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História Resplandecente (em correção) - Sonhos Imortais


Escrita por: LadyDaenerys

Notas do Autor


Não, não é uma miragem. É realmente uma atualização! Peço desculpas, eu posso sumir, mas eu sempre volto.
Então, aqui está o capítulo, que ficou tão grande que tive de dividi-lo em duas partes: “Sonhos Imortais” e “Visão Verde”. Espero que gostem!

Capítulo 31 - Sonhos Imortais


Daenerys Targaryen encontrava-se ansiosa.

Os mais famosos comerciantes da grande cidade de Qarth ansiavam em conhecer seus dragões. Eram homens relevantes, como dissera Xaro Xhoan Daxos, e queriam muito encontrá-la pessoalmente. A rainha não evitava em recordar-se do sonho recente que tivera, da mulher misteriosa que invadiu o seu descanso para aconselhá-la, fazendo-a levantar ainda mais suspeitas contra Xaro e seus comerciantes maliciosos. Receosa, Daenerys buscou os dragões a pedido do próprio príncipe, preparando-se psicologicamente para o possível encontro. Com um sorriso no rosto, aproximou-se, enquanto Xaro Xhoan Daxos apresentava-a cordialmente para os homens e mulheres presentes no delicioso banquete, onde uma mesa estendia-se gloriosa, transbordando guloseimas e iguarias saborosas.

Em um palco amplo e espaçoso, homens harpejavam instrumentos dourados enquanto mulheres muito bem vestidas dançavam. Os atores davam início a um esplêndido espetáculo, uma peça de teatro com figurinos engraçados. O publico vibrava em admiração.

Jamais viu nada igual.

O primeiro homem importante que Daenerys conheceu foi Pyat Pree. Diziam que ele era um bruxo da cidade de Qarth, e isso instantaneamente fez Dany recordar-se de Mirri Maz Duur. Mas Pyat Pree era muito diferente da velha mulher selvagem. Ele era um homem pálido, com feições extremamente marcadas e lábios estranhamente azuis. Possuía pequenas argolas nas orelhas e suas unhas compridas estavam preenchidas por um pigmento lápis-lazúli. Vestia-se inteiramente com vermelho e dourado, colares grosseiros e adornos preciosos.

– Seus dragões são uma verdadeira preciosidade, Daenerys! – Sorriu Pyat, mostrando seus dentes brancos. – Gostaria de te convidar para visitar a Casa dos Imortais. Creio que vai adorar.

O bruxo tinha um sorriso largo, contudo, não exagerado. Seus olhos incrivelmente azuis oscilavam malicia.

– Casa dos Imortais? – Perguntou Daenerys, confusa.

– Oh, sim! Casa dos Imortais, ou Palácio de Poeira, como achar melhor. É a sede dos magos. Caso entre, estará sujeita a adquirir sabedoria e informações. Você está mais do que convidada para visitá-la.

Apoiado sobre seu ombro direito, a Targaryen sentiu Drogon sibilar, como se estivesse desconfiado. Dolorosamente, sentiu as unhas finas e afiadas do dragão negro arranharem seu pescoço à medida que ele mudou de posição. Rhaegal mantinha-se apoiado no ombro esquerdo da garota, inquieto perante as vozes e risos da cidade, parecia não gostar dos sons e música. Rhaellaria, no entanto, apoiava-se nas costas da mãe, escondida entre os cabelos espessos que caiam encaracolados sobre as costas de Dany. Diversas vezes, os dragões batiam as asas, como se quisessem voar. De alguma forma, a garota sentia que eles partilhavam de seus mesmos sentimentos, suas mesmas desconfianças.

A rainha franziu o cenho. Vestia-se à moda qartena. Um vestido verde solto com um grande decote, sandálias prateadas e um cinto de pérolas negras em volta da cintura. Ao seu redor, canecas de porcelana, xícaras de cerâmica e copos com reforços de ferro chocavam-se uns nos outros. O vinho de Daenerys estava adocicado com mel e aromatizado com canela e cravo, mas mesmo assim era mais forte do que ela estava habituada.

– Obrigado pelo convite – respondeu ela para o bruxo. Imaginou que assim como a cidade de esplendores, a Casa dos Imortais fosse magnífica. – Pensei sobre isso, senhor.

Nas mesas havia inúmeros e diferenciados alimentos, muito mais do que a Mãe de Dragões podia engolir.

Os servos e empregados traziam em tabuleiros de prata grandes quantidade de carne de cordeiro assada com alho-poró e cebola branca, duramente temperada por tomilho, salsa e manjericão. Tinham também empadões de porco, linguiça e toucinho grelhado. As viandas servidas eram complementadas por pimentões, pedaços fatiados de cenoura, batatas, aspargos, pepinos, cogumelos e abobrinha. Os espetos de pombo e carne de servo eram servidos com molho de mel e cravo, levemente apimentado. O mingau parecia ferver dentro da panela. O ensopado de amêndoas era engrossado com papa de trigo. Em grandes cestos de bambus, havia pães macios e dedos de mel. Tortas de morango e uma diversidade grandiosa de frutas doces. Os qartenos usavam morangos, uvas e maçãs para dar um gosto agridoce aos seus pratos salgados.

O aroma dispendioso deixava Daenerys com água na boca.

Do outro lado do pátio, os pescadores fatiavam um grande tubarão branco. Não desperdiçavam nem mesmo as barbatanas. A carne, antes de ser temperada, assada e devidamente servida, era conservada em barris de alga marinha. Tinham várias espécies de peixes, como também caramujos, caranguejos, lagostas e outras iguarias marinhas.

A rainha alimentou devidamente seus dragões. Foi a maior refeição que eles tiveram durante sua curta vida, e aproveitaram como nunca.

Por ordem de Xaro Xhoan Daxos, servos e criados serviram carne de veado para Fantasma, que devorou tudo como se não se alimentasse há anos. Enquanto o observava, Daenerys sorriu. O lobo sempre foi faminto demais, ela sabia.

Confinadas nas colunas de mármore e argila azul e lilás, as cortinas aderidas por finos tecidos carmesins afastavam a poeira e o calor das ruas, onde o grande banquete ocorria. Todavia, nada conseguia afastar os sentimentos contrários de Daenerys perante o mar de olhos dos homens e mulheres que se aproximavam com o intuito de vislumbrar Drogon, Rhaegal e Rhaellaria. Os animais mantinham-se agitados e rosnavam quando estranhos ameaçavam tocá-los. A rainha sabia que estava sendo um dia extremamente estressante para eles, afinal, os dragões eram seres vivos e possuíam sentimentos, tanto quanto os humanos ao redor.

Mas as pessoas não compreendiam.

Sentia-se sufocada.

Sabia que eles não viam nela uma rainha. Era apenas o divertimento de uma tarde, uma mulher bonita com curiosos animais de estimação.

– Daenerys! – Exclamou Xaro, a sua voz ressoou rude em meio dos risos e elogios ao redor. – Eu quero que conheça alguém. Essa é Quaithe. É uma comerciante de Qarth.

Os olhos violetas da Targaryen ergueram-se, e no mesmo instante, alargaram-se em demasiada surpresa. A mulher em sua frente usava uma máscara de madeira laqueada. Vestia-se inteiramente com a cor vermelho e negro em companhia de um longo capuz.

Podia estar ficando louca, mas Daenerys tinha certeza de que aquela era a mulher que apareceu em seu sonho recente. Tinha os mesmos olhos; olhos profundos.

A rainha sentiu um calafrio cruel percorrer seu corpo.

Não era possível. Não podia ser.

Ainda lembrava-se das palavras sombrias de Quaithe, como se tivessem vindo de uma memória, um acontecimento passado, e não um sonho: “Precisa tomar cuidado, com todos. Eles irão aproximar-se para elogiá-la, mas não confie em ninguém. Virão dia e noite para ver a maravilha que renasceu para o mundo. Eles irão invejá-las... Desejá-las. Pois os dragões são fogo feito carne. E o fogo é poder”.

O príncipe Xaro afastou-se para deixá-las conversar a sós, e somente após isso a desconhecida pronunciou-se.

– É um prazer, Daenerys, Mãe dos Dragões.

Daenerys pode sentir as garras de Rheagal apertarem seu ombro enquanto ele rosnava para Rhaellaria, ameaçando.

– O prazer foi meu – respondeu, estreitando seus olhos. Engoliu lentamente a saliva. – Perdão se estiver confusa, mas nós já nos encontramos em algum lugar? Sinto como se já a conhecesse.

Sentiu como se a mulher sorrisse por debaixo da máscara. Dany pode visualizar, não sabia como.

– Nós nos encontramos uma vez, e vamos nos encontrar de novo. Espero que tenha guardado meus conselhos com sabedoria. A Estrela que Sangra a trouxe para Qarth com um único objetivo. Você encontrará aquilo que procura, se tiver forças para aceitar o que lhe é oferecido. Precisa ter sabedoria.

Rapidamente, perguntou-se como Quaithe sabia sobre a Estrela que Sangra.

– Se for à vontade dos deuses, eu vou vencer. Mas... Mas... Como posso ter sabedoria para fazer as escolhas certas? – Daenerys mostrou-se confusa.

– Os deuses irão te oferecer meios. Mas lembre-se, não confie em ninguém mais do que confia em si mesma.

A garota sentiu-se atordoada. Não houve mais palavras. Era como se a sacerdotisa não desejasse fornecer mais informações.

(...)

A grande extremidade do Mar de Jade era belíssima. Era um grande corpo de água gelada que resplandecia levemente a luminescência solar, refletindo a paisagem do cenário como um espelho natural proporcionado pela invejável natureza dos deuses. Os descendentes dos antigos reis e rainhas de Qarth, os Puronatos comandavam a frota de ornamentadas galés. Daenerys Targaryen desejava aquela frota, assim como desejava os soldados de armaduras que vagavam em postos de guarda sobre as estradas e calçadas.

Por um momento, encarou Xaro Xhoan Daxos e velozmente recordou-se das palavras de Quaithe, imaginando o que os enigmas podiam significar.

O príncipe Xaro disse que a mulher era uma sacerdotisa, além de uma dos comerciantes da grande cidade de Qarth. Os sacerdotes e sacerdotisas vinham de Asshai da Sombra, uma terra distante, onde os seus edifícios eram constituídos com pedra negra gordurosa ao tato. Era como se os próprios muros de Asshai bebessem a luz solar, tornando a cidade escura e sombria. Nela, se localizavam livros antigos, baseados em crenças. Mas o que Daenerys Targaryen não sabia era que Quaithe havia previsto o nascimento dos dragões antes mesmo de ocorrer, e que veio justamente para vê-los. Muitos acreditavam que Asshai da Sombra era a porta de um grande conhecimento sobre os dragões.

Por um instante, a Nascida da Tormenta sentiu-se apreensiva. Perguntou-se o que Legolas diria quando visse os dragões.

Como ele reagiria?

Como Frodo, seu melhor amigo, reagiria?

A rainha voltou para a realidade quando o homem a serviu com um pouco mais de vinho. Perante o entardecer, o príncipe comerciante a convidou para um passeio com o intuito de observar o famoso Mar de Jade que ele tanto comentou.

Empoleirado sobre o ombro da mãe, Rhaellaria fungou com as narinas que, em seguida, exalaram um fino vapor morno.

– É um vinho tinto, estou certa? – Perguntou Daenerys. – Se a resposta for sim, tenho certeza que Rhaellaria também acertou.

– Está certíssima. O seu dragão tem um excelente olfato! – Sorriu Xaro. – É um vinho tinto, produzido na ilha de Lys. Encomendamos muitas bebidas, especialmente para esse banquete que foi precisamente preparado para você, Daenerys. Muitos estavam ansiosos para te conhecer pessoalmente, e eu espero profundamente que tenha se divertido.

– Foi uma tarde adorável – disse Daenerys. – É de fato um vinho delicioso... Sabe onde há grandes diversidades de vinhos? Em Porto Real. Meu irmão, Viserys, sempre me contava histórias sobre a capital. Navegue comigo, Xaro. Se ajudar-me a recuperar de volta o que é meu por direito, prometo que provará as melhores colheitas de sua vida. Os melhores vinhos.

Ele sorriu com modéstia, encarando os olhos violetas da garota.

– Minha querida, seus olhos são belíssimos, os mais lindos que já vi. É realmente complicado negar algo para você, enquanto olho para eles. Porém, eu sou um mercante e não um soldado de guerra. Sou um homem de paz e negócios. Está me pedindo para traçar uma batalha.

– Não! – Retorquiu, rapidamente. – Não estou pedindo para que agarre uma espada e lute em meu nome, estou pedindo para que me empreste seus navios.

A garota pode ver o sorriso de Xaro alargar-se, mostrando seus dentes brancos e bem cuidados. Ela ouviu o pequeno Drogon resmungar quando o homem deu um passo à frente, aproximando-se de Daenerys, como se fosse tocá-la. Enciumado, Rhaegal abriu as asas e rugiu feroz, em companhia do irmão enegrecido. Rhaellaria não esboçou reação, era o dragão mais doce e silencioso.

– É uma grande proposta. Mas diga-me... Qual foi a última vez que pisou em Porto Real? Por que tem tanta certeza sobre sua vitória? Há um novo rei na capital. Como sabe se a plebe se lembrará de você?

A rainha desviou o olhar. Pensou em silêncio, e em segundos, encarou-o novamente.

– Eu... Eu nunca estive lá realmente. O Trono de Ferro era o trono do meu pai. Mas eu sei que o povo se levantará em apoio a sua legítima rainha. Não sou uma mulher comum, Xaro Xhoan Daxos. O mundo inteiro acreditava que os dragões estavam mortos, afinal, eles desaparecem dos céus há milhares de anos. Eu fui a única a acreditar neles. Um dia, eu sonhei que se colocasse os ovos petrificados em uma grande fogueira, eles iriam chocar. Foi o que aconteceu. Quando entrei nas chamas, meus próprios seguidores pensaram que eu fosse louca, mas assim que o fogo se apagou, eu levantei-me das cinzas sem nenhum arranhão! Você não entende? Não sou uma mulher comum. Eu tenho o sangue do dragão. Os meus sonhos se tornam realidade.

– Eu a admiro muito, minha querida – disse ele, finalmente. – E como eu disse, é uma grande proposta. Porém, eu sou um comerciante. Utilizo meus navios para fazer comércio. O que eu faria sem eles? Não posso simplesmente oferecê-los para você apenas porque diz ter sonhos e acredita que eles se realizarão.

Um fio de raiva passou sobre as pupilas lilases de Daenerys. Não era a primeira vez que Xaro a chamava de “minha querida”, mas seu estômago embrulhava sempre quando ele o fazia.

Os dragões agitaram-se. Com uma mão suave, ela acariciou Rhaegal com o intuito de acalmá-lo. Agarrou levemente Drogon, aparentemente o mais feroz, fazendo-o empoleirar-se em seu braço como uma ave de rapina, ou um papagaio verdadeiro, deixando finalmente o dragão negro menos inquieto. Rhaellaria moveu-se, mas mantinha-se em silêncio, serena.

– Tem muitos navios, Xaro. E eu peço apenas metade deles. – A garota o encarou profundamente. – Você mesmo me disse, no bilhete que me enviou. Disse que poderia oferecê-los a mim. Disse que conversaríamos melhor sobre tudo, no entanto, sempre quando ouso tocar no assunto, você o desvia. O que realmente está escondendo, Xaro Xhoan Daxos?

– Eu não estou escondendo nada, Daenerys. As minhas palavras são sinceras. Não nego que realmente prometi tudo isso que disse – ele confessou. – E não menti. Mas eu disse que poderia oferecê-los em meio a um acordo. Uma mão ajuda outra mão. Não foi isso? Se eu lhe entregar os navios livremente, vou perder muito, sem ganhar nada em troca.

– Ganhará muito quando eu reivindicar o Trono de Ferro – interrompeu Dany.

– Trabalho com a lógica e não com sonhos, minha querida. Os navios são parte de nossa sobrevivência.

A jovem estreitou os olhos. Não confiava em Xaro. Não confiava em nenhum deles. Sabia que eles não viam nela uma rainha. Era apenas o entretenimento de uma tarde, uma mulher bonita com curiosos animais de estimação.

Dany recordou-se do recente diálogo que tivera com a sacerdotisa, e estremeceu, lembrando-se das palavras proferidas com tanta convicção: “A Estrela que Sangra a trouxe para Qarth com um único objetivo. Você encontrará aquilo que procura, se tiver forças para aceitar o que lhe é oferecido. Precisa ter sabedoria”. Na última vez que recebeu uma profecia, quando encontrou Mirri Maz Duur em Vaes Dothraki, Daenerys Targaryen duvidou que poderia realmente ser real, afinal, era apenas uma menininha tola e assustada. Duvidou das palavras da bruxa quando a mesma alegou que monstruosos lagartos de fogo nasceriam de uma grande pira flamejante. Mirri Maz Duur referia-se aos dragões. Agora Quaithe, a misteriosa sacerdotisa assombrava sua mente com palavras assustadoras, que deixavam Dany extremamente confusa sobre qual caminho seguir. “Precisa ter sabedoria” recordou-se.

– Então o que você quer? – Perguntou Daenerys. – O que precisa para oferecer-me os navios?

Sentiu Drogon enterrar as unhas sobre sua pele. Era como se os dragões pudessem sentir suas emoções, e naquele instante, a garota sentiu a tensão escalar suas veias, como se ela pudesse adivinhar a resposta do homem malicioso.

– Case-se comigo, Daenerys... Case-se comigo, e lhe darei os navios sem hesitar.


Notas Finais


E então, o que acharam? Espero que possam me dizer. 🐉 O próximo capítulo já está pronto, então na próxima semana, ou talvez antes (dependendo de vocês) vou publicá-lo. É isto, beijos!
Feliz Páscoa!


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