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História Resplandecente (em correção) - Histórias do Passado - Parte II


Escrita por: LadyDaenerys

Notas do Autor


Alô, alô? Alguém por aqui ainda?
Poxa gente... Peço mil desculpas pela demora! Odeio atrasar atualizações, mas eu estava muito doente. Para quem não sabe, eu tenho um vírus no meu corpo que me corroí por dentro e controla tudo o que eu posso comer em excesso ou não. E para completar, teve as eleições, os estudos... Isso tudo encheu minha mente. Mas cá estou. Depois de oitenta e quatro anos, finalmente consegui terminar de editar esse capítulo para vocês.
Espero que gostem! Boa leitura!
➽ Usarei a imagem da Ravenna (do filme A Branca de Neve e o Caçador, que é interpretada pela atriz Charlize Theron.) para ser a rainha Rhaella Targaryen.

Capítulo 17 - Histórias do Passado - Parte II


As chamas da lareira de tijolos aumentaram. O fogo crepitava e dançava em sincronia com o ar, seguido por movimentos amarelo e laranja, mesclando-se em uníssono e formando um incêndio vermelho. Como se essas fossem chamas próprias vindas do interior de ferozes dragões.

– Há muito tempo atrás existia um reino... Porto Real, a capital dos Sete Reinos em Westeros, um continente muito além da Terra-Média. E um dia, a guerra caiu sobre ele. O continente havia virado palco de uma das guerras mais sangrentas que o mundo já viu, a disputa entre os irmãos Rhaenyra e Aegon Targaryen pelo trono deixado por seu pai. Os cantores batizaram o conflito de “A Dança dos Dragões”, embora “Morte dos Dragões” fosse um título muito mais adequado. As consequências foram catastróficas para as duas facções, e as maiores feras existentes no mundo, os dragões, as criaturas mais orgulhadas pela Casa Targaryen foram extintas – Daenerys fez uma breve pausa, deixando um pequeno suspiro escapar por seus lábios rosados, enquanto retirava uma fina madeixa prateada que insistia em cair sobre a maçã rosada de seu rosto pálido. – E consequentemente, criou-se entre os conselheiros do rei o medo de que algum dia outra mulher como Rhaenyra viesse a ocupar o trono... Isso durante vários anos!

Os quatro hobbits, os dois homens, o anão e o elfo mantinham os olhos com o foco apenas em Daenerys.

A pequena figura feminina falava serenamente. A voz doce circundava o quarto e estimulava a atenção de toda a Sociedade, como o imã e o metal. O tom soava em uma única sincronia, uma melodia vaga como as mais belas canções da Terra-Média. As chamas da lareira banhavam a escuridão com uma luz vermelha, deixando um feixe da luz da clareira cair sobre a face de Daenerys. Todos eles podiam jurar que sentiam como se os olhos dela se fundissem com o fogo e a emoção mesclasse com as doces palavras e sua bela face de porcelana. Definitivamente, era impossível encontrar algo mais belo do que aquela imagem. Era impossível encontrar alguém mais bela do que Daenerys Targaryen.

– Quando tudo chegara ao fim, os dragões não subsistiam mais e os Targaryen continuaram no Trono durante as seguintes gerações. Muitos anos depois, nasceran Rhaella Targaryen, a neta de Aegon V Targaryen e filha Jaehaerys II. Ela era jovem, gentil e amorosa, e sua beleza era rara. Por conta dessas qualidades, Rhaella foi batizada pelo nome de “A Rainha do Amor e da Beleza”. Ela sempre foi uma mulher muito madura para sua pouca idade e todas essas qualidades atraíam milhões de olhares apaixonados. Mas Rhaella já tinha um amor, o sor Bonifer Hasty, um jovem cavaleiro andante de terras distantes. Foi um romance breve, porém, intenso. Mas esse relacionamento não podia acontecer, uma vez que Rhaella era uma nobre princesa e Bonifer não passava apenas de um pobre homem de baixo nascimento. Independente dos sentimentos dela, o sobrenome de Rhaella precisava de um herdeiro, um filho, e isso era algo que não podia mais ser adiado.

– Então, a princesa Rhaella chegou a se casar? – Interrompeu Merry com o mesmo olhar curioso. 

Daenerys assentiu.

– Bem... Sim... – A garota engoliu a saliva. – Por uma decisão indiscutível do rei Jaehaerys, a princesa logo teve o seu príncipe. Rhaella tinha um irmão, Aerys, o futuro herdeiro do Trono de Ferro. E por ordem do rei, os dois filhos tiveram de assinar os papéis que selavam a união de seu matrimônio. Mas... De acordo com o que foi descrito, nunca houve algum tipo de afeição entre os dois irmãos no dia de seu casamento.

– Nossa! – Disse Sam, totalmente pasmo. – Quer dizer que ela se casou com o próprio irmão? – Perguntou, completamente atento com os pequenos detalhes que Dany contava.

– Sim – confirmou ela, pacientemente.

– Mas isso é tão... Esquisito! – Disse o pequeno jardineiro, com um olhar torto. Gamgee parecia chocado.

Daenerys sorriu perante a expressão de Sam.

Ah, como ele podia ser tão fofo?

– Sim, meu amigo – ela confirmou. – Acontece que em toda a linhagem da Casa Targaryen, o casamento entre irmãos é comum. Dizem que assim o sangue de seus herdeiros sempre será “puro”.

Diante da explicação de Daenerys, todos pareceram finalmente compreender, mesmo achando aquilo algo completamente estranho, horrível e repulsivo. E Dany não era capaz de condenar os olhares, pois até mesmo ela própria, uma Targaryen, achava a linhagem nojenta.

– Mas e enquanto a Rhealla, ela teve algum filho? – Perguntou Frodo, que encontrava-se sentando ao lado de Dany. – O que aconteceu com ela? – Estava visivelmente curioso, assim como todos os outros.

– Sim... Depois de muitas perdas, abortos e tentativas... – A menina limpou a garganta. – Rhaella teve três filhos. O mais velho deles era Rheagar Targaryen, o príncipe dragão, mas pouco se sabe sobre ele, apenas que cresceu ao lado do pai, sendo um adolescente rebelde e forte. O segundo foi Viserys, esse teve uma infância conturbada ao lado da mãe. Rhaella fugiu durante sua terceira gravidez, levando apenas Viserys que ainda era uma criança. Ela se acolheu em uma pequena vila distante na Terra-Média, onde seu marido-irmão nunca a encontraria. E lá, a jovem princesa e agora rainha, de baixo de uma terrível tempestade, deu à luz a sua última filha.

A garota desviou os olhos, encarando o tapete felpudo do quarto.

Um pequeno silêncio envolveu o cômodo. Dois minutos se passaram como uma eternidade na mente de Daenerys. Aquela história trazia a ela más recordações, isso era inevitável.

Inquieta perante a reação dos demais, ela passou os olhos apreensivos pelas faces confusas da Sociedade e parou em Legolas, olhando aqueles olhos azuis que lhe tiravam o fôlego. O loiro estava sentado com os olhos pregados em Dany. Ela sentia como se um mar inteiro a cobrisse. Ele era tão belo. Por que ele tinha que ser tão belo? Como ele tirava dela toda a atenção em apenas alguns segundos? Isso deixava Daenerys irritada. Mas ela nada disse e nada voltou a dizer, apenas voltou para a realidade com a voz de Pippin.

– Daenerys – Tûk chamou, curioso. – E como era essa menina? A filha de Rhaella... Ela tinha um nome?

– Bom... – Dany sorriu sem graça. Como dizer a todos eles que ela era essa terceira filha? Era óbvio, ninguém acreditaria. – Essa menina viveu sob a guarda do irmão mais velho depois da morte da mãe. Ela era uma garota ingênua, de acordo com Viserys, no entanto, depois de vários altos e baixos, ela acabou ficando um pouco enrolada com um grupo... Mesmo sem ter a intenção.

– É você! – Interrompeu Frodo, sorrindo. – Você é uma Targaryen! Então quer dizer que você também é uma... Princesa? – De repente, a confusão inundou o olhar do hobbit. – Ou melhor, uma rainha!

Agora as coisas pareciam um pouco mais claras para todos. Daenerys era a irmã de Rhaegar e Viserys, e a filha de Rhaella e Aerys. Ela era o fruto de um incesto entre os dois irmãos.

Um incesto.

– Sim, eu sou uma Targaryen – a garota sorriu, observando Frodo. – Mas não Frodo, eu não sou uma princesa e nem nada disso.

– Você acha mesmo que vamos acreditar em tudo isso? – Gimli intrometeu-se, a sua expressão era irônica, a voz soou grosseira como sempre e o olhar era frio.

Daenerys observou Gimli e deu de ombros, parecia não se importar. Ou pelo menos, tentava se convencer a não se importar, afinal, as palavras dele eram vazias, não valiam de nada para si.

– Acredite no que você quiser mestre anão, isso não muda nada para mim – ela disse tão ríspida quanto o gelo e isso ocultou toda a doçura que ela externava enquanto contava a história. Mas Gimli não pareceu se irritar, ao contrário, ele parecia curioso.

– Bem... Então, se isso é realmente a verdade... – O anão franziu as sobrancelhas e coçou a barba como se tivesse uma séria dúvida, uma dúvida que seu orgulho relutava de dizer. – O que aconteceu com o seu pai... Digo, o rei Aerys? – Ele limpou a garganta, discretamente.

– O rei Aerys, ou o rei louco, morreu. Ele foi assassinado, assim como o filho mais velho Rhaegar – respondeu ela, observando Gimli lhe olhar estimulado, como se ele pedisse com os olhos para uma explicação mais intensa sobre tais acontecimentos. Dany odiava ter que decepcioná-lo, mas teria de fazê-lo. – Mas essa é outra história!

A garota sorriu, encerrando o assunto, mas ao contrário do que esperava, Gimli pareceu concordar e respeitar, e isso surpreendeu-a.  

Daenerys não tinha uma conclusão completa sobre o seu pai. “Mortes, assassinatos e fogo” era tudo o que ouviu sobre ele. Aerys era um louco, um homem desequilibrado que tinha um fetiche em queimar pessoas. Só isso. Ela suspirou, inquieta, quando o silêncio novamente voltou, no entanto, dessa vez ninguém o quebrou, todos da Sociedade do Anel pareciam perdidos em seus próprios pensamentos, estavam distantes em um mundo ausente.

Em minutos, após um amigável “boa noite”, Frodo afastou-se para ir dormir, sendo acompanhado por Sam, Merry e Pippin. Os pequeninos tomaram os beliches e se entregaram ao descanso. Estavam felizes e aliviados, eram raros os dias em que conseguiam dormir confortáveis, então tinham que aproveitar isso.

Gimli roncava e murmurava palavras enroladas como se estivesse sonhando com algo, enquanto Aragorn terminava de ajeitar-se em meios aos travesseiros de plumas. Boromir havia saído do quarto para fumar lá fora, a sua mente estava conturbada e ele precisava de um pouco de ar, enquanto Gandalf fumava o cachimbo parecendo distraído, porém, não demorou a ir dormir também, cobrindo-se com um lençol. 

Algo me diz que o dia seguinte será cheio, disse Dany em pensamentos secretos.

Daenerys deixou os ovos de dragões envolvidos ao lado da lareira e aproximou-se de sua cama com o intuito de finalmente acomodar-se sobre o colchão. Estava mentalmente e fisicamente exausta. Legolas encontrava-se no beliche de cima. O arqueiro estava em silêncio e a respiração estava leve, mas de alguma forma, Dany sabia que ele ainda estava acordado.

O loiro olhou-a discretamente, sentindo a presença dela aproximar-se. A garota terminou de arrumar os travesseiros para finalmente deitar-se, quando Legolas resolveu pronunciar-se.

– Não sabia que tinha tanta criatividade para histórias, Daenerys – ele disse calmo, pegando-a desprevenida. Agora, Daenerys teve a certeza de que ele estava acordado. Era visível que Legolas havia dito aquilo apenas para provocá-la e havia conseguido.

Ignore, apenas ignore, ela repetiu a si mesma, vendo o arqueiro sorrir.

Não, não dava para ignorar.

– Se quiser levar tudo isso como uma historinha para dormir, tudo bem, a escolha é sua, não me importo com o que você pensa.

Mentira. Ela sabia que era mentira. Mas queria acreditar que não se importava, precisava acreditar nisso. 

O sorriso de Legolas morreu ao olhá-la, como se ele conseguisse sentir um pingo da insegurança dela.

– Eu sempre tive curiosidade de saber mais sobre você, não imaginava que tinha um passado tão conturbado...

Ele encontrava-se calmo e disse sem pensar muito. Os olhos mantinham-se pregados no teto de madeira. Havia uma pequena teia de aranha ao canto no alto da parede, estava vazia e velha, mas os desenhos abstratos que os fios de teias formavam ainda estavam visíveis.

Os ouvidos de Daenerys zumbiam pelo sono, no entanto, após a frase de Legolas ela sentiu como se seus músculos despertassem imediatamente. O quê? Era tudo o que conseguia pensar.

– Curiosidade sobre mim? Por quê? – Perguntou em um sussurro baixo, um sussurro que não passou despercebido pelos os ouvidos aguçados do elfo. Aquela foi a única parte da frase de Legolas que Daenerys realmente prestou atenção.

Legolas engoliu em seco ao notar que realmente havia falado demais. Ele calou-se estranhamente como se não tivesse forças para pronunciar novas palavras, mas o transe logo desapareceu depois que ele olhou-a. Daenerys parecia ansiosa. Ansiosa para ouvi-lo falar.

– Sim, quer dizer... Você está conosco agora, é normal que todos queiram saber mais sobre você – o elfo voltou a dizer com a voz suave e a postura calma. – Por uma questão de confiança – completou.

– Ah, claro... Por isso – disse Daenerys, como se compreendesse.

Havia se decepcionado com a frase de Legolas. Mas por quê? Por que se ele não havia lhe feito nada? Talvez o fato de Dany não interessá-lo deixava-a triste. Definitivamente, estava começando a sentir-se uma tola.

– É melhor irmos dormir, amanhã será um dia longo – pronunciou-se Legolas entre um suspiro cansado, encerrando o diálogo.

– Sim, eu concordo – disse rápida, desejando apenas dormir. Não queria mais nenhum tipo de ligação com Legolas. Nenhum. Se Daenerys estava no meio da Sociedade do Anel era porque não tinha escolhas, era apenas para ajudar Frodo. Apenas pelo Frodo. – Boa noite.

– Boa noite – o homem respondeu após velozes segundos.

Finalmente, tudo ficou em silêncio.

(...)

Asas cobriam seus sonhos febris.

A menina caminhava por uma longa passarela escura e sem curvas. Estava molhado e úmido, e algo cobria o céu; estrelas brilhantes e um par de asas de cortina. Não olhe para trás, não olhe para trás, ela repetia constantemente para si mesma enquanto seguia a ponte com passos arrastados. As suas pernas pareciam pesar uma tonelada.

Um pouco mais à frente, havia uma porta minúscula, há uma longa distância, mas mesmo de longe a garota conseguia ver que essa estava tomada pela cor vermelha. Ela aumentou a velocidade, sentindo o peso em suas pernas aumentar com a mesma sincronia. Os pés nus deixavam pegadas ensanguentadas sobre a passarela.

Mas de onde vinha tanto sangue?

– Você não quer acordar o dragão, quer?

Aquela voz.

Ela conhecia aquela voz.

A voz que a fazia se sentir uma criança de novo, uma criança assustada.

– Não quer acordar o dragão, quer?

De repente, as estrelas do céu apagaram-se como velas ao vento e tudo ficou escuro. A garota sentia que alguém a perseguia. Ela queria chorar, mas as lágrimas são escorriam, queria correr, mas as pernas a impediam.

– Não quer acordar o dragão...

Quanto mais tentava forçar os passos, mais os seus pés ferviam, como se ela estivesse pisando em uma passarela flamejante, no entanto, não havia queimaduras, não sentia nada, apenas o calor

Adiante, conseguia ver de longe a lareira da estalagem onde três ovos petrificados cintilavam, vermelhos como carvões ao fogo. Em um momento estavam ali, e no outro desapareciam como folhas farfalhando ao vento.

– O último dragão!

Uma voz áspera sussurrou-lhe ao pé do ouvido. A garota sentiu a escuridão aumentar atrás de si e a porta vermelha parecia mais longínqua que nunca.

Viserys estava em sua frente. O fogo do incêndio da pequena vila consumia o corpo do irmão, derretendo a pele e corroendo a carne dele. Uma imagem terrível que fazia a garganta de Dany queimar e os músculos gelarem. As emoções teimavam em querer transbordar por seus olhos, mas as lágrimas eram secas.

A grande porta vermelha estava tão longe à sua frente, e a garota sentia uma respiração gelada atrás de si, aproximando-se pesadamente. Se a apanhasse, teria uma morte que seria mais que morte, uivando para sempre sozinha na escuridão. Ela tentou correr, mas agora, os seus pés negavam-se a dar qualquer passo. Ela esforçou-se quando o seu corpo caiu no chão, contudo, foi em vão, nem os latidos de seu lobo albino conseguiriam salvá-la novamente como foi com os Nazgûl. Queria ser forte, no entanto, não conseguia sozinha, apenas sentia as lágrimas, mesmo sem derramá-las.

A porta vermelha desapareceu como plumas ao vento enquanto fantasmas se alinharam em meio ao corredor, vestidos com as vestes desbotadas de reis. Nas mãos carregavam espadas de fogo. Os cabelos eram loiro-prateados e os olhos eram violetas como pedra de jade.

– Mais rápido! – Os fantasmas exclamavam em uníssono, como se fossem um só. E a garota esforçou-se a seguir em frente, todavia, uma lâmina lhe rasgou as costas antes mesmo que ela pudesse fugir.

A jovem sentiu a pele abrir-se e o odor de sangue lhe invadiu os sentidos. Os olhos lilases captaram a sombra de asas. Naquele momento, durante minutos, não ouve nada, apenas dor, o fogo de seu interior e o sussurro das estrelas.

Então, Daenerys acordou em um pulo, sentindo o sabor das cinzas em seus lábios.

A Targaryen levantou o corpo bruscamente, mantendo-se sentada sobre a cama. Inquieta, passou a mão entre os cabelos prateados. O ronco de Gimli e o ruído de um galho batendo sobre o vidro da janela eram os únicos sons que tomavam o ambiente silencioso.

– Foi apenas um sonho – sussurrou para si mesma, aliviada. O seu corpo estava quente demais e no quarto fazia calor, o que era estranho. Como o clima mudou tão repentinamente?

Daenerys suspirou, liberando todo o peso de seus pulmões. Precisava de um pouco de ar puro, aquele quarto estava lhe sufocando.

Com passos lentos, a menina de traje rosado caminhou silenciosamente pelo cômodo em direção a porta de saída, e a abriu devagar com o intuito de fazer o mínimo de barulho possível. Dany seguiu os corredores iluminados por tochas e velas, e desceu a escadaria, dando de cara com o cômodo da recepção, onde havia um lindo tapete de pele de urso. Com mais alguns passos, ela conseguiu ver-se livre da estalagem.

Um tapete negro ocupava o céu daquela noite, estava lindo e estrelado, claro e cintilante. O clima externo era frio, os ventos gélidos balançavam as folhas, causando ruídos silenciosos como um suspiro distante. O som agudo do grilo e o canto profundo da coruja mesclavam-se em um uníssono, como se tudo isso fosse uma canção da natureza. À noite lhe parecia perfeita.

Daenerys cruzou os braços com o intuito de proteger-se do frio e caminhou pelo jardim. Nunca havia visto como as flores ficavam belas sobre a luz da lua. As plantas moviam-se lentamente ao vento, como se estivessem descansando. Vagarosamente, Dany sentou-se sobre o pequeno banco de madeira que ocupava a varanda da frente, quando Fantasma veio ao seu encontro.

– Oi amigo! – Ela sorriu, tocando a cabeça do lobo que, por sua vez, encostou o focinho gelado em sua coxa nua, causando-lhe um mínimo arrepio. Fantasma saltou rapidamente ao lado de Daenerys no banco e deitou sobre a madeira áspera, descansando a cabeça sobre o colo da dona, enquanto a mesma o acariciava, carinhosamente. – Onde esteve?

Falava como se Fantasma fosse realmente lhe responder. Daenerys amava ter a companhia do lobo, para ela, ele valia muito mais do que muitas pessoas.

Apenas silêncio.

Às vezes o silêncio parecia dizer mil coisas. Era assustador.

Fantasma levantou as orelhas rapidamente, dirigindo sua atenção para o horizonte. Aquela atitude assustou Daenerys inevitavelmente. Ouviu o relincho de um cavalo ecoar aos fundos do jardim, um ruído calmo e distante. Seria de novo um Cavaleiro Negro? Amedrontou-se. Não, ela sentia que não.

Curiosamente, a garota aproximou-se do som e estranhou ao ver um homem. Ele estava de costas e amarrava o cavalo em uma árvore, ao mesmo tempo em que o alimentava. Uma longa trança caia-lhe pelas costas largas, uma trança enfeitada por sinos, características que Daenerys imediatamente reconheceu. Aquele era Khal Drogo. O bárbaro da arena e o mesmo homem que ela havia esbarrado perto da tenda de Mirri Maz Duur.

Daenerys pensou em aproximar-se, todavia, teve medo. Queria correr novamente até o quarto onde estaria segura, mas as suas pernas não se moveram. Ela continuou focando Drogo, até que o mesmo virou-se lentamente para olhá-la. Não houve tempo para fugir, quando Dany menos notou, Drogo também lhe encarava.

– Olá – ela pronunciou e aproximou-se com passos relutantes. Lentamente, as mãos de Dany tocaram o focinho do cavalo prateado. Era uma égua de pelagem branca como o algodão, bem parecido com o tom dos cabelos prateados da menina. – Não sei se lembra de mim... Mas eu vi sua luta na arena – disse com a mesma postura suave, enquanto acariciava o lindo cavalo branco.

– Sim, eu me lembro de tê-la visto – respondeu Drogo. E quando Daenerys menos notou, estava bem próxima dele, próxima demais. Mas pela primeira vez, ela não sentiu medo. Sentia que queria conhecê-lo. No entanto, pela expressão dura do homem, sabia que isso seria complicado. – O que faz aqui sozinha? – Ele questionou e Dany voltou a realidade com a pergunta. A voz de Drogo era grave, uma voz diferente com um tom duro e autoritário, mas estava longe de ser grosseiro.

– Eu estou hospedada nessa estalagem, apenas sai para caminhar – respondeu sem receios, indicando a pequena construção de madeira. Será que deveria dizer isso ao Drogo? Nem se importava! Ela queria conversar com ele. – O senhor... Mora aqui? – Indagou, tentando puxar um assunto. Era estranho. Por qual motivo Khal Drogo estava nos fundos da estalagem do senhor Yron e da senhora Eliza?

– Sim – o bárbaro respondeu, sério. Daenerys não deixou de notar o pequeno sotaque que mesclava com a voz dele, um sotaque quase invisível, mas presente. – Eu sou o sobrinho dos donos.

Foi quando Dany finalmente lembrou-se das palavras da senhora Eliza:

Minha neta nunca gostou dessas arenas, ao contrário do meu sobrinho.

Então, era de Drogo que Eliza se referia.

– Ah! Então é de você que ela falava! – A garota sorriu como se todas as pecinhas do quebra-cabeça se encaixassem. – Meu nome é Daenerys Targaryen, e você deve ser o Drogo, não?

Ela esticou a mão gentilmente em uma forma de cumprimento, contudo, Drogo não moveu-se. Era óbvio que ele não conhecia essa forma de cumprimento. Droga! Ela sorriu discretamente, envergonhada com o vácuo que havia recebido.

Mais uma vez ignorada.

– O que está fazendo? – O homem estreitou os olhos, olhando-a com um olhar torto.

– Ah... – Ela encolheu a mão lentamente. – Apertar as mãos, isso é uma forma de cumprimento que duas pessoas utilizam quando acabam de se conhecer – explicou ela, buscando ser clara.

Khal Drogo arqueou as sobrancelhas, pensativo, no entanto, pareceu compreender.

– Parece um pouco estranho.

– É... É sim... – Gaguejou um pouco e focou os olhos no cavalo branco. Queria dizer algo mais, porém, era péssima em encontrar palavras. – O seu cavalo é muito bonito, qual o nome dela? – Perguntou serena, acariciando a égua graciosamente. O animal fechou os olhos, parecia gostar do afago.

Drogo pareceu pensativo por alguns segundos, mas não demorou a responder.

– Ela não tem nome.

– Não tem? – A Targaryen questionou surpresa, e Khal apenas confirmou. – Eu ouvi dizer que até mesmo as melhores montarias têm um nome!

Drogo encarou-a, confuso.

De início, ela se achou uma boba por iniciar aquele tipo de assunto, não fazia muito sentido em sua mente. Por que alguém como Khal Drogo levaria isso a sério? Todavia, a garota surpreendeu-se com a seguinte pergunta vinda dele.

– Teria alguma sugestão?

Daenerys sorriu doce, pensando por alguns instantes. Ela olhou para a égua branca, buscando alguma característica que lhe desse alguma ideia, e não demorou para encontrar.

– Hm... Que tal Prata?

Drogo sorriu. Era estranho ver alguém tão bruto sorrir, entretanto, Dany gostou disso. Ele não parecia ser tão malvado como ela imaginava.


Notas Finais


Foi bem complicado adaptar essa história da Daenerys, mas eu acho que consegui. Gostaram? Espero que dessa vez vocês possam me dizer o que acharam. Prometo que aos poucos estarei voltando com a programação de atualizações: semanalmente, como era antes! Até o próximo!
➽ Rhaella Targaryen: https://bit.ly/2SnSfpE


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