História Simplesmente Acontece - Felipe Neto e Biel - Eight

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Embora Felipe estivesse razoavelmente progredindo, em alguns raros momentos, ele ainda estava tecnicamente em coma. Durante esses dias no hospital aprendi que há inúmeros níveis diferentes de coma, e o de Felipe se classificava na escala de "menos sérios" pois ele estava em alerta e é capaz de fazer alguns movimentos. Ele passava a maioria parte do tempo dormindo, então havia uma possibilidade dele falar, já que os tubos de respiração e alimentação haviam sido retirados. Eu queria muito poder ouvir a voz dele e houve momentos em que eu pensei que ele nunca voltará a falar.

Sentei-me ao lado de sua cama, coloquei uma de minhas mãos em seu rosto e a outra segurava sua mão.

- Eu te amo, Fê. - eu disse delicadamente.

- Eu também te amo. - ele respondeu com a voz baixa e falha.

Eu não conseguia acreditar no que havia acontecido. Felipe não havia somente falado, mas havia dito as palavras que eu mais queria ouvir. Aquelas palavras amenizaram todo meu sofrimento e medo que eu sentia de perdê-lo. Sai do quarto sorrindo, Bruna e Luccas não entenderam absolutamente nada, até eu explicar o que havia acontecido. Os médicas relataram que a declaração que o Felipe havia feito era apenas uma reação baseada em seus reflexos. Ou seja, Felipe não entendia o que falávamos , mas seu cérebro sabe responder rapidamente. Eu sabia que aquilo era verdade. Mas, eu só queria recuperar o homem que eu amo e aquelas palavras só me fizeram ter mais esperança e criar mais expectativas.

 

UMA SEMANA DEPOIS

Felipe já tinha forças para se sentar na cama. Mesmo com a minha ajuda, da Bruna, do Luccas e dos enfermeiros Felipe não era capaz de conseguir ficar em pé, pois suas pernas ainda estavam fracas. Nós o segurávamos e estimulávamos a continuar. 

- Eu te amo, Felipe. Vamos você consegue. - falei, se posicionando em sua frente e segurando suas mãos, enquanto Bruna e Luccas o seguravam pelos braços e cintura.

- Eu te amo! - ele disse três vezes.

E foi assim durante mais 2 semanas, até que Felipe  foi encaminhado para uma Clínica especializada no caso dele. Algum tempo depois, o médico recomendou que motivássemos Felipe a andar segurando em barras de ferro e ajudando-o.

- Isso te assusta? - perguntei.

- Sim. - Felipe respondeu, com a voz falha.

Durante aquele tempo em que passamos juntos aos poucos Felipe foi se acostumando, começou a interagir e a conversar, parecia estar mais a vontade e mais próximo de mim.  Dois dias depois ele foi internado novamente, e quando cheguei no quarto em que Felipe estava, tentei fazê-lo reagir mas não houve qualquer reação. Então chamei o Doutor responsável, ele se aproximou de Felipe e examinou.
- Você tem que acordar, cara. - o Dr disse. Felipe não reagiu. - Você tem que acordar Felipe. - repetiu e nada aconteceu
Então pediu para que eu fizesse o mesmo procedimento e um tempo depois Felipe despertou. A estratégia funcionou, tinha toda a atenção de Felipe voltada à mim. O Dr mandou eu pediu para que Felipe movimentasse seu braço esquerdo. Ele assim fez. Depois pedi para que ele movimentasse a perna esquerda, e ele obedeceu.

- Ele está se saindo bem. - falou, olhando para mim com um sorriso confiante.