A correria para ajudar Kakyoin foi enorme.
Dio procurava algum medicamento que servisse como anestésico, enquanto Caesar era gentil a ponto de procurar outros tênis e descartar aqueles, e Erina limpava o estrago.
O ruivo reclamou de cólicas, e mesmo descalço, foi correndo em direção ao banheiro do andar, se desfazendo mais três vezes em uma das cabines. Na última vez, percebeu que seu estômago dera uma tremenda aliviada, fazendo-o concluir em pensamento que havia comido algo que não o fizera bem. Então, juntamente à adrenalina do nervosismo com tudo e todos, ele acabou pagando um preço alto. Levantou-se, limpou a boca, lavou os pés no chuveiro e seguiu de volta para o dormitório, que não era nem dez passos longe do banheiro.
– Estamos imensamente atrasados. – Dio silvou, entregando uma cartela de ibuprofeno para Kakyoin.
– Eu ainda preciso escovar os dentes...
– Então vá e se apresse. – Kakyoin obedeceu, pegando o novo par de sapatos que Caesar o indicou: um vans de cor cinza. Escovou os dentes com uma pressa absurda. Após cuspir toda a espuma e ter colocado os tênis, voltou correndo para o dormitório.
– Agora que todos estão prontos... – Erina bateu palmas, sorrindo para os garotos.
– E atrasados. – Caesar bufou, conferindo o horário no celular.
– É, acontece. Tomem seus convites e se divirtam. – Ela entregou cada qual ao seu.
– Olha, o meu até que ficou uma graça. – Caesar sorriu, tentando enfiar os dedos na abertura da carta.
– Não faça isso. – Diego interviu, olhando feio pra ele. – Vocês não vão poder abrir a carta até que estejam no lugar; seus ingressos estão aí dentro. Eu quem os coloquei, tudo certinho, sim. Eu sei ler, a mamãe me ensinou a ler os kanjis dela. Sim, fui eu, rawr. – E, mais uma vez, Diego ergueu os braços e fez uma careta.
– O quê? – Caesar franziu o cenho, não entendendo quase nada.
– Tem uma cartinha ao avesso na frente de todas as cartas que ele colocou, assim como os ingressos. – Dio se apressou a explicar, indicando no convite. – Como queremos que seja surpresa até o final, não poderemos falar o endereço ao motorista, nem ler o que está escrito na frente dos outros. É só esperar, entregar esse papel da frente e vamos chegar lá.
– Ah, tipo sequestro? – Caesar pôs a mão no queixo.
– Que tipo de comparação doentia é essa? – Kakyoin bateu os pés no chão, firmando os tênis na sola.
– Vamos logo, ou as bichinhas vão ficar de papinho de novo? – Dio revirou os olhos, desgostoso.
Espero que só tenha sido isso, esse mau pressentimento. Mas não entendo porque ele continua aqui...
* * *
Cada um havia se encontrado com seu Joestar no ponto previamente combinado. Kakyoin tinha ficado com Jotaro na praça central, Caesar havia se encontrado com Joseph perto da cafeteria Bougainvillea e Dio havia se encontrado com Jonathan perto da prefeitura; de lá, eles iriam até seus respectivos lugares, como combinado, de táxi.
Eles pediram quase ao mesmo tempo.
– Para onde, chefia? – Perguntaram os taxistas, empolgados. Aquele dia estava se tornando cada vez mais rentável, tendo em vista a movimentação de pessoas naquele Dia dos Namorados.
Os três rapazes entregaram alegremente as missivas e os taxistas – diferentemente dos Joestar – não estranharam tal atitude. Já haviam recebido pedidos similares anteriormente. Então, cada um arrancou para o destino.
– O que entregou para ele? – Jotaro indagou, observando Kakyoin com muita cautela e curiosidade.
– Como eu quero que seja segredo até o fim, eu não iria estragar logo agora, não é mesmo? – O ruivo sorriu, e os dois trocaram um selinho.
No outro táxi, a espera deixava um certo loiro ansioso e irritadiço – mais do que o normal.
– O prédio de onde quer que formos não vai sair do lugar, Dio. – Jonathan tentava usar sua melhor voz pacífica, enquanto depositava um carinho sutil nos cabelos loiros de Dio. – E você está lindo.
Jonathan apenas recebeu um amargo dar de ombros.
No terceiro carro, as coisas estavam animadas.
– Ah, eu não acredito que o meu Ceasarino está me levando para sair. Me sinto uma moça em seu primeiro encontro. – Joseph sorria, vendo que estava conseguindo arrancar risos de Caesar.
– Viu só, eu sou um namorado muito bom. Não estou te causando uma overdose nem nada. – Caesar hirtou uma sobrancelha maliciosamente, rindo com Joseph.
– Ainda com isso? – Ele coçou a nuca, envergonhado.
No entanto, a alegria dos três pareceu estar cronometrada para acabar no momento em que os táxis pararam. Kakyoin franziu o cenho, abismado, enquanto percebia o lugar que estava. Não foi nenhum pouco diferente com Dio nem com Caesar.
– Ei, tem certeza que foi para o endereço certo? – Eles perguntaram, sentindo que o coração poderia parar na garganta.
– Sim, você quem escreveu, não? – Os motoristas devolveram o papel, e não havia engano: o endereço estava certo. Apressaram-se para checar os ingressos, sentindo-se desolados logo depois. Batiam exatamente com o local.
Depois de pagar a corrida, os casais saíram do táxi, contemplando a atração que obrigatoriamente teriam que ver naquele dia. Eles sentiam seu dia sendo arruinado gradativamente, como areia escorrendo de um garfo.
– Isso... – Kakyoin suspirou, altamente decepcionado.
– ... Não pode ser... – Caesar coçou os cabelos impacientemente.
– ... Verdade. – Dio sentia que sua testa havia fixado os vincos de tão franzidos que estavam.
Kakyoin havia parado em uma boate excêntrica, com o nome Moody Blues, sem explicação plausível. Dio estava defronte um aquário tosco e sem graça. E Caesar havia parado em um cineteatro que deveria custar os olhos da cara de tão desnecessariamente chique.
– Diego... – Os três sibilaram, emanando a mais pura e palpável raiva das palavras. Kakyoin retirou tudo o que disse sobre Diego.
– Aquele garoto é uma peste!
E, como se sentisse o ódio daqueles três, enquanto passeava com a mãe no shopping da cidade, o garoto teve uma crise de riso súbita. Erina olhou-o torto, mas logo interpretou como se ele estivesse em uma idade mais “maluquinha”.
– Tudo bem, filho?
– Tudo ótimo, mamãe. – Diego sorriu orgulhosamente para seu brinquedo esverdeado. – O bactrossauro nunca esteve tão feliz.
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