Quatro semanas se passaram após dado inicio a terapia de Felipe. Ao poucos ela começou a compreender e a responder corretamente as coisas na qual perguntávamos a ele, os médicos começaram então a avaliar suas habilidades mentais e sua memória. Então o seu Terapeuta começou a lhe fazer perguntas sobre seu cotidiano.
- Felipe, você sabe onde está neste exato momento? - perguntou o Terapeuta, em tom calmo.
Felipe pensou um pouco antes de responder.
- Em uma das minhas sessões de terapia.
- Exato. E você sabe quem são aqueles ali? - disse apontando na direção em que eu, Bruna e Luccas estávamos.
- Aqueles são Bruna, Luccas e o Gabriel. - respondeu um por um, apontando para nós. - sorri aliviado.
- Felipe, você sabe quem são eles em sua vida? - continuou o terapeuta.
- Sim. O Luccas é meu irmão, a Bruna minha melhor amiga e o Gabriel fez acompanhamento comigo desde o primeiro momento, então ele é meu amigo também. - disse.
- Qual a última coisa que você lembra antes de sofrer o acidente?
Felipe olhou para Bruna e Luccas e voltou a olhar para seu terapeuta.
- Lembro que estava passando por uma fase difícil em que parei de gravar para meu canal, não tinha motivação para nada, estava na merda, gravei alguns vídeos para o fim "Não Faz Sentido" depois disso não me lembro o que aconteceu.
O terapeuta prosseguiu.
- Qual foi o último vídeo que você lembra de ter gravado?
- "Biel - Não faz sentido" - respondeu.
NÃO! ISSO NÃO PODIA ESTAR ACONTECENDO! Eu gritava por dentro, segurei minhas lágrimas e a vontade de fazer com que Felipe lembrasse tudo que aconteceu após aquele vídeo.
- E esse moço, você não lembra dele? - perguntou.
- É o Gabriel, meu amigo. - Falou.
- Repare bem... Lembra dele?
- É o Bi-el - disse e logo entrou em êxtase. - Ele não é meu amigo, TIREM ESSE IDIOTA DAQUI - disse completamente alterado.
Apenas senti meu corpo amolecer. Era difícil aceitar que o cara no qual eu amo, não se lembra de mi após termos nos resolvido e sim, lembra de mim como seu inimigo ou uma ameaça. Quando Felipe disse aquelas palavras, senti como se alguém houvesse enfiado uma faca em meu peito.
- Felipe, por favor... - eu disse olhando em seus olhos - lembre-se. Eu te amo.
- Por favor, se afaste de mim. - respondeu convicto.
Ele me olhou novamente, me encarando como se me odiasse.
- Mas porquê? Eu sempre estive ao seu lado e você mesmo disse que eu te acompanhei e era seu amigo. - eu falava com desespero - estávamos nos dando bem e desde que você sofreu o acidente eu permaneci ao seu lado.
- Biel, vamos lá fora tomar uma água e se acalmar. - Bruna disse, me levando para fora do consultório.
- NÃO! - eu gritei - eu preciso fazê-lo lembrar, eu não quero o mal dele.
- Vá Biel, depois você volta quando estiver mais calmo. - O terapeuta disse.
Fomos para fora e, no corredor eu comecei a chorar, deixando com que meu corpo caísse sobre o chão. Horas depois voltamos para o quarto de Felipe, fiquei sentado na poltrona que era praticamente do lado de sua cama. Ele olhou para mim sem aquela feição de raiva e ódio. parecia estar esperando que eu puxasse assunto com ele, como eu sempre fazia porém preferi ficar quieto. Felipe teve alta naquele mesmo dia, eu preferi ir sem me despedir dele, pois estava com medo e confuso. Cheguei em meu apartamento e deite-me, e todos os tipos de dúvidas dominaram minha mente. Até que minha campainha tocou e era o T3ddy.
- Não quer ir para o meu apartamento? - perguntou.
- Não, é melhor eu ficar aqui. - falei.
- E como vai ser daqui pra frente? - T3ddy perguntou - querendo ou não, ele nem se lembra de você, vai insistir?
- Não posso desistir dele tão fácil. Eu o amo e lutarei o quanto for preciso para tê-lo de volta. - afirmei.
T3ddy percebeu que a minha fraqueza não faria com que eu passasse uma noite com ele ou me entregaria à ele devido a tudo que estou sofrendo, sendo assim ele se despediu e foi embora, me deixando sozinho novamente.
3 SEMANAS DEPOIS
Deixei de ir ver Felipe por um tempo e foquei na minha carreira. Foram semanas ocupando minha cabeça com meus afazeres. Em uma sexta-feira, Duda apareceu no estúdio onde eu estava gravando. Já fazia muito tempo que não a via.
- Psiu! - ela disse.
- Duda, cara quanto tempo! - cumprimentei-a abraçando-a.
- Como está? Meu deus, que saudade de você garoto. - ela perguntou e prontamente dei um suspiro.
- Minha vida está uma bagunça... - disse.
- Eu fiquei sabendo do acidente do Felipe, sinto muito. - me abraçou.
- E o pior é que ele se lembra de tudo, menos da fase em que começamos a nos entender. - meus olhos encheram-se d'água.
- Eu sinceramente espero que ele se lembre, e que vocês voltem a ter a vida que tinham. - ela disse sincera.
Duda me contou tudo sobre sua vida. Ficamos por horas conversando e foi bom ela ter vindo até mim, aquilo me fez bem. Tempo depois ela se despediu e foi embora. Voltei a fazer o que estava fazendo durante mais algumas semanas
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.