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História Situações Inconvenientes - Capítulo Único


Escrita por: Liliae e AllBlue_Project

Capítulo 1 - Capítulo Único


 As batidas na porta fizeram Chopper desviar a atenção de seus estudos sobre propriedades medicinais de peixes exóticos para a entrada da enfermaria. Zoro adentrou o recinto sem esperar por uma resposta.

— Preciso da sua ajuda — anunciou, ao mesmo tempo em que fechava a porta atrás de si.

O desconforto marcava sua face, o que despertou uma preocupação alarmante em Chopper. Ele estava doente? Com dor? Com uma ressaca mortal por causa da festa da noite anterior? Seria algo grave? 

— Acho que tenho problemas de direção — emendou.

Chopper o encarou incrédulo. Sua preocupação instantâneamente foi substituída por curiosidade conforme pensava no que havia feito Zoro finalmente admitir o óbvio. 

— Por que você acha isso? — questionou com uma delicadeza exagerada, um esforço para que sua pergunta não soasse falsa ou sarcástica. Se qualquer outro membro da tripulação estivesse ali, especialmente Sanji, com certeza estaria gargalhando.

Zoro estendeu a mão e coçou a nuca nervosamente. Chopper suprimiu um arquejo de surpresa ao vê-lo corar.

— Por causa de algumas situações inconvenientes — respondeu.

— Que tipo de situações?

 

...

 

Zoro bufou, frustrado e com o estômago roncando, enquanto percorria os corredores do castelo. Estava há quase duas horas tentando encontrar a cozinha, mas, sempre que abria uma porta, deparava-se com um cômodo totalmente diferente. Tinha algo muito errado com a residência do Olhos de Falcão, talvez um feitiço ou uma maldição, pois os cômodos trocavam de lugar constantemente.

Quem sabe isso não fosse uma travessura de Perona? Não descartava a possibilidade daquela Akuma no Mi esquisita dela ter algum poder desse tipo.

Estava tão absorto em sua raiva e teorias malucas que, ao abrir mais uma porta, demorou alguns segundos para processar a cena à sua frente.

Era a biblioteca do castelo, sabia disso por causa das estantes de livros captadas por sua visão periférica. No entanto, isso era apenas um detalhe, pois o que realmente importava ali eram as roupas espalhadas pelo chão e o que Mihawk e Perona estavam fazendo sobre o sofá, os gemidos luxuriosos e o som molhado de pele batendo contra pele marcando a atmosfera.

Ao se dar conta do que exatamente estava acontecendo, Zoro fechou a porta rapidamente e saiu dali como se o quarto estivesse em chamas. Embora seu rosto estivesse escarlate, seu sangue estava congelado nas veias.

Nem em seus piores pesadelos presenciara uma cena tão traumática. E inesperada.

Como diabos o Olhos de Falcão estava envolvido com uma pessoa tão infantil e irritante como Perona? E ela não falava para os quatro cantos que Mihawk “não era nada fofo”? 

E ele não tinha quase o dobro da idade dela?

Absolutamente nada nesse casal fazia sentido. Era a mesma coisa que Robin começar a namorar Luffy.

Felizmente, para Zoro, Perona estava tão concentrada no “ato” que não percebeu a breve invasão. A última coisa que ele queria no mundo era ter que lidar com os chiliques dela.

Quanto a Mihawk, a situação era diferente. Zoro tinha certeza de que ele havia percebido, graças ao olhar particularmente ríspido que recebeu dele no treino do dia seguinte. Contudo, ele não disse nada a respeito, o que levou Zoro a concluir que ambos chegaram à mesma conclusão: era melhor fingir que nada aconteceu.

E foi o que Zoro fez nos meses seguintes, até chegar o momento de reencontrar sua tripulação. Entretanto, ele nunca mais conseguiu ver Mihawk e Perona da mesma forma. Um arrepio gelado rasgava sua espinha sempre que se recordava daquela cena maldita.

 

 

O desconforto na bexiga levou Zoro a sair da cama no meio da madrugada. Com exceção de Sanji, que se encontrava de vigília, todos os homens da tripulação estavam apagados em suas camas, os roncos reverberando pelas paredes. Saiu do quarto sem se preocupar com a possibilidade de atrapalhar o sono dos companheiros, visto que, se estavam acostumados com os roncos de Franky — que se assemelhavam aos motores barulhentos com que ele trabalhava —, sons de passos e porta abrindo e fechando certamente não seriam suficientes para incomodá-los.

Por alguma razão misteriosa, Zoro acabou na cozinha ao invés do banheiro. Ele sequer teve tempo de estranhar, pois foi tomado por uma nostalgia nauseante assim que visualizou o recinto.

— Que porra é essa?! — berrou de imediato, no susto, para Sanji e Nami.

Nami estava sentada sobre a mesa, nua, como no dia em que veio ao mundo, com as mãos serpenteando pelas costas definidas do cozinheiro, enquanto se beijavam — ou, sendo mais preciso, se engoliam. Sanji, de pé e com a cintura envolvida pelas pernas torneadas dela, “pelo menos” estava de cueca. Não que isso melhorasse a situação, uma vez que o volume no tecido branco era quase tão obsceno quanto uma nudez completa.

A reação deles foi tão violenta quanto a de Zoro. Ambos gritaram, Sanji dando um salto para trás e Nami tentando se cobrir com as mãos de maneira desesperada.

— Marimo! — Sanji ralhou.

As espadas de Zoro não eram, nem de longe, tão cortantes quanto o olhar que Nami lhe lançou. Entretanto, apesar da demonstração de raiva, seu embaraço era tão grande que a impossibilitou de xingá-lo. 

Esforçando-se para mover as mãos o mínimo possível para não revelar — ainda mais — sua nudez, ela desceu da mesa para recolher as roupas espalhadas pelo chão.

— Vocês enlouqueceram?! Nós comemos nessa mesa! — Seu tom, furioso e envergonhado, era praticamente o mesmo de Sanji, assim como a face rubra.

Não esperava nada de bom vindo daquele tarado, mas esperava que ele, ao menos, fosse ter respeito pelo local onde as refeições eram servidas. 

O pior foi se dar conta de que aquilo ainda era o de menos.

— Com tantos lugares para vocês se comerem, vão fazer isso justo aqui?! E se fosse o Chopper que tivesse flagrado vocês?! 

O olhar apavorado que Sanji e Nami trocaram evidenciou que eles imaginaram o mesmo cenário que Zoro: Chopper profundamente traumatizado, sua adorável inocência jogada na vala e, de brinde, uma Robin com intenções homicidas.

Sanji e Nami não souberam o que dizer. Nem havia o que ser dito, afinal, estavam errados. Ponto.

Revoltado como nunca, Zoro lhes deu as costas e se retirou da cozinha. Sua urgência em encontrar o banheiro triplicou, uma vez que, agora, também precisava vomitar.

 

...

 

A fogueira, bem mais modesta do que horas antes, e as tochas espalhadas pela clareira, além de iluminarem, funcionavam como decorações para a festa entre os Chapéus de Palha e os Piratas do Coração. Os aliados haviam se encontrado por acaso em uma ilha e acabaram se reunindo para fazer uma festa, tanto por ser uma espécie de tradição entre os bandos, quanto por Luffy ter infernizado Law para concordar com aquilo.

Assim que Zoro, sentado em um tronco próximo à fogueira, terminou sua enésima garrafa de saquê da noite, Sachi lhe deu a trágica notícia de que as bebidas tinham acabado. Não era para menos, visto que a festinha já durava horas, porém ele se decepcionou mesmo assim.

Se ele não podia beber saquê o tempo inteiro, então não era uma festa! 

Enquanto, de cara fechada, assistia Franky, Bepo, Penguin e Chopper fazerem uma dancinha bizarra que acreditavam combinar com a melodia do violino de Brook, Zoro recordou-se de que possuía três garrafas de saquê guardadas debaixo de sua cama. A carranca evaporou de seu rosto conforme se levantava em um pulo para ir ao Sunny, atracado a cerca de vinte minutos dali.

Uma hora depois, ele continuava rondando pela floresta, sem sequer escutar o som das ondas da praia onde o navio estava. Seu semblante, infinitamente mais azedo do que antes, suavizou ao escutar a voz de Luffy ecoar entre as árvores. 

Zoro imediatamente seguiu na direção da voz, convencido de que, provavelmente, era Luffy retornando do Sunny. Ele havia desaparecido na metade da festa, o que só podia significar duas coisas: ou ele saiu para explorar a floresta ou para aproveitar a ausência de Sanji no Sunny para assaltar a geladeira. 

Sim, tinha bastante comida na festa, mas para que se contentar em comer em um lugar só se ele poderia comer em dois?

Todavia, à medida em que se aproximava, notava que havia algo esquisito em sua voz, como se Luffy estivesse ofegante. Se Luffy não fosse Luffy, Zoro diria que seu timbre era luxúria pura, o tom de voz de quem já estava entregue. 

Zoro descobriu da pior forma possível que ele estava enganado.

E, ao finalmente conseguir vê-lo, desejou ser cego. 

Trafalgar Law estava com ele — e só então Zoro se lembrou, e deu importância para tal informação, de que ele também havia desaparecido da festa —. O fato de ele e Luffy estarem sozinhos no meio do mato, por si só, não era preocupante, já que eram aliados e mantinham uma boa relação. O problema era ambos estarem seminus, com Luffy, apoiando as costas no tronco de uma árvore, gemendo enquanto Law, ajoelhado na sua frente, fazia coisas que assombrariam as memórias de Zoro pelo resto da vida.

Da mesma maneira que no dia em que flagrou Mihawk e Perona na biblioteca, Zoro deu-lhes as costas e saiu dali a passos rápidos, fingindo não ter presenciado aquela visão infernal. 

Voltou à sua busca pelo Sunny com muito mais determinação do que antes. Nunca precisou tanto de uma bebida como naquele momento.

 

...

 

— Que tipo de situações? — Chopper repetiu, arrancando Zoro de suas lembranças horripilantes.

— O tipo que eu não quero passar de novo — disse com rancor. — Vai me ajudar? — Seu tom deixava claro que não aceitaria mais perguntas sobre tais situações.

— Vamos tentar — Chopper falou, com a curiosidade frustrada, um triste suspiro de resignação e a certeza que aquele seria o caso mais complicado de sua carreira médica.

 


Notas Finais


✨Créditos e agradecimentos✨
Betagem: @bakacaio
Capa: @Hyomen
LC: @megitsune696

Espero que tenham gostado e não deixem de comentar!
Beijinhos!


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