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História Resplandecente (em correção) - Uma Difícil Escolha


Escrita por: LadyDaenerys

Notas do Autor


Oi pessoal, peço mil desculpas pela demora!
Eu não costumo demorar mais de sete dias para atualizar, mas houve algumas pendências na última semana que não me davam tempo e para completar fiquei sem internet. Mas fiquem tranquilos, eu posso até ter demorado, mas jamais desistido. Agradeço pela paciência de cada um. Bom, para recompensar a espera, passei a madrugada escrevendo esse mega capítulo puro Lenerys para vocês.
Espero que gostem!

Capítulo 13 - Uma Difícil Escolha


O dia amanhecera plácido e nublado. As nuvens escuras cobriam o céu, transformando o azul em cinza. Os primeiros rastros da luz do dia escorriam entre as vegetações verdes como rajadas chamejantes, passando dentre as folhas e iluminando – ainda que fracamente – o ambiente ao redor. O som dos corvos soava denso no fundo da floresta, ecoando em meio ao local vazio, chamando atenção de outros pequenos animais que se retiravam das tocas para buscar alimento. Tudo parecia calmo, muito diferente da tormenta e da tempestade que castigou a selva na noite anterior. Mas apesar disto, o local era assustador.

Aragorn terminava de arrumar a sela de seu cavalo e Boromir acompanhava-o. Ambos trocavam palavras silenciosas com olhares estreitos enquanto se mantinham atentos aos estranhos movimentos da paisagem. Estavam prontos para partir. A decisão estava clara para os dois. Depois do que aconteceu, não podiam mais esperar por Gandalf.

– Ainda acho que devemos pegar a estrada de uma vez – disse Boromir. Após minutos, finalmente tomou coragem para dar início ao diálogo pendente. – Sei que você está querendo voltar para a fazenda, acredite, isso é uma má ideia.

– Eu compreendo o seu ponto de vista, Boromir, mas a decisão já está tomada – respondeu simplesmente. Queria apenas colocar um ponto final e encerrar aquele assunto que não estava nem um pouco interessado em tratar. – Vamos para a Baía dos Ursos, pegamos nossos pertences e partimos.

– Aragorn, por favor! – Rebateu Boromir com a voz baixa, quase em um sussurro, com o intuito de não acordar os hobbits que ainda permaneciam entregues ao sono profundo. – Nós não temos mais nada para fazer naquela fazenda. Podemos pegar a estrada daqui!

Aragorn respirou fundo perante as palavras do companheiro, em uma tentativa frustrada de buscar a calma. Sabia que Boromir estava certo, no entanto, o que realmente o preocupava não eram os pertences inúteis que haviam deixado na taberna, mas sim a garota que os acompanhava.

Daenerys sabia demais sobre a missão, muito mais do que devia.

– Eu sei disso, Boromir – Aragorn suspirou frustrado. – Mas enquanto a essa menina? Nós não podemos simplesmente abandoná-la – disse ele, insistindo em finalizar o assunto, mesmo sabendo que a decisão tomada não era correta.

– Você não pode simplesmente decidir isso assim, nós todos precisamos discutir esse assunto, e precisa ser agora, o tempo está passando! – O filho de Gondor tentou buscar algo sensato, recebendo em troca um olhar inteligível de Passolargo.

Boromir sabia que finalmente havia o convencido e estava na hora de fazer uma difícil escolha.

– E o que quer fazer? – Aragorn lançou a questão ao companheiro que foi imediatamente dominado pelo silêncio. – Levá-la? Matá-la? – Parou, aguardando pela resposta de Boromir, mas tudo o que recebeu foi o silêncio. – Nós não podemos fazer isso! – Disse ao desviar os olhos para o cavalo.

Tanto Boromir quanto Aragorn sabiam que nenhum deles ousaria machucar uma criança inocente, contudo, deixá-la ir era uma opção perigosa contando com tudo o que Daenerys sabia. Em meio ao silêncio da natureza, eles pareciam enfrentar uma terrível escolha entre matar para partir ou prosseguir como estavam e correr o risco.

As folhas farfalhavam ao vento, acompanhando os ruídos silenciosos dos animais. Legolas encontrava-se quieto e concentrado no diálogo de Aragorn e Boromir. Era como se o ruído da floresta não pudesse atingir os seus ouvidos enquanto destinava-se a terminar de prender os pertences sobre o cavalo branco. Vez ou outra, o elfo não se continha em observar Daenerys, a garota de trancinhas que agora encontrava-se escorada em uma rocha, com o lobo albino deitado ao seu lado. Dany parecia dormir tão leve, que se uma pena pairasse sobre o chão, ela acordaria imediatamente.

– Legolas – de repente, a voz de Aragorn voltou aos ouvidos do arqueiro, chamando novamente a atenção dele. – Coloque todos de pé, vamos partir – o homem pediu, minucioso. O humor de Aragorn parecia passivo e as feições não diziam o contrário.

Legolas apenas concordou sem ânimo. Algo lhe dizia que aquele seria um longo dia, mais complicado do que imaginava. E a sua intuição não estava errada. Ela raramente falhava.

O elfo aproximou-se dos hobbits com o intuito de chamar por eles, e os pequeninos não demoraram a se levantar, sonolentos. Por um milagre inesperado, não foi preciso acordar Gimli, pois o anão havia se adiantado naquele dia e se levantado mais cedo junto de Aragorn e Boromir. Ainda era madrugada e estava frio e úmido, entretanto, não podiam esperar mais. Cada mínimo segundo do tempo que se passava era precioso.

Os olhos de Daenerys abriram-se lentamente com as vozes amontoadas dos hobbits. A menina percorreu a atenção pelo grupo, em seguida, dirigiu os olhos para Fantasma que ainda estava ao seu lado. Por quanto tempo havia dormido Dany não se lembrava. Sentia a sua mente perturbada, e desde a última conversa com Legolas, a garota sentia como se tivesse perdido completamente a consciência. Todavia, os pesadelos com Viserys nunca deixavam Daenerys dormir tranquila, e com todos os problemas fundidos era impossível conseguir relaxar por completo. Mesmo relutante, a Targaryen não reclamou ao levantar-se. Daenerys moveu-se lentamente, sentindo as consequências da noite mal dormida latejar os músculos de suas costas. Nunca havia ficado tão exposta à natureza e era difícil se acostumar com tal fato. Esse era o terceiro motivo no qual havia impedido Dany de pegar no sono, pois meros cochilos durante a madrugada não podia ser considerado um repouso.

A garota colocou-se sentada sobre a grama ao afastar as madeixas prateadas que o vento fraco insistia em levar, e retirar os fios brilhantes que pareciam teimar em cobrir-lhe o rosto. Foi apenas então que Daenerys notou que ainda estava com a capa de Legolas, essa era a explicação para estar tão aquecida. O tecido verde era tão macio e confortável quanto plumas, e também muito mais quente e aconchegante do que as peles e cobertores que ela costumava dormir em sua casa, na antiga vila. Daenerys deslizou os dedos sobre a superfície da capa, sentindo a textura do pano. Observou os homens, minuciosa, antes de trazer discretamente o tecido em direção ao seu nariz, respirando fundo, com o intuito de sentir o aroma puro que a capa emanava, buscando conhecer o cheiro de Legolas. Mas se decepcionou ao notar que tudo o que conseguiu sentir foi o cheiro da grama que antes estava deitada.

De repente, a voz tão conhecida de Peregrin Tûk interrompeu Dany. A garota parou para fitá-lo, notando apenas então o que ela estava fazendo. E por que estava fazendo? Por que insistia tanto em pensar no Legolas? Ela não evitou de se envergonhar, mesmo que ninguém tenha notado as suas ações. As bochechas coraram.

Legolas não passava de um elfo arrogante, foi isso o que ele se mostrou na noite passada; esse era o ponto que Daenerys tentava se convencer.

– Para onde vamos? – Tûk indagou com a voz arrastada pelo sono enquanto coçava o olho esquerdo, preguiçosamente. Ele bocejou cansado, antes de manter-se de pé devagar e arrastar os passos até Aragorn.

– Nós vamos pegar a estrada – o homem respondeu sem desvios. – Temos que partir, não podemos mais esperar pelo mago – disse Aragorn, sem desfechos.

O olhar acessível que havia recebido de Boromir foi visível, aquela foi a primeira vez que os dois pareciam concordar claramente com algo.

O quê? Partir? Eles vão embora? Daenerys perguntou-se mentalmente e encarou Legolas logo em seguida, como se lançasse a ele todas as questões apenas com os olhos. O elfo correspondeu aquele olhar no mesmo instante, como se estivesse ligado ao mar violeta que eram os olhos de Dany. A garota não ousou desviar ou quebrar a conexão distante, simplesmente se deixou mergulhar no azul dos olhos de Legolas.

Ela sentiu-se triste. Não conseguia encontrar os motivos, mas a ideia de não ver mais Legolas afligia sua mente. Compreendia perfeitamente o que ele tinha de fazer e a missão que o grupo possuía, mas isso não evitava os sentimentos dela.

E acima de tudo, o que aconteceria com ela?

Sabia que a história que Frodo havia contado jamais sairia de sua mente. Sabia também que se Viserys estivesse vivo e de alguma forma soubesse o que a mais nova pensava, diria que ela era uma estúpida. E Dany não discordaria. Nunca ousou discordar dele. Viserys sempre foi um covarde, mas às vezes – só às vezes – Daenerys desejava ser como ele. Não uma pessoa fria, agressiva, arrogante e ambiciosa, mas alguém que tinha autocontrole do que queria. Dany sabia que seu irmão estava longe de ter autocontrole em suas atitudes, ele era um surtado, no entanto, Viserys sempre foi seguro do que queria ou desejava, diferente dela.

– Espere um minuto! – A menina exclamou rapidamente, resolvendo pronunciar-se finalmente. A voz chamara a atenção de todos. – Se vocês vão pegar a estrada, quer dizer que vocês não vão mais retornar a Baía dos Ursos?

Ela cruzou os braços, os pensamentos fervilhando.

Eles não podiam deixá-la. Não podiam.

Os homens da Sociedade se entreolharam, todavia, nenhum deles se pronunciou, deixando Daenerys perdida no vácuo. Ela tinha medo daquele silêncio, pois ele dava a entender que a sua intuição não estava errada e que os homens realmente a abandonariam.

– Por que não dizem nada? – Dany indagou novamente, um tanto desconfortável perante os olhares alheios.

Daenerys não havia pensado muito sobre isso, mas não deixou de constatar que era a única mulher entre eles. Aquilo era outro ponto que insistia em lhe afligir a mente.

O filho de Gondor observou Aragorn, esperando que esse se pronunciasse, mas ele não o fez. O olhar que Passolargo lançava era como uma resposta silenciosa, uma resposta para a conversa que os dois tiveram um pouco antes dos hobbits despertarem. Boromir engoliu em seco, constatando que Aragorn havia realmente decidido levá-la.

– Aragorn, nós não podemos levar essa estranha conosco! Isso é um completo absurdo!

Boromir praticamente espumava de raiva, e sua afirmação tão segura fizera os pequeninos do Condado arregalarem os olhos, inclusive Daenerys. Os hobbits pareciam os únicos a ficarem contentes com aquilo, enquanto o restante dos homens estavam preenchidos por um semblante coberto de seriedade.

– Você tem um plano melhor? – Pronunciou-se Aragorn, mais uma vez. – Também não concordo, mas essa menina sabe muito sobre a nossa missão. Deixá-la ir é um risco que não quero correr.

A Targaryen franziu o cenho após as palavras dele. Ela irritou-se com a maneira que aqueles homens discutiam sobre o destino dela, empurrando-a com palavras de um lado para o outro como se ela fosse um totem de madeira que estavam prestes a jogar fora, e não um ser humano que possuía sentimentos e direitos de fazer as próprias escolhas. Na visão da Sociedade do Anel, Daenerys só significava um problema e isso era doloroso na percepção dela.

– Eu jamais diria nada disso a ninguém! – A garota rebateu, insistindo em adentrar novamente na discussão, mesmo sabendo que nem um dos homens daria atenção a suas palavras. Era apenas uma estranha, por que alguém lhe daria ouvidos?

Todos eles fitaram Daenerys desconfiados, se mantendo em silêncio por alguns segundos, como se estivessem processando as palavras dela. Alguns segundos que para Dany soaram como uma verdadeira eternidade. Afinal, aquele assunto se tratava dela. Era torturante a maneira distante como eles agiam.

– Eu acho que Frodo deve nos dar sua opinião – disse Aragorn, por fim, fazendo todos eles focaram o Portador do Anel no mesmo instante.

Frodo engoliu em seco, tendo novamente uma decisão sobre seus ombros. Aquilo era terrível para o pequeno. Além de ter de carregar um fardo, ainda tinha que carregar as consequências das decisões que lhe obrigavam a tomar. No entanto, ele sabia que era preciso.

Frodo respirou fundo ao tomar coragem para respondê-los.

– Eu acho que não teria problema Daenerys nos acompanhar... Ela nos ajudou quando estávamos perdidos e fez o possível para nos manter bem – disse e olhou para a amiga que lançou a ele um pequeno sorriso.

Daenerys sentiu-se feliz ao notar que não eram todos que estavam contra ela. Sabia que podia contar com Frodo, Merry, Pippin e Sam. Não estava completamente sozinha, afinal, além dos hobbits, ela também tinha o Fantasma.

Boromir respirou fundo, não concordava em levá-la, mas realmente não tinha outra escolha. Aragorn e Gimli também pareciam discordar, entretanto, se os hobbits confiavam tanto naquela garota, eles tinham os próprios motivos para fazê-lo. E talvez Daenerys realmente fosse uma pessoa inocente como os pequeninos insistiam em fazê-los acreditar. Só o tempo diria.

– Vamos embora – concluiu Aragorn, encerrando o assunto. – Legolas, Gimli, Boromir, ajude-me com os cavalos.

Os homens ajeitaram as selas e montaram nos animais que haviam pegado no estábulo da fazenda. Não tinham cavalos o suficiente para todos eles, por isso ambos tiveram que dividir as selas. Por sorte, tinham trago um cavalo a mais. Mas por azar, não souberam que uma garotinha estaria perdida entre os hobbits.

– Fique de olho nela – murmurou Aragorn ao Legolas, antes de afastar-se.

O homem não duvidava de que Daenerys fosse uma boa pessoa, mas não se comprometia em correr o risco. As aparências enganam, disse ele, convencendo a si mesmo.

A loira observou Aragorn sussurrar algo para Legolas, não soube constatar o que ele disse, mas sentia que algo estava errado, algo que certamente sobraria para ela. Era sempre assim.

Droga.

A menina ignorou o nervosismo e retirou a capa verde de seus ombros, tomando-a em mãos, antes de caminhar em direção ao Legolas e estender o tecido para que ele pudesse finalmente pegá-lo de volta.

– Obrigado por me emprestar a sua capa – disse Dany em um murmúrio.

Sentia s mente distante, porém, depois da atitude educada que Legolas fizera ao emprestar-lhe o manto, ela sentia que podia conversar com ele, além do mais, Legolas não estava mais em sua lista de pessoas mais odiadas.

Talvez só um pouco... Quem sabe.

O frio ainda estava presente, no entanto, agora era suportável, muito mais do que na noite anterior. As roupas de Daenerys haviam secado, tal como os cabelos cor d’ouro. A garota aproveitou a noite para ajeitar os fios armados, deixando as madeixas prateadas um pouco mais alinhadas.

Legolas sorriu e agarrou o tecido verde, prendendo-o novamente sobre as costas. Dany apenas desviou o olhar e fitou às árvores, ela não queria parecer alguém que estava o vigiando a todo instante.

– Não precisa agradecer, Daenerys – ele concluiu e voltou a atenção para o cavalo. – E não se preocupe... Já concluímos que você não é um perigo – pontuou, com o intuito de deixá-la mais tranquila.

Preocupada? Ela parecia preocupada?

Daenerys não conseguia parar de perguntar-se como Legolas notava isso com tanta facilidade. Porém, não era só o fato de “desconfiarem dela” que a atormentava. Ao julgar os olhares daqueles homens, ela sabia que nunca seria bem-vinda entre eles.

Dany apenas entregou o baú dos ovos de dragões para que Legolas pudesse prendê-lo sobre o cavalo em companhia aos outros pertences e mochilas. A menina o olhava enquanto mordia a bochecha interna, pensativa perante um específico assunto que a sua mente insistia em remoer. Tinha tantas perguntas, mas não sabia como começá-las. E então, tentou pensar em um assunto que lhe daria passagem para iniciar as questões e finalmente tirar as suas dúvidas.

– Eu nunca pensei que esse acidente me traria aqui – disse aquilo mais para si do que para ele, sendo realmente sincera, mesmo não sabendo ao certo se devia ou não falar tão abertamente com Legolas. – Vocês já tinham decidido que iriam partir antes de tudo isso acontecer?

A garota não sabia se a pergunta soara tola, mas aos seus olhos, parecia que a Sociedade havia decidido aquilo precipitadamente. Ela desconfiava que nem mesmo eles sabiam qual caminho seguir. Dany engoliu em seco, tentando mostrar o mínimo de interesse possível, mas dessa vez, não teve tanta sorte quanto esperava. Legolas sorriu e a observou de canto enquanto subia no cavalo. Daenerys ainda aparentava uma postura tranquila, todavia, o fato de um mar estar calmo na superfície não significa que algo não esteja acontecendo nas profundezas dele.

– Por que a pergunta? – O arqueiro começou com um sorriso e questionou pretensioso. – Você não queria que eu partisse, não é?

Ela franziu o cenho com a maneira que ele havia desandado o assunto, de propósito, ela sabia. Aquela pergunta a pegou desprevenida, contudo, jamais admitiria que era verdade. Por algum motivo, Dany nunca quis que ele partisse. A garota respirou fundo e se arrependeu amargamente de ter insistido em iniciar um diálogo com ele, não imaginou que além de arrogante, Legolas também era um convencido. Daenerys se manteve com a expressão séria e deu ombros antes de cortar o assunto ao meio.

– Não, não é nada disso! – Começou, e por um mero momento, esqueceu que sua garganta e boca estavam secas e sensíveis, foi doloroso quando Dany tentou engolir a saliva restante. – Quer dizer... Foi apenas uma pergunta, porque eu me importo com Frodo e o hobbits.

A loira adicionou uma desculpa qualquer, colocando os pequeninos como uma fuga para aquele assunto que não a agradava nem um pouco. E em parte, a resposta foi verdadeira. Apesar do pouco que passou com os hobbits, Daenerys não deixava de se importar com eles.

– Sei... Não se irrite, foi só uma brincadeira. Desculpe-me – disse Legolas, simplesmente. Ele estendeu a mão para a garota que o olhou desconfiada após esse ato, e não se moveu. – Vamos – o elfo pediu calmo ao notar a relutância que ela emanava, e somente então Daenerys pareceu perceber que todos os outros homens os aguardavam, ambos montados em seus devidos cavalos.

A Targaryen observou a mão de Legolas e suspirou inquieta antes de segurá-la. Não deixou de notar que a pele dele estava quente, quente demais. Ou talvez eram as mãos dela que estavam frias, Daenerys não soube dizer. Ela sempre considerou-se muito friorenta, nunca gostou do frio. Viveu e cresceu no sul, desde criança foi acostumada com o aconchego e os raios resplandecentes do sol pino. Resumindo, o frio nunca foi seu porte.

Legolas puxou-a firmemente para cima do cavalo branco e Daenerys acomodou-se melhor sobre a sela. Vagarosamente, a garota passou os braços ao redor do elfo, sentindo-se envergonhada com isso.

Ela respirou fundo, e tão logo o cavalo começou a andar.

Para Daenerys, era inevitável não sentir o calor de Legolas estando tão colada a ele. E era uma missão impossível não se sentir desconcertada com isso. Jamais esteve tão próxima de um homem, sem ser Viserys, jamais teve contato com ninguém.

– Legolas? – A menina o chamou levemente, com um murmúrio de voz. Por estarem tão próximos, não foi complicado para Legolas ouvi-la claramente. O loiro apenas a respondeu com um “hm” enquanto aguardava por suas próximas palavras. – Sobre o assunto de ontem... – Ela começou calma, recordando-se da conversa que teve com ele na noite passada. – Sobre os dragões, eu apenas...

Parou instantaneamente como se tivesse esquecido tudo o que planejou dizer. Queria apenas falar para Legolas esquecer aquele assunto, não queria que ele pensasse que ela realmente acreditava em milagres, contos ou histórias de livros e canções. Estava cansada de ser a criança que era. Mesmo sabendo perfeitamente bem que para Legolas, ela não passava de nada além disso, uma criança.

– Não dê tanta atenção para isso – o arqueiro a interrompeu calmamente, como se adivinhasse o assunto que Daenerys queria tomar. A realidade era que Legolas não gostava de tantas desculpas e explicações. A pose de Dany em querer manter-se sempre “correta” aos olhos de todos era engraçado na visão dele.

A garota se manteve em silêncio, parecendo concordar com as palavras dele. Ela queria muito poder ver a expressão de Legolas, no entanto, era impossível, então ela apenas imaginou. Todavia, algo a fazia sentir que ele estava com aquele mesmo sorriso ridículo. Daenerys revirou os olhos sabendo que estava certa, quando a voz do elfo tirou-lhe novamente a atenção.

– Eu nunca lhe disse, mas sinto muito pela sua casa, sei que você queria voltar para a fazenda. Realmente não queríamos ter te envolvido nesse fardo – o loiro mudou a expressão e prosseguiu as palavras com os olhos concentrados no percurso à frente, pontuando a frase em segundos.

No entanto, ao contrário do que ela mesma esperava, Dany não sentiu-se triste.

Daenerys sabia que se ela retornasse para a Baía dos Ursos, os mesmos problemas estariam a esperando de braços abertos, preparados para abraçá-la novamente. E ela não queria isso. A ideia de voltar a trabalhar na taberna e ter que retornar lentamente para os antigos afazeres a atormentava. Talvez ter ficado tanto tempo na floresta tivesse deixando-a maluca, mas tudo o que Dany queria era ir embora. Sabia que ninguém notaria sua ausência, sem ser sor Jorah. Jorah! Como sinto a falta dele! A menina concluiu oscilante, em pensamentos secretos. Talvez se o velho Mormont ainda estivesse na fazenda, voltar não lhe pareceria uma ideia tão terrível. Mas estar lá sozinha... Pensar nisso fez o estômago de Daenerye revirar.

Estava aliviada por ir com a Irmandade, mesmo sem saber ao certo onde estava se metendo.

– A Baía dos Ursos não é a minha casa! – Respondeu tão rápido que nem mesmo pensou antes de dizer. Apenas cuspiu as palavras que estavam aferrolhadas em sua garganta.

Legolas permaneceu em silêncio durante longos segundos, sem compreender a frase. O elfo olhou a garota por cima do ombro e ela abaixou o olhar, notando que havia sido precipitada demais, de novo. Mas ela não surpreendeu-se com a própria ação, se conhecia perfeitamente bem e aquele tipo de atitude era no mínimo comum.

– O que quer dizer? – Curioso, Legolas questionou.

No primeiro diálogo que tivera com Daenerys na taberna, a mesma havia comentado algo sobre estar na fazenda há apenas dois dias, contudo, Legolas nunca deu muita atenção aquilo. No entanto, agora o elfo se sentia curioso. Curioso sobre Daenerys. Afinal, de onde ela veio? Onde ela viveu? Quem era sua família? E qual era o seu sobrenome? Ele sabia o nome dela, mas nunca perguntou pelo sobrenome.

– Eu morava em outra cidade antes de ser levada para a Baía dos Ursos – a menina respondeu. – Sor Jorah me salvou e me trouxe a essas terras – ela sorriu fraco. – Foi ele que me presenteou com os ovos de dragão.

O carinho e agradecimento que se arrastava sobre a voz de Daenerys era visível para qualquer um, ela parecia realmente gostar de Jorah, mas Legolas não gostou daquilo. Ele sentiu um choque estranho tomar o seu coração. Ouvi-la falar daquela forma não o agradava nem um pouco.

De repente, o percurso acima das vastas montanhas havia terminado e eles logo se viram livres das árvores enquanto seguiam uma estrada de terra. Legolas pegou-se surpreso com a rapidez que o tempo passou. Os minutos cruéis pareciam correr muito mais rápido quando ele estava com Daenerys, como se tudo isso quisesse impedi-lo de ter um conhecimento a mais sobre ela. Sempre quando estava prestes a saber mais dela, algo o atrapalhava.

– Vejam, é uma cidade! – Sorriu Pippin, animado demais para alguém que estava cavalgando há horas.

Havia um pequeno estábulo próximo da entrada onde o grupo poderia deixar os cavalos, local esse que havia apenas dois outros animais.

– Ei elfo! – Exclamou Gimli, desinteressado, chamando a atenção do companheiro que sequer movia-se. – Você vai ficar parado aí ou vai vir aqui nos ajudar com nossas coisas? – Perguntou amargurado como sempre, o que não era nenhuma novidade.

Legolas apenas concordou, parecendo voltar para a realidade. Ele desceu do cavalo em um movimento único. Em seguida, ajudou Daenerys a fazer o mesmo.

A garota sorriu tímida quando as mãos do arqueiro pousaram sobre a sua cintura e a seguraram firmemente. Dany apoiou-se nos ombros dele, quando Legolas a colocou lentamente sobre o chão. Vagarosamente, ela afastou-se dele, sentindo o vazio preencher o seu interior. Daenerys sorriu doce em forma de agradecimento.

Um sorriso que confundiu Legolas completamente.

Até diria estar enlouquecendo. Sim, estava enlouquecendo totalmente e nem se importava. Tudo o que ele conseguiu olhar foram os lábios dela. A boca de Daenerys possuíam curvas desenhadas em um pequeno formato de coração, estavam levemente rosados por conta do frio, assim como as bochechas. E aquilo a deixava... Atraente. Ele sabia que estava falando de uma criança, mas era inevitável não reparar nela.

Legolas respirou fundo e desviou o olhar, constatando que era desrespeitoso para um príncipe como ele, olhar dessa maneira para Daenerys. O elfo afastou-se, nervoso, e caminhou até os companheiros que discutiam algo, minuciosos.

– Não parece ser um lugar espetacular – disse Boromir. – Mas tenho certeza que conseguiremos comprar um novo mapa.

Na iniciativa, ele adentou ao local lentamente.


Notas Finais


Esse capítulo não ficou 100%, mas se eu adicionasse mais coisas ele ficaria extenso demais. Mas espero que tenham gostado mesmo assim. Como vimos, a Daenerys vai acompanhar a Sociedade do Anel, será que isso vai dar certo? E o príncipe da Yara, como fica agora que a Dany não está mais na fazenda? (não, não esqueci dele).
Eu peço que sejam legais comigo e me digam o que acharam, se gostaram ou não, ou o que sentiram. Afinal, essa fic é nossa e eu preciso da opinião de vocês para poder continuar.


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