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História Startruck: Ligados pela Música - Coração Partido


Escrita por: LilBeM

Notas do Autor


Cheguei depois de muito tempo!
Tenho desculpas boas mas eu vou dá apenas no final. Vamos de musiquinha CRINGE porque sendo eu uma adolescente e não acamar me rendendo as músicas hits dessa geração... bom, eu não estaria sendo uma adolescente dessa geração. Entenderam? Eu não, mas vamos lá!

Olivia Rodrigo: favorite crime
James Bay: Let It Go

Capítulo 50 - Coração Partido


Após dois dias dividindo um quarto de hotel com dois novos produtores, seus pais e fotógrafos durante o dia, Rony voltou para casa na quinta feira após o almoço com um certo receio de entrar pela porta. Odiava a vulnerabilidade que sentia, o medo e raiva brigando dentro de si de quem ia ganhar a batalha caso houvesse um encontro com Hermione. Ele sentia a vibração ruim do estômago a cada pensamento afoito. As horas que ficou a quilômetros de casa não foram o suficiente pra abafar seus pensamentos e a distância estúpida só serviu para deixá-lo nadando sob a borda de emoções quentes, um fervilhar de mágoa e solidão. Na manhã de segunda feira, após ficar sem dormir e sentindo o rosto queimar por causa do choro, a textura de sua pele seca, a garganta em verdadeiro fogo vivo, Rony passou a perceber coisas que poderiam ser outras.

Um tom diferente, um brilho no olhar de Hermione poderia ser definido como mentira... os braços vacilantes que se grudaram no corpo dela, como se decidisse e mudasse de ideia no mesmo segundo sobre algo que ela queria gesticular... não. Ele lembrava de estar tão confuso que a única coisa que podia ajudar a situar sua mente de toda a água torrencial que inundava os últimos acontecimentos era um bom banho. Longo. 

Molly e Arthur apareceram depois e ele agradeceu baixinho no timer certo deles: ele já estava limpo e vestido apropriadamente, apesar dos olhos estarem fundos e escuros. Mas os espirros e a tosse esconderam o verdadeiro motivo de estar parecendo um morto vivo e ele só deu de ombros e disse que tinha pegado um resfriado. Uma gripe na pior se não tomasse um comprimido de Tylenol para a dor de cabeça e um xarope para a garganta. O arfar de sua mãe ao vê-lo doente foi o bastante para ressoar em seus ouvidos e o sangue correr por seu corpo, gélido.

 

Saiba que eu te amei tanto 

Que eu deixei você me tratar assim 

Eu fui sua cúmplice voluntariamente, amor 

 

Ele decidiu pelos pais que queria tomar café da manhã fora e quase teve uma síncope quando Arthur teve que atender uma ligação assim que desciam as escadas. Rony abafou um espirro e ficou meio impaciente ao lado do pai, sua mãe tocando seus braços, o ruivo só não sabia se para desamassar sua camisa de botões ou verificar se ele estava com febre. Era difícil perceber os sinais e o latejar nos ossos frontais estavam começando a ficar irritante. Ele tossiu e assentiu para qualquer coisa que eles falavam e Molly logo o puxou para fora.

Ela deixou um riso escapar, mordendo o lábio, olhando misteriosa para o jardim. Seu cérebro estava lento demais para avaliar aquelas reações, mas não deu o trabalho de se preocupar com isso. Besteira.

Arthur e Molly, como sempre, conversavam alegres de onde estavam sentados, de frente ao ruivo, comentando animados sobre a oferta de Rony de querer comer fora já que estavam justamente indo ao encontro de um produtor novo. Uma nova parceria, então.

Rony sentia-se flutuando entre as vozes, seus lábios falando coisas programadas e previsíveis.

E então houve o momento antes da eclosão, aquela hora em que a dúvida está tão grande que você só consegue rir sozinho e dizer que não, não aconteceu. O ruivo já tinha tido aquele momento antes ao se dar conta que namorar Lexie Lux não era tão emocionante quanto um namoro de verdade. Quando percebeu que namoros de verdade, quando as duas pessoas queriam, não tinham uma agenda de horários combinados para encontros, ou uma lista de contatos físicos apropriados para uma entrevista, um show ou encontros marcados em jogos de futebol onde tinham que agir como dois apaixonados. Deviam. Ele não queria. 

Quando o jantar terminou e seus pais dispensaram a briga que se seguiria assim que ele falou que não queria voltar pra casa – Rony notou o olhar do pai para a esposa -, ele fez a primeira coisa impensável a se fazer: se trancou no quarto de hotel e ligou para Hermione. Inferno, ele queria ouvir a voz dela. O masoquismo só podia estar se arrastando sobre ele ou seu amor próprio em declínio ao querer se submeter aquele tipo de humilhação. A morena não atendeu. Não ficou surpreso, na verdade, era bem a cara dela. Luna tinha enfiado seu contato no celular dele e Rony ligou, o terceiro toque acabando quando o barulhinho de clique e a voz da loira o assustou. O coração dele o lembrou que estava batendo e os pedaços se juntaram o bastante para lhe dar fôlego e exigir uma explicação. Era assim está tão próximo do nada? Um resquício da pessoa amada e bum, tudo se resumia a ela e nada mais?

 

E eu assisti enquanto você fugia da cena

Olhos de corça, enquanto você me enterrava

Um coração partido, quatro mãos ensanguentadas

 

Se pudesse, nunca teria ligado.

Hermione já tinha sido clara. A confirmação de sua negativa acabou de triturá-lo por dentro. Então, assim que as horas passavam e a madrugada invadia o quarto, o ruivo permaneceu deitado na cama, olhando a tela escura do celular e fazendo a mesma pergunta: o que tinha feito de errado? Até a hora de ir para casa, ele só levantava pra tomar os remédios e verificar se o cartão de não incomode continuava na maçaneta da porta.

Ele não sabia como mudar o que sentia, substituir a fraca vontade de acontecer alguma intervenção que fizesse os dois se cruzarem ao observar o carro entrar na mansão, mas assim que o carro cruzou o limite dos portões, ele ajeitou a jaqueta e subiu os óculos escuro. Não ia fraquejar. Podia ser recente, tão dolorosamente cutucando seu peito em uma agonia profunda e arisca, mas ele tinha que conservar um pouco de orgulho.

Rony sentiu os dedos trêmulos se chocarem com a mão da mãe ao tentar fechar a porta do carro, adiando o inevitável.

- Sua mão está fria – disse Molly à medida que os portões silenciosos iam se fechando mais atrás e uma troca profissional de lugar dos vários seguranças em volta da casa ocorria.

Ele negou com a cabeça, erguendo os lábios no melhor sorriso que conseguiu.

- Acho que vai chover – respondeu, como se o vento frio fosse a causa do gelo que cobria seu corpo. E, realmente, o céu estava começando a ficar escuro, algumas nuvens se reunindo para outra festa.  

- Vamos entrar, então. Pedi para que Laura preparasse a sopa que você gosta. Vai ajudar no resfriado também.

Sua mãe estava estranha, feliz e cheia de toques com ele. Ela o ajudou a tirar o casaco e o levou até a cozinha, oferecendo sempre um sozinho ou outro.

A desconfiança que ainda envenenava seu sistema de percepção começou a puxar o sentimento de culpa por estar tão pra trás com Molly. O que esperava que ela fizesse com ele possivelmente doente? Desse as costas? Era filho dela, claro que ela ficaria muito preocupada.

Gina e Harry já estavam na mesa, sentados um do lado do outro. Laura estava em silêncio finalizando alguma coisa em cima da pia e nenhum sinal de Lily ou outro funcionário que normalmente cruzava a cozinha a todo momento para buscar alguma coisa na despensa para limpeza de dentro da casa – a que ficava na lavanderia era específica apenas para as roupas. A mesa estava posta para um pequeno lanche, mas nem sua irmã e cunhado comiam muito.

- Olá, querida – Molly deu a volta na mesa e tomou o rosto da ruiva entre as mãos para beijar a testa dela. – Oi, Harry.

O moreno foi gentil, sorrindo e aceitando o aceno da mulher.

- Laura, por favor, traga a sopa do Rony. Vamos sentar todos e lanchar juntos.

A cozinheira deixou o prato de sopa do ruivo e sentou-se ao lado de Gina. Apesar do eco que rugia de seu estômago até sua cabeça em uma frequência alarmante e o coração tão acelerado que Rony deu uma olhada discreta para todos, verificando se alguém notava, ele respirou fundo e observou seus pais encherem os pratos com fatias de pães e bolos e cada um se servirem de uma xícara de chá. Eles conversaram sobre algo, muito interessados. Ele olhou para sua sopa e a imagem que refletiu de volta não poderia ser mais bonita só que não tinha muita vontade de comê-la. Uma brisa breve rodopiou entre eles e Rony ergueu os olhos no momento que sua irmã fitava o namorado de um jeito esquisito.

- Gina? – murmurou, não gostando de como sua voz estava rouca. – O que foi?

Ela estreitou os olhos para ele e apertou os lábios em uma linha regular, insatisfeita.

- Você soube sobre Hermione?

Ele nunca tinha sentido tanto medo na vida. Não lembrava de entrar em pânico do mesmo modo que entrou, sentado naquela cozinha quente e abafada.

Ele largou a colher e endireitou os ombros. Será que alguém, de alguma forma, sabia sobre o término deles? Sabia da razão de tudo?

- O que tem ela? – ele disse, olhando para os pais. Ainda alheios.

A mão de Harry alcançou o ombro da garota.

- Ele provavelmente sabe, Gina.

- Eu não acho – ela rebateu. – Ele não parece muito triste.

- Eu estou aqui e estou escutando a conversa de vocês – Rony resmungou entre os dentes, respirando fundo pra controlar a impaciência. – O que tem a Hermione?

- Ela foi embora. Na segunda-feira, pelo fim da tarde. Ela não atendia minhas ligações ou respondia minhas mensagens. Como não sei onde ela mora eu pedi para a equipe de segurança verificar nas câmeras.

O ar escapou entre os lábios do cantor. Um calor irreal subiu por seu pescoço e ele piscou várias e várias vezes. Então ninguém sabia do término deles.

Mas espera...

- Por quê? – ele disse, olhando no fundo dos olhos da irmã.

- Como eu vou saber? Vocês brigaram? Ela encontrou outro emprego?

- O que vocês tanto cochicham aí?

 

Os dois adolescentes se ajeitaram nos acentos ao perceberem que instintivamente tinham se inclinado sobre a mesa para falar. Arthur ainda esperava uma resposta, a xícara a meio caminho da boca.

Gina, mesmo sendo a menininha querida do pai, as vezes gostava de usufruir do estágio protegida pela fofura de única menina. Assim quando percebeu a atenção de Arthur sobre ela e o irmão ela fez aquilo que Rony intitulou com “como-ganhar-tudo-o-que-eu-quiser” e bateu os cílios grandes. Tinha também a parte do bico mas ela parecia um pouco irritada demais pra lembrar disso e o ruivo ergueu uma sobrancelha pra ela, curioso de como a irmã parecia a ponto de explodir.

- Eu estava falando com o Rony sobre a Hermione. Ela trabalha aqui e é minha amiga.

- Não trabalha mais – disse Molly, limpando a boca com um guardanapo.

Rony franziu o cenho pra ela e todos os olhos a encaram.

Molly os escarou de volta, indignada.

- Ela que me pediu demissão. Eu não podia prendê-la aqui a força!

- Porque não me disse isso? – Rony escutou-se falar com certa raiva. Molly, que olhar para a filha, suavizou o rosto e o inclinou para o lado.

- E porque eu faria isso, querido? Ela era apenas uma funcionária aqui. Eu nunca nem vi vocês falando um com outro.

 

É agridoce pensar sobre os danos que causamos

Porque eu estava me afundando, mas eu estava fazendo isso com você

 

Para os outros eles nunca nem tinham trocado um oi direito e o cantor não viu saída para disfarçar o erro. Sua garganta coçou e ele se aproveitou da tosse.

- Mas ela era minha amiga, mãe.

- A sua amizade com ela não vai acabar só porque ela se demitiu, querida. Mande uma mensagem. É muito fácil você marcar para vê-la.

Gina desistiu de falar com a mãe e recostou a costas na cadeira. Rony enxergou pelo rosto cansado da irmã as tentativas falhas de tentar contactar a morena nos últimos dois dias e claramente a demissão de Hermione ia além da razão do término. Ela estava saindo da vida de Gina também e não achando o suficiente partir o coração dele, ela estava magoando sua irmãzinha após conquistá-la a uma amizade de mentira.

Ele se agarrou a esse fato e não se permitiu bombear para o lado que queria ir na casa de Hermione e exigir explicações porque ele não tinha esse direito. Ela tinha acabado com tudo então porque lutar mais? 

***

Uma semana depois

Rony estava no centro do seu closet e avaliava a sua coleção de camisas pretas com estampas das suas bandas favoritas. A última mala estava aberta bem ao seu lado e faltava quase quarenta minutos até sua mãe ou seu pai invadir seu quarto para dizer que precisavam ir. Passou os dedos pelo tecido de uma e a memória inesperada atingiu sua mente com uma rapidez estrondosa. A luz do quarto pareceu piscar falha quando ele tirou a blusa do cabide e ergueu de frente os olhos, a risada baixa e melodiosa de Hermione, a mesma que vinha ocupando seus sonhos todas as noites na última semana, soprou em seu ouvido junto com o hálito quente dela. Do mesmo modo que na noite a um tempo atrás, quando eles ficaram até tarde cantando juntos, ela tocando no violão as notas que eles criavam. Até que ficou tarde demais e ele a pediu para ficar e ela escolheu aquela mesma blusa que ele segurava para dormir. Ele piscou de novo e lembrou do porque ela escolheu aquela.

Você está com ela a tarde toda então tá com seu cheiro.

Ele recordava também de não sentir nada quando puxou a gola da blusa até o nariz mas a morena insistiu mesmo assim então aquele foi o pijama dela naquela noite.

- Não – ele murmurou e jogou a blusa para o fundo do armário e pegou outras quatro da coleção, embolando de qualquer jeito na mala. Não precisava de muita roupa já que provavelmente ia comprar outras durante a viajem da turnê.

Terminou de reunir seus produtos básicos de higiene na nécessaire e sua agenda que usava para compor. Era velha e cheia de rabiscos estranhos, mas as últimas páginas estavam algumas letras que ainda queria trabalhar. As horas do primeiro voo seriam bem gastas então. Com tudo pronto em cima da cama ele olhou pelos cantos do quarto, ignorando a sensação estranha que embrulhava seu estômago a cada passo até a sacada e o ruivo abriu as portas, deixando o ar quente da manhã entrar no cômodo. O céu com algumas nuvens estava bonito e após encarar um trecho por um tempo percebeu que não estava respirando... seus pulmões ardiam e seus olhos estavam úmidos. Não ia ser fácil ou prático, mas ia incluir a ausência de Hermione em sua vida. Ia fazer tudo o que seu trabalho exigia e ir a encontros com pessoas diferentes da produção ou aproveitar cada segundo em cima dos palcos. Tinha que se concentrar na sua grande volta e seus fãs esperavam menos que grandioso.  Eles sim estariam lá para qualquer coisa e ele nem tão cedo ia partilhar sua vida particular com outra pessoa de novo.

E o primeiro passo era terminar com Lexie. Encerrar a coisa idiota que uma folha de papel nomeava como namoro.

- Filho?

Rony se virou e seu pai estava na porta, segurando a maçaneta.

- Está pronto?

Não.

Rony sorriu.

- Sim.

As próximas horas seriam longas e ele sabia que seus pais iriam preencher o maior tempo em conversas relacionadas a turnê.

Rony engoliu uma respiração nervosa e apertou os olhos com os dedos, uma ansiedade surgindo sem ser chamada. A turnê já era pensada já na época em que o escândalo do seu mal comportamento social estava ruim e para o bem ou não, a pausa que impôs nos eventos de sua carreira foram substituídos pelo processo de planejamento de tudo. As parcerias, as estruturas que seriam montadas, os efeitos durante os shows, a equipe por trás de tudo que já bem conhecida, provavelmente precisaria de uma recolocação de mais pessoal, um lugar que deveria ser adaptado como o mais próximo de um estúdio de música já que ele decidiu que queria gravar as músicas que estava escrevendo para o novo álbum. Durante todas as viagens ele ainda teria que ir a entrevistas e programas de auditório para o marketing de sua carreira e a lista de programas populares de cada cidade que se apresentaria só crescia.

Seria um projeto grandioso com cenários perfeitos e músicas inéditas, coreografias, um grupo totalmente focado em seu retorno ao mundo musical talvez um impacto lindo.

Ia ser um grande estresse. Uma grande mudança no seu cotidiano, mas ele sabia que gostava dessa vida. Amava subir no palco, de ouvir cada pessoa presente ali gritando seu nome e gostando de suas músicas... a sensação de ser o rei do mundo quando a plateia cantava em uma só voz era a única coisa que ele queria muito sentir de novo a cada show. E no seguinte, e depois, até perder o sentido do tempo, a adrenalina substituindo seu sangue e seu coração tão vibrante quando uma estrela. Ele iria se prender a essa parte gratificante de ser cantor e saber transformar em arte as suas emoções, mesmo que emoções ruins.

O ruivo deu uma risada baixa e estrangulada, quase satisfeito demais com o caminho dos seus pensamentos. Os jovens gostavam disso, afinal. Músicas tristes. Músicas que falavam de corações partidos, um amor não recíproco. Ou isso tudo sem tem por quem necessariamente sofrer. Esses eram os sortudos. Porque ele tinha por quem sofrer, ele tinham por quem derramar algumas lágrimas no final do dia. Era horrível aquela certeza mas a resignação não demoraria a chegar e ele fingiria de novo a si mesmo que o dia seguinte seria mais uma chance para superar.

Era nessa parte que eles sofriam mais.

Tanto faz, pensou, largando a última mala perto da porta.

- Empolgado? – sua mãe perguntou, erguendo os olhos do celular para fitá-lo. Ele não conseguia nem chegar perto da alegria dela então sorriu da melhor forma possível e a beijou na bochecha.

Ele não olhou pra trás quando entrou no carro. Laura não estava por perto quando o ruivo se despediu de Lily – a garota parecia um pouco brava, mas ela o abraçou com força. Quando ela saiu sem dizer uma palavra ele lembrou daquele tempo em que eles brincavam juntos, poucos anos atrás, quando ele era só um menino bobão que sonhava em cantar em um palco de verdade. De quando ela era tão irritada com tudo que espantava as outras crianças e os que ficavam aos poucos iam embora quando viam a afinidade dos dois. Rony não conseguia recordar de quando ficaram distantes o bastante para que nem trocassem uma mensagem sequer.

O arrependimento se juntou a raiva e tristeza e ele os engoliu como veneno, seu corpo ficando intoxicado instantaneamente. Nem quando estava com Hermione, ele e Lily não paravam mais pra tomar um café e simplesmente conversar. Ele nem sabia o porquê dela trabalhar naquela casa. Era melhor assim já que o motivo podia ser duro e ele não queria somar outra dor de cabeça.

Gina estava calada ao se despedir com o irmão, murmurando coisas bobas a ele para fazê-lo rir. As tentativas infrutífera a fizeram calar a boca e puxar Rony para um canto enquanto os pais estavam ocupados despachando as malas e discutindo algo com o capitão Juniors.

- Eu ainda não entendi nada dessa história toda com a Hermione – ele disse, olhando para a figura de Molly. – Na semana passada eu falei com a mamãe e perguntei se Hermione disse alguma coisa quando se demitiu.

Rony não queria mas não conseguiu refrear a vontade de perguntar:

- E?

- E nada – respondeu a ruiva de volta, apertando a boca. – Ela só disse que Hermione agradeceu a oportunidade, mas que queria ter outro tipo de aprendizado. Um tipo que não teria se continuasse aqui então ela deu o pedido de demissão já assinado. Mamãe não pode fazer nada. Mas o que ela poderia fazer, afinal? Se Hermione estava decidida ninguém podia fazer nada. Mas isso ainda não explica nada! 

Rony endireitou as costas, que tinha curvado para se abaixar ao nível da irmã, e fechou as mãos em punho. Hermione queria um outro tipo de aprendizado? O que aquilo significava a não ser encantar e esmagar os sentimentos das pessoas? Os sentimentos dele? Quem seria a próxima vítima daquela personalidade brilhante que ele tanto amava?

O cantor piscou e bagunçou os cabelos.

- O que aconteceu, Rony? Por que vocês terminaram? Por que ela foi embora assim?

As palavras que rondavam sua mente todos aqueles dias simplesmente não faziam mais sentido. Não havia verbalizado suas frustrações, porém entendia que a raiva que ainda ocupava uma parte de seu coração estava o impedindo de enxergar alguma coisa. Mas não fazia mais sentido cavar mais se a morena já tinha enfiado uma pedra de mármore com a data de começo e fim. As lamentações a seguir não precisavam de plateia e ele queria muito não ter a irmã como um ombro amigo. Não quando ela ainda sentia tanta afeição por Hermione.

 

Todas as coisas que eu fiz

Só para eu poder te chamar de meu

Todas as coisas que você fez

Bem, espero que eu tenha sido seu crime favorito

 

- Não deu certo, Gina. Foi isso. Acabou.

A garota nem deixou o irmão terminar quando abriu a boca e seu olhos castanhos reluziram de espiritualidade quando perceber o tom de voz dele. Ela abaixou a cabeça e passou alguns segundos pensando em silêncio, a respiração baixa e calma.

- Prometa que vai me contar um dia – ela murmurou. – Se está machucando você...

- Não está.

Nem um dos dois acreditavam nas palavras.

- Você pode continuar achando isso ou entender de verdade. Mas eu gostaria muito de ajudar você, mesmo não sabendo o que realmente aconteceu.

- Você frisa a parte de ser curiosa sempre que pode, não acha? Eu notei isso muito bem.

A ruiva deu apenas um riso curto com a tentativa cômica dele. Ela soltou uma respiração e puxou a mão esquerda dele, apertando os dedos dos dois.

- Eu sinto muito.

Rony fez um grande esforço para não chorar então aceitou o carinho dela e se despediu do cunhado o mais rápido possível. Ele entrou por último e enlaçou o tórax com os braços tentando continuar inteiro e deixou que as vozes empolgadas de seus pais encobrissem seu estado de desânimo. Ele encostou a testa na janela e empurrou o óculos escuro pra cima e cerrou o coração.

***

O dia seguinte reservou a Rony Weasley 24 horas conturbadas e tão interruptas de horários bem delimitados que ele não teve muito tempo para pensar em Hermione.

É claro que as vezes ele vacilava e quando percebia que estava sentindo uma bola travar sua garganta, ele engolia em seco e voltava a lembrar de puxar o ar e fixar sua atenção em qualquer outra coisa. Eram instantes rápidos onde ele só conseguia voltar ao normal quando recordava das palavras de Hermione lembrando que não o amava. Não as palavras diretas – ela nunca as dissera – e ele agradecia aos céus por pelo menos esse pequeno gesto honesto dela. Rony não sabia se aguentaria escutar a voz dela dentro de sua cabeça dizendo que não o amava e intimamente sabia que esse era a melhor parte de tudo o ocorrido; talvez a menos pior.

 

Agora, estamos bem no limite

Segurando algo que não precisamos

Toda esta desilusão em nossas cabeças

 Irá nos colocar de joelhos

 

Os anúncios de seu retorno já estavam gravados e no decorrer dos dias em suas contas nas redes sociais e programas de TV, um trecho de tudo o que aconteceria era lançado para o mundo. Uma gravação de alguns segundos de alguma música no estúdio, uma foto das sessões com algumas pescas em datas e na grafia que ele separou e escolheu o que seria impresso. Existiam coisas que ninguém saberia o porque de sua escolha e todas estavam relacionadas a Hermione já que o período de planejamento e por em prática o marketing da turnê foi feito nos meses seguintes ao ter a morena como um foco. Números, paisagens, palavras que só ela falava, frases que só dizia a ele em sussurros apaixonados que enchiam o peito dele de ternura. Tanta coisa que ela faria para si mesma se fosse seu álbum sendo feito, o ruivo peneirou tudo e ficou inspirado pelas coisas que ela queria.

Era uma benção e maldição.

 

É engraçado como os reflexos mudam

Quando estamos nos tornando algo mais

Eu acho que é hora de ir embora

 

Já estava tudo feito e corria o risco de ela perceber as tiradas mas ele já tinha dado de ombros a isso. Não tinha mais o que sentir a ele então ela não ia ficar sentida com nada e se Hermione quisesse processá-lo por roubo de ideias – se é que isso valia algum processo por essas razões – ele daria tudo o que ela quisesse. Só precisava se livrar de todos aqueles planos que aquela fase da sua vida tinha.

Os ingressos do primeiro show esgotaram no primeiro dia, mesmo que fosse para a semana seguinte. A estrutura foi erguida na praia de Brighton, localizada mais ao sul da Inglaterra, com um píer amplo ao estilo vitoriano cheio de vida praiana e leve com o vento forte sacudindo tudo. Os restaurantes e bares eram coloridos com luzes de diversas cores e as vozes das pessoas que buscavam a praia como um refúgio da agitação da cidade misturava-se com a música que soava de cada estabelecimento; o parque de diversão para as crianças era o paraíso na terra para qualquer baixinho. Era o local perfeito para o estilo de música que separou para a lista final do álbum e certeiro para ajudar a juntar as partes quebradas do coração do cantor. Rony passou algum tempo respirando o ar salgado da praia e imaginando que ali era uma ótima cidade para se recomeçar a vida. Brighton em agosto começava a encher de turistas de todas as nacionalidades e o desfile da parada gay em agosto podia ser registrada em cada loja e fachada de restaures com suas placas pintadas e garçons e garçonetes com aventais em apoio.

Quando o dia-D chegou, ele estava empolgado e estranhamente confiante. O hotel onde toda a equipe estava hospedada tinha fechado o andar para que ele tivesse mais privacidade em toda a preparação.

Os gritos dos fãs que tinham viajado até a cidade podia ser escutado da janela. Os projetores iluminavam o céu e o rastro da luz forte reluziam pelas aberturas do hotel.

Rony quis tirar tudo da mente ao caminhar pelo corredor até a área externa e fazer a melhor apresentação de sua vida, mas um apito em seu celular – que normalmente bloqueava e entregava a mãe – chamou sua atenção. Uma garota ao acaso gritou forte no meio da multidão em um segundo abafado sem outros ruídos e a escuridão do trecho onde parou para ler o que a tela mostrava amoleceu suas pernas.

Últimas Notícias

A cantora, modelo e produtora Lexie Lux é internada no hospital. O motivo ainda não foi revelado pela agente da cantora mas alguns registros que circulam a internet mostram viaturas policiais da residência da família Lux. 


Notas Finais


Gente eu não sei se já coloquei essa música do James Bay mas se já, fod$-se, escutem de novo. Eu tava escutando só as tristes da minha playlis dias desses e a Olivia ficava aparecendo de intrometido e eu nunca gostei muito das músicas dela - na verdade, o tik tok fica tão repetitivo com elas que me dava raiva. Ai eu escutei Traitor e depois Favorite Crime e quando vi tinha escutado o álbum todo. Falhei em quebrar o sistema haha, amo demais e foi impossível não colocar uma nesse capítulo. Rony sofrendo é o sinônimo dela.

Não atualizei como prometi no mês passado em questão de: minha professora de uma matéria no curso de técnica enviou três trabalhos pra gente e eu tive que virar tipo a líder do grupo que eu estou pra poder agilizar as pesquisas e slide pra apresentação. Minha ansiedade tá atacada e eu coloquei todo mundo nos eixos pra estudar a bagaça toda e me desejem sorte porque deu trabalho organizar tudo. E pra uma pessoa tímida como eu, é só nervosismo.

Esqueci o que queria falar com vocês - é muita coisa mas eu preciso tomar banho porque tenho aula sete horas. Depois eu volto pra atualizar essa caixinha aqui e conversar direito. No mais, falem ai nos comentários o que acharam que eu respondo. Beijinhos de luz!
Malfeito feito!
Nox!

OBS: PROMETO COMEÇAR A ESCREVER O PRÓXIMO AINDA AMANHÃ. Minhas promessas são um fracasso, mas eu continuo mesmo assim. AGORA VAI!


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