História Striptease (RPG do Cellbit "O segredo na floresta" - Contrato

☠️🕸️ Assombrados ☠️🕸️

Lorenzo ficou paralisado encarando Arthur por alguns segundos, ele estava bonito, mais bonito do que já era porém tinha algo ali que o incomodava levemente, uma pressão estranha na sala junto com uma leve mas não cruel ameaça.

- o que está fazendo aí parado homem entra! Senta! Que um whisky?

- eu vim de moto.

- oh... então café? Água? Chá?

- eu tô bem Arthur...

Arthur deu de ombros e virou o whisky e colocou o copo na mesa se virou para Lorenzo olhando bem pra ele cruzando os braços um pouco intrigado.

- tu emagreceu?

Lorenzo se olhou não percebendo realmente que tinha perdido uns kilos, estava um pouco mais definido agora, Arthur pegou uma caneta e começou a olhar o mais alto de cima a baixo várias vezes bem rápido, mas então balançou a cabeça espantando uma ideia.

- por que me chamou aqui Arthur?

- Ah! Sim claro perdão...

Abrindo uma gaveta de sua mesa Arthur puxou um amontoado de papéis e colocou na frente de Lorenzo que parecia extremamente perdido.

- o que é isso?

- olha como agora as coisas estão um pouquinho mas complicadas pra mim eu resolvi retificar um contrato contigo.

- Contrato?

- Sim, por segurança...

- "Segurança?"

- Sim, não me entenda mal Lorenzo...mas é que eu...

Arthur fez uma pausa e se encostou na mesa cruzando as pernas, ele ficava muito lindo mesmo de terno, Lorenzo desviou o olhar de Arthur um pouco e então o baixinho terminou a frase.

- Não confio em ti.

Lorenzo arregalou os olhos se sentindo ofendido mas quando olhou para o rosto de Arthur se sentiu extremamente culpado e compreendeu o porque Arthur se sentia daquele jeito.

- tudo bem...onde eu assino?

- sim sim, essa é só minha parte do contrato depois da conversa que teremos eu peço pro Gon retificar a sua.

- como assim?

- Aqui são apenas minhas exigências e concessões, estamos fazendo uma transação de negócios tu também tem direito de fazer exigências.

Arthur virou a cabeça fechando os olhos e sorrindo com tanta honestidade que Lorenzo se sentiu meio mal e meio perdido.

- eu ainda não entendi...

Arthur colocou a mão no queixo puxando a barba como um grande sábio pensante e olhou novamente para Lorenzo um pouco perdido.

- Tem algo que você queira? Algo que esteja precisando agora nesse momento.

Sem pensar duas vezes Lorenzo respondeu.

- um bom emprego CLT

Franzino o cenho Arthur não pareceu muito feliz com a resposta, ergueu o indicador e pegou o celular fazendo uma ligação pra Bruno, eles conversaram em inglês um pouco e Arthur agradeceu com um sorriso, mas tudo que Lorenzo pensou foi: "desde quando o Arthur fala inglês?!?"

- Tu começa semana que vem.

- o que?

- Falei com o Bruno, tu sabe mexer no Excel né? Ler nota fiscal?

- mais ou menos....

- qualquer coisa e pago alguém para te ensinar, tudo que tu tem que fazer e verificar algumas saídas e entradas de mercadoria, 2.100,00 reais e todos os benefícios, 6 horas no período da manhã

Lorenzo fez cara de interrogação.

- Tu me arranjou um emprego em um telefonema?

- sim.

Lorenzo piscou lentamente e balançou a cabeça tentando entender o que caralhos estava acontecendo.

- o que aconteceu contigo?

Arthur pareceu meio aéreo a Lorenzo, era sua terceira reunião do dia e ainda não tinha almoçado, mal tinha falado com Gonzalez que estava atolado de papéis inclusive, tinha prometido ajudar o lobinho mas ainda não tinha tempo, talvez depois de terminar a reunião com Lorenzo.

Analisou a pergunta do mais velho e não entendeu exatamente o que ele queria dizer com aquilo, respondeu honestamente.

- Olha muita coisa aconteceu nos últimos tempos! Primeiramente olha! 

Arthur ergueu a mão e apontou para a aliança mas linda e provavelmente mais cara que Lorenzo já tinha visto na vida.

- Eu casei!

Num profundo e honesto espanto Lorenzo arregalou os olhos encarando a aliança e depois Arthur completamente impressionado.

- Parabéns????

- Obrigado!

Arthur estava tão feliz com isso que Lorenzo ficou feliz por ele, o baixinho parecia radiante e isso era visível a quilômetros de distância, o negro bonitão ainda se lembrava claramente dos dias após prenderem Arthur e ele sair do hospital, parecia que toda alegria do baixinho tinha sido sugada e depois durante as visitas que ele fazia ao pai durante as férias da faculdade ou qualquer data especial Arthur sempre parecia "morto por dentro" bem diferente do adolescente falante e animado que toda cidade conhecia, se lembrava de que em uma das visitas trombou com Arthur numa esquina, se lembrava dele olhando freneticamente prós lados e olhos assustados o encarando absolutamente em Pânico, ele deu um passo pra trás querendo fugir quando da mesma esquina Vic apareceu e correu até ele segurando a mão do baixinho, e o levando para um lugar seguro, ou melhor um lugar longe dele.

Victor... carinhosamente chamado de Vic por seus amigos e familiares próximos, o mais novo dos Gaudérios abutres, sempre pareceu meio molenga e bobinho, inocentão pra ser exato, pelo menos era assim que parecia ser...até ele assumir como delegado de Carpazinha, nunca viu uma mudança tão drástica na sua vida, o garoto docinho com pele cor de chocolate ao leite era extremamente azedo! Se lembrava do primeiro enquadro que levou de Vic, por sorte ele não estava com nada que o pudesse incriminar então foi liberado mas os outros motoqueiros que inclusive eram de fora da cidade levaram um chaqualhão tão grande que um até fez xixi na calça, depois que Vic assumiu a polícia de Carpazinha nem todo o dinheiro e influência de seu Rodolfo parecia ser capaz de parar aquele rapaz, fez uma nota mental de nunca ficar sozinho com Vic.

Arthur pegou outra garrafa de whisky dessa vez parecia ser com mel e despejou no seu copo virando um shot sem pensar muito.

- vai com calma Arthur, tu não é forte pra bebida.

Arthur riu levemente e virou a bebida novamente limpando o excesso da boca com as costas do braço enquanto olhava pra Lorenzo o repreendendo levemente, era como se dissesse: "quem é você pra falar o que eu devo beber ou não"

- tem mais alguma coisa que tu queria Lorenzo.

- honestamente não...

Arthur juntou a sobrancelhas um pouco impaciente e não muito feliz.

- não quer dinheiro pra pagar sua irmã?

Um silêncio aterrorizante se fez presente na sala, Lorenzo não tinha falado pra ninguém que Lorena havia emprestado dinheiro pra ele.

- c-como tu sabe???

Desde que tinha conhecido Arthur achava o sorriso muito encantador e contagiante mas aquele sorriso ali...aquele ali era uma completa ameaça velada.

- Eu sei de mais coisa do que tu imagina.

Arthur andou ao redor dele olhando de cima a baixo com as mãos no bolso, Lorenzo acompanhava ele com o olhar e quando Arthur percebeu parou ao seu lado sério olhando no fundo dos olhos do mais alto, Lorenzo engoliu a saliva percebendo o olhar frio de Arthur, engoliu a saliva nervoso.

"Ele parece uma cobra"

Arthur colocou a mão em seu ombro e Lorenzo se arrepiou dos pés a cabeça então sentiu uma pressão o forçando a sentar, e só aí percebeu que estava em real perigo ali.

Olhou pra cima e se sentiu na presença de um predador, Arthur o olhava com tanta raiva e superioridade que o estava sufocando.

- Tu não se quer deu parabéns pra Marjory...

Lorenzo suava frio, como ele sabia dessas coisas?

- e a propósito....

Com um tom de deboche e obviamente tirando uma com a cara do mais alto Arthur apertou os ombros de Lorenzo e se curvou pra frente se debruçando ficando a centímetros de distância do ex amigo.

- O que tu e o Kauã fizeram em um motel?

Lorenzo ficou extremamente vermelho e por instinto se levantou e tentou socar Arthur que se esquivou com um olhar bastante debochado.

Por ser mais baixo que Lorenzo foi fácil simplesmente ir para o lado e então rapidamente segurar o pescoço de Lorenzo com uma das mãos e erguer ele alguns centímetros do chão, as aulas de defesa pessoal de Alex estavam dando resultado também.

Lorenzo se debatia e arranhava as mãos de Arthur tentando se libertar, sempre esquecia que Arthur tinha força! Estava quase desmaiando quando foi solto e caiu de joelhos tossindo horrores, os olhos estavam cheios de água e puxava o ar com extrema dificuldade olhando pra cima vendo Arthur o olhando como se fosse um inseto qualquer.

- ora... isso foi desnecessário Lorenzo, estávamos tendo uma conversa realmente agradável, honestamente não me importo ou me interesso em com quem tu transa, estava apenas falando contigo, nem insinuar algo eu insinuei, mais julgando pela tu reação....

Arthur esticou a mão oferecendo para Lorenzo pegar e levantar, aquele tapete era novinho e tinha escolhido com seu sogro querido e agora estava todo babado, mandaria limpar o mais rápido possível.

Quando Lorenzo não pegou a sua mão Arthur ficou de cócoras e segurou o rosto do mais alto pelo queixo o fazendo olhar diretamente pra ele.

- se vamos ser sócios tem que confiar em mim...até porque eu tenho muito vantagem sobre ti agora, as minhas cartas são muito melhores que a suas Ló...

Chamou o ex amigo pelo apelido que todos usavam e se arrependeu imediatamente, não eram mais amigos, na verdade nunca foram, os olhos de Arthur ficaram extremamente tristes e Lorenzo percebeu.

- Des-culpa *COF COF* Arthur...*cof*

Lorenzo tentou se levantar e Arthur ajudou, e sem o mais velho perceber Arthur abriu um sorriso maldoso, não é que aquilo estava sendo mais fácil do que imaginava.

Colocou Lorenzo na cadeira e lhe deu um copo d'água.

Ficaram em silêncio por uns bons minutos, Arthur parecia preferir o silêncio na realidade, mas tinha que continuar o assunto.

- Então...tu e o Kauã???

Lorenzo ficou tão vermelho quanto uma cerveja em conserva, não tinha nem coragem de encarar Arthur.

- Ei...eu não estou te julgando...

- é que essa situação é tão confusa!

- tu gosta dele?

Silêncio.

- Lorenzo se tu não gosta dele...

- eu gosto dele.... é só.....tudo tão complicado.

- complicado?

- o dinheiro tá apertado, o seu Rodolfo tá fazendo hora extra direto, o Renan ficou sem a mobilidade completa da perna, o Kaike em coma, o Rapha não tá bem da cabeça e o Lúcio tá parecendo um aspirador de pó de tanta droga que tá usando...

Arthur fez uma careta ouvindo o nome de Lúcio mas não se surpreendeu com o fato dele estar se drogando novamente.

- Ló....de quanto tu precisa?

- o que?

- Dinheiro homem! Dinheiro! Money! Cash! De quanto tu precisa

- Eeeeeee...

Lorenzo pegou o celular fazendo as contas e no fim fez uma careta vendo o valor e então olhando para Arthur sem coragem de falar o valor.

- muito Arthur....

- Valores homem... preciso de números.

Arthur ouviu a própria frase e se espantou vendo o quão aquilo parecia com algo que Christopher falaria.

Com muita vergonha Lorenzo falou.

- 17 mil reais.

Arthur juntou a sobrancelhas, sabia que seria entorno de 15 mil pelo seus cálculos com uma gordurinha ainda, porém não era bom em matemática, onde 2 mil tinham aparecido na dívida, Lorenzo não parecia querer mais dinheiro só por querer.

- pode me falar em como atingiram essa dívida?

- Aluguel atrasado, água, luz, internet, manutenção da moto do Renan, peças da moto dele, remédios e tenho certeza que o Lúcio roubou dinheiro pra se drogar, o Kauã até deu o dinheiro que ele estava guardando pra fazer um curso de enfermagem para diminuir a dívi...da... Arthur tu tá bem?

Arthur estava visivelmente puto, ele jogou o cabelo pra trás com força e bateu as mãos no bolso procurando um cigarro mas se detendo lembrando que estava dentro do escritório.

- Arthur?

- o Kauã quer ser enfermeiro? Hahahahah... desculpa é só.....

Arthur ria de forma histérica e então simplesmente fechou a cara ficando sério e muito puto, se Lorenzo pudesse descrever uma pessoa louca, Arthur seria sua descrição perfeita.

- ....muita hipocrisia....

- ele quer cuidar do irmão...

- Eu queria salvar pessoas, cuidar delas, eu iria ser médico lembra Lorenzo? 

Lorenzo engoliu a saliva tentando também engolir sua culpa.

- eu queria abrir uma clínica barata e de boa qualidade em Carpazinha lembra? Lembra de como eu sonhava eu ajudar os outros e acreditava que o Lúcio....o Lúcio o maior drogado da cidade inteira...iria me ajudar administrando essa tal clínica?

- Arthur....

- Lembra? Que eu disse que todos nós iríamos trabalhar juntos? eu sonhava eu fazer os Assombrados serem respeitados pelos motivos certos...mas...eu fui traído...e não tô nem falando das galhadas que o Lúcio colocou na minha cabeça... não...eu fui traído, mutilado, torturado e traumatizado...pra vir o cara que QUEBROU minha costela no soco enquanto o irmão dele me segurava falar que quer virar enfermeiro... hahahahah... desculpa.. isso é muito cômico... hahaha... aí....que coisa ridícula....

Arthur cruzou os braços e olhou pro teto soltando uns risinhos e balançando a cabeça negativamente.

- tá bom eu pago a matrícula dele em uma escola de enfermagem, só não vai ser a melhor de todas pra não levantar suspeitas... hahaha... desculpa...eu não consigo acreditar no que eu tô ouvindo... Aiai...vamo vamo passar ali na sala do Gon pra ele retificar o contrato....

Arthur foi caminhando e rindo e Lorenzo foi atrás se sentindo imundo.

- Ah! Verdade! Tu também quer estudar não é?

- é sim.

- Faz assim presta alguns vestibulares e escolhe uma faculdade, eu peço pro Bruno pagar a mensalidade direto da empresa assim não fica traço de transferência de dinheiro.

- tá...

Arthur falava como se dinheiro fosse mato que cresce na calçada, não estava esfregando na cara dele mais era algo que parecia trivial pra ele agora.

Arthur abriu a porta do outro escritório com o desenho de lua sem nem bater na porta, Lorenzo só lembrava da recepcionista implorando pra ele não abrir aquela porta sem avisar.

- Gon?

- Arthur!

Meu... Deus.... Ele gostava de homem... definitivamente ele gostava de homem... minha nossa que homem lindo... perdeu até a habilidade de falar e sabia que se não fechasse a boca iria babar naquele baixinho lindo e fofo.

Lorenzo tentou desviar o olhar mas Gonzalez percebeu ele olhando, quando notou os olhos amarelos lhe encarando pouco feliz.

O blusa preta de gola alta e a calça social só deixavam o baixinho mais bonito, porém algo dizia que Gon não gostava de Lorenzo.

- pedi pra não se encontrar com ele sozinho.

- eu sei me cuidar Gon.

Arthur fez carinho na cabeça de Gon que sorriu mas assim que olhou para Lorenzo sua cara mudou.

- fale logo quais são suas exigências, vou retificar o contrato, não quero você mais tempo que o necessário perto do Doutor.

A voz dele era doce e calma mas continha uma leve grosseria e irritabilidade, era óbvio que Gonzalez não queria ele la, então falou tudo que queria e precisava, Gon apontou alguns termos legais e perguntou coisas para Lorenzo, no fim se sentou é começou a digitar.

- levo o contrato pra sua sala em alguns minutos Arthur, me espere lá.

- Valeu Gon, vamos Lorenzo.

Novamente na sala de Arthur o silêncio perdurava, só o som do teclado de Arthur era escutado enquanto ele trabalhava, Lorenzo se sentia um pouco desconfortável então decidiu puxar assunto.

- Então....tu casou?

O rosto de Arthur se iluminou em um sorriso lindo e doce, igual ao que ele se lembrava.

- Sim...foi muito lindo...

- não postou fotos?

- não tivemos festa, vamos fazer ano que vem.

- ué? Por que?

- bem pra encurtar uma longa história, nós casamos escondido, precisávamos de documentos legais para adotar a nossa primeira filha, e no dia do nosso casamento nós conhecemos nosso segundo filho.

Lorenzo fez cara de interrogação.

- Tu tá em SP a dois anos e já casou e quer filhos?

- originalmente queríamos ter 3 filhos, 3 meninas seria o nosso sonho de consumo, mas um garotinho chorão acabou roubando nossos corações, agora temos um casal, os papéis de adoção estão correndo bem...quer dizer....quase...

Arthur parecia um pouco frustrado e irritadinho, mas não exatamente com sua pergunta.

- eu não entendo dessas coisas.

- ambos meus filhos ainda possuem parentes vivos, precisamos que esses parentes abram mão de qualquer guarda para temos nossos bebês pra sempre, infelizmente isso é um pouco complicado, mas...eu vou fazer qualquer coisa...e digo isso em todos os sentidos, pra ter o meu anjinho e a minha pedra preciosa comigo pra sempre.

"Anjinho" e "pedra preciosa" o jeito que Arthur falava das duas crianças era doce é amável, não se lembrava de ter ouvido o pai o chamando assim com todo aquele carinho, sentiu um pouquinho de inveja.

- Arthur....

O baixinho olhou pra Lorenzo esperando ele continuar.

- Essas crianças tem sorte de serem amadas por ti.

- obrigado Lorenzo.

Gon veio alguns segundos depois com os papéis e explicou da forma mais chula e chucra possível para Lorenzo compreender a extensão do que estava concordando, e basicamente após assinar aquele contrato, Lorenzo estaria para sempre atado a Arthur, sem opções de fuga, pelo menos financeiramente já física....bem....mesmo que fugisse de Arthur, ele iria encontrá-lo de alguma forma, pra infelicidade de Lorenzo, ele não compreendeu exatamente o que estava assinando.

Lorenzo olhou para trás vendo o prédio lindo com gente bem arrumada entrando e saindo, o Arthur que tinha visto hoje não era o Arthur que conheceu a 10 anos atrás isso o deixou triste por algum motivo.

Montou em sua moto e colocou o capacete indo pra casa, não tinha mais motivos para ficar parado ali.

🕸️☠️ Assombrados ☠️🕸️

Depois dessa estressante reunião com Lorenzo tudo que Arthur queria era almoçar e terminar seu trabalho para ir pra boate, Gon o esperava na frente da porta todo fofo e sorridente.

- está empolgado hoje.

- sim! A Jasper vai começar a dieta sólida!

- caralho...ela vai fazer 6 meses...o tempo passa muito rápido.

- eu quero muito ver os primeiros passos dela! Ela já tá toda durinha e tem um dentinho nascendo embaixo...e a coisa mais linda que eu já vi Arthur.

Embora muito feliz Arthur também estava com um pouco de inveja, Gon estava acompanhando cada pequeno passo de Jasper, enquanto ele é Alex perderam muito coisa da vida de seus filhos, faria o máximo para que o resto da vida de seus bebês fosse cheia de muito amor.

Parado encostado em uma BMW 4 Series Gran Coupe marrom muito linda, Chris esperava seu genro e seu baixinho fofo para almoçar, assim que Gon viu Chris correu pra ele como uma criança corre para os pais depois da escola, Chris fez carinho na cabeça de Gon e abriu a porta pra ele entrar mas Arthur correu e sentou na frente, Gon fez bico e se sentou atrás.

- Como foi o dia de vocês meninos?

- chato!

- eu quero fumar....

Chris soltou um risinho e olhou com carinho para os dois rapazes, estava muito orgulhoso.

"villain vibes - amalee feat mori" tocava mas tudo que todos queriam era um descanso, Arthur em particular queria muito fumar mas tinha prometido a si mesmo só fumar depois do almoço.

Chegaram na frente do "Masp" onde iriam almoçar e já os esperando os irmãos Cohen e Thiago pareciam entediados.

Assim que Arthur viu Alex suas pernas ficaram moles, ele estava tão lindo de terno!!!! Foi até ele quase flutuando e recebeu um abraço cheio de amor.

- meu rei! Como foi o seu dia de trabalho?

- acho que estou pegando o jeito, e o seu?

- nada pelo qual eu já não tenha passado na vida.

Alex se abaixou e deu um beijinho em Arthur que literalmente derreteu de amor, Alex o segurou pela axila e o ergueu do chão o abraçando mais forte do que nunca.

- eu tô muito orgulhoso de você Arthur.

O gaúcho estava muito feliz.

Gon segurou a mão de Thiago e sorriu pro seu Cariño e o bonitão quase desmaia, mas a pressão caiu mesmo quando Gon beijou as costas da sua mão, Thiago quase infarta.

- conseguiu resolver aquele probleminha na grade da tarde Cariño?

- consegui sim.

- então podemos passar mais um tempo juntos, eu também terminei de estabelecer os contratos.

- caralho foi rápido.

- eu sempre cuidava da papelada na delegacia, tô acostumado.

- você é incrível Gon.

Thiago se abaixou e trocou um selinho com Gonzalez sorrindo muito doce na direção dele, os açúcarados e tabaco e mel estavam muito felizes.

- me sinto a maior vela do universo.

Cesar falou ouvindo a risada do pai vindo de trás dele, Chris olhou para seu filho orgulhoso, só o fato de Cesar estar ajudando um pouco na área de moda do conglomerado já era um grande passo.

- da próxima vez a gente chama o Joui também.

Alex falou com um sorriso sapeca e Cesar virou um pimentão vermelho berrante.... literalmente berrante!

- POR QUE O JOUI APARECEU NESSE ASSUNTO?????

O grito de Cesar foi tão alto que o aparelho de Thiago deu um zumbido forte e as pessoas na rua olharam para o grupo, mas para o horror de Cesar seu irmãozinho o olhava com um ar de vitória e bem debochado.

- por que será em...big brother?

- EU NÃO SEI!!! YOU ARE SAYING THINGS WITHOUT CONTEXT ALEXANDER 

Quando as palavras saíram em inglês Cesar percebeu que tinha perdido qualquer chance de vencer aquela discussão, então encarou o irmão com seu lindo sorriso.

- é tão estranho assim eu querer que meu melhor amigo tenha um almoço com a minha família?

Cesar gelou, nossa mas ele tinha se entregado muito, olhou pro pai e ele o encarava desconfiado, Gon estava perdidinho olhando pra todo mundo tentando obter respostas e Thiago parecia meio desacreditado, enquanto Arthur encarava o marido bravo.

- n-não...

- então dá próxima vez eu convido o Joui...

Alex saiu andando vitorioso segurando a mão de Arthur que ainda olhava um pouco bravo pra ele.

- já falei pra deixar ele se entender sozinho!

- tô cansado desse chove não molha desses dois.

- aí Alex....promete que não vai aprontar nada amanhã no apartamento do seu irmão!

- eu prometo! Porém não vou impedir se algo acontecer.

- Alex....Alex...

- acredite em mim quando digo que esses dois se resolvem sozinhos quando querem.

Já no restaurante Chris olhava suas crias todas feliz e com a vida caminhando e sorriu enquanto bebia sua água, no entanto se sentia um pouco triste também, afinal para aquele almoço ser perfeito sua única menina deveria estar lá, e embora compreendesse que Mari estava cuidando de seus netos a vontade de vê-la novamente no meio de suas crianças era muito grande.

Mari comia enquanto dava de mamar pra Kezia, enquanto isso Laura trocava os meninos e Liz estava que nem uma louca limpando e desinfetando a banheira dos bebês assim como todo o banheiro e trocador.

- obrigada pela comida Laura.

- Que isso, eu sei como e ser mãe solteira, pelo menos tu tem tua família pra ajudar.

Mari era extremamente grata a todos os amigos e familiares que a estavam ajudando a lidar com aquilo.

- Agora que passou um tempo...os meninos são realmente idênticos de rosto...mas o Mário e um pouco mais clarinho que o Mizael.

- eles são a cara do Miguel.

- podem até ser, mas eles também parecem muito contigo.

- cê acha? 

Laura pegou Mario e trouxe perto de Mari com um sorriso gentil e reconfortante, ela podia ser uma mulher enorme, mais ela era gentil e delicada em seus gestos, as mãos dela eram calejadas por trabalhar com metalúrgica mas isso não tirava sua feminilidade, na verdade achava que a deixava mais bonita.

- olha só, seu nariz...o formato dos olhos e da boquinha, o queixo e do Miguel certeza! As sobrancelhas também, mas com toda certeza quando crescerem vão ficar muito mais parecidos contigo.

Laura levou Mario de volta para o berço e foi até Mari pegando Kezia também a colocando no berço, Mari também terminou de comer na mesinha improvisada no quarto e Laura prontamente começou a arrumar.

- tu precisa descansar um pouco Mari, amamentar tira muita energia.

- Que isso eu tô ótima.

- desça um pouco por favor, eu é a Liz limpamos as coisas.

- mas...

- é sério Mari...eu tô fazendo por ti o que ninguém fez por mim quando Pedro era nenê, por favor Mari... descansa...

A voz dela era meiga e muito gentil, mas ela parecia bem triste falando do passado, então decidiu animar ela um pouquinho.

- a Liz tem sorte.

- o que? Como assim?

- de ter alguém como você.

Muito vermelha a gaúcha olhou pro chão enquanto Mari passava por ela em direção os seu quarto, iria tirar um cochilo de 15 minutos.

Liz terminou sua limpeza histérica pelos cômodos e viu Mari descansando um pouco, ficou honestamente feliz, faltavam alguns minutos pra dona Josefa chegar e assumir os cuidados de Mari e dos trigêmeos então foi atrás de Laura que olhava pacientemente pelo vidro da sacada.

- Laura?

- o-oi Liz.

"Esquisito..." Liz pensou sem realmente ligar 

- Aconteceu alguma coisa?

- n-não...

Desconfiada a morena chegou bem perto da loira que fechou os olhos e ficou vermelha de imediato, ela era bonita como um anjo.

Liz estava subindo pelas paredes de tanto que queria comer aquela mulher, principalmente com a provocação do avental.

- Laura...

- s-sim?

Liz esticou a mão e fez um carinho na bochecha da loira bonita e se aproximou mais juntando os lábios dela nos seus, e minha nossa precisava urgentemente comer aquela mulher.

A língua de Liz se enrolando na sua e a puxando/sugando pra dentro da boca dela era muito gostoso, sentia os dedos dela passeando no seus cabelos, estava tudo uma delícia até sentir a mão livre de Liz entrar por debaixo de sua camiseta e apertar seu peito com vontade.

Tentou se afastar por vergonha mas o apertão aumentou a fazendo gemer baixinho e de forma bem melosa.

- Liz...

Rápido como um foguete Liz empurrou Laura para uma parede e sem pensar muito lhe deu um baita chupão no pescoço, sua respiração começava a ficar desregulada e sentia que não importava a força que estava fazendo Liz não iria se afastar.

Já Liz estava em transe, queria jogar Laura no chão e chupar ela até o gaúcha não ter mais o que gozar e não ter voz pra gritar.

- Elizabeth...espera..

Laura estava mole, o corpo dela parecia não querer obedecer, só respondia aos estímulos de Liz, sentiu outro chupão e estava quase cedendo quando ambas ouviram a porta abrir e a voz de dona Josefa cantando alguma música de chitãozinho e chororó.

Liz se afastou de Laura colocando um lindo sorriso na cara e foi dar oi pra senhora deixando Laura travada no lugar.

Se despediram de Mari e dos trigêmeos e assim que entraram no carro Liz falou.

- Nós precisamos conversar...

Erin tinha tomado um banho gostoso de banheira e também tinha se masturbando no processo, estava entediada deitada pelada na sua cama mexendo no celular, seus cabelos laranjas estavam molhados e espalhados pelo lençol, ela era tão pequena e magrinha que chegava a ser perigoso, se ficasse de boca fechada se passaria facilmente por uma patricinha qualquer.

O tédio estava enorme então decidiu que era bom acrescentar um pouco de caos aquele dia, arrumou as luzes e fechou as cortinas e então tirou várias fotos lindas.

Olhou cada uma e escolheu as mais bonitas e sem pensar muito enviou todas para Gal.

Após seu ato de rebeldia diário pegou uma revista e começou a ler enquanto pensava no que pedir para comer.

Leo tinha descido para pegar comida quando seu celular apitou no mínimo umas 8 vezes, pegou vendo que as mensagens eram de Erin e tremeu na base.

- o que essa garota quer agora?

Destravou o celular e o deixou cair, ainda bem que não quebrou.

Com as mãos tremendo e suando Gal passou por todas as fotos varias vezes, quando Leo entrou pela porta Gal se levantou e foi para o banheiro se trancando lá.

- Gal?

- oi Léo...

- tá tudo bem?

- tô sim, vai comendo que eu vou tomar um banho.

- tá bom, vou colocar o seu encima do microondas.

- Valeu.

Um detalhe interessante, Gal estava a uns bons 5 anos sem transar, já tinha até esquecido como era a sensação de tocar outra pessoa dessa maneira, então aquela onda estranha de calor que se bateu sobre ele o estavam enlouquecendo, tomou um banho gelado.

Carina estava empolgada olhando para todos os lados esperando a nova colega de treino, e lá estava Yuki vindo com uma legging básica e uma top preto segurando uma garrafinha d'água, o cabelo preso deixava seu rosto ainda mais fofo.

- Desculpa o atraso.

- que isso...

As duas se alongaram e vários homens olharam para elas, principalmente para Yuki que tinha a beleza mais exótica entre as duas.

Começaram a correr pela trilha e mesmo o top sendo muito bom, Yuki tinha muito seio e eles balançavam bastante enquanto ela corria, Carina quase tropeçou umas 5 vezes.

Pararam pra descansar embaixo de uma árvore e beberam água, o sol refletindo nos olhos da japonesa eram simplesmente maravilhosos.

Carina se aproximou e olhou dentro dos olhos da ex namorada que sendo sincera, tremeu um pouco na base.

- Seus olhos são lindos demais.

- obrigada Carina...

- azuis...como o símbolo da minha família...

Silêncio.

- acho...que o seu azul é mais bonito do que o azul da minha família.

Silêncio novamente.

- acho melhor eu ir pra casa...

Yuki se afastou da árvore mas a italiana a segurou pela cintura de forma simples porém delicada e então falando baixinho.

- Eu ainda gosto de você...

Yuki saiu correndo na direção oposta, àquilo era muita coisa para processar sozinha.

Carina chegou em casa e gambá veio lhe receber na porta gritando, algumas vezes ele realmente lembrava um cachorro.

Na cozinha Artemis e Carla colocavam a mesa para almoçar e a saudaram com um sorriso, embora adorasse as duas estava bem óbvio que ela estava sendo a vela naquele apartamento, sua irmã e cunhada obviamente estavam vivendo suas vidinhas de casadas.

- como foi o treino?

- é....foi ok...

- relaxa cunhadinha...vocês vão se acertar.

- assim espero.

Dominic estava feliz se secando pós banho quando viu Max passando pelo corredor com fones de ouvido e jogando algo no celular, não resistiu.

Puxou o emo bicolor pra dentro de seu quarto, o primeiro reflexo de Max foi xingar o mais alto, mas assim que viu ele pelado as palavras morreram em sua garganta.

- gostou do que viu?

- eeeeee....

- tudo isso pode ser seu se quiser.

Max olhou pra baixo por um milésimo de segundo e as intenções ficaram bem óbvias, tinha que se manter afastado de Dominic ou iria acabar cedendo.

Mia e Bea estavam passando o dia juntas, ambas estavam ansiosas pelos seus irmãos mais velhos.

- o Samuel ter um amor afeta toda nossa dinâmica...

- ele não quer o lugar de senhor Verissimo Mia.

- eu sei...mas as outras pessoas não sabem...

- E querendo sim ou não...nós sabemos que um dia esse dia iria chegar.

Mia abaixou a cabeça frustrada, triste e preocupada, precisava mudar de assunto.

- como vai a preparação da festa do priminho do Daniel?

- não é priminho, pelo que eu entendi ele vai fazer 18 anos.

- então porque tanta frescura na preparação dessa festa?

- Não é frescura...o Daniel que é extremamente perfeccionista, você sabe como é! Trabalha com ele no bar.

- ele é extremamente bom no que faz.

- por isso eu quero que ele seja meu primeiro.

Mia revirou os olhos e tomou seu café, Bea riu um pouquinho mas logo ficou bem séria.

- Mia...o que a Liz falou...

- eu sei...vou me controlar também.

- espero que ele nos desculpe algum dia.

- pra isso acontecer precisamos dar algo muito grande pra ele.

Walter estava na frente de uma lousa segurando uma régua e com a mão na cintura super empolgado, na sua frente Kennan, Miguel e pasmem... Jhonny.

- bem vindos as aulas: "como ser um pai descente"

Jhonny ergueu a mão lentamente e Walter apontou a régua pra ele.

- Sim senhor Tabasco?

- o que eu tô fazendo aqui exatamente?

- de acordo com o Rubens vocês querem um bebê mas você não é bom com recém nascido... então vai assistir a aula também.

Miguel e Kennan sabiam o que e o porque estavam ali, então ambos de cabeça baixa ouviram todos os concelhos de Walter em silêncio.

- isso não é exagero não capitã?

Letícia olhou para Walter todo empolgado explicando várias coisas e sorriu para Tristan enquanto tomava um gole de café que Rubens tinha feito.

- acho é pouco

Rubens chegou com alguns docinhos e lanchinhos para seus amigos queridos.

- concordo com a capitã.

Tristan mordeu um bolinho e deu de ombros, quem era ele para questionar aqueles dois afinal de contas?

- o Vic não quer falar comigo...ele se quer olha na minha cara...

- de um pouco de tempo a ele Greg...

- qual a dificuldade de me chamar pelo meu nome Mark?

- "Greg" e mais fofo, combina bastante com você.

O sotaque francês era pesado e bastante charmoso, de todas as pessoas que conheceu Mark era o menos provável em fazer amizade, e lá estavam eles, conversando animadamente numa mesa de bar.

- idiota.

Mark riu e deu um gole na sua cerveja.

Os 4 irmãos Verissimos estavam atolados de trabalho, mas hoje em específico estavam todos muito tensos.

- Samuel deve estar entregando a jóia agora...

Antônia olhou para o relógio, o primeiro amor era sempre algo muito importante na vida de um Verissimo.

- Ainda acho que foi uma decisão impulsiva da parte dele.

- o menino quer proteger o amigo dele, não vejo nada de errado com isso.

Enquanto Shizui e Balu discutiam Hector estava imerso em pensamentos e dúvidas, sabia que Sammy faria 30 anos em breve, e também sabia que ele não era mais seu bebê, mas ver ele tomando aquela decisão foi mais difícil do imaginou que séria.

Marcelo apareceu na frente do shopping como tínhamos combinado mas pra surpresa do gaúcho aquele não era onde o encontro deles iria acontecer.

Assim que chegou Samuel segurou sua mão e saiu arrastando o pobre coitado para a Mercedes-Benz GLA 200 Enduro azul linda, o carro mais caro que já tinha entrado na sua vida.

- Samuel?

- Marcelo eu tenho uma coisa pra te dar.

Meio tímido o gaúcho ia perguntar o que quando Samuel sentou no seu colo o fazendo travar na hora, olhou lentamente pra cima e ficou preso nos olhos laranja e cachos lindos e muito bem cuidados.

O calor do corpo dele era surreal! Só de estar perto de Samuel o todo seu sistema nervoso entrava em completo e absoluto choque.

- eu gosto de você Marcelo...

O coração de Marcelo disparou descontroladamente parecia que ia ter um infarto, e só piorou quando Samuel lhe deu um beijo, mas foi o maior e melhor beijo que já tinha recebido na vida, molhado, envolvente e sedutor, a língua dele era habilidosa demais pra ele acompanhar mas estava tentando, segurou a cintura do carioca e estava entrando em transe com o som que o beijo dos dois fazia.

Se separaram e Samuel sorriu pra ele lhe dando um beijinho.

- você cuidou de mim...agora eu vou cuidar de você.

Pegou a caixinha de joia e Marcelo achou que iria ter um piripaque, seu coração era frágil, porém se acalmou vendo o brinco bonito.

Samuel colocou o brinco nele e o abraçou com muito carinho e força, ele sabia as consequências daquele decisão mas pela primeira vez entendeu porque seu pai tinha amores.

- ninguém vai te machucar Marcelo...você é meu amor.

Os dois ficaram abraçados um pouco mais e por algum motivo Marcelo sentiu que o amor de Samuel era bem diferente do que imaginou, sorriu feliz pensando: "eu também vou te proteger"

Dante esperava na frente de uma sorveteria, o vento bateu e os fios dourados voaram lindamente na direção que ele ia, Murilo parou e ficou hipnotizado com a beleza daquela cena.

- Tu parece um anjo...

A voz de Murilo era mais doce e amável que a de Marcelo, Dante gostava da voz dele era agradável e reconfortante.

Segurou a mão grande e calejada do motoqueiro, Murilo prendeu a respiração a mão de Dante era delicada como uma almofada de ceda e reconfortante também.

Se sentaram e pegaram seus sorvetes, Dante estava tímido e um pouco ansioso aparentemente.

Quando terminaram de comer e pagaram, quando estavam saindo Murilo sentiu um puxão forte e quando percebeu estava dentro de um banheiro com o loiro lindo.

Ia perguntar o que estava acontecendo quando sentiu um beijo doce e gentil, amável demais para ser recusado, fechou os olhos aproveitando a sensação e se deixando levar por todo aquele carinho.

- obrigado por me proteger...agora eu protejo você.

Dante pegou a caixinha e tirou o brinco colocando em Murilo e o abraçando novamente, o corpo dele era magro e delicado, sentia que se o apertasse mais poderia acabar machucando ele, e isso era inaceitável!

"Não se preocupa... ninguém vai te machucar"

Brulio estava um pitelzinho o cabelo preso em um coque uma camiseta preta bem justa e calça jeans, os fios prateados caiam um pouco pelos ombros e rosto, e pra completar o charme um óculos escuro, que homem lindo.

Ivete também estava extremamente gostosa de jaqueta e calça jeans com uma blusinha branca básica, o cabelo estava solto pela primeira vez em muito tempo.

Os dois amigos jogavam conversa fora e riam dos velhos tempos acompanhados de um bom café, umas moças passaram perto de Brulio e pararam alguns segundos admirando o senhor bonitão.

- Parece que esse penteado fez sucesso.

- tu gostou? Vou mandar uma foto pro Chris!

Ivete riu.

- Tu tá mesmo muito apaixonado por esse gringo.

Brulio sorriu e abaixou a cabeça um pouco pensativo.

- Depois da Amanda eu não achei que alguém iria se apaixonar por mim... muito menos um homem! Mas agora...eu quero passar o resto da minha vida com ele.

- isso é lindo Brulio....a Amanda deve estar se revirando no túmulo de tanto ciúmes.

- IVETE!!!

- tu sabe como ela era.

Brulio riu um pouco mas ficou um tanto quanto pensativo e meio borococho.

- é certo eu amar tanto alguém assim? 

- como assim homem?

- eu amo o Chris, de verdade...mas...

- "mas"?

- eu ainda amo a Amanda...e se ela estivesse viva eu nem iria saber da existência do Chris... porque ela sempre foi tudo que eu sempre sonhei...ela é a mãe dos meus filhos...a primeira pessoa que me viu pelo que eu era... não pelos rumores.

- não fale assim! Eu que fui a primeira que te vi pelo que era Brulio!

- nós éramos crianças! Não conta!

- tu vai sempre ser aquele Pirralho que invadiu o bar dos meus tios atrás da sua bola.

- e tu sempre vai ser a adolescente louca que tentou dar vassouradas em mim!

Os dois riram e Ivete continuou.

- o que deu de errado Brulio? Eu achei que sempre seríamos eu, tu, o Gregório, a Sarah e o Rodolfo...onde as coisas desandaram?

-.... não sei minha amiga.... não sei....

Silêncio.

- Sempre achei que tu e o Rodolfo iriam ficar juntos sabia?

- Deus me livre! Rodolfo era mais rodado que todos os carros de SP...eu que não queria ser só mais uma na listinha dele.

Brulio riu mas em segundos se calou olhando seu café um pouco pensativo e bastante triste na realidade.

- as vezes eu sinto falta dele....sabe ele era o meu melhor amigo...eu amava ele como irmão...

- Brulio....

- mas aí eu lembro do que ele tentou fazer com o Arthur recém nascido...um bebê indefeso...e anos depois ele tentou tirar meu filho de mim outra vez...e agora tá tentando de novo...qual o problema do Rodolfo?

Muito frustrado e triste Brulio virou o café e secou uma lágrima que queria muito cair.

- eu achei que iríamos criar nossos filhos juntos...eu realmente acreditei que ele estaria sempre do meu lado...me sinto um idiota.

- a culpa não é sua meu amigo...e eu tenho uma teoria.

- teoria?

- isso passou pela minha cabeça quando tu e a Amanda começaram a namorar...

- o que?

- eu acho que o Rodolfo era apaixonado pela Amanda...bem....todos os homens da cidade eram...

Brulio se recostou na cadeira processando aquilo, não conseguia mais conter as lágrimas e se sentiu muito mal.

- se for verdade...eu teria terminado com ela pra eles ficarem juntos...porra eles teriam sido o casal perfeito...eu teria me afastado para eles serem felizes juntos...

Brulio começou a chorar só de pensar naquela possibilidade, Ivete se levantou e abraçou o amigo o consolando com todo seu carinho, Brulio precisava de paz e muito amor para se curar, por sorte ele tinha encontrado Christopher e ela também não abandonaria seu irmão do coração.

Ivan estava fascinado com as aulas de tarot do Daniel, como as cartas fluíam entre seus dedos e como ele sabia o que cada pequeno detalhe das cartas.

- tu é incrível sabia Mestre?

Daniel sorriu.

- logo você vai encontrar seu dom Ivan, não e todo mundo que consegue ler tarot, meu pai mesmo não e bom nas cartas.

- Sério?

- Sim, mas ele é um excelente ossomante, mas nós dois somos bons em ler borra de café, não é maravilhoso! Porém e bom.

Ivan tinha os olhos brilhando, queria ser igual seu mestre! Não só como bruxo mas como pessoa! 

Daniel era sério e responsável assim como também gentil e compreensivo quando necessário, seu senso de humor era incrível e ele era muito doce, se seu pai fosse um terço do que Daniel era com toda certeza ele não teria aquele trauma religioso tão profundo e dolorido.

Josué era um homem amargurado, sempre rígido e de poucos sorrisos, sua mãe Jeane era uma linda mulher, longos cabelos loiros e extremamente lisos até os joelhos e profundos olhos azuis mais lindos que o mar, mas mesmo assim seu pai parecia não apreciar a esposa dedicada e completamente apaixonada por ele.

Desde sempre Ivan estava na igreja, seus coleguinhas eram da igreja e por grande parte da infância só era permitido brincar com as crianças da igreja, foi assim até os 15 anos e honestamente não via problemas com isso, porque aquilo era tudo que conheceu durante toda sua curta vida, até ver Arthur Cevero descer a porrada em vários adolescentes mais velhos na escola, e um desses adolescentes era filho de um dos obreiros da igreja.

Depois desse dia parecia que uma luz tinha sido acessa na cabeça de Ivan, por algum motivo Josué sempre falava de Amanda Cevero! Sempre! Ela era a mulher mais linda da cidade, mesmo ele achando sua mãe muito mais bonita, Josué falava que tia Amanda tinha sido enfeitiçada e que por isso seu filho tinha nascido invertido e com "olhos do diabo" nunca entendeu aquela obsessão do pai por tia Amanda, hoje adulto preferia ter continuado a não entender.

- Mestre...

- sim Ivan..

- obrigado por não me julgar.

- da onde veio isso?

- sua ex namorada...era filha de pastor também.

- você não é a Miriã...

- Miriã...."a senhora soberana" "a pura" "a virgem".... Não acho que ela seja digna desse nome.

- é...eu também não....

- Daniel...."O juiz de Deus" tu combina muito com isso...e sério, justo e sábio.

- obrigado Ivan... minha mãe que escolheu esse nome...e uma das coisas que me faz sentir perto dela.

- eu torço para que tu tenha filhos Mestre.

- oi???

- porque eu acredito que seus filhos serão incríveis igual a ti.

Ivan sorriu e ambos continuaram a conversa normalmente e muito felizes.

Vic pegou o celular e mandou "feliz aniversário Ulisses, muitos anos de vida" ficou olhando a tela esperando os pauzinhos ficarem azuis e ficaram, e então "digitando apareceu" o coração de Vic sempre acelerava esperando aquela resposta.

"Obrigado Victor"

Sorriu um pouco triste, Bruno se sentou na cama olhando a conversa entre os irmãos mas... não tinha conversa...era sempre só feliz aniversário, feliz natal ou ano novo....mas nada.

Ia perguntar para Vic mas quando percebeu a tristeza no olhar do namorado achou melhor ficar quieto e o abraçou.

- Vic....

- oi vida...

- sabia que eu te amo?

Vic virou um tomate e abraçou o namorado se sentindo muito amado, realmente era só daquilo que precisava.

🌸💮

Joui olhava de um lado pro outro procurando entre as pessoas com determinação.

- Joui-sama...

Nossa mas ela realmente era uma gracinha! Seu irmão era um homem de muita sorte, no entanto não tinha entendido o porque Yome-dono tinha chamado ele assim do nada.

- Yome-dono boa tarde.

- boa tarde.

- o seu português tá muito bom.

- obrigada! Tenho me esforçando muito.

Silêncio extremamente constrangedor e desagradável.

- então....por que me chamou aqui?

- Joui-sama....eu vim te avisar uma coisa...

- tá...o que séria?

Yome respirou fundo e olhou para Joui com muita dificuldade e um pouco de preocupação e vergonha.

- Joui-sama...seus pais planejam vir para o Brasil no fim do ano, dezembro para ser bem específica...

- mas isso é daqui 2 semanas praticamente.

- eu escutei Jun-Sama conversando com Hidetaka-Sama....eu precisava te avisar.

Joui ficou uns segundos em silêncio e então agradeceu a cunhada indo em direção a boate, de longe viu alguém correndo na sua direção e então o abraçando e o rodando no ar.

- hyung!!! Joui Hyung!

- A-Chan...

Abraçou Alex com muito amor... ninguém ia tirar ele de perto do seu melhor amigo.

Ambos foram caminhando em direção ao restante do pessoal quando Joui sentiu um cheiro bem característico, era exatamente o mesmo cheiro de Daniel porém bem mais forte e selvagem, olhou pra trás completamente surpreso...

🌸💮

💉💚⛓️

Matheus estava abraçando as perninhas num canto do quarto chorando baixinho, aquele lugar era assustador! Queria o papai! Queria colo! Queria desenhar com a tia Miriã, estava assustado e triste.

- tetéu....

Olhou pra cima e os olhos vermelhos o encaravam de forma meiga, nunca tinha visto olhos vermelhos antes mas achava muito lindo e legal.

Do lado dela segurando a mão da menina o dono dos olhos negros e escuros como a noite também choravam, o garotinho se abaixou e secou o as lágrimas do ruivinho.

- num...num cho...ra tetéu....

E então Gabriel começou a chorar por Matheus estar chorando, seria fofo se não fosse muito triste.

Agatha se sentou de um lado de Matheus e Gabriel do outro abraçando o ruivinho, Agatha se inclinou e deu um beijinho na cicatriz de Matheus que ainda era um machucado horrível em basicamente carne viva.

- vai ficar tudo bem tetéu....

O menino abraçou os dois amiguinhos e respirou um pouco aliviado, não se sentia mais tão sozinho, mas estava se perguntando o que será que estava acontecendo com seu pai afinal?

- senhor Henri já tem notícias do meu filho?

- Matheus não é importante no momento Otto.

- Como não é importante? É meu filho!!!

- acredite quando digo que seu filho vai ser encontrado, mas não agora.

- mas???

- quieto...

Otto se calou de imediato vendo que o moreno alto e bonito ficando visivelmente nervoso e bravo.

- excelente...tenho uma nova missão pra você.

Enquanto isso Miriã olhava para a vista da janela do seu quarto infantil, sentiu nojo...

Tinha prometido nunca mais voltar para aquele fim de mundo, mas não estava tendo muitas opções, ficaria ali até a poeira abaixar e então iria atrás de Daniel novamente.

💉💚⛓️

Daniel estava de boca aberta encarando o gigante ruivo parado a poucos metros de distância, cabelos vermelhos como sangue e olhos tão verdes como uma mata fechada, músculos enormes e uma barba também vermelha muito bem cuidada, nós fios lindos e brilhantes pedras, folhas e pequenas flores colocadas em algumas tranças, uma enorme tatuagem no pescoço e um lindo sorriso.

- papa...

Falou como um sussurro quase não acreditando no que seus olhos viam, segurou a cadeira e com toda sua força e velocidade foi deslizando desesperado pela calçada com as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

- PAPA!!!!

Quando o homem percebeu seu filho vindo seus olhos também se encheram de água, abriu os braços e Daniel se lançou da cadeira se agarrando no pai que o girou no ar sorrindo e então o abraçando e enchendo de beijos deixando todos os membros da boate meio confusos.

- Mein Engel papa está aqui.