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História Sete Finais - 88 - Sessão 3


Escrita por: caploom

Capítulo 89 - 88 - Sessão 3


Fanfic / Fanfiction Sete Finais - 88 - Sessão 3

Você tem medo do amor e do que ele te causou
Você não precisa fugir, eu sei o que você passou
Apenas um toque e eu posso te libertar
Não precisamos ir rápido quando você estiver sozinha comigo

- I Feel It Coming


Seul, 2004

- Jimin! Jimin! Jimin! Jimin! - os convidados comemoravam em nome do pequeno Jimin enquanto o moreno olhava encantado para o bolo de dois andares em sua frente.


- Faça um pedido enquanto assopra, garotão! - disse seu pai, tocando em sua cabeça.


O pequeno Park sorriu para seu pai e fechou os olhos juntando ar em seus pulmões para apagar a vela. Assim que a mesma foi apagada, os festejos e palmas animaram ainda mais o garoto.


- Meu pequeno garotinho está ficando mais velho hoje. - senhora Park comentou com um sorriso no rosto.


- Eu não sou garotinho, eu tenho 6 anos agora!


Seus pais riram da atitude dando espaço para o menino cortar um pedaço - mal cortado - do bolo.


- O primeiro pedaço é meu! - Jimin avisou e saiu da parte de trás da mesa com o prato na mão.


Uma das funcionárias foi terminar de cortar o bolo, aproveitando o momento em que os senhores Park se afastaram também.


Não havia sido uma grande festa, só estavam presentes os seis amigos mais próximos do herdeiro Park e seus pais, mas aquilo era o suficiente para o menino se sentir bem em seu aniversário.


Jimin se aproximou de seus amigos com um sorriso vitorioso nos lábios e os olhou.


- Depois nós vamos brincar no parque do lago. - ele avisou comendo seu próprio bolo.


- O mal assombrado? - Seokjin perguntou com os olhos curiosos.


- Ele não é mal assombrado, só tem uma casa abandonada. - Jimin deu de ombros.


- Não é uma casa, é uma chácabla! - Hoseok lembrou alto, negando com a cabeça.


- Hoseok, se diz chacrabá. - Yoongi o corrigiu tocando seu ombro com leveza.


Jimin levantou as sobrancelhas ouvindo seus amigos tentarem pronunciar a palavra "chácara", mas não deu tanta importância, ele não sabia o significado mesmo.


- Tanto faz! Comam logo! Eu tenho uma brincadeira muito legal pra gente. - pediu o pequeno Park vendo os pedaços de bolo serem entregues para os meninos.


- E do que a gente vai brincar? - perguntou Namjoon, lambendo a borda do próprio prato.


Jimin sorriu inquieto.


- De caça fantasmas!


Os meninos imediatamente olharam para Taehyung balançando as mãos em frente ao corpo. O moreno deu dois passos para trás e soltou um riso sem graça.


- Eu... não acho essa brincadeira muito legal... - contou o pequeno Makieno.


- Eu sabia... - Min Yoongi murmurou com tédio de braços cruzados.


- Você é medroso demais para ser o mais velho entre nós! - Jungkook resmungou enfiando um pedaço de bolo na boca. - Eu sou o mais corajoso e o mais forte! 


- Eu não sou o mais velho ainda, nem completei 8 anos. - disse Taehyung baixo, olhando para o lado com as bochechas coradas. 


- Mas vai completar e continua sendo um bundão medroso! - Yoongi provocou com um sorriso de canto inquieto nos lábios. 


- Yoongi! Você falou palavrão de novo! 


Após o mais pálido ouvir Jungkook o olhar assustado, apenas deu de ombros deixando de sorrir maldosamente como antes. 


- Então, já que o Taehyung é o mais velho... Ele vai na frente. - Hoseok levantou as mãos como se comunicasse um assunto de extrema importância. 


Taehyung formou uma careta mostrando os dentes e franzindo o nariz. 


- Ele não vai. Ele é medroso demais pra isso. - Namjoon falou com desdém. - Vamos nós seis. 


- Ei, Namjoon! Não fala assim do nosso primo! - Jin exclamou alto colocando seu braço nos ombros de Taehyung, que tinha os olhos levemente escondidos pelos fios de cabelo. 


- Você vai defender esse chato chorão de novo? - Namjoon cruzou os braços negando com a cabeça. 


- Ele é nosso primo. - Jin levantou o queixo sério. Ele protegia seus primos com unhas e dentes, nunca pensou duas vezes antes de colocar o bem de Namjoon e Taehyung acima de seu bem; sendo assim, não suportava que vissem pessoas mexendo com os garotos.


- Eu continuo não gostando dele. - Namjoon deu de ombros. 


- Ah! Tá, tá! Tá bom! - Jim indo se irritou levantando os braços sem paciência. - Já chega. O Taehyung é nosso amigo e ele sabe que estamos brincando, não é? 


Taehyung mexeu a cabeça timidamente assentindo, enquanto Jimin dava alguns tapas em seu ombro. 


- Mas nós precisamos que todos brinquem, Taehyung. - Jungkook lembrou. - Quer dizer, se você não quiser brincar então nós podemos fazer duplas. 


- Assim não é legal. Precisamos de alguém para ser o fantasma. - Yoongi revirou os olhos ao falar. 


- Mas o lugar já é mal assombrado... - Hoseok murmurou pensativo e confuso. - Bem, eu não quero ser o fantasma! 


- Ninguém vai querer ser o fantasma. - Namjoon bufou encostando a cabeça na ponta da mesa. 


- Vamos para o parque, lá tiramos na sorte. 


Jimin saiu andando na frente com o intuito de achar seus pais para avisar que havia tomado a decisão de ir brincar ao lado de fora da mansão. Os adultos conversavam na sala de estar bebendo, mas os assuntos pareciam inúteis aos ouvidos do pequeno Park que atravessava a entrada do cômodo sério. 


- Quero sair. - o menino disse alto. - Nós vamos brincar no parque do lago. 


- Jimin, brinquem aqui dentro ou pela parte externa da casa, não precisam ir até o parque do-


- Mãe, eu quero logo. Vamos ser caça fantasmas hoje, precisamos ir em um lugar mal assombrado. - o pequeno revirou os olhos.


No fim, para evitar discussões com o menino de personalidade complicada, um funcionário acabou sendo encarregado de acompanhar as sete crianças até o tão desejado parque.


Para o funcionário, era mais uma tortura, mesmo que assim que chegasse lá simplesmente deixasse as crianças brincando afastadas de si. Os sete meninos eram muito problemáticos e mimados para serem cuidados por uma pessoa apenas.


Apesar de parecerem animados indo para onde estavam indo, o único realmente feliz ali era Jimin, que andava na frente com sua pose autoritária, de peito estufado e sorriso no rosto. Mais atrás, Taehyung acompanhava seus amigos sendo o último, olhando para os próprios pés se protegendo do frio com o tronco coberto por uma blusa xadrez de manga. 


Taehyung nunca foi muito próximo dos outros garotos, exceto por Seokjin que era seu primo, esse que sempre demonstrava ser o mais maduro entre as sete crianças. Taehyung não se sentia muito bem recebido na maioria das vezes, talvez por ser medroso demais e não ousar em suas decisões, e mesmo que fosse o mais velho de todos, sua mente não parecia concordar com isso. Taehyung nunca se esqueceu da primeira vez em que apanhou de seu outro primo, Namjoon, e foi quando até se defendeu, mas as brigas entre os primos eram constantes. 


Namjoon era violento, impulsivo, não gostava de Taehyung e achava que ele era seu saco de pancadas.


O dia frio fora a única coisa que impediu Jimin de permanecer totalmente satisfeito. O lago do parque até parecia meio congelado, mas era apenas impressão, as árvores estavam bem secas e o lugar estava vazio graças ao clima não muito agradável. 


Jimin foi mais na frente ainda acelerando os passos, quase correndo e parou no meio do lugar, alguns metros distante da famosa chácara. 


- Nós vamos ficar aqui! - ele ditou animado. 


- Por que é sempre você que escolhe? - Namjoon revirou os olhos ao questionar. 


- Hoje é meu aniversário, então eu tenho que decidir. 


Yoongi andou até o herdeiro Park e bateu levemente no ombro do menino de bochechas cheias. 


- É seu aniversário todos os dias? - o pálido perguntou sarcástico. 


Yoongi era sarcástico demais para sua idade. 


- Quem vai ser o fantasma, afinal? - Jungkook voltou a perguntar impaciente. 


- Já dissemos que não precisamos de um fantasma se existem fantasmas de verdade aí dentro! - Yoongi falou irritado apontando para a chácara. 


- É claro que a gente precisa de um fantasma! - Jimin rebateu. - A gente não vai caçar fantasmas só aí dentro! Aqui fora também! 


- Eu não quero ser o fantasma, não... - Hoseok resmungou negando com a cabeça. 


- Vai ser legal, é quase pega-pega. - Yoongi disse para seu melhor amigo em seu ouvido como um segredo. - E nós podemos aprontar várias com eles. Eu tava pensando em deixar o Taehyung preso dentro da chacabrá. 


Hoseok soltou risos com o herdeiro Min e voltou a olhar para seus amigos à frente. Eles voltaram à organização, todos juntos discutindo sobre como começariam com a brincadeira e quem seria o capitão do grupo, e claro, no fim Jimin acabou sendo colocado como o líder graças à seu argumento de que era seu aniversário. 


Pouco tempo depois de decidirem tudo, os meninos se surpreenderam quando repararam que na verdade não estavam sozinhos e não se tratava de fantasmas. Uma menina de aparência indefesa e longos cabelos castanhos fazia barulho enquanto se balançava resmungando algo que parecia ser uma música. Jimin cruzou os braços olhando para o balanço e depois chamou a atenção de seus amigos. 


- Pensei que aqui não tivesse ninguém. - revirou os olhos. 


- Vamos começar logo! - Hoseok pediu cansado tentando puxar os braços de Jungkook e Namjoon. 


- Não. A gente precisa de espaço. - Yoongi lembrou. - Você vai lá falar com ela, Jimin. 


- Por que eu?! 


- Não é seu aniversário? Você não tá se gabando? Agora vai lá! - o pálido lembrou maldoso. 


A menina, ao longe, continuava se balançando sem se importar com os resmungos dos meninos, já que nem mesmo havia reparado na presença do grupo. 


- Eu não vou falar com aquela menina estranha. Vai você, Taehyung! 


Na mesma hora, Taehyung arregalou os olhos saindo de seu mundinho paralelo. Todos os seis olhavam para o moreno esperando que ele dissesse algo, e a única coisa que o mais velho respondeu foi:


- Está bem. - então ele visualizou a menina parando de se balançar aos poucos e engoliu saliva. 


Taehyung não era muito bom dialogando com as pessoas, mas aceitar ir até a menina parecia uma forma de esgotar seu estoque de vergonhas com seus amigos. Ele respirou fundo e pisou devagar com o intuito de chegar perto. 


A morena estava de cabeça baixa, aparentemente conversando com sua boneca nos braços. Mais perto, ele pôde reparar que na verdade ela cantava uma cantiga de ninar balançando o objeto de borracha nos braços. 


- O-o-oi... v-você... - Taehyung começou sua série palavras mal colocadas, fazendo a pequena levantar a cabeça e o olhar série. - Vo-você tem que... que sair... daqui... 


Ela deitou a cabeça para o lado e semicerrou os olhos. 


- Olha, Kelsey! Parece que temos um amigo. - a menina falou com a boneca, junto à um sorriso no rosto.


- E-u não sou o s-se-eu... a-amigo... 


- Você quer brincar comigo? - a menina levantou do balanço sorrindo mais abertamente. 


Taehyung se afastou surpreso. 


- Não!


- Você quer sim. Você vai ser o papai da Kelsey e eu vou ser a mamãe. - ela balançou a boneca. 


Taehyung olhou para trás sem argumentos vendo seus amigos esperando impacientes. Eles enxergaram o pedido de socorro de Taehyung e tiveram que se falar entre si para poderem finalmente marcharem até o mais velho necessitado de ajuda. 


- Ei, você tem que ir embora. Vamos brincar de caça fantasmas. - Jimin exclamou já chegando perto. 


A morena olhou para o lado deparando-se com os garotos parados em fileira e abriu a boca encantada.


- Quantas crianças... - ela apertou a boneca no colo. - As meninas nunca querem brincar comigo, então eu fico com a Kelsey! Nós podemos brincar juntos! Eu não ligo de brincar com meninos... e o parque está vazio.


- Você é surda. - Jungkook afirmou. - E uma louca desconhecida.


- Meu nome é Soyoon, e minha mãe sempre diz qu-


- Ninguém que saber o seu nome. - Hoseok cruzou os braços de frente para a menina. 


Soyoon franziu o queixo raivosa e fechou as mãos em punho, no mesmo momento acertou um chute certeiro na canela do herdeiro Romero, esse que gemeu pulando em um pé só.


- Vocês não sabem fazer amizades? - ela cruzou os braços. - Meninos e meninas são tão idiotas! 


- Idiota é você! E feia também. - Jimin empurrou os ombros da morena.


- Não me empurra! 


Jimin soltou ar pelo nariz extremamente enraivecido e puxou a boneca das mãos da menina, então correu com a mesma nas mãos. Soyoon correu atrás do garoto gritando para que voltasse, preocupada com o rumo que aquilo levaria. 


Jimin correu sem parar até finalmente chegar perto do lago, e em alguns passos antes dele, jogou a boneca, vendo-a boiar para longe.


- POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COM A KELSEY? 


Gritou ela correndo até o lago, se abaixando na beirada com lágrimas presas nos olhos. Vendo a boneca indo para cada vez mais longe, Soyoon começou a chorar desesperadamente sem desgrudar os olhos da cena. Aquilo estava doendo. 


Jimin continuou parado de braços cruzados pensando por pouco tempo, ouvindo seus amigos o chamarem. Ele andou em passos largos até a garotinha de cabelos longos e se curvou ao seu lado ouvindo seu choro. 


- Ela nem era bonita. - ele de de ombros. - Para de chorar. 


- A Kelsey... era minha melhor amiga. - ela fungou escondendo o rosto entre os joelhos. - E você matou ela! 


Jimin estalou a língua no céu da boca pensativo e se levantou calmo indo até o outro lado, pegando um grande pedaço de galho. O pequeno se esticou tentando alcançar a boneca com o galho, tomando todo o cuidado para não se desequilibrar e cair. 


Yoongi se aproximou pronto para perguntar quanto tempo Jimin demoraria para acabar com aquilo, ou pelo menos era o que os outros achavam que era faria, já que só queria ver a garotinha desconhecida mais de perto. 


- Você não vai conseguir. - Yoongi falou baixo vendo o esforço do amigo. 


Quando Jimin conseguiu prender o galho em uma das pernas da boneca, a puxou aos poucos para perto sem dar ouvidos à Yoongi, conseguindo então pegar Kelsey. Ela estava molhada e mais pesada, também pingava enquanto ele andava de volta até a menina. 


Ainda podia ouvir o choro de Soyoon, assim olhou para Yoongi que estava ao seu lado, depois disse:


- A Kelsey... sobreviveu. - disse Park.


Soyoon levantou a cabeça e deu um pulo puxando a boneca das mãos do menino, com um grande sorriso no rosto. 


Ela limpou as lágrimas ainda sorrindo.


- Você trouxe a Kelsey de volta! - a pequena pulou em Jimin agradecida pelo arrependimento, e depois voltou a olhá-lo.


- Desculpa por ter tentado matar a sua melhor amiga. - Jimin murmurou. 


- Eu te perdôo. Você também foi um super herói... - levantou a boneca ainda mostrando seu alívio e felicidade. - E eu vou te chamar de... Nonnie!


Jimin franziu o cenho.


- Nonnie? 


- É um nome fofo. E eu gosto de coisas fofas. - ela tocou na ponta da própria orelha. - O Super Herói Nonnie!


Assistindo aos dois, Yoongi analisou ainda mais o rosto da menina à sua frente, sem conseguir tirar de sua cabeça a cena. 


Era o sorriso mais bonito que ele já tinha visto. 


- -


Seul, Capital da Coréia do Sul

Yajan passou pela porta de seu quarto já arrancando de seu próprio pescoço a gravata que lhe apertava. O homem puxou a parte de cima do paletó o pendurando sem dizer uma palavra ao enxergar sua esposa sentada na cama passando creme nos braços finos.


Ele pensou em dizer algo que tornasse significante sua presença, mas não queria atiçar ainda mais a raiva que exalava de Hoo-Zee ainda sentada.


- É isso o que você chama de compromisso familiar? - perguntou ela com o tom extremamente afrontoso.


- Desculpa por ter simplesmente saído, eu...


- Desculpa?! Você me deixou sozinha com nossos convidados, tem ideia de como foi vergonhoso achar desculpas pra sua atitude?


Yajan fechou os olhos durante alguns segundos e gemeu em desagrado jogando seu corpo em cima da cama, ao lado da mulher.


- Hoo-Zee... a Louise tá sumida, Kim Kwan-Han está tentando de qualquer forma fazer com que a bancada de seus aliados acabe com os envolvidos no Golpe da Centena, a escola do nosso filho está tendo ataques... minha cabeça está prestes à explodir! Não piora a situação.


Hoo-Zee se levantou apertando o tecido do roupão, então ficou de frente para o homem ainda na cama.


- Você quase disse para a família da noiva do Jungkook que eles são patéticos, então saiu sem mais nem menos. Por acaso eu me casei com um adolescente inconsequente? - perguntou indignada.


- Não, Hoo-Zee... existem coisas que podem ser consideradas imprevistos, e foi isso o que aconteceu.


Hoo-Zee deu risada olhando para o teto e colocando as mãos na cintura.


- Não quero nem pensar na impressão que os Angi ficaram de nós essa noite. - a mulher murmurou cansada.


- Pra mim não importa


Yajan puxou todo o ar que podia pela quinta vez seguida. Olhar para o rosto sério de Hoo-Zee o deixava mais tenso e cansado do que já estava.


- Nós nem mesmo temos mais motivos para querermos casar o Jungkook com a filha do Angi, Hoo-Zee. - ele finalmente disse o que tanto queria, recebendo em troca um objetivo e indignado olhar da mulher à sua frente.


- Não ouse voltar a dizer coisas sem sentido. Eu gosto da Haikkya!


- Você gosta! O Jungkook não. - Yajan revirou os olhos. - Não é você quem vai casar com a menina.


- Mas que forma é essa de pensar? Você não estava ligando pra isso há alguns meses atrás. - rebateu ela.


- Não estava. Agora estou.


Hoo-Zee bateu no próprio quadril impaciente, logo depois coçou o topo da cabeça com vontade.


- Yajan, olha aqui pra mim! - a mulher estalou os dedos em frente ao rosto de seu marido. - Estamos falando de um casamento que está sendo planejado há mais de um ano! Muito dinheiro está sendo gasto com tudo.


- E não seria isso mais um motivo pra acabar com tudo? - ele passou a língua pela bochecha, tentando de alguma forma ter uma conversa decente com a senhora Jeon. - O que foi gasto é o que menos me importa.


- A Haikkya foi bem educada e é boa o suficiente para nossa família.


- Angi Benet não consegue se livrar das dívidas dele sem mim faz anos, Hoo-Zee. Eu não quero na minha família um cara que se comporta como um bebê.


- É essa sua desculpa agora? - ela riu.


- Toda essa sua insistência é o quê? Vingança pelo fato do Jungkook ter escolhido não virar modelo como você? Você só quer mostrar que ele deve fazer o que você quer, então vai continuar à querer casá-lo com a menina por gostar dela? Eu só continuei com isso desde do início porque você enfiou na cabeça que a Haikkya seria uma boa esposa para ele, mas eu não vejo mais pontos positivos nisso levando em conta que os dois não se suportam e o Benet é um acomodado.


A porta foi aberta com extrema força, o homem e a mulher olharam para trás atentos e logo Hoo-Zee desviou o olhar com as mãos passando pelos braços. Jungkook encarou seus pais com seu rosto levemente inchado e expressão amena.


- Será que vocês podem discutir sobre a minha vida mais baixo da próxima vez?


Yajan fechou a boca que antes estava levemente aberta olhando para o moreno encostado na porta com expressão nada boa.


- Vá dormir, Jungkook. Amanhã sairemos cedo. - Hoo-Zee avisou séria, já indo até a cama e tirando a montanha de travesseiros, os jogando no chão.


- Nós? Como assim vamos sair cedo? - o menino passou a mão pelo rosto.


- Iremos até o alfaiate que está preparando seu terno para a festa de noivado e depois passaremos na agência. Vou participar de uma reunião com dois agentes e eles querem te conhecer. - a mulher avisou.


- Eu não vou.


Hoo-Zee olhou para o teto respirando bem junto antes de fechar os olhos.


- Jeon Ezon Jungkook, você...


- Eu não quero casar com Haikkya. Não vou casar com ela. Nem que eu tenha que atear fogo no vestido de casamento daquela ruiva doida do juízo.


O moreno finalizou, então cruzou os braços passando a língua pela parte interna da bochecha.


- Você que vai me deixar doida do juízo!


- É simples. Eu só caso se for com quem eu gosto, e não é a Han. Eu não quero casar com quem tenha dinheiro, nós temos dinheiro o suficiente pra bancar até a geração dos meus bisnetos. Também não preciso de uma ruiva... talvez... uma morena de cabelos longos seja o suficiente.


Hoo-Zee revirou os olhos.


- Deus, de todos... teve que me mandar um filho tão complicado? Se tivesse me mandado ao menos um parecido comigo...


Yajan travou o maxilar pensativo, depois manteve os olhos presos na face cansada do garoto alto na porta.


- Amanhã você vai para a galeria de novo, Jungkook. Deveria dormir. - o mais velho sugeriu, disfarçando o tom de mandato.


Jungkook levantou as sobrancelhas, então juntou as mãos em oração de alívio.


- Eu prefiro mil vezes isso! Boa noite.


Assim que o mais novo bateu a porta do quarto de seus pais, Hoo-Zee grunhiu se jogando na cama com raiva. Yajan apenas deu de ombros levando os dedos até os botões da blusa social que ainda cobria seu tronco.


- O que você quer afinal, Yajan?! Dar tudo o que o Jungkook deseja? E desde quando vocês se tratam como se a relação fosse boa?!


Yajan terminou de desabotoar a camisa e então a tirou, jogando-a por cima de seu ombro.


- As situações me fizeram pensar no quanto é ridículo fazer o Jungkook passar por isso.


Hoo-Zee se arrumou na cama ficando de barriga para baixo.


- Com isso? - ergueu uma sobrancelha.


Bozzie mexeu a boca em silêncio por doze segundos, tempo o suficiente para dobrar de mal jeito a camisa, então completou:


- Eu quero que meu filho se case com quem ele ama.


Para Hoo-Zee aquilo havia soado como uma afronta à seu passado, para Yajan quase isso, já para Jungkook, que estava parado ao lado de fora perto da porta, aquilo foi mais como uma coisa positiva em relação ao homem que lhe deu vida.


Jungkook só não sabia como dizer à seu pai que a garota a qual era apaixonado... no mínimo riria de sua cara caso soubesse que ele pensava em se casar com a mesma.


|•|


Soyoon tratou de expor um leve sorriso no rosto ao ouvir o que saíra da boca de Romero, mas junto disso, afastou levemente o tronco.


- Bela preferência. - disse a menina, deixando o claro o quanto aquilo não parecia sério para ela.


Hoseok não a respondeu, apenas se curvou e aproximou seu rosto do da menina, beijando sua bochecha em uma demora de três segundos.


- Vamos. Eu não aguento mais esse frio! - ele falou baixo ainda perto do rosto feminino, em seguida se levantou e esticou a mão em direção à morena, a ajudando a levantar.


- Você me deu mesmo um beijo na bochecha? - Soyoon soltou debochada, não segurando a risada.


- Minha criação foi muito ocidental. Eu gosto de contato físico, também gosto de ser carinhoso! - Romero explicou jogando seu braço por cima dos ombros femininos.


Ele quase a derrubou quando a puxou para andarem juntos seguindo caminho até o local onde a moto estava estacionada.


Soyoon nunca pensou que em um momento tão crucial como aquele a pessoa que estaria ao seu lado seria Hoseok.


A primeira ação de Soyoon após sentir o forte vento tomar seu corpo mais uma vez, foi agarrar o tronco de Hoseok com mais força e fechar os olhos dolorosamente sentindo seus cílios levemente molhados pelas recentes lágrimas.


Hoseok sentiu as pernas da menina prenderem seu quadril com força enquanto abraçava seu abdômen, então mexeu levemente a boca parando no sinal.


Ele sabia o que era aquilo. Se Soyoon era boa em reconhecer expressões corporais, ele também era. Soyoon estava amedrontada e confusa, se prender ao corpo do garoto era como se mostrasse essa fragilidade, se encolhendo. Ela tinha razão em se sentir ameaçada.


Quando Romero finalmente desacelerou estacionando a moto em frente ao hotel, tirou o capacete arrumando o cabelo e desceu primeiro, esperando que Yoon fizesse o mesmo.


Ele ouviu um resmungo vindo da garota e tirou a atenção da rua, a olhando. Ela parecia brava, e foi graças à isso que ele percebera que Soyoon havia quebrado a ponta da unha quando estava prestes a destravar o capacete.


O número 6 coçou a cabeça soltando uma risada e ficou de frente para a menina, destacando seus 1.80 de altura dos 1.63 da morena. Ele desfez a trava do capacete e o puxou para coma tendo de volta a vista para o rosto tristonho da bolsista.


- Vamos entrar. - ele apontou com a cabeça para o hotel.


Pela primeira vez a menina pôde realmente reparar o lugar. Ela já havia se surpreendido antes com o castelo ao qual a família de Hoseok costumava chamar de casa, mas o hotel lhe assustou um pouco mais.


Era um prédio enorme com estrutura levemente retangular, de tintura avermelhada e grandes janelas. Os espaço de entrada total isolado do resto da rua, repleto de seguranças e pessoas encarregadas de receberem os hóspedes da melhor forma possível.


- Quantos andares? - ela perguntou baixo.


- Apenas onze. Caso não esteja enganado. - ele respondeu.


- Apenas onz-


- Herdeiro Romero! - Yoon não concluiu seu pensamento ao ouvir Hoseok ser chamado por uma voz firme feminina. - Por que não nos avisou que viria?


Era uma mulher de beleza marcante, aparentemente nem um pouco velha, longos cabelos negros e roupas sociais. Em seu crachá estava escrito "gerente".


- Não achei necessário.


Hoseok a respondeu ser olhá-la, entregando a chave de sua moto para o homem à sua esquerda, assim como seu capacete e o capacete de Yun. Soyoon deduziu que deveria acompanhá-lo e foi o que fez, com as mãos juntas em frente à seu corpo, seguindo o garoto e a gerente.


Logo na porta que dava acesso ao hall de entrada, era impossível não parar alguns segundos para admirar o grande letreiro destacado em dourado e prata, escrito: "Bert Hoss".


A parte de dentro era extremamente impressionante, fazendo parecer que haviam entrado em um local totalmente diferente. O chão brilhoso, liso, com estampas em preto e branco, fazendo parecer que andavam em um quadro.


Observando cada canto do espaço grande e luxuoso, sem se dar conta de suas ações, Yoon segurou um pedaço do tecido do moletom branco e vermelho de Estevan, que chegou a olhar para baixo mas não se importou.


- O senhor deveria avisar da próxima vez que decidir vir. - pediu a gerente, com seu salto batendo no chão.


- Eu tenho que avisar quando estiver vindo no meu hotel?


A mulher abriu levemente a boca sem graça, mas logo coçou a garganta erguendo o peito voltando à autoridade.


Soyoon franziu levemente a festa revirando os olhos.


- Eu digo... assim podemos organizar uma recepção melhor. - a mais velha se explicou.


- Na verdade... Ele deve vir justamente quando vocês estiverem despreparados, só assim saberá como são as coisas na realidade do dia a dia. - a voz de Soyoon soou, enquanto ainda olhava ao redor.


Hoseok riu levemente pelo nariz e entornou a boca pensativo diante da expressão da gerente.


- Quando eu assumir todos os hotéis você pode ser meu braço direito, Yun Soyoon. - sugeriu colocando seu braço em cima dos ombros femininos mais uma vez.


Soyoon apenas negou com a cabeça.


Andar por todo aquele lugar não parecia tão interessante ao ver o medo nos olhares dos funcionários quando viam Romero passar diante deles. Mas não pareciam ter uma razão óbvia para aquilo, no máximo, o temiam por ser quem era.


- Eu preciso de um quarto. - ele finalmente parou para falar com a gerente.


A gerente levantou as sobrancelhas quase sem reação, transitando seu olhar entre Soyoon e seu quase chefe. Ela estava certa de que não era morena a namorada no herdeiro.


- Herdeiro Estevan, isso é meio...


Romero revirou os olhos.


- Cheoa, ela é Yun Soyoon, minha amiga, o sonho do meu melhor amigo e namorada do meu amigo de infância. Não seja pervertida!


Soyoon chegou a dar uma leve risada assistindo o som de alívio que saiu da boca da mulher.


- Bem, desculpe por isso. - se curvou levemente. - Nós temos os quartos-


- Um quarto simples, nada exagerado. Por favor. - Soyoon a interrompeu, depois olhou para Estevan.


- Ela vai ficar por um tempo aqui. - o menino explicou. - Como minha convidada.


No fundo, Soyoon achava aquilo ridículo e quase humilhante. Não era nada confortável para alguém como ela ter que aceitar uma ajuda tão significativa como aquela, mas negar não parecia só uma burrada, como também uma forma de chatear quem parecia tão animado em ajudá-la.


- A suíte principal do antepenúltimo andar está livre e pronta para hospedagem. - Cheoa avisou com o semblante sério.


- Estamos indo para lá. - Hoseok enroscou sua mão na de Soyoon e a puxou levemente para saírem andando.


- Espera, herdeiro Romero! - Cheoa o chamou imediatamente. - Mesmo que ela seja sua convidada, deve preencher o papel de hospedagem para informações usadas aqui dentro do hotel.


- Eu preencho por ela depois. Ela precisa descansar. - ele virou as costas e voltou a andar com Soyoon ao lado.


O tamanho do elevador acomodava dois jovens em silêncio, Hoseok olhava para a porta sem se mover e Soyoon olhava para o chão esperando para poderem sair do elevador.


Hoseok sentiu seu celular vibrar no bolso da calça preta e o pegou com a mão esquerda. Ele viu pela tela ainda bloqueada que se tratava de uma mensagem de Yeda. Mais uma mensagem de Yeda, já que o garoto arregalou os olhos ao ver que haviam mais 25 notificações de sua namorada. Hoseok engoliu seco e leu as mensagens raivosas e chateadas, todas dizendo sobre o quanto a menina estava decepcionada.


Romero olhou para o lado prendendo sua vista no rosto inexpressivo de Soyoon e seus olhos ainda vermelhos por conta do choro, então ele mordeu os lábios pensativo e abriu a boca.


- Soyoon, eu preciso ir embo-


- Eu não sei o que eu estaria fazendo se você não estivesse comigo na hora certa. - ela disse na mesma hora, abafando a voz do garoto. - Eu acho que estou enfraquecendo com o tempo, e... deixando as coisas me atingirem como bala.


Hoseok manteve a boca entreaberta sem desconectar o olhar do rosto ainda abalado da coreana. Parecia ter sido a primeira vez que Yun Soyoon havia sido realmente sincera com o menino, em seus olhos estava claro o quanto ela estava grata por ele simplesmente estar ali e aquilo foi algo de alívio para o herdeiro. A última coisa que ele queria era se culpar por ter estado com ela em um momento tão tenso e crucial de sua vida, mas ouvi-la dizer que estava agradecida deixava as coisas mais leves.


- Eu fico feliz que esteja te ajudando de alguma forma. - ele respondeu, extremamente baixo.


As portas do elevador se abriram e o primeiro a sair fora ele. Soyoon o acompanhou vendo o corredor largo e longo coberto por um carpete cor de sangue. Seu sorriso sem ânimo de lado não foi visto. Hoseok andou na frente em passadas largas e aceleradas, Yoon teve que correr um pouco para acompanhá-lo.


Era aparente que o menino parecia ter algo importante para fazer e que talvez Soyoon estivesse o atrapalhando, diante disso, Yun mexeu a boca delicadamente em uma careta e parou em frente à porta do quarto pensativa. Hoseok abriu a porta quase ofegante e permaneceu na mesma posição com a mão na madeira maciça, sem dizer nada.


- Você parece atrasado pra alguma coisa muito importante. - ela murmurou.


- É, eu... preciso ir. - ele respondeu.


Yoon assentiu repetidamente e entrou no quarto finalmente, ficando parada encostada na porta. Mordeu a pele do lábio inferior e sorriu.


- Eu não vou te prender. De qualquer forma... obrigada mais uma vez. - ela se curvou.


A morena fechou a porta aos poucos e quando fechou totalmente, Hoseok assentiu pronto para finalmente ir embora. Ele até virou o corredor extremamente rápido apertando o botão do elevador por diversas vezes, já pegando seu celular para ligar para Yeda arranjando desculpas plausíveis para seu sumiço.


Quando o elevador chegou, ao invés do jovem só entrar, parou na mesma hora lembrando que havia sido ríspido demais com Soyoon antes de partir.


Era uma droga tudo aquilo. Hoseok tinha o coração bom, mas não tão mole. Ele tinha mais o que fazer, tinha que correr para salvar seu namoro.


Mas mesmo diante dos fatos, ele voltou para trás pensativo e analisou a entrada do quarto mais uma vez. Andou até a porta e preparou suas melhores palavras antes de bater, mas não pôde fazer isso quando ouviu ruídos vindos de dentro do cômodo. Ele franziu o cenho e aproximou o rosto, encostando seu ouvido mais dos ruídos.


Foi quando ele percebeu que os sons na verdade eram soluços.


Ele abriu bem os olhos assustado e bateu na porta sem pensar antes. Na primeira vez não obteve resposta, então bateu com mais força chamando por Soyoon.


Quando a porta foi aberta, ele teve a perfeita visão do rosto molhado de Soyoon e sua expressão envergonhada. A menina desviou o olhar e engoliu sua saliva densa.


- Esqueceu alguma coisa? - perguntou ela com a voz abafada.


- Esqueci de me certificar de que você não precisa mais de mim. - tombou a cabeça para o lado tentando visualizar os olhos femininos.


Yoon sorriu neutra e deu de ombros.


- Está tudo bem. - ela respondeu voltando a olhá-lo. Duas lágrimas antes presas caíram de seus olhos, enquanto a menina ainda mantinha o sorriso. - Eu só estou um pouquinho... inquieta.


- Soyoon...


- Por que isso tá acontecendo? - disse ela confusa, com o rosto quente, olhando para as próprias mãos. - A minha vida tá desmoronando... e parece que não posso fazer nada.


Hoseok olhou para as mãos da meninas, e continuou mudo absorvendo o que aquilo verdadeiramente significava. Ele deu um passo em frente entrando no quarto, então encostou no ombro feminino apertando aquela área e se curvando para olhar em deu rosto mais uma vez.


- O que eu posso fazer a partir daqui?


Soyoon apertou mais os próprios dedos vendo-os perder a circulação de sangue por alguns segundos, com algumas mechas de seu cabelo caindo em seu rosto. Ela avançou para cima do herdeiro e segurou seu moletom pela terceira vez naquela noite, encostando, sem pensar, sua cabeça no peito rígido do número 6.


- Eu não quero ficar sozinha. Eu sinto vontade de chorar, e acho que estou em um casulo extremamente assustador. Eu tô me sentindo perdida.


Romero ficou parado sentindo a cabeça da menina colada em si e o perfume de seu cabelo voando diretamente para seu nariz. Ele encostou em seu braço muito delicadamente, a impedindo até mesmo de sentir o toque.


Poderia ter pensado em dizer "minha namorada está me esperando, eu já fiz demais por você hoje", mas a única coisa que conseguiu foi enroscar seus dedos no cabelo longo castanho feminino e apoiar seu queixo no topo da cabeça da menina.


- É isso o que posso fazer por você? Não te deixar sozinha? - sussurrou olhando para a janela mais a frente.


- Se você... puder ficar comigo até eu dormir... - ela ergueu a cabeça o olhando. - Eu prometo não demorar a dormir!


Romero deu risada e a menina se afastou sem graça com um leve bico nos lábios trêmulos. O menino coçou a nuca de novo e fechou a porta atrás de si sem deixar de analisar a jovem em sua frente.


- Você vai parar de chorar se eu ficar aqui?


- Finja que não me viu chorando hoje. - ela cruzou os braços fechando a cara. - É vergonhoso me sentir um bebê chorão.


Assim que ela virou as costas indo para o meio do quarto monstruosamente grande, ele a seguiu tirando os sapatos e os deixando em qualquer canto.


Yoon se jogou na cama com os braços bem abertos olhando para o teto branco com um grande lustre.


- Chorar não é uma fraqueza. - Estevan falou se sentando na poltrona branca ao lado da cama. - Você é forte demais pra se preocupar com isso.


A menina franziu o queixo ainda emburrada e abraçou um travesseiro.


- Eu só queria gritar e espancar todo mundo.


Hoseok levantou a sobrancelha e negou com a cabeça medindo a posição em que a jovem se encontrava. Ele colocou o celular, relógio e carteira em cima do criado mudo, e colou as costas no estofado.


- Eu tô na lista de pessoas que você espancaria? - perguntou ele, se afundando cada vez mais na poltrona.


- Ah... não.


Ele voltou a ficar reto e juntou as sobrancelhas.


- Você precisou pensar pra responder?! - abriu a boca indignado. - Mi cabeza va a explotar tratando de entender a esa chica...


Yoon virou de uma vez na cama ficando de barriga para baixo.


- Amanhã mesmo vou procurar um lugar pra ficar.


- Não brinca. - revirou os olhos. - Pode ficar mais que o necessário. Um quarto não vai fazer diferença.


- Eu não quero abusar. Você não tem nada a ver com os meus problemas.


- Eu pensei que tivesse. Sabe, eu até soube que você não é filha do seu pai de verdade. - ele lembrou.


Soyoon gemeu em desagrado.


- É, talvez você tenha algo a ver...


A morena deitou confortável finalmente enfiando os dedos dentro do próprio cabelo, o enrolando lentamente em uma forma tranquila de relaxar para cair no sono. Com os pés ainda escondidos pelos sapatos e a blusa de frio no corpo, ela permaneceu deitada olhando para o menino sentado na poltrona ao seu lado.


Com uma das pernas mais elevada que a outra e a barriga ainda para baixo, uma das bochechas amassada em contato com o travesseiro branco, Yoon sentia seus olhos pesarem cada vez mais. Ela ainda olhava para a cabeça de Romero jogada para trás enquanto ele mantinha os olhos fechados em estado de descanso.


Piscando demoradamente, a respiração de Yoon ficou mais devagar e pesada, e seus dedos das mãos foram perdendo movimentos no mesmo ritmo em que caía em um sono profundo para se livrar do cansaço e tensão.


Hoseok voltou a abrir os olhos sete minutos depois percebendo que por pouco não cochilou sério em sua "brincadeira de fechar os olhos", ele se mexeu com a respiração densa olhando para os lados e parando apenas quando notou que Yoon havia finalmente dormido.


Ele se levantou esticando os braços para estalar as costas, então passou seus olhos pela posição do corpo da jovem de novo. Estalou a língua no céu da boca arrastando-se até o meio da cama, pegando nos pés femininos para tirar seus sapatos. Ele ouviu ela soltar algum som e se mexer, mas continuou dormindo. Ele deixou os sapatos no pé da cama e puxou a coberta para cima do corpo feminino após sentir o quanto a noite estava gélida.


Número 6 andou até as vidraçarias da janela e a fechou impedindo o vento de entrar. Voltou para perto da cama e colocou as mãos na cintura pensativo.


Soyoon coçou a bochecha ainda adormecida, abaixando a perna antes acima da outra. Hoseok voltou a se sentar na poltrona em um gesto cansado e passou a mão pelo próprio rosto mentalmente exausto.


- Você vai ficar de boa aí, não é? - ele perguntou olhando para a jovem inconsciente na cama.


Era quase engraçado pensar no quanto a durona Yun Soyoon ficava tão vulnerável dormindo depois de momentos traumatizantes.


- Por que o Yoongi é tão louco por você? Ele gosta de atrair problemas?


Forçou uma careta se curvando ainda mais, a ponto de poder apoiar os cotovelos no colchão da cama.


- Eu acho que tô de frente pelo motivo ao qual ele é apaixonado por você. - concluiu olhando para a serenidade no rosto adormecido.


Hoseok tinha mil e um motivos para se levantar, abrir a porta e ir embora; mas o único motivo para ficar onde estava para ele era o suficiente. Conhecer as forças e as fraquezas de alguém como a garota que dormia em sua frente era como uma descoberta agradável, mesmo que desesperadora também.


Ele estranhou sua própria respiração, entortando a cabeça confuso consigo mesmo. Faltava algo. Faltava algo desde o início. Ele havia dito que queria algo em troca. Ele se lembrou no último momento.


Hoseok impulsionou seu corpo para frente e encaixando seus lábios entreabertos aos lábios entreabertos de Soyoon, fazendo a respiração quente dela complementar o selar das duas bocas. A mão dele foi colocada nas costas femininas enquanto ainda a selava, de olhos fechados sem movimentos bruscos ou assustados.


A boca de Romero prendeu o lábio inferior de Soyoon se arrastando pela boca imóvel antes encaixada em uma comodidade quente. Ele se afastou abrindo os olhos, recebendo em troca apenas um suspiro cansado da morena.


Então, voltando à racionalidade e no quanto aquilo havia sido a pior coisa que ele havia feito, Hoseok travou o maxilar nervoso puxando os fios da nuca.


- Carajo...


Vendo Soyoon dormir tão calma, apenas sentiu vontade de se bater.


Ele havia traído sua namorada com a namorada do seu amigo de infância, e a grande paixão de seu melhor amigo.


Aquilo... talvez... seria o seu segredo para sempre.


|•|


Seokjin sacudiu pelo segunda vez o lençol que estava em sua cama o livrando de alguns resíduos de algodão que mantinham-se presos. Ele gemeu involuntariamente apoiando uma das mãos no ombro o sentindo doer.


A verdade era que o herdeiro não podia mexer nem mesmo se mexer por centímetros já que não havia uma parte de seu corpo que não estivesse doendo. As lutas em que andava se metendo pareciam cada vez mais intensas, e apesar de ter ganhado a maioria, foi acertado diversas vezes também.


Em sua última luta, um canivete perfurou sua pele do maxilar até o meio do pescoço, seus braços estavam extremamente roxos pelos murros, sua coxa direita também havia sido perfurada, seu abdômen não podia ser tocado e sua boca estava cortada, quase em carne viva.


Até respirar doía.


Para Seokjin, aquilo não era algo com que deveria se importar. Estava fazendo o que havia escolhido fazer, não estava fazendo pelo dinheiro já que não precisava, mas por si mesmo.


A verdade era que no fundo, Seokjin queria se matar.


Isso não era recente, sua cabeça não tinha mais equilíbrio desde que havia matado um homem. Não havia uma noite em que o herdeiro não tivesse que tomar remédios para conseguir dormir, e então sonhava com a mesma coisa.


Jin andava tendo alucinações, seu sono fazia-o ver a banheira avermelhada e suas mãos sujas de sangue. Esme chorava em frustramento e para ele, apanhar não passava de algo que ele merecia.


Ele via Soyoon assustada, e algumas vezes apenas a via como a culpada pelo peso que tinha em sua costas agora.


Mas no final, suas ações sempre vinham com o intuito de mostrar que faria tudo de novo para ajudar alguém como a jovem Yun.


Aquilo lhe fazia lembrar que Yun Soyoon lhe fazia falta. E era uma droga já ter se conformado com aquilo.


Ele nunca deveria tê-la chantageado, nunca deveria tê-la colocado em seus problemas. Jin devia ter previsto a importância que a insignificante bolsista teria em sua vida.


- Eu não vou esperar você me deixar entrar!


Senhora Valéry entrou no quarto de seu filho de uma vez, desacelerando os passos logo na entrada olhando para as roupas de cama jogadas no chão. Jin não virou para olhar a mulher que havia entrado, apenas continuou com o olhar preso no que fazia reprimindo as dores no corpo.


- O que você está fazendo? - sua progenitora voltou a falar, finalmente ficando mais perto. - Jin! O que é isso nas suas costas?


- Nada.


Valéry pisou fundo no chão dando a volta determinada e ficou de frente para o menino com uma expressão horrorizada.


- Não é nada?! Meu Deus, Seokjin! Olha o seu estado, o que foi que aconteceu?!


Jin ficou quieto organizando seus travesseiros devagar para não gemer em repreensão pela dor.


- Não é nada! - ele virou o rosto.


Valéry segurou seu filho pela bochecha virando a cabeça para si novamente.


- Kim Esme Seokjin!


- Aghr! Mãe! - afastou seu rosto sem aguentar o toque. - Isso dói!


- Isso dói? Seokjin, eu não te criei para arranjar brigas na rua!


Jin se afastou impaciente, olhando para o chão sem coragem o suficiente para fitar sua progenitora.


- Mãe, por favor. Me diz de uma vez do que você precisa.


Valéry queria não ter que ouvir calada seu filho dizer o que estava dizendo e estar naquele estado. Não havia um local onde seu garoto não estivesse machucado, e era nítido em seu olhar que estava sentindo dores.


- Seokjin!


Ela ouviu ele bufar e fechou os olhos sentindo algum tipo de dor pela situação em que estavam.


- Eu sei o que eu faço da minha vida, mãe.


Valéry não quis engolir aquilo, sua vontade era de pegar o garoto a sua frente e lhe bater dizendo que sua mãe era ela e que ele deveria no mínimo lhe dizer o que aconteceu, mas encostar no jovem já seria uma tortura o suficiente, e conhecendo bem como conhecia o menino ao qual colocou no mundo, Valéry estava ciente de que ele não diria nada até que sentisse que deveria dizer.


Com o peito apertado e uma imensa vontade de insistir, Valéry respirou fundo tristonha, mas disse ainda firme:


- O seu avô está voltando para a Coréia do Sul.













Notas Finais


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