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História Sete Finais - 45 - Sessão 2 (CB - Namjoon)


Escrita por: caploom

Notas do Autor


Primeiro: Espero que curtam esse capítulo. Ele não é a continuação do outro, mas é muito importante.

Segundo: Vocês sentimentais... Não chorem ♡

*Capa em andamento*

Xxcass

Capítulo 45 - 45 - Sessão 2 (CB - Namjoon)


Fanfic / Fanfiction Sete Finais - 45 - Sessão 2 (CB - Namjoon)

Quando você ama alguém

Seu batimento cardíaco bate tão forte

Quando você ama alguém

Seus pés não podem sentir o chão

Parece que todas as estrelas brilhantes

Se reúnem em torno do seu rosto

Quando você ama alguém

Ele vem de volta para você

— Love Someone


Seul, Capital da Coréia do Sul

O teto branco do quarto de Namjoon nunca foi tão interessante desde a discussão que teve com a própria mãe alguns anos antes.

Era estranho a forma como ele passou a reparar o tom branco da tinta. O jeito como ele se privou ainda mais de tudo ao seu redor, fazendo-se querer implorar por um pouco mais de atenção. Mas no fundo só queria mesmo respirar mais uma vez e sentir que o ar estivesse diferente e menos pesado que antes, mas o máximo que conseguia era lembrar das palavras absurdas as quais foi submetido a ouvir naquele dia.

Ele não se considerava o tal garoto sofrido e reprimido, um antissocial que não fazia questão de fazer contato com outras pessoas.

Ele não era. Longe disso. Na verdade, ele não tinha do que reclamar, ele tinha tudo de material que qualquer pessoa gostaria de ter. Cresceu em uma imensa casa, uma casa cheia de funcionários que estariam prontos para o servir a hora que desejasse.

Acontece que, não importa o quanto você tenha, você nunca vai estar satisfeito, o fato de não ter um tal objetivo e não ter que lutar por algo, o deixava abatido e com uma imensa vontade de se perguntar o porquê de não ter o que conseguir.

Ele era como um animal no meio do deserto, um animal que quanto mais bebe da água doce, nunca está satisfeito.

As pessoas poderiam olhá-lo feio pelo mesmo querer contrariedades para resolver, quando já tinha a vida resolvida, mas ninguém estava dentro dele e ninguém sabia o quanto ele se sentia oco por dentro, como se constantemente faltasse algo.

Ele estava conscientemente cansado.

Saeron e Namjoon já haviam discutido outras vezes, mas nunca tinha chegado a ser tão sério como naquele dia. Foi a partir daquele dia que Namjoon percebeu que nunca teria uma mãe de verdade.

Ela sempre o tratou friamente e aquilo doía. Ele agiu sempre como um pateta doido por carinho, nunca foi descabeçado o suficiente para se defender ou tentar se expressar da forma que realmente queria.

Mas as palavras de Saeron o atingiam. Para ele elas eram muito mais que lição de moral para que ele sempre mantivesse a postura. Ele odiava sempre ser tratado como uma criancinha de três anos que tinha que aprender como andar, mas sua mãe não ligava para isso.

Sua mãe era do tipo de mulher que costumava se importar muito com o que as outras pessoas falavam. Era do tipo que não podia tremer a mão no caminho ao qual fazia para o garfo chegar até a boca, do tipo que andava com seus saltos em linha reta, com um pé em frente ao outro, do tipo que insultava os outros pela condição social e xingava as pessoas com um simples olhar. Ela olhava todos por cima e parecia não se sentir bem com qualquer outra pessoa, por mais sofisticada que ela fosse, ela se "forçava" a se manter no mesmo ambiente que pessoas a quais ela considerava desprezíveis e que não merecessem o mínimo de sua gloriosa atenção.

Querendo ou não, Namjoon tinha o gênio tão forte quanto o dela, mas ele nunca veio à florescer, ele resolveu dar as caras na hora certa.

Namjoon podia ter ouvido tudo o que Saeron tinha para falar, quieto e obediente. Mas sua escolha foi outra, ele quis enfrentá-la, teve que deixar que pelo menos uma vez o sarcasmo o dominasse, teria que enfrentar algo alguma vez na vida, só não imaginou que fosse por um arranque sentimental.

O que poderia ter sido um erro. Cabeças poderiam rolar depois. Mas o que aconteceu foi totalmente o contrário.


Dois anos antes -

Os sapatos de Namjoon tocavam o chão de cimento que rodeava a estrutura da mansão de seus pais. A mansão era grande, coberta por janelas altas e largas. Poderia até ser comparada com aqueles enormes cenários dos filmes de romance de Hollywood, mas estava mais para uma prisão.

O jardim estava opaco e não estava florescendo nos últimos dias, estavam entrando no tradicional inverno rigoroso. Quando os dias ficavam cada vez mais escuros, mesmo estando cedo. As pessoas iam mais cedo para casa, para fugir do frio que fazia à noite e espetava os corpos dos cidadãos que ousavam ficar até tarde fora de casa.

Namjoon chegava em casa depois de uma caminhada ao Parque Central, costumava ir até lá para esvaziar a cabeça e tentar esquecer completamente de tudo o que o atormenta. Mas os principais motivos pelo quais ele precisava sempre sossegar a cabeça, eram seus pais e os pesadelos que tinha constantemente.

Pesadelos que passou a ter logo após sua mãe abandonar o título de "mãe", e o garoto ter que pedir atenção para a babá Cleris, a babá que não gostava muito dele. Na verdade, ela o odiava, pois a cada vez que ela o olhava, era com um olhar com um ódio juntado, um ódio ao qual ele nunca entenderia o porquê dela ter, mas ela tinha, e então quem sofria com seus ataques de bipolaridade era o pequeno Kim Namjoon.

Namjoon estava exausto, e tudo o que ele mais queria era se enfiar embaixo de uma água morna e comer algo, assistindo algum filme qualquer. Qualquer filme que fosse o total oposto de sua vida atual. Ou melhor dizendo, nada relacionado à garotos ricos ou mamães mandonas.

Ao abrir a porta e se direcionar ao corredor que dava acesso à alguns cômodos da mansão, encontrou sua mãe em um dos sofás marrons da silenciosa sala de estar. Não se preocupou em cumprimentá-la, afinal, raramente faziam aquilo. Eles se ignoravam o máximo que podiam por terem opiniões diferentes, e sempre que começavam a se falar, já era previsto que um tsunami acontecesse em menos de cinco segundos.

Ele iria direto para o próprio quarto, quando a voz de sua progenitora soou estridente, ecoando pela enorme sala de luz média e móveis de época.

— Onde você estava, Namjoon? — Saeron perguntou largando sua revista na mesinha ao lado do sofá escuro ao qual se mantinha sentada.

Ela usava suas típicas roupas, saias e blusas sociais pretas. Ah, e claro, os saltos. Kim Saeron era uma mulher bonita, mas de longe se viam marcas de noites mal dormidas que ela dedicava ao trabalho. Seus olhos puxados já se viam perdidos dentro de tantas olheiras profundas que ela tentava esconder com maquiagem. No fundo, Saeron mãe era uma verdadeira mulher mesquinha, viciada em trabalho.

Namjoon não queria ter que ser como ela, ele não queria ser esmagado pela sociedade.

A figura de cabelos castanhos interrompeu o garoto antes mesmo que ele pudesse pensar em responder.

— Aposto que estava em algum parque, acertei? — deduziu por si própria fazendo um sinal de negação, como se estivesse profundamente decepcionada.

— Sim, eu estava. —respondeu com calma. Já sabia muito bem como falar com a mulher. Tinha sempre que haver o tom e as palavras certas para serem usadas. — Você deveria experimentar, é um ótimo lugar para relaxar. Está precisando. — suspirou enquanto se sentia analisado pelo seus olhos de íris escuras. — Você se dedica tanto ao trabalho que acaba esquecendo que existe uma vida fora dele.

— Não diga bobagens, Namjoon. — Saeron vociferou depois de respirar fundo. — Não me sinto mal com meu trabalho, me sinto incomodada é com essas suas idas à esses lugares.

— Mãe, eu realmente me preocupo com essa sua dedicação absurda ao trabalho. — ele também suspirou. Ele também estava cansado. Ele também esperava que ela estivesse.

— Nada faz bem, Namjoon. E olhe bem para mim. — apontou para si mesma. — Acha mesmo que eu me misturaria com pessoas rindo e brincando com seus filhos malcriados, jogando pãezinhos para cisnes? — deu uma gargalhada azeda. — Patético. -desviou o olhar do garoto. — Ainda não sei onde errei quanto à sua criação. Sinceramente.

— Você não me criou. Talvez tenha sido esse o seu erro. — por um momento um silêncio reinou diante dos dois.

E aquilo era uma verdade, sua mãe era do tipo que dava atenção ao filho quando tinha um tempo livre no trabalho, o que deveria ser o controverso. Ele sentia falta dela, da atenção dela, de como ela sorria para ele quando ele tinha os seus três anos de idade. Ele não lembrava muito bem. Não lembrava de como ela sorria para ele quando tinha apenas três anos de idade, mas tinha certeza que era melhor que nos dias atuais, com ela o tratando como se ele fosse um aluno e ela fosse a professora.

— Não pode sair por aí do nada para caprichos seus, você tem mais o que fazer a se misturar. Já te disse isso diversas vezes.

— Mais o que fazer? Como o quê? Ficar o dia inteiro trancado dentro casa? Ir para aquela droga de escola? Ouvir professores idiotas me ensinarem coisas que não quero aprender?! — revirou os olhos. — Aquelas pessoas, como você diz, sabem bem como se divertir, é um lugar onde eu me sinto bem, esta casa é como um cemitério. Caso tenha se esquecido, eu tenho sérios problemas graças aos malditos ataques que eu tenho desde a minha infância. Tenho medo de mim mesmo! — lembrou. — Qualquer distração pra mim é um lucro.

— Não importa o que eu diga. Entra por um ouvido e sai por outro. Você deve honrar a sua família e não se misturar com qualquer tipo de gente!

— Essas regras não existem mais, por que você sempre quer me manusear? Por que sempre quer me dizer como eu devo agir ou não? Por que eu não posso apenas ser eu mesmo?! Parece que você quer fazer comigo o mesmo que o vovô fazia com você. Mas você não é o vovô! Você não precisa agir como ele!

Mais uma vez o silêncio se acomodou no espaço e apenas alguns barulhos agudos eram ouvidos do jardim.

Saeron apenas negava com a cabeça, movimentando seus cabelos castanhos de um lado para o outro.

— Você é mesmo uma decepção... — despejou fazendo Namjoon vacilar ao ouvi-la dizer que ele era uma decepção.

Ela sempre foi durona e sempre me lhe deu broncas por ele ser como era, mas ela nunca havia dito que ele era uma decepção para ela.

— Nunca vai ser o que eu esperava de um filho. Eu te criei para ser apresentável. Para que se casasse com uma herdeira de uma família bem sucedida. Mas todos se assustam e fogem de você graças à esse seu jeito estranho de se comportar. Graças à sua doença! Sempre será um carma, um fardo ao qual eu tenho que carregar. Eu quis diminuir seu peso com boas aulas, mas seu rótulo é velho, você é tão descartável! O seu pai nem mesmo te ama! Você não serviu nem mesmo para segurá-lo conosco! — elevou os ombros incomodada com as próprias palavras e piscou lentamente.

Aquelas palavras doeram nele de uma forma surpreendente, um sentimento incontrolável.

Então Namjoon era um fardo? Sempre pensou que ela o tratasse mal por ser seu jeito, por não ter tempo... Mas não. Ela o via como um peso em suas costas. Ele sempre fez, ou pelo menos tentou fazer de tudo para que ela se orgulhasse dele e então ela resolveu jogar a bomba em seu colo, dizendo as palavras cruéis que nunca seriam esquecidas. Ele não sabia onde havia errado.

— Me desculpe por não ser bom o suficiente. — ele respirou fundo antes de continuar a falar. — Acontece que pra mim você também não passa de uma estranha, você deixou de ser mãe, eu me sinto um órfão desde meus cinco anos de idade, desde que você me deixou de lado, me colocou em segundo plano por causa do bendito trabalho!

— Você nunca foi bom o suficiente. Nem mesmo sua inteligência absurda supre o resto. — apontou para ele com a mão direita. 

Namjoon respirou fundo engolindo a enorme vontade que tinha de mandá-la calar a boca. Era um pecado fazer isso?

— Você é hipócrita e mentirosa, mas eu nunca joguei isso na sua cara como se fosse a coisa mais normal do mundo! — ele despejou de uma só vez.

— Eu poderia ter escolhido te ver longe daqui em um internato, seria menos petulante. Maldita hora em que seu avô me impediu de te mandar para longe até que se curasse. — Saeron continuou seca sem se importar com o que eu dizia. — Mas não! Eu mesma aceitei ter o gosto de ensinar tudo o que eu sei para você, mas você não faz a mínima questão de agir como eu te ensinei. Vive por aí, distraído, se misturando.

— Por que você diz isso? — ele se aproximou dela com cuidado. — Por eu simplesmente não pensar e agir da mesma forma que os outros? — soluçou sem perceber. — E eu não desejaria uma mãe como você nem para o meu pior inimigo.

Aquilo não era nem metade do que estava entalado em sua garganta, mas ele ainda não tinha coragem o suficiente de dizer tudo.

Namjoon estava com os olhos cheios de lágrimas. Mas não iria chorar, não na frente dela, seria humilhação demais para um dia só.

O garoto sentiu uma ardência em sua bochecha esquerda.

— Como você ousa? — podia-se ver ela vermelha de raiva, e ele apenas observava ela dar seu incrível show. — Você sempre teve tudo o que quis e hoje retribui assim?

— Tem razão... — suspirou pesadamente. — Eu sempre tive tudo... Menos o mais importante. Eu nunca tive afeto.

Olhou profundamente em seus olhos e subiu atordoado para o quarto.

- -

Todos os dias, Namjoon ia para escola, depois para casa, tinha as aulas cansativas, lia algum livro qualquer e quando acabava, se trancava no banheiro e fazia alguns riscos nos pulsos com uma lâmina pra lá de velha.

Havia descoberto com treze anos, que a dor física podia tirar um pouco da dor de dentro, mas com o passar do tempo, era como se estivesse anestesiado, se acostumou e a lâmina agia como uma caneta, e, às vezes, ele se perguntava sobre o que faria quando não tivesse para aonde correr.

Quando percebesse que isso já não adiantaria mais, quando quisesse gritar por Deus, mesmo sabendo que ele não o responderia com palavras... se questionaria sobre Deus existir mesmo e se veria desesperado ao querer se sufocar propositalmente.

Quando ele se cortava o suficiente, se jogava na cama de barriga pra cima olhando para o teto, apenas pensando em um rumo para própria vida.

Na verdade, sua vida nunca teve um rumo.

Mesmo com todos os defeitos, ele era incapaz de sentir um ódio terrivelmente profundo por sua mãe.

Quanto ao seu pai... Bom, seu pai era tão rigoroso e frio quanto sua mãe, mas não era tão centralizado em querer controlá-lo como ela insistia em querer para depois o chamar de inútil.

Namjoon nem falava com seu pai quando o mesmo estava em casa. Quando o via, era difícil trocarem alguma palavra. Quando começavam um diálogo, era sobre algo extremamente importante.

Dak-Ho só se importava com o filho mais velho.

Namjoon foi criado rigorosamente, tão rigorosamente que com seus dezoito anos, ainda obedecia as ordens de sua mãe sem pestanejar.

Foi ensinada a como andar com postura, se sentar corretamente... Ele era robô bem programado. Uma criação digna de príncipe. Nem Jung Hoseok que tinha sangue real nas veias havia sido criado daquela forma.

Graças às viagens que seus pais faziam quando Namjoon era menor, ele era forçado à ir junto. Saeron não confiava em babá alguma, em sua cabeça, qualquer babá faria seu filho se comportar como "uma criança de rua".

Isso mudou até ela conhecer Cleri. Cleri tratava mal o menino e batia muito nele. Ele tinha várias marcas pelo corpo, mas sua mãe nunca viu pois nunca parava, ela nunca teve tempo para ver se seu filho estava bem e ele chorava muito porque doía demais, e não sabia o porquê de Cleri fazer aquilo.

Quando o menino completou doze anos, Cleri foi embora, e com quartorze anos, Namjoon descobriu que ela se drogava e descontava seus transtornos nele. Ficou surpreendido por saber que sua omma, com seu jeito super correto, havia contratado alguém como Cleri para cuidar de seu único filho.

As mãos de Namjoon estavam escorregadias. Nunca mais hesitaria. Ele seria forte. Ele lutaria com ele mesmo daquela vez. Tudo daria certo.

Namjoon desceu a escada da casa que parecia não ter fim, mas logo em seu final ouviu vozes, provavelmente estariam jantando como faziam todos os dias àquele horário.

Mas eles nunca conversavam...

Ele foi até a sala de jantar e como previsto, estavam lá. Mas, para sua surpresa, na mesa estava também um jovem. Pálido, cabelos negros e traços orientais.

Namjoon já tinha quase certeza de quem se tratava.

— Quem é ele? — Namjoon questionou baixo, atraindo a atenção de seus pais e do mais novo sentado.

Dak-Ho apenas respirou fundo.

— Este é Wooju. Seu irmão mais velho. Cumprimente-o. — o pai dos garotos mandou. Namjoon não respondeu, apenas apertou as mãos com força, fuzilando Wooju com o olhar.

Wooju reconheceu na hora o rosto de Namjoon e quase engasgou ao perceber que o garoto que havia sido salvo por Soyoon, era seu meio irmão mais novo.

— Precisamos conversar. — Namjoon anunciou com a voz trêmula.

— Sim, precisamos! — disse Dak-Ho. Ele olhou o filho mais novo, ajeitando seu terno cor grafite e limpando a boca no guardanapo de pano branco. Seus cabelos castanhos estavam arrumados sem nenhum fio fora do lugar, e ele mostrava o quanto podia ser aterrorizante quando queria.

— Pode começar. — Namjoon pediu abaixando um pouco a cabeça, como uma reverência para que o mais velho falasse.

— Sair de casa em meio à uma conversa séria, me deixando falar sozinho foi um erro muito grave, Namjoon. Isso não tem cabimento, sabe que não toleramos. Por que fez isso? O que te deu?

— Se for sobre isso, não estou com paciência para ouvir. — indagou sendo sincero com um tom de cansaço na voz, e jurou ter ouvido sua mãe engasgar com a própria saliva.

— Como não? Você... — Dak-Ho diria, mas Namjoon o cortou.

— Eu não quero mais te ouvir. — Namjoon afirmou com clareza e vontade de dizer o quanto estava certo.

— Ei... Por que vocês não se acalmam? — Wooju disse pela primeira vez, chamando a atenção de Namjoon.

— Cala a boca, bastardo. — Namjoon revidou raivoso.

— Você sabe que nada justifica erguer o tom de voz para o seu irmão mais velho. — Dak-Ho declarou calmo. — Respeite.

— Você tem mesmo que vir falar comigo sobre respeitar esse cara ou não? — Namjoon interpelou negando com a cabeça.

— Peça desculpas à Wooju, Namjoon. — Dak-Ho determinou exausto.

— Sim. — Namjoon assentiu concordando. — Se ele fizer o mesmo. Ele também deve pedir desculpas por se enfiar onde não deve. Ele não devia estar aqui!

Kim Dak-Ho apoiou a mão na testa e respirou fundo.

— Namjoon...

— Eu não acho justo que ele me fale como se tivesse algum direito aqui dentro. Eu não fiz nada que não fosse normal. E naquela noite em que você avisou que esse cara moraria aqui, eu só quis sair um pouco, e então vocês quiseram arrancar minha cabeça fora! — Namjoon disse um pouco mais alto, pela primeira vez rebatendo as palavras de seu pai que o olhava esperando-o terminar.

— Eu disse que você tinha mais o que fazer! Você vive dormindo fora agora, ou simplesmente agindo como um bicho solto. — Saeron rebateu pela primeira vez, ajeitando o blazer cinza que usava.

— Preferia que eu estivesse perambulando por lugares mal frequentados? Eu realmente acho que vocês deveriam rever seus conceitos sobre o certo e o errado!

— Eu sempre lhe mostrei o certo e o errado. Me admira você agir como se não soubesse! — Saeron cruzou os braços, ainda falando sobre a mesma coisa.

— Claro. O certo é eu ficar trancado o dia inteiro aqui dentro, estudando e obedecendo feito louco? Existe uma vida fora daqui, você sabia?! — seu pai continuou calado aparentemente cansado, e sua mãe ainda se mantinha séria com os braços cruzados. — O que tenho para dizer é rápido. Eu prometo. — articulou esperançoso. — Eu decidi que vou para o maldito internato militar.

— Como é? — a mãe perguntou incrédula. — Você vai? — então el olhou para Dak-Ho intimidadora, como se fosse o matar caso ele não resolvesse a situação.

— Pretendo começar a escrever as cartas de fidelidade para onde você queria me mandar.

— Você já planejou tudo?! Não seria mais simples só sair do time idiota e continuar aqui?! — Saeron exclamou novamente. Ele sabia que ela ainda não havia gritado por ser algo fora de sua natureza.

— Eu não planejei tudo. — debateu incrédulo. — Eu tive uma breve conversa comigo mesmo e decidi que prefiro ir para o internato. Não quero continuar aqui.

— Como não?! — Saeron se aproximou. — Você agiu pelas minhas costas, Namjoon! Você só tem que sair do time! É só isso!

— Não é o fim do mundo, eu só vou estar fora! Foi você quem me ameaçou com isso. Agora aguente as consequências. — conteve a vontade de revirar os olhos. — Deveria estar feliz por eu não estar querendo "perder meu tempo com coisas bobas." — completou usando os dedos para as aspas.

— Mas... Não é isso o que eu quero! Você ia sair do time e continuar aqui, se formar aqui e ficar ao meu lado! Esse era meu desejo. Tudo aquilo foi uma ameaça. Eu tinha certeza que você sairia do time para não ir para o internato, Namjoon!

- É por isso que essa é minha decisão. Essa era e sempre foi a sua vontade. Você nunca se preocupou em perguntar o que eu queria, não só em questão à minha carreira, mas à tudo. Agora meu pai colocou um estranho dentro de casa e espera que eu engula tudo. Eu não vou ficar aqui. — Namjoon relaxou os ombros e fechou os olhos durante dois segundos.

Era uma decisão séria.

— Você não tem que ir para o internato, Namjoom! Aqui, conosco, com a sua mãe, você vai ser a melhor em tudo! — Saeron pousou as mãos deus braços olhando o garoto nos olhos. — Ir para o internato militar nunca esteve em seus planos!

— Este é o problema, mãe. Mais uma vez quero fazer o que não queria antes por culpa de vocês. — deu ombros calmo. — Não quero continuar aqui com tanto peso no nome.

— Você está vendo, Dak-Ho? — Saeron apontou, olhando para o homem que procurava sua sanidade interior. — Dezoito anos de preparo. Faz dezoito anos que eu espero e tenho esperanças de me orgulhar por e ele me diz que não faz questão do nome que tem?

— Saeron... — o pai tentou reverter a situação.

— Isso é tudo culpa sua! Por que você veio feito um idiota trazer seu filho bastardo para dentro dessa casa?! É tudo culpa sua, seu inútil! — Saeron falou alto demais, completamente possessa. 

Wooju se encolheu na cadeira.

— Eu posso tomar decisões! Eu sei o que eu faço! — Namjoon falou tentando lembra-los que ainda estava na sala de jantar.

— Não! Não sabe. — ele franziu o cenho desacreditado e negou com a cabeça.

Forçou os pés sobre o chão, indo em direção ao quarto.

Era sua vida! Era de sua vida que estavam falando e era literalmente impossível discutir sobre algo que não havia condições de ser discutido.

Namjoon se posicionou sobre a beira da sacada do quarto e olhou para frente, aspirando todo o ar gélido que tocava seu corpo. Pôde avistar todos os prédios de Seul com suas luzes coloridas, e algumas cor de ouro.

O céu estava escuro, mostrando as estrelas que conseguiam aparecer, mesmo sendo atrapalhadas pelos arranhas céus que ocupavam a cidade.

Podia ver os desenhos que o gramado do jardim da casa tinha, assim como podia ver os enormes portões que rodeavam a mansão, como se fosse uma prisão de segurança máxima.

— Quer mesmo sair e ir para um lugar tão longe e difícil? — Namjoon ouviu a voz de seu pai atrás de si, e se virou instantaneamente por reação.

— Eu não estou saindo. É bem mais que sair. É uma decisão. — e era mesmo uma decisão. Era uma decisão a qual ele não pretendia mudar.

— É uma grande burrada tomar uma decisão por raiva. Por uma afronta contra os pais. — inspirou fundo, levantando levemente.

— Vocês nunca vão entender, não é? Eu não estou fazendo isso por causa de vocês, eu estou fazendo por mim, só por mim. — deu de ombros e em seguimento ouviu a risada grossa de seu pai. Franziu a testa olhando desarranjado para ele. — O que foi?

— Eu lembrei que... quando eu tinha a sua idade, fugi de casa por não querer me casar com a sua mãe. — continuou com a gargalhada, juntando uma mão na outra. — Me lembro que passei a noite com Dinah, minha namorada na época. Mãe do Wooju. — Namjoon olhou para o pai, sentindo a cabeleira ser balançada pela brisa fresca que batia na sacada.

— Ela era como a minha mãe? — Dak-Ho parou de sorrir escondendo aos poucos os dentes, e deixando a boca reta.

— Dinah... Na época era... era uma morena muito bonita, a pele bem bronzeada, cabelo impecável, corpo avantajado... — suspirou, mas não parecia se lamentar. — Ela me deu um tapa tão forte quando eu disse que teria que me casar, que acho que ainda sinto os dedos dela batendo na minha bochecha. — passou a mão no rosto. — Eu havia me metido em uma grande enrascada. Dinah era uma grande dramática e sua mãe é do tipo que nunca aceita ser rejeitada ou receber um não como resposta. Sua mãe sempre foi o contrário de Dinah, alta, magra, rica, mimada. Mas agora, vejo que não fiz tão mal em ter me casado com ela.

— O que tudo isso têm a ver com a minha decisão de ir para o internato?

— Nem sempre as decisões dos pais são bobagens, e na maioria das vezes, é a melhor das opções. Sua mãe só está preocupada. — articulou movendo a cabeça. — Ela só quis te colocar medo. Nunca te mandaria para o colégio militar. Mas você sabe que ela odeia o Bangpae.

— Nem sempre as decisões dos pais são as certas. — levantou as sobrancelhas o olhando. — É difícil de acreditar que meu pai está na sacada do meu quarto, falando sobre o quanto minha mãe está preocupada com o fato de eu estar indo para longe. Ela me odeia.

— Ela não te odeia. Ela me odeia. Pense muito esta noite, mas caso não pense, comece a analisar se vale a pena partir. — o homem se afastou da ponta da sacada e o olhou colocando as mãos nos bolsos da calça social escura. — Vai precisar de motivos maiores para sair do inferno que acha que sua vida é.

— Você vai ter mais tempo pro bastardo Wooju.

Dak-Ho apenas negou com a cabeça e deixou Namjoon de cara com suas costas, se afastando.

Seu pai nunca havia falado tanto com ele, por tanto tempo, e ele não pôde evitar soltar um sorriso ao perceber que por um momento eles se deram "bem".

Quando sentiu o vento bater mais forte contra ele, fazendo-o sentir um frio maior, entrou de volta para o quarto e fechou a enorme porta de vidro que separava a sacada do quarto.

Não estava sendo tão doloroso como pensava que seria, mas sabia que tinha que ser franco com quem merecia. As coisas estavam sérias, mas ele não fugiria mais.

Namjoon pegou a caneta preta e o papel liso, se sentando na escrivaninha. Tudo daria certo. Uma carta diria tudo por ele. Então, ele apenas escreveu o que chegaria em breve.


"Olá, Yun Soyoon

Mal posso expressar o quanto estou me sentindo um completo idiota por estar escrevendo isso. Eu poderia pegar meu celular, gravar algo nele e me sentir mais leve como você me ensinou, mas nunca conseguiria realmente fazer com que algo saísse da minha boca e que fosse até você depois.

Eu mal te conheço. Eu não fui um bom garoto. Mas te ver todos os dias me fez acreditar que nós fomos amigos. Sempre que você sorria para mim eu entendia que estava me perguntando como estava sendo meu dia... Mas eu fugia e tropeçava pois não seria capaz de mostrar para você que estava tudo indo péssimo.

Você quer saber? Eu me sentia um nada todos os dias. Mas não queria que você percebesse.

Eu não tenho o direito de dizer que gosto de você, mas eu realmente adoro sua presença. Você cuidou de mim e me tocou de um jeito que ninguém nunca fez. Cuidou dos meus machucados e me abraçou mesmo sentindo dores.

E eu gosto da cura pela dor.

Eu tenho medo de embebedar minha razão e te dizer cara a cara que amo seus toques.

Ninguém nunca se importou comigo. Mas você sim. E o que me dói mais é saber que todos que me conheciam desde que nasci, nunca ligaram para o que eu sinto, e você, que me conhecia há tão pouco tempo, me recebeu como se sua vida dependesse disso.

Eu pensei em muitas merdas durante muitos dias e noites, mas você mudou uma boa parcela dos meus pensamentos se tornando minha protetora por algumas semanas.

Eu me lembro de quando você me deu uma piscadela e sorriu de lado.

Você sorriu como sempre e eu fiquei bem.

Você fitava a mim com uma intensidade sem fim, era como se conversássemos apenas pela troca de olhares, eu sendo o mesmo tosco de sempre e você sendo a famosa senhora cuidadora. O tempo parecia parar sempre que eu te via de longe ou por perto, era estranho, era avassalador, era diferente. Você reflete uma garota tão jovem, uma protagonista de sonhos, mas você é bem mais que isso.

Você é bem mais que apenas uma garota boa. Você é uma mulher, uma mulher boa, e é isso o que me faz te aceitar como parte do meu ontem e hoje...

O fato de você ser uma mulher... e o fato de você ser boa.

Nessas semanas você veio me impedindo de fazer burradas, e, cara... Como eu queria que você me impedisse de fazer algo agora. Eu quero fugir há muito tempo, mas nessas ultimas semanas, você quase me fez desistir, porque pela primeira vez alguém me deu motivos para ficar.

Se eu ficasse eu seria tolo? Eu quero ficar.

Eu não posso ficar. Não sei quanto tempo ficarei longe e não sei se quando eu voltar você ao menos lembrará de mim.

Você ter me ajudado me marcou muito, porque eu nunca senti isso e eu entendo que pra você não tenha significado tanto. Eu só peço que você me desculpe por ir embora. Eu queria que você me abraçasse novamente. Mas então, sempre que olhar para o porta jóias que receberá em breve, lembre que eu te dei e lembre que eu quero voltar para o minha casa.

Quando você estiver lendo isso, provavelmente já estarei longe, então, eu queria dizer que essas semanas significaram muito pra mim. Obrigada. Por alguns dias você esteve comigo, e eu me senti melhor que em todos os meus anos vividos.

Por alguns dias você foi meu lar, Yun Soyoon."

- Kim Namjoon.




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