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História Startruck: Ligados pela Música - Um Pouco Perto


Escrita por: LilBeM

Notas do Autor


Cheguei e foi uma peleja esse capítulo sair.
Boa leitura!

Capítulo 51 - Um Pouco Perto


Hermione podia contar nos dedos o número de horas que conseguiu dormir nas últimas semanas. Eram muito poucas e provavelmente era a causa de fazê-la sonhar com Rony toda vez que fechava os olhos – o medo de encarar ele inconsciente talvez fosse um dos motivos por não querer dormir, mas isso era um talvez enorme já que praticamente estava vivendo no hospital e ter sossego era difícil. Enfermeiras entravam e saíam do quarto, o médico estava fazendo visitas e a chamando para conversar, Mônica estava fraca demais para fazer algo então a única coisa que pediu a filha, depois de passar dois dias internamente debatendo se valia a pena ou não, era que Hermione cantasse.

A morena já tinha notado a hesitação da mãe e tinha resolvido perguntar em voz alta. Então passava todo o tempo que tinha sussurrando canções. O que era horrível por uma parte; todas a lembravam do ruivo. Uma frase, um beijo, sempre recordava da forma como ele respirava pesado em seu pescoço quando ficavam sentados na beira da piscina, Hermione entre as pernas dele e recostada no peitoral do cantor. Mônica adorava as românticas da década de 80, a fazia lembrar de Wendell. Hermione se apegava a essa memória melancólica da mãe pra se conformar com sua atual situação e toda vez que via a propaganda da próxima turnê mundial de Rony na TV do quarto, ela sussurrava uma parte de I Don’t Wanna Talk About It, engolindo pra si a verdade mais uma vez.

- Você sempre faz isso – murmurou Mônica ao seu lado. Hermione ergueu a cabeça de onde tinha deitado no ombro da mãe e encarou aqueles olhos de brilho fosco. Mônica riu baixinho. – Não se faça de confusa.

- Nunca. É impossível esconder algo de você por muito tempo.

A mulher assentiu e tirou o braço que rodeava a filha, um movimento vagaroso e que a fez suspirar cansada. Hermione ajudou ela e entrelaçou os dedos das duas, tomando cuidado com as agulhas e a pele frágil, circulando o dedão em uma parte da palma da mãe particularmente vermelha do acesso. A morena estava deitada ao lado da mãe já que a cama era enorme e uma ou duas palavrinhas com o médico a deu a liberdade de ficar ali. Outra vez ela desviou os pensamentos da real razão da aceitação daquilo e sorriu pequeno para Mônica.

Era quase hora do almoço e a TV estava em volume baixo, passava algum programa de auditório qualquer. O cheiro de álcool e desinfetante era forte em volta, nos lençóis, nas cortinas, nos estofados do sofá. Hermione tinha colocado um pote do aromatizante que as duas gostavam de usar em casa em cima da pia do banheiro. A lavanda não era forte o bastante para lutar com os antissépticos, mas tomar banho era quase nostálgico. Ela podia fingir que estava em casa outra vez.

- Mas você está escondendo algo de mim. Eu sei que sim.

Hermione negou com a cabeça.

- Não é nada em relação a sua saúde, mamãe, eu juro...

- Eu sei que não é isso – Mônica franziu as sobrancelhas delicadas. – Cadê o Rony? Faz tempo que ele não vem me visitar.

- Por que está perguntando por ele?

Mônica deu de ombros, o cano do acesso grudado em seu cotovelo esquerdo mexendo lentamente.

- Ele vinha muito me visitar. Faz quase três semanas que ele nem dá as caras por aqui. Está tudo bem com vocês?

Hermione engoliu em seco.

- Está tudo ótimo.

- Não acredito em você.

- Mamãe!

- Estou falando sério! – disse sua mãe. A morena desviou o olhar e apertou os lábios, um nervosismo crescendo em seu íntimo. – Você fica por aqui caindo de sono e a Luna é a única pessoa com quem conversa e nem adianta negar porque eu vejo. Você só sai daqui no fim de semana e não passa nem duas horas fora. Eu quero saber o que aconteceu, é meu último desejo.

A boca da morena se abriu de choque.

- O que você está dizendo com último desejo?

- Isso mesmo que você entendeu.

- Não, não entendi, e nem quero saber. Você vai melhorar com a hemodiálise, é só questão de tempo.

Mônica suspirou e Hermione desejou muito que ela tivesse conseguiu desviar o real motivo daquela conversa da mente da mãe. Não era justo, mas saber alguns truques da psicologia humana servia de alguma coisa e nem sempre se orgulhava daquele controle todo, porém era questão de proteger a sua mãe. Não que eles tivessem ajudado antes já que claramente ela tinha percebido algo.

A mulher molhou os lábios pálidos e mirou a filha com seriedade.

- Você quer me distrair do real motivo. Não faça isso! Me responda dessa vez e prometo nunca mais perguntar. Por que o Rony não apareceu mais?

- Nós terminamos – ela falou e a queimação em sua garganta foi dolorosa. A morena resfolegou por oxigênio, obrigando-se a manter a cabeça firme. – Foi a algumas semanas e só estava tentando não pensar nisso.

- Está tentando curar um coração partido em silêncio?

Hermione quis dizer que não estava com o coração partido, porque não tinha o maldito direito de se sentir daquela forma, mas estava tão cansada de lutar contra a raiva, de lutar pra tirar Rony da cabeça, que apenas assentiu para a mãe e abaixou os olhos, esperando pacientemente a dúvidas que se seguiriam. Ela sabia que não aguentava falar – ou mentir, no caso – os reais motivos para Mônica, mas era a reação lógica que ela teria: saber os detalhes.

Mas sua mãe não falou nada apenas permaneceu em silêncio e apertou os dedos da filha entre os dela da melhor forma que conseguiu.

- A turnê...

- Ele não me prometeu voltar como você acha que aconteceu – Hermione achou melhor dizer. – Acabou. É melhor assim. A vida dele lá e eu aqui.

Mônica a olhou de um modo tão sofrido de pena que a garota teve que desviar o olhar e a TV não foi um lugar muito bom. A imagem de Rony se projetava em câmera lenta com os bastidores da turnê e a saudade apertou mais seu âmago, uma dor que quebrava algumas partes dentro de si.

Luna veio para o almoço algum tempo depois e Mônica colocou as duas pra fora. Hermione não estava com fome então aceitou a recusa da mãe para ter companhia e saiu com a amiga do quarto. A cantina oferecia refeições completas e toda vez que a fome apertava insuportavelmente em algumas noites, era pra lá que a morena corria para pegar algum pão doce ou suco verde. Nunca pagava. Foi uma surpresa quando, na primeira vez, estendeu o dinheiro para a moça no caixa e ela negou o pagamento porque o registro de um documento de Hermione estava marcado no sistema como coberto por outra pessoa.

Então tudo o que ela quisesse comer estava já pago. Naquele dia ela quase se arrebentou de chorar e teve que ligar pra Luna ajudá-la a sair do banheiro e se recompor o bastante para voltar até o quarto da mãe. Sabia que não eram reações saudáveis para se curar de um amor perdido, porém era tão desesperador que a morena não conseguia ver outro caminho no meio da dor.

Luna estava sendo maravilhosa em sempre correr para o hospital sempre que Hermione ligava e foi por isso que a morena decidiu levá-la para almoçar fora, em um restaurante aconchegante a duas ruas do hospital. Elas conheceram a Cocina Real depois de pegarem um panfleto do restaurante e um dos poucos passeios que a loira insistia que Hermione fizesse fora do hospital e fora a melhor coisa que poderia ter acontecido em muito tempo. Rosa e Romina eram irmãs, filhas de pais mexicanos. A família tinha saído do país por problemas financeiros e construíram a vida do zero em Londres e as filhas passaram a ficar a frente do negócio, adiantando o descanso dos pais. Elas foram um bônus, um sopro de ar fresco para a morena e amizades que não esperava ser agraciada.

O restaurante era espaçoso, com mesas e cadeiras de madeira envernizadas e pintadas de marrom, as toalhas decoradas com desenhos típicos mexicanos e cores vibrantes. Cheirava a chili e pimenta, a cesta com sachês de sal, açúcar, canudos e guardanapos era de madeira adornada com flores. Pegaram a mesa de sempre e logo uma garçonete caminhou até elas para entregar os cardápios e anotar os pedidos. Quando ela se foi, Luna entrelaçou os dedos na mesa e piscou para a amiga.

- Como você está?

Hermione abaixou os olhos, fingindo está incomodada com o cheiro forte de pimenta no ar.

- Bem – respondeu por fim, colocando uma mecha de cabelo pra trás do ombro. – Não acho que vá melhorar por um bom tempo mas estou tentando.

- Isso é muito bom. Um dia de cada vez, certo? – a loira sorriu. – Alguma novidade?

Hermione revirou os olhos.

- Você sabe de toda a minha vida. Como ainda quer saber de novidade... não, espera. Tem uma coisa. Só me dei conta disso agora.

Ela procurou o celular e entrou no aplicativo de mensagens.

- É, não tem nada mesmo. Olhe isso.

Luna encarou a tela do celular da morena sem entender.

- Lexie não me mandou mais mensagens – esclareceu Hermione. – Isso não é estranho?

- Estranho já é vocês conversarem normalmente. Quando vai falar pra ela?

- Nunca. Não tem necessidade dela saber.

Elas calaram-se quando a mesma garçonete voltou para deixar dois copos de água e um prato com biscoitos polvorón.

- Você é muito teimosa – reclamou Luna.

- Eu já machuquei o Rony com isso tudo. Lexie vai ficar arrasada quando souber a forma que foi traída. E eu não estou fingindo nada, nem fazendo algo de ruim para ela. Estou testando minhas técnicas estudantis de psicologia para ajudá-la e fique você sabendo que estou tendo muitos progressos, ok? Lexie Lux é irritante e mimada, mas não mete medo em mim, não.

Luna quis rebater com algo atrevido mas se calou quando os burritos, bifes e salada chegaram. Hermione se obrigou a empurrar um pouco de tudo para dentro e quando voltou para o hospital, resolveu dá uma passada pela área neonatal e observar os bebês nas incubadoras. Uma forte pontada em seu peito a deixou desconfortável pelo restante do dia e quando decidiu ficar longe da internet e TV para evitar mais notícias de Rony, ela percebeu tarde demais a correria que acontecia no outro lado do hospital. A estrutura do lugar era enorme e dividida em duas partes específicas que ficavam ligadas por duas pontes de vidro. Quando sua mãe dormiu era cedo demais para ir dormir também então decidiu ficar olhando pela janela o jardim central e os poucos funcionários dali. Foram alguns minutos de pé para ver várias pessoas correndo pela entrada, luzes consumindo o raio de pessoas ao redor e uma confusão de vozes.

Seu celular apitou.

*Veja as notícias* - L.

Hermione clicou no link que a loira tinha enviado e arfou pesadamente, tampando a boca e erguendo a cabeça para olhar Mônica. Dormindo.

Lexie Lux é vista correndo desesperada pelas ruas de Londres.

Um novo álbum: Lexie Lux é registrada correndo por Londres e sendo o foco da curiosidade dos fãs. Seria uma encenação para promover um próximo álbum?

- Que diabos é isso? – Hermione murmurou e clicou para assistir o vídeo do site.

Uma angústia cheia de expectativa assolou seu corpo ao esperar para ver alguma coisa nos primeiros segundos do que parecia ser a gravação de uma câmera de segurança. Então Lexie surgiu, desesperada, de camisola branca e correndo descalça por entre as pessoas e carros. O vídeo cortou para outro ângulo, um lateral, captando a expressão de medo da cantora entre os cabelos bagunçados toda vez que ela olhava para trás. Por fim, cortou para uma mais central quando ela parou de correr inesperadamente e apoiou as mãos nos joelhos, o corpo sacudindo violentamente e então desabando no asfalto. A filmagem acabou e Hermione encarou seu rosto confuso na tela escura.

Ela começou a sair do quarto enquanto entrava no navegador e pesquisava as últimas notícias sendo Lexie a principal busca durante a meia hora e ocupando o primeiro lugar no tópico do Twitter. Um mar de comentários enxiam a caixinha dos vídeos que estavam em toda rede social. Pessoas curiosas, teorias, perguntas, fãs em histeria. Hermione não conseguia acompanhar tantas palavras então caminhou pelo corredor sem saber muito o que fazer até chegar à ponte de vidro, o celular na orelha com o número de Lexie sendo chamado, e chamado, até cair na caixa postal pela quinta vez. Ela acelerou o passo até estar correndo ao encontrar uma televisão em uma das recepções do andar superior passando justamente as imagens de Lexie repetidas vezes até ser cortada para as imagens borradas de celulares, as pessoas que se aproximavam do corpo caído da cantora até a chegada de uma ambulância. A morena então percebeu que era a ambulância do hospital onde estava. Ela esbarrou em algumas pessoas pelo caminho e ignorando o elevador, desceu os lances de escadas correndo até o outro lado do prédio, chegando a tempo de vê vários carros de repórteres estacionando na frente da emergência. Os clarões das câmeras a cegaram por um minuto até ser empurrada por um segurança que tentava acalmar os paparazzis.

Estava um pandemônio ali. 

Seu celular voltou a vibrar e Hermione atendeu sem vê quem era.

- Você viu? Sabe o que aconteceu?

Luna falava rápido, alto demais na orelha de Hermione. Por cima das batidas de seu coração assustado a garota avaliou a situação e estando do melhor lado que os paparazzis, se afastou dos brutamontes que eram os seguranças e tentou enxergar alguém que era relacionado a Lexie.

- Eu não tenho ideia do que aconteceu. Se ela foi trazida mesmo pra cá então já subiu para um quarto... tá um verdadeiro inferno aqui.

- Eu consigo ouvir a gritaria. Bando de abutres – reclamou Luna e Hermione não pode culpá-la pelo nojo. Do mesmo jeito que eles eram bons em divulgar o trabalho de Lexie, eram cobrar venenosas em colher o pior lado da cantora em um momento tão difícil como aquele.

- Eu não consigo entender mesmo. Será que Lexie entrou em colapso? Se desesperou por alguma coisa? Por que ela correria pelas ruas daquele jeito onde todo mundo podia ver?

Luna ficou em silêncio, pensando.

- Eu não faço ideia. Mas tem alguma coisa estranha.

Uma nova onda de gritos soou quando um carro preto guinchou pela entrada e parou bruscamente em cima de um grupo de repórteres. O veículo parou perfeitamente alinhado as portas automáticas e Polly Grimmer abriu a porta do carro e disparou, acompanhada de quatro seguranças que empurravam as pessoas na frente. Já tinha uma garota de jaleco branco e macacão cirúrgico azul esperando por eles e assim que se encontraram, entraram no elevador.

- Eu vou descobrir o que aconteceu com Lexie.

E desligou. 

***

Não foi tão fácil como esperava.

Mônica estava na ala vip de doenças crônicas enquanto Lexie estava internada em outra ala vip. Hermione tentou na segunda-feira descobrir alguma coisa com algumas enfermeiras, mas elas pareciam permanentemente fiéis aos códigos de ética da profissão ao se manterem caladas e discretas, entrando e saindo do quarto da cantora sem transparecer nada. Na terça-feira pela manhã a morena estava tirando a bandeja do café da manhã da mãe acabado quando seu celular apitou e uma mensagem de um número estranho apareceu na tela. Hermione colocou a bandeja em cima da cômoda, puxou o suporte da cama que apoiava a bandeja pra trás e ajudou a mãe a voltar a deitar.

*É Lexie. Onde você está?* - L.

*Que número é esse?* - H.

*Um número novo e aprova de reconhecimento externo. Mas isso é outra história.* - L.

Hermione sorriu para Mônica ao notá-la olhando e murmurou a desculpa de está com sede para sair.

*Eu vi os vídeos. O que aconteceu?* - H. 

Nada. Lexie apenas visualizou mas permaneceu quieta e a culpa começou a subir no âmago de Hermione. 

*Estou no mesmo hospital que você.* - H

*Vou liberar sua entrada.* - L. 

Foi o suficiente para que começasse a correr até o elevador. À medida que ia se aproximando do andar onde a cantora estava os homens de terno preto que ia vendo apenas a encaravam de cima a baixo e davam passagem. Chegar na porta do quarto foi como colocar as mãos no fogo, a expectativa fazendo seu corpo tremer. Quando ergueu a mão pra pegar na maçaneta, a porta se abriu e ela deu um passo assustada pra trás, encarando a agente de Lexie.

- Hermione Granger?

A morena assentiu, incapaz de falar algo.

Polly acenou com a cabeça para o interior e se afastou, mantendo a porta aberta. Hermione a empurrou devagar e se encolher com o ranger.

Tinha uma janela de vidro do chão ao teto próxima a cama. Um sofá espaçoso de couro cinza estava encostado na parede, ao lado de uma porta que provavelmente era o banheiro. A mesinha de centro estava repleta de ursos de pelúcia, caixas de chocolates e Hermione viu uma ou duas cestas de flores no meio. Lexie olhava além da janela, sentada na cama, os lençóis e a camisola hospitalar brancos engolindo seu corpo que parecia ter diminuído vários centímetros desde o último encontro delas.

- Lexie? – sussurrou Hermione, soltando uma respiração pesada. A cantora virou a cabeça com pressa, os olhos arregalados e então piscou rápido, detectando quem era. Hermione sentiu os olhos arderem com o medo estampado na expressão antes tão maliciosa de Lexie Lux. Apesar da pele mais morena e brilhosa, uma palidez incomum cobria as bochechas e os lábios da menina, as pálpebras antes como seda agora serviam pra revelar pupilas negras dilatadas de choque. 

Hermione permaneceu parada até ter coragem de avançar, uma parte do seu cérebro se forçando a trabalhar pra lembrar dos livros de comportamento psicológico que passou tantas noites estudando e comparando com as ações de Lexie – ou a falta delas. A falta também eram sinais. Lexie contorceu os lábios ao tentar chamar Hermione mas não saiu nada. Havia uma força entre as duas que era tão estranha quanto conhecida. Um imã, um canto antigo e obscuro que mostrava a força que mulheres representavam quando se ajudavam e foi essa sensação de fogo queimando seus ossos que serviu de combustível para mexer as pernas de Hermione e ficar de frente a cantora, por fim, abraçá-la sem pedir permissão. A traição ainda estava presente em cada pedaço do seu coração quebrado, mas por um momento ela ia ignorar sua própria dor angustiante pra tentar dar apoio a uma garota que não deveria ter entrado em sua vida.

- Ele sabia de tudo de mim... sabia cada maldita coisa... e-ele me perseguiu e... – o choro explodiu pra fora de Lexie e ela cessou as lamúrias que não faziam sentido pra Hermione. Seus braços finos apertaram o pescoço da outra e chorou alto, os soluços fazendo-a perder o fôlego. Quando ela dava indícios de calma uma nova onde de tremor assolava seus membros e ela se agarrava mais a morena, dizendo palavras entrecortadas.

A blusa branca de Hermione estava enxarcada quando se afastou da cantora para olhá-la. Os cabelos dela estavam despenteados para todos os lados, seu lábio inferior tinha uma ferida ainda muito vermelha e aonde as mangas da camisola não cobriam, manchas roxas do formato de dedos marcavam os pulsos de Lexie. Uma explicação começou a se formar na mente da menina.

- Ah, meu Deus, Lexie. Quem fez isso com você?

- Não foi... não foi isso o que está pensando – ela respondeu tentando se cobrir mais com as mangas. Ela fungou e ergueu os olhos para Hermione. – Nesse fim de semana foi aniversário do chefe de segurança e os funcionários ou estavam comemorando ou foram pra casa já que eu disse que ia viajar e Ágatha iria passar o fim de semana na casa de uma amiga pra uma festa do pijama. Mas deu tudo errado – ela lamentou, passando as mãos no rosto. – Eu deveria voltar só no domingo a noite. Mas como eu disse, tive um problema e voltei na sexta. Eu não sei como, mas ele conseguiu entrar na minha casa e quando eu cheguei...

Hermione começou a criar em sua cabeça um universo pro relato de Lexie.

- Quem é ele?

Lexie puxou a franja pra trás e negou com a cabeça.

- John – murmurou, o nome parecendo veneno em sua boca. – Eu nem sei se esse é o nome dele mesmo. Mas ele foi esperto o bastante pra me pegar desprevenida e sozinha e eu tive que aguentar aquele nojento por dois dias.

- Como conseguiu sair? 

- Eu fugi. Eu já tinha tentado uma vez e então ele me amarrou a uma cadeira. Foi sorte na segunda tentativa. Só não sei como consegui correr tanto. Parecia que não me movia o bastante para sair dos limites da casa e ninguém me ajudava. Ninguém me respondia quando eu pedia socorro.

Hermione ergueu a mão hesitante a caminho da cabeça de Lexie e estancou ao vê-la perceber sua intenção. O ônix se chocou com o castanho e o brilho do sol mudou, um reflexo do feixe de luz reluziu no chão de madeira e clareou mais o quarto.

A morena abaixou a mão sobre os cabelos da cantora.

- Você foi muito bem. Está tudo bem agora.

Lexie quis chorar de novo e as lágrimas bem que surgiram nas bordas de seus olhos, mas a porta se abriu e as duas olharam na direção dela, pra um segurança que colocava apenas a cabeça pra dentro.

- O Sr. Weasley está aqui.

O rosto do segurança sumiu para Hermione.

Seu coração pareceu acordar de um sono profundo e uma dor aguda latejou da nuca até o fim de sua coluna. Ela resfolegou, sentindo o pânico se chocar com a admiração a Lexie e o desespero a fez dá um pulo.

A cantora olhou de Hermione para o segurança e então de volta pra garota.

- Vocês vieram juntos? 

- Tenho que sair daqui – foi a resposta de Hermione. Ela se afastou não sabendo como criar uma desculpa. Seu corpo ainda estava em tentação de sair dali para ver Rony.

- Não precisa. Vou pedir pra ele sair logo, não estou afim de um papo meloso agora.

- Droga, droga – Hermione olhou para os lados. Não podia ir por onde entrou.

- Srta. Lux? – perguntou o segurança. A morena não escutou uma resposta dela.

- Vá para o banheiro.

Hermione não esperou muito e se jogou pra dentro do banheiro, batendo a porta e se afastando até as pernas baterem na banheira. Sua respiração estava ofegante e espalmou as mãos na boca. 

- Como você está?  

O som da voz dele caiu sobre si como um mergulho em uma cachoeira, o timbre rouco entrando por seus ouvidos como água gelada.

- Vou sobreviver. Você me conhece bem.

Eles riram baixinho e ela foi se aproximando da porta devagar.

- Você deveria estar viajando agora. 

- Tenho bastante tempo. Só queria ter certeza se você está bem mesmo – ele parou e o som de uma cadeira sendo arrastada soou e Hermione o imaginou sentando-se próximo a verdadeira namorada. Lembrar daquilo só serviu pra machucar mais seu coração.

- Eu queria conversar com você mas acho que não é um bom momento.

- É sim – Lexie disse, a voz um pouco mais forte. – Vamos colocar um fim nisso.

Não estava entendendo o caminho daquilo. Apesar da vontade de gritar, a garota deu as últimas passadas silenciosas até encostar o ouvido na porta.

- Você sabe o que aconteceu com a gente desde o começo, é impossível não entender nem que seja um pouquinho. Eu me sinto a pior pessoa do mundo em querer falar disso agora com você em uma cama de hospital, mas eu preciso saber. Saber realmente. O que você sente por mim.  

O que Rony queria perguntando aquilo? Ele ainda tinha alguma esperança? Ela se obrigou a ficar quieta pra escutar a resposta de Lexie. Ela falava mais baixo, cansada, e ficou difícil permanecer na escuridão do banheiro.

- Você quer que eu seja honesta? – ela falou.

- Sempre.

A cantora suspirou.

- No começo eu gostava de você sim. Uma paixonite infantil – ela riu com escárnio. – Mas era verdadeiro. Então eu comecei a me apresentar, você explodiu como um fenômeno mundial e a nossa aproximação ficou mais estreita. Acho que me perdi no meio do caminho e aqui estamos. Presos a um relacionamento de aparências.

- Por que nunca me disse isso antes?

- Como se diz uma coisa dessas pro seu namorado, seja ele de aparência ou não? – ela rebateu. – E você? Por que só agora, depois de tanto tempo, quis saber o que eu sinto em relação a você?

- Eu fui um covarde por me agarrar ao fato de tentar te proteger.

- Mas ainda não muda as nossas ações. Eu errei e você também. Agora é minha vez. O que você senti por mim?

Aquela era a pergunta do milhão.

- Admiração. Pelo o que fez pra ser o que é hoje, não quis ser conhecida apenas pelo nome dos seus pais. Toda a sua carreira foi você que forjou. Você é teimosa – ele parou e Hermione quis muito saber o que ele queria falar. – tão teimosa quanto... você é uma pessoa que eu quero levar pra sempre em minha vida. Mas não desse jeito que fomos obrigados a nos apresentar. Não é desse jeito com você.

- É com quem então? Já teve um alguém assim? – Lexie perguntou bruscamente.

Não queira saber Lexie. Por favor, não. 

A morena encostou a testa na porta e espalmou a mão na madeira. Trancando os sentimentos, esperou a resposta do ruivo.

- Não. Nunca teve alguém assim – respondeu ele lentamente.

Ela não sabia se ele estava mentindo para protegê-la ou se acreditava mesmo na sentença. De todo o jeito, era uma resposta aceitável.

- Fico feliz por essa conversa.

- Eu também – Rony respondeu e um celular apitou. – Eu preciso ir. Aceita minha companhia para jantar hoje?

- Vai ter algum paparazzi?

Ele riu.

- Vou me certificar de não ter nenhum.

Os passos dele soaram e a porta rangeu, um burburinho entrou no quarto.

- E Lexie?

- O quê?

- Amigos?

- Com certeza

Foi Lexie que abriu a porta do banheiro para ela sair. A garota empurrava o suporte para o soro ligado ao acesso em sua mão e o rosto ficou mais pálido com o esforço de permanecer em pé.

- Eu já ia sair – avisou Hermione. – Volte para a cama.

Ela queria fazer uma saída dramática, mas o corredor do lado de fora ficou barulhento. Assim que Lexie sentou-se na beirada da cama ela congelou e arregalou os olhos.

- Tá sentindo alguma coisa?

- O inferno que não vou entrar e você não vai me impedir! Lexie!

- Acho que é pra você – Hermione acenou pro lado de fora mas a cantora alcançou sua mão a tempo.

- Saia e diga que não estou bem.

Ela ergueu uma sobrancelha.

- Por que você não diz? 

- Você ainda não escapou de me explicar o que aconteceu aqui. Você me deve isso!

Tentou, mas era isso. Tinha tempo pra criar algo quando saísse dali.

- LEXIE!

- Ele é apressadinho, não acha?

Uma voz mais forte brigou com quem quer que fosse e o dono da voz que chamava a cantora entrou de supetão, assustando as duas. Hermione o encarou de cima a baixo e assobiou mesmo sem querer. O garoto a sua frente era alto, não muito esguio ou musculoso. Os cabelos eram uma bagunça de um loiro esbranquiçado, os olhos redondos acentuados por sobrancelhas grosas, o maxilar marcado. Ele tinha fortes olhos azuis que agora passeavam por Lexie, como se a presença de Hermione não existisse ali.

Ela olhou pro lado e a garota não estava muito diferente com os olhos brilhando, encarando o rosto do desconhecido.

- Oi – Hermione murmurou e pescou os dedos da cantora de seu braço pra escapar. O garoto pareceu aborrecido em desviar a atenção de Lexie para Hermione.

- Hm, oi – ele respondeu e depois se virou pra Lexie. – A gente precisa conversar. 

- Não me sinto bem pra conversar agora.

- Você vai sentar e vai parar de ser tão mimada e teimosa – ele deu um passo a frente e as fez recuar. – Você não sabe o que eu passei pra...

- E você também não sabe o que eu passei pra estar aqui nesse hospital. Não me importa o que você passou.

Eles ficaram brigando com o olhar e Hermione decidiu que era uma briga na qual podia dispensar. Os dedos de Lexie se afrouxaram de seu pulso e ela escapou, correndo pra fora e fechando a porta. A pequena janela de vidro mostrava que eles ainda estavam de pé encarando um ao outro e ela deu de ombros, falando bem alto que seria bom deixa-los lá dentro conversando sozinhos, apesar da agente de Lexie e um cara grandão abrirem as bocas pra contestar.

Saiu dali o mais rápido possível.

Chegar até o quarto de sua mãe foi um caminho mais curto do que sair de lá até onde Lexie estava mas isso não aplacou o alívio quando notou a porta do quarto aberta e um médico e a equipe de enfermagem ao lado de sua mãe. 


Notas Finais


WE ARE THE CHAMPIONS MY FRIENDS!
Fiz aniversário de 30 e não consegui atualizar a tempo. Tô triste, 19 aninhos e não consegui comemorar com vocês. Mas tá valendo, semana passada eu consegui escrever um bocadinho e ontem pra hoje eu finalizei esse ep. Eu tô chorando de nervoso pra vocês saberem no livro da Lexie e Zen esse conversa cof cof briga, que eles tem nesse capítulo acima. Altos feelings, altas declarações, mas vai ter que esperar pra quando sair o livro deles haha

O que tem acontecido na vida de vocês? Vamos amigar porque aqui tudo se resumi a trabalhar dia e tarde, curso a noite e dormi. Pronto. Essa é a minha vida, preciso de uma novidade, fofoca, um dos bem cabeludos. Enfim, e fora do story, cê tá bem? hahaha

Eu sempre tenho muito o que comentar aqui mas na hora de escrever sempre me esqueço mas é a vida, 19 anos e esquecendo até de beber água. NÃO FAÇAM ISSO! Hidrate-se!

Comentem, comentem, é de praxe, quero saber o que essas cabecinhas acharam. Beijos e beijos, vocês sabem que amo vocês. Bora terminar isso que tá pertinho, estamos nos finalmentes, o próximo ep vai tá bem tristinho então preparem os corações. Amo vocês!

Malfeito feito.
Nox!


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