou ao fim, mas as vidas dos outros continuariam. Estou interessada. Pode ficar a vontade para explicar da forma que quiser; raiva, tristeza, desespero, frieza. Só me explique o que você viu e o que sentiu.]
[Subaru: ——]
Inclinando-se para trás, ele murmurou um pequeno “Já que é assim.”
[Subaru: Vou compartilhar minha perspectiva: Meus loops vitoriosos, são graças a minha influência final sobre a decisão que cada um tomaria nos próximos. Afinal; Se fossemos falar de maneira sincera. Os loops que me permitiram chegar aqui, foram todos graças a mim, não realmente aos outros. —— Vou falar das minhas mortes antes do Santuário, para dar uma melhor exemplificação do que eu quero dizer.]
[Echidna: ——?]
[Subaru: Minha primeira morte, ou primeiro loop; Eu ajudei Emilia a tentar recuperar sua Insígnia. Ela me ajudou, perdendo tempo, então resolvi ajudar. Quando chegamos lá, fomos mortos. E o que “aconteceu” pós nossa morte? Puck começou a congelar tudo sem perder tempo e sem pensar nas vidas que exterminaria. —— Se eu não tivesse meu poder, todos estariam mortos. O Reinhard poderia tê-lo impedido? Talvez. Mas ele não estava lá em primeiro lugar.]
[Echidna: O que fala é verdade. Vocês estariam mortos.]
[Subaru: No segundo, tentei negociar. Por eu não estar lá no beco, Emilia deveria ter chegado mais cedo, certo? Mas foi no meu quarto loop, que agora eu me lembro; Felt tinha contratado pessoas para atrasar Emilia com informações falsas e isso faria, como fez, Emilia no meu segundo loop chegar um pouco mais cedo, por não perder tempo comigo e com informações falsas, mas ainda depois de Elsa matar eu, Felt e Rom. Ou talvez ela tivesse parado para ajudar aquele trio de bandidos que eu espanquei, não sei. —— Mesmo que ela chegasse um pouco antes, não seria o bastante. Ela nos mataria e o Puck emergiria para matar todo mundo.]
[Echidna: Possibilidades...]
[Subaru: No meu terceiro; Não saberia quem culpar. Eu não sabia o nome da Emilia, como fui atacado pelos bandidos e morri de forma patética por laminas nas costas. A vergonha de um verdadeiro espadachim e guerreiro. —— Foi no meu quarto, reunindo todas as informações dos três anteriores, que pude ter um quadro geral e até consegui trazer o Reinhard para ajudar. Mas... por que eu deveria me sentir mal?]
[Echidna: Ho~?]
[Subaru: O que estava sobre meu controle? Emilia? Ela foi para Capital com Ram, pelo que me lembro, e se perdeu dela e não só isso, como, mesmo contando com a ajuda do Puck, perdeu sua Insígnia Real, o item mais valioso que ela deveria proteger com sua vida; Ram foi descuidada em deixar os dois fora de vista; Felt, mesmo em uma situação complicada de vida, poderia ter escolhido não aceitar o contrato para roubar Emilia. Quase não importaria o que eu dissesse ou fizesse, o destino sem minha interferência seria: Felt roubar Emilia, Emilia ir para casa de saques mais cedo ou mais tarde e morrer, Puck começaria a congelar todo mundo e Reinhard o mataria. —— Foi graças ao sofrimento particular que tive de aguentar, que todos da Capital estão vivos e conseguiram a quinta candidata ao trono. Não é?]
[Echidna: —— Sua analise realmente possui pontos. Não vejo como poderia colocar a responsabilidade sobre você. Já que se não estivesse lá, ou caso estivesse longe, tais acontecimentos ainda teriam prosseguido, possivelmente, desta forma sem sua interferência externa. Acho que a sua interferência só trouxe resultados mais positivos, se formos considerar a quantidade de vidas salvas neste evento.]
Assentindo, Subaru continuou:
[Subaru: Na mansão... Mesmo que não tivéssemos relacionamentos mais aprofundados, Beatrice e Puck não fizeram para me ajudar com minha Maldição na minha primeira morte, não é? Então eu acabei morrendo, e possivelmente outros também morreram por causa disto. Uma tragédia. —— E na minha segunda; Se não bastasse a Maldição, tive que lidar com a fúria da Rem. Ela me matou quando eu já estava moribundo. —— Na terceira; Mesmo que eu dando a desculpa que eu tinha mentido, não tinha ido embora, estava vigiando a Mansão de maneira um pouco suspeita com uma faca. Ela poderia só ter me incapacitado. Mas, perdendo o controle, me atacou impiedosamente depois que Ram arrancou minha perna e descontou toda raiva que ela sentia do Culto em mim, mesmo sem ter provas de que eu era um Cultista. E mesmo que ela tenha dito ser: Misericórdia... Sei que Ram só me matou porque tinha medo de que seu eu sobrevivesse, isso acabasse manchando a incrível reputação do Roswaal e da Rem, não porque ela realmente se importava. —— E quarta foi uma decisão minha.]
[Echidna: Como na outra situação...?]
[Subaru: Se não fosse por eu compreendendo tudo a um nível mais profundo, muitas pessoas teriam morrido pela falta de ação. Tipo, Roswaal e Emilia deveriam estar de olho nos territórios que protegem, mas se não fosse por mim, as crianças e as pessoas daquela vila teriam morrido, não é? O primeiro e o quarto loop da minha vida ali mostram isso claramente, não é? —— E mesmo se eu não tivesse morrido de primeira... Rem provavelmente teria tentado me matar. Meu cheiro, um ataque repentino que causou várias mortes. Ainda mais pelas feras que nós atacaram... ela teria as razões suficiente para me atacar e me matar.]
[Echidna: Analisando dessa forma...]
Suspirando mais uma vez, Subaru coçou a cabeça. Irritando-se.
[Subaru: Na capital... O meu primeiro mostrou claramente o que aconteceria sem mim, não é? Emilia e a Vila de Arlam massacrados pelo Petelguese, como acho que Crusch seria esmagada pela Baleia... dada falta de preparação e coragem que vi na minha percepção pessoal naquela batalha em que participei. —— Nos três loops, Petelguese consegue chegar até Emilia, a mata e o Puck só aparece para matar todo mundo por “sermos inúteis” e “incapazes” de darmos nossas vidas para salvarmos sua “querida” filha.]
[Echidna: Palavras bem duras sobre ele, mas não posso culpá-lo. Já que suas experiências não parecem ter sido bem felizes.]
A Bruxa de cabelos brancos fez um pequeno gesto com a mão.
[Subaru: Sabe que conclusão tirei no final?]
[Echidna: ——?]
[Subaru: Que minhas mortes, no caso, meus loops e a minha forma de concentrar informação, são as únicas coisas que impede todo mundo de morrer. —— Talvez seja um pensamento nojento: Tratar minha vida só como forma de conseguir informação. Mas sem isso, como as coisas mudariam? Na minha primeira vez na Capital; Se eu não tivesse me encontrado com a Emilia, teria ficado perdido lá e, se não saísse até a noite, provavelmente teria morrido congelado pelo Puck. Na Mansão; Se eu permanecesse, sem mudar nada, ou Rem me mataria ou Ram tentaria me matar se pensasse que fui eu quem matei sua irmã e os outros da vila. Depois da Capital; Eu poderia ter sobrevivido, mas quantos morreriam? —— Ironicamente... toda forma que encontro para sair vivo, sem morrer várias vezes, outros morreriam se não fosse eu para salvá-los. E grande parte das minhas mortes estava realmente fora de meu controle pela percepção moralista, não concorda?]
[Echidna: No caso acho que se refere a: “Se eu sei que algo ruim pode acontecer a alguém, é meu dever ajudar essa pessoa”? Como poderia ter abandonado a meio-diabo para viver sua vida, mesmo sabendo que ela e a outra candidata morreriam. Mas ainda foi altruísta. Como também poderia ter encontrado uma forma de fugir e ir embora, mas todos daquela vida junto, possivelmente, da empregada de cabelos azuis, morreriam. E na Capital seria da mesma forma.]
[Subaru: Minhas mortes, na sua maioria, não deixaram ninguém particularmente triste a um ponto que devessem ser considerados importantes. E foram graças a elas que pude continuar sobrevivendo e salvando todos que deveriam agora estar mortos. Pelo menos, em comparação, não acha? Se eu morro, pronto, tudo continua. Mas se a Emilia morre? O Puck perde o controle e começa a matar todo mundo. —— Posso ficar feliz que minha morte ao menos entristeça alguns, mas ainda me irrita pensar que as pessoas causadoras, no final, não seriam capazes de sobreviver sem eu voltando no próximo loop para salvá-las. Para mostrar o quão arrogante elas são.]
Colocando todo veneno para fora na última frase, ele se permitiu um sorriso cínico, vitorioso, enquanto proclamava com um tom mais orgulho e arrogante. Não que Echidna importar-se com o tom que ele usasse ou aquilo o que dissesse, afinal, estava se tornando mais e mais interessante.
[Echidna: O que está planejando?]
[Subaru: Vou usar meu poder para sobreviver. —— Seja usando os outros, planejo encontrar uma forma de viver minha vida bem, segura, saudável e confortável na medida do que me for possível. Não quero morrer dezenas de centenas de vezes, claro. Planejo morrer e fazer só o que for necessário para mim e para mostrar a todos o quão importante esse pequeno e fraco inútil é para garantir a vitoria sobre todos.]
[Echidna: Fufufu~ Conheço alguém em particular, não. Talvez algumas pessoas em particular, que considerariam sua forma de pensar repugnante. Mas, eu? Eu não me importo muito. Estou bastante interessada. —— O que você acha... de fazermos um contrato?]
Inclinando-se para pousar seu queixo nas costas de ambas as mãos, os cotovelos contra mesa, observando-o com mais interesse ainda. Enquanto Subaru também parecia interessado.
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