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História Sete Finais - 30 - Sessão 1


Escrita por: caploom

Notas do Autor



Capítulo 30 - 30 - Sessão 1


Fanfic / Fanfiction Sete Finais - 30 - Sessão 1

Porque você segurou minha mão quando eu necessitei. Porque você me abraçou quando eu quis. Porque me pediu para que eu lhe deixasse me ajudar. Porque você me mostrou o céu quando eu precisei respirar. 

— Sete Finais


Seul, Capital da Coréia do Sul

Quatro dias se passaram desde que Soyoon havia ido até a casa de Jungkook e falado com Yoongi. Era sexta-feira. Ela estava satisfeita por ver que a semana estava no fim, já que não aguentava mais ter que andar escondida pela escola, com receio de encontrar pessoas indesejadas. 

Em todos esses dias, Jungkook não apareceu na escola mais. Yoongi nem ao menos olhou para Soyoon novamente e por estar fugindo tanto das coisas, Yoon não abriu espaço para que Seokjin lhe provocasse novamente, só o via na sala de aula ou quando, sem querer, esbarrava com o mesmo enquanto limpava o ginásio. 

— Ah! Você anda tão distraída! — colocando a mão no peito pelo susto, Soyoon olhou Wee San a abraçar sem avisos. 

— Você resolveu falar comigo agora? Faz muito tempo desde que nos falamos pela última vez. — suspirou. 

— Eu te mando mensagens todos os dias. 

— Ah, uau. — sem ligar muito, foi o que Soyoon falou. 

Taehyung, de longe, a olhava fixamente, de braços cruzados e cara amarrada. Mas em nenhum momento foi retribuído, ciente de que a mesma olhava em direção à Min Yoongi. Sentiu seu corpo esquentar, mas não era a raiva que lhe ocupava. Se sentiu preocupado. Inquieto. Queria descer das escadas, ir até a garota, segurar seus braços e falar com todas as letras que ela tinha que olhar para ele e não para qualquer outro. 

Por outro lado, sendo explicitamente evitada por Min Yoongi — esse que fingia que nunca ao menos havia falado com a garota —, Soyoon engolia seco sem entender o que acontecia.

Ele é realmente bipolar... será que eu fiz algo de errado? — Soyoon sussurrou atenta.

— O que você disse? — Wee San questionou confusa.

Yoon deu de ombros.

— Não falei nada. 

~◈~

Yoongi andou de forma tão lenta e maestra. Sentia-se confortável, mesmo que enquanto andasse pelo corredor, sentisse constantemente olhares sobre seu corpo. Chegava a ser irritante.

Ouviu seu nome ser chamado diversas vezes por algumas garotas. Elas não eram escandalosas, mas seus sussurros e vozes de criancinhas irritavam tanto o jovem Min, que o mesmo teve de acelerar os passos para poder entrar em algum lugar onde não tivesse que ouvir seu nome ser choramingado.

Ele suspirou abrindo a porta do ginásio e entrou de uma vez só. Hoseok, Taehyung e Jimin estavam na quadra, enquanto falavam alto. Yoongi revirou os olhos percebendo que realmente não teria paz em canto algum. Mas pelo menos se viu em satisfação ao visualizar que havia encontrado com seu amigo Jung.

Jimin, Hoseok e Taehyung jogavam uma pequena partida de basquete com animação. Estavam suados e ofegantes. Yoongi tirou o blazer do corpo e o jogou no chão do ginásio, correu até a quadra silenciosamente e, no meio da distração de Jimin, Yoongi tomou a bola de suas mãos e em um pulo bem feito, jogou o objeto redondo de borracha em direção à cesta, acertando.

— Ah, qual é, Yoongi? — Park exclamou incrédulo e revirou os olhos indo até suas coisas e bebendo um gole de água da sua garrafa filtrada.

— O intervalo mal começou e vocês realmente estão aqui? — Min questionou acompanhado de sua famosa expressão tediosa.

— Pelo menos não estamos trancados por aí dormindo, como você sempre faz. — Hoseok retrucou divertido, pegou a bola e jogou em seu amigo.

— Tenho certeza de que é bem mais interessante fazer isso, a ter que suar com um bando de inúteis. — Yoongi retrucou, segurando a bola nas mãos.

Taehyung foi até as cadeiras do ginásio, se jogou, olhou para frente quieto e passou as costas da mão no rosto para limpar seu suor. Ele estava estranho. De repente, a presença repentina de Yoongi, o irritou de uma forma tão intensa que teve que se afastar rapidamente.

— Eu tô com muita fome. Fala sério! — Hoseok exclamou, levando as mãos até a barriga. Ia virar-se para sair, mas antes que fizesse isso, Yoongi jogou a bola em sua cabeça o fazendo parar de andar. — Qual o seu problema, otário?!

— Preciso falar com você.

Hoseok franziu o cenho, enquanto massageava a cabeça.

— Falar? Você? Você nem fala, Yoongi. Só abre essa sua boca pra xingar! — Jung revirou os olhos.

— À sós. — ignorando as palavras de seu amigo, Yoongi continuou falando, sem paciência.

— Huh... certo. — estranhando toda a cena, o menino assentiu com o cenho franzido.

Yoongi saiu da quadra após pegar novamente seu blazer o vestindo, sentindo suas costas serem observadas pelos olhos de seus companheiros e seguiu diretamente para o vestiário. Ele escorou nos armários cor de rubi e cruzou os braços, esperando Jung entrar. Hoseok entrou segundos depois com a postura péssima, demonstrando irritação. Fitou seu amigo pálido e também se escorou nos armários que estavam do outro lado, permanecendo de frente para Min.

Eles ficaram em silêncio total. 

A única coisa que se passava na cabeça de Jung Hoseok é que ele queria logo sair do vestiário. Min Yoongi não olhava para seu amigo, concentrava-se em visualizar apenas algumas toalhas brancas que estavam jogadas pelo chão. Ninguém estava entendendo nada. Nem mesmo ousaram dizer nada, mesmo depois de dois minutos calados. 

Mas energético como era, Hoseok abriu a boca pronto para começar a atirar perguntas, porém, colou os lábios novamente e suspirou olhando para o teto sem paciência. Seu amigo parecia querer falar sobre algo realmente sério e mesmo que sua língua estivesse coçando para xingá-lo, apenas esperou.

— Eu estou apaixonado pela bolsista, Yun Soyoon.

Hoseok arregalou os olhos ainda olhando para o teto e desceu levemente o olhar de volta para fitar a face do garoto em sua frente.

— O quê? O que é isso de repente?! — ele exclamou de forma alta e surpresa.

— Não é de repente.

— Não, não... você fala isso do nada? — Hoseok se aproximou de Yoongi e tocou o ombro do mesmo. — Que droga você está aprontando agora?

— É. Eu realmente não estou apaixonado por ela. — Hoseok soltou alguma espécie de ar preso e livrou seu amigo do toque.

— Você me chamou até aqui só para me encher com besteiras?

— Eu sou apaixonado pela bolsista, Yun Soyoon. Isso muda completamente o contexto. — Yoongi tornou a explicar com calma.

Hoseok ficou parado olhando diretamente nos olhos de Min. Yoongi na mesma hora soltou um riso descontraído.

— Eu não acredito que você fez eu perder meu tempo pra curtir com minha cara. — Hoseok revirou os olhos. — Eu realmente vou enfiar a meia usada do Taehyung dentro da sua boca enquanto você estiver dormindo!

Depois de ameaçar seu amigo, o número 6 franziu a boca irritado e se virou para sair do vestiário, com a mão direita em cima do estômago, planejando ir diretamente para o refeitório. Sabia que Yoongi só podia estar fora de si naquela manhã, já que achou divertido brincar feito um idiota com algo tão estúpido.

— Há mais de dez anos atrás eu não estava aqui, Hoseok. Você se lembra. Se lembra do sequestro. Sabe do que fizeram com meus pais há anos atrás.

Após ouvir Min falar mais uma vez, Hoseok parou de andar, travando perto da saída do vestiário, se virou com cuidado em direção ao garoto e voltou rapidamente para sua frente.

— Por que está falando disso agora? Yoongi, pensei que esse assunto fosse... — abaixou o tom de voz olhando para a entrada do local. — Pensei que o assunto fosse proibido.

— Eu me lembro.

— Cala a boca. — Hoseok murmurou.

— Eu lembro de tudo.

— Yoongi, para de falar sobre isso! — ainda mais eufórico, Hoseok pediu mais uma vez.

— Eles não querem que eu lembre, mas eu me lembro. De tudo.

Depois, os dois ficaram em silêncio novamente. Com expressões sérias, ambos respiravam lentamente. 

Hoseok não queria ter que ouvir o que iria ser dito mais para frente. Sabia que era difícil ficar falando sobre o tal assunto, e isso estava tornando o local em um casulo apertado.

— Desde quando? Quando você começou a lembrar, Yoongi?

— Eu sempre lembrei de tudo. Eu nunca esqueci. — Jung entreabriu a boca surpreso e se afastou, levando as mãos até a cabeça.

— Você só pode estar de brincadeira!

— Eu não deveria. Deveria ser impossível, mas eu me lembro. — após ouvir o mais baixo continuar com o tom normal, Hoseok ficou calado sem querer pronunciar mais nenhuma palavra. — Naquela época, quando eu completei meus cinco anos de idade e me roubaram dos meus pais... eu sei pra onde eu fui. Eu lembro de onde eu fiquei. Eu lembro de onde eu dormia. Lembro do que eu fazia.

— Isso é quase impossível! Você só tinha cinco anos de idade quando foi sequestrado, Yoongi. Foi achado um ano depois. Desde então, sabemos muito bem o que aconteceu! Disseram que o choque faria você esquecer de tudo... — Yoongi engoliu seco ouvindo. Molhou os lábios.

— Não. Eu não poderia esquecer. É a memória mais vívida que eu tenho na minha mente. — Hoseok travou o maxilar com força. No fundo, sua irritação não passava de total preocupação e confusão.

— Eu não sei que tipos de lembranças você tem. Não sei se são memórias boas ou ruins, mas... e se você tiver implantado isso na sua mente, Yoongi? E se as lembranças que você tem tiverem sido criadas como um conforto por não se lembrar de nada? E se você só criou na sua mente coisas que nunca aconteceram?

— Eu sei que é verdade. Eu sei que foi real porque... ela esteve lá, Hoseok! Yun Soyoon esteve comigo.

A agitação tomou conta do corpo dos garotos novamente. Hoseok tentava a todo custo fazer curvas o suficiente para fugir do assunto ao qual estava sendo obrigado a lembrar. Hoseok realmente sentia por seu amigo, sentia-se amuado e tristonho por vê-lo cabisbaixo, enquanto falava com medo sobre o que lhe estava proibido.

A história foi abafada do início ao fim. Desde seu princípio, foi escondida como um assassinato bem arquitetado.

A família Min, assim, sempre em seu ápice de sucesso e fortuna, junto às demais famílias, atraía a atenção de diversos criminosos. Mesmo vivendo em uma casa repleta de seguranças e câmeras, não foi possível impedir que o primogênito Min Yoongi fosse sequestrado ao completar cinco anos de idade.

Desesperados, o casal Min entrou com ordem para procura contínua. O medo só aumentava ao nunca receberem qualquer ligação de alguém à procura de dinheiro em troca da vida do garoto. Havia sido um grande choque para todos, mas mesmo assim, se limitaram em não espalhar o fato divulgando imagens de fotos da criança, não queriam, de forma alguma, expor a imagem do jovem herdeiro sumido.

— Eu sei que estar confuso com certas lembranças é difícil, mas tente colocar a cabeça no lugar. O que você está falando é loucura! — Hoseok avisou ainda mais sério, buscando indicar à seu amigo que ele estava passando dos limites.

— Orfanato Odei Ka Oh. — Yoongi afirmou seguro. — Eu fui deixado lá, em um orfanato. Fui deixado lá e cuidaram de mim como uma das crianças abandonadas pelos pais. Eu me lembro da sensação que senti naquele momento. Eu estava realmente assustado. Mas, apesar de lembrar de todos os sentimentos, não me lembro de cenas concretas dos meus dias naquele lugar, de certas pessoas e nomes. É difícil levando em conta que eu era muito novo.

— Você então não se lembra do lugar, de quem te deixou lá e de quem cuidou de você, mas se lembra do que sentiu?

Yoongi assentiu lentamente. Passou as mãos no cabelo e suspirou.

— As únicas memórias concretas que não foram apagadas da minha mente, foram as lembranças onde aparece a minha companhia naquele lugar. Havia uma garota, eu não me recordo bem... ela era filha de um casal que sempre visitava o local. — Min olhava para o chão recuperando informações em sua cabeça. — Ela vivia correndo. Realmente nunca parava... eu acho que... — levou uma mão à cabeça e fechou os olhos com força, fazendo sua expressão se transformar em uma careta.

— Yoongi...! — seu amigo apertou seu ombro esquerdo novamente.

— Eu odiava ver ela tão feliz sabendo que provavelmente nunca mais veria meus pais de novo.

— Essa menina então...

— Ela era filha de uma mulher que ajudava no orfanato. Acho que é isso, eu não me lembro muito bem de detalhes, mas sei que eu sempre a via, de semana em semana. Eu só me lembro realmente dela.


Abril de 2001 –

As crianças corriam com animação ao redor de todo o pátio aberto, estavam em êxtase e gritavam a todo momento. Yoongi, sentado em um muro baixo, analisava de longe toda a animação. Aqueles gritos histéricos irritavam a criança.

Yoongi nunca preferiu ficar no meio daquelas crianças. Sabia muito bem que não pertencia ao lugar, e se sentia desconfortável longe de sua casa. Por mais que fosse novo, ele sabia muito bem que mesmo que longe dali, ele tinha para onde voltar. Ele sempre soube que seu lugar era em outro local, junto à seus pais.

Subitamente, deu um pulo e fez uma careta ao ver, de repente, a pequena garota morena de cabelos extremamente longos tropeçar em sua frente e cair de joelhos. Yoongi entreabriu a boca surpreendido e ficou analisando a cena. Ele conhecia bem o rosto da garota. Ela era a que mais o irritava, sempre sorrindo e brincando pelo orfanato quando a mãe dela a levava e a deixava brincando com os órfãos, enquanto ajudava na cozinha.

Desde que Yoongi a viu super alegre e descobriu que ela não estava ali por ser órfã e sim por conta de sua mãe, começou a se sentir incomodado com cada pequeno passo que a via dar, então, não teve o que fazer quando a viu cair, apenas ficou olhando curioso. 

Ele desceu minuciosamente ainda olhando cauteloso.

Ela ficou sentada no chão enquanto olhava o machucado que havia sido aberto em seu joelho. Tinha um pouco de sangue graças ao ralado. Min se aproximou um pouco da menina que murmurava, e se abaixou com um sorriso nos lábios.

— Bem feito, você realmente mereceu cair. — falou sem filtro algum, dobrando os pequenos braços.

— Você fala? — ela perguntou surpresa, olhou para cima encaixando suas íris aos olhos escuros da criança pálida.

Sem receber resposta vindo dele, ela apenas abaixou a cabeça abanando o machucado.

— Você não vai levantar daí? — ele perguntou depois de ficar tanto tempo calado.

— Hunf... — ela murmurou irritada.

— Se você me der seu pirulito, eu posso fazer seu machucado curar mais rápido. — o pequeno Yoongi contou divertido e se ajoelhou  mais confortavelmente em frente ao corpo magro e feminino.

Os olhinhos da pequenina brilharam e ela deu um grande sorriso radiante, estendendo o pirulito que segurava em direção ao menino. Yoongi ia pegar, mas antes, ela vacilou, fechando o sorriso e suspirando.

— Umm... mas eu ganhei este doce porque hoje é meu... aniversário. — Yoongi deu de ombros e continuou marrento, pegou o pirulito e o guardou no bolso do uniforme do orfanato.

Chegou perto do machucado da garotinha e deu risada, cuspiu na mão e chegou perto do machucado com a saliva. A mais nova se afastou.

— Ewn! Isso é nojento!

— Vai fazer passar. — ele respondeu com tédio.

— Mas não é um beijo que sara?

— Eu sou sua mãe pra beijar seu machucado. — Yoongi falou bravo e passou todo o cuspi no joelho da criança.

Ela abriu a boca indignada e ele sorriu satisfeito, limpando a mão na roupa.

— Soyoon! Vamos! — ouviram uma voz alta um pouco distante e viram a mãe de Soyoon gritar por seu nome.

Soyoon se levantou e se curvou tímida, saindo depressa em seguida. Yoongi viu mãe e filha se afastarem e suspirou pesado, enquanto abria o pirulito.


— Eu não me lembrava de tudo, mas tudo parece voltar sempre que eu penso no orfanato. Isso não me faz mal, Hoseok!

Hoseok, ainda pasmo por ouvir tudo, não era capaz de responder. Tudo estava cada vez mais confuso em sua cabeça, não conseguia processar nenhuma das informações.

— E então, você realmente a via quando criança? Você conviveu com Yun Soyoon nesse ano em que foi afastado de seus pais?

— Sim. Quando eu fui finalmente achado pelos meus pais, nunca mais a vi. Mesmo que tenham me diagnosticado com choque memorial, eu reservei todas as lembranças que tinha com a menina que visitava o orfanato. Tinha sonhos, e é uma das poucas coisas que me lembro da infância. Ela fez parte disso. — Yoongi continuou falando, sem olhar para Hoseok.

— É quase impossível acreditar em uma coincidência dessa. Eu não entendo... seus pais estavam satisfeitos por saberem que você não se lembrava dessa época ruim a qual passou. Se eles souberem que você se lembra de tudo, vai ser um baque muito grande!

— É por isso que eu nunca quis dizer que estou ciente de tudo. Eu não quero pressão alguma nas minhas costas.

— Mas, Yoongi... você não pode dizer que ama a bolsista assim do nada! Quantas garotas chamadas Soyoon você acha que existem na Coréia?! — Hoseok gesticulou, quase a ponto de se tornar compreensivo.

— Há cinco ou quatro anos atrás, Yun Soyoon ganhou méritos por ter feito uma apresentação impecável sobre o que provocaria uma terceira guerra mundial. Graças à isso, foi pedido que ela apresentasse o mesmo trabalho em diversas salas de aula. — Yoongi se sentou, contando com calma. — Quando ela entrou em nossa sala, imediatamente eu me interessei pela garota. Então, me lembro de ter procurado saber quem era ela. Primeiro fiquei surpreso ao saber que ela era bolsista, mas mais surpreso ainda ao descobrir o nome dela...

— Ainda assim, isso não diz que ela é a mesma garota. — Jung o interrompeu.

— Eu pesquisei tudo sobre ela, Hoseok. Eu fui atrás, eu fiquei eufórico ao saber que o nome dela era Soyoon. Eu... soube que a maior parte da infância dela, ela viveu em Icheon. Você sabe o que Icheon significa pra mim, Hoseok?! — Yoongi levantou irritado e deu uma pancada na porta de um dos armários com força. — O orfanato em que fui jogado quando criança fica em Icheon!

— Yoongi...

— Você sabe qual o nome da mulher que levava doces para as crianças do orfanato e ajudava na cozinha?! — Min soltou uma risada irônica, tombando a cabeça para trás. — Yura. Yun Yura. Sabe qual o nome da mãe da bolsista? — suspirou. — Yun Yura.

Hoseok não pôde evitar soltar um xingamento baixo, olhando para os próprios pés.

— Se você tem tanta certeza assim, por qual motivo se manteve calado?

Yoongi engoliu saliva, curvando a cabeça para o lado.

— Ela... não lembra de mim. Então eu preferi fingir durante todos esses anos que nunca nem ao menos havia ouvido falar nela. Estava tudo bem... até ela se aproximar da Sete Elite e ainda assim, olhar pra mim, ouvir meu nome e nem ao menos ficar confusa, se perguntando sobre me conhecer. Ela não faz a mínima ideia de quem eu sou. Ela não lembra de mim. — parecendo triste e sentido, Yoongi contou baixo, com cuidado.

— Continue fingindo então. — Jung sugeriu.

— Eu vou. Mas não vou me afastar dela. Eu não sei o que eu quero. Eu me lembro de tudo sobre ela, mas ela também me faz lembrar das partes ruins. Do trauma que passei ao ser afastado dos meus pais quando era só uma criança!

— Não se torture desse jeito por causa disso, Yoongi. Vocês eram duas crianças! Eu entendo que, enquanto você estava preso em um orfanato ela foi um ponto de refugio pra você, mas... duas crianças, Yoongi! Vocês eram duas crianças! Gostar dela no passado, não se aplica ao agora. Você não pode simplesmente dizer que é apaixonado por ela!

— Ela continua a mesma. — Yoongi afastou uma parte do blazer e tirou do bolso fundo de dentro, o diário médio e rosa de Soyoon. — Eu achei isso há alguns dias. É o diário dela. Me sinto bem lendo, é como se estivesse me incluindo nos anos em que estive longe dela.

— Você roubou o diário da garota?! Você é doido?!

— Tudo o que ela sentiu todos esses anos, o dia a dia, a forma de pensar... — Yoongi continuou falando, ignorando seu amigo. — Ela é a mesma garotinha do passado. Eu sinto que ela ainda é a minha garotinha, e eu tenho medo disso.

Hoseok tocou mais uma vez o ombro do garoto pálido.

— Não se confunda tanto, Min. Por favor, cara. — travando o maxilar, ele apenas assentiu.

— Hoseok, dê um jeito de incluir a Soyoon no clube de dança.

— Huh? O quê? — confuso, ele exclamou alto sem entender.

— Eu tenho nas minhas mãos... — Yoongi ergueu o diário de Yun em seus dedos. — todos os desejos e medos da Soyoon. Uma das maiores vontades dela aos doze anos era ser uma dançarina focada, depois, uma líder de torcida. Eu vou, não importando como, realizar todos os desejos dela, mesmo que ela não saiba quem eu sou.

Hoseok piscou surpreso. O baque de verdade era ver pela primeira vez, seu amigo tão vulnerável a ponto de se abrir sem pretextos, sobre o que queria dar e o que queria receber das pessoas. Mesmo que parecessem desconfortáveis por conversarem daquela maneira, preferiram continuar em harmonia.

— Você realmente precisa fazer isso? Você quer realmente que eu te ajude?

Yoongi a abriu em um meio sorriso atrevido e balançou a cabeça.

— Eu fiz uma promessa. E eu não pretendo quebrá-la.


Abril de 2002 –

Correndo com rapidez e inocência, Yoongi puxava levemente o pulso de Soyoon levando-a para o fundo do orfanato, os aconchegando em meio às árvores e arbustos do lugar.

Soyoon sorriu extremamente feliz, fitando o garotinho em sua frente.

— Eu gosto do seu sorriso. — Yoongi falou, virando o rosto para o lado enquanto corava levemente.

Soyoon abaixou a cabeça.

— Hey, Noonie... você está com vergonha, hein?! — a menina comentou divertida, chamando o apelido carinhoso do garoto.

Yoongi arregalou os olhos levando a mão até o peito.

— E-eu acho que vou morrer! — Soyoon se assustou imediatamente e se aproximou. — Meu coração está batendo muito rápido!

Yoon foi até o garoto chegando muito, muito perto, logo o coração do pequeno começou a bombear cada vez mais rápido. Yoon colou o ouvido no peito do garoto e em seguida se afastou, o fitando curiosa.

— Noonie... não acho que você vai morrer. Será que você está doente? — Yoongi ficou pensativo.

— Ummm... eu deveria ficar doente só amanhã. Hoje é seu aniversário, no ano passado você me deu seu pirulito mesmo sendo seu aniversário, agora, eu tenho que compensar. — Soyoon deu uma risada sem graça e juntou as pequenas mãozinhas.

— Eu quero que meu presente dure por muito tempo. Quase para sempre. — a pequenina sussurrou, mexendo no cabelo longo e grosso.

— O que eu poderia...

Na mesma hora, o menino foi interrompido por um pequeno grito de susto vindo por parte da garotinha. Ela correu para a parte de trás de um arbusto e escondeu o rosto.

— Um bicho! — ela exclamou desesperada. Yoongi olhou confuso para o chão, em seguida ela gritou novamente, desesperada.

Min coçou a cabeça e foi até a morena, segurando em seu braço.

— Era só um galho. Olha aqui! — ele levantou o fino galho, mostrando-o. Yoon ficou vermelha e escondeu o rosto soltando um suspiro.

— Noonie... — murmurou com o rosto escondido entre os joelhos, depois, levantou o rosto, fungando um pouco. — Eu quero que você me proteja. Pra sempre.

Yoongi se agachou ao seu lado, entortando a boquinha fina.

— Tudo bem, se é o que você quer. — sorriu, mexendo distraído no galho que ainda estava em suas mãos.

Soyoon sorriu feliz e ainda com os olhinhos cheios de lágrimas, pulou em cima do menino o cercando com um abraço extremamente caloroso. Yoongi com toda certeza do mundo gostava de vê-la sorrindo.

Assim que se separaram, Min pegou novamente o galho e suspirou descascando alguns pedaços da pele do mesmo. Soyoon o fitou curiosa, querendo saber o que ele fazia. Depois, ele levantou a cabeça a olhando sorridente.

Pegou a mão minúscula da pequena Yoon e enterrou o pequeno circulo vindo do galho, em um dos dedos finos da mesma. Depois fez o mesmo consigo mesmo, Soyoon ficou cada vez mais vermelha, apertando a barra do vestido com força. Assim que finalizou, os dois aproximaram uma mão à outra.

— Feliz aniversário. — Yoongi sussurrou extremamente baixo.

— Noonie, um dia nós vamos casar de verdade? — Yoongi fez uma carranca, cruzando os braços.

— Acabamos de casar, você já quer casar de novo? — Soyoon revirou os olhos.

— De verdade... igual minha mãe e meu pai. — a mocinha apoiou o rosto na mão. — Vai ser de verdade.

— Claro.

— Noonie... quando a gente crescer, vamos casar! Você não pode esquecer disso. Não pode esquecer que vai se casar com a Yun Soyoon e vai ser muito, muito, muito feliz mesmo! — ela exclamou animada, com o tom mandão, quase irritada.

Yoongi sorriu ainda sentindo seu coração batendo forte, sentiu as bochechas esquentarem e disse:

Eu prometo.


Hoseok fitava seu amigo o vendo perdido internamente, suspirou cansado e soltou um som da garganta.

— Eu posso... fazer isso. — Jung respondeu inseguro ao dar conforto à seu amigo.

— Você é meu melhor amigo. Eu confio em você, Hoseok.




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