- Mas ela tá grávida mesmo?
- A questão não é ela estar grávida... Youssef você sabe que esse bebê não é seu.
Youssef olhou para Abraham com uma cara bem feia, do outro lado da mesa Bob também estava pronto para meter um belo soco na cara do primo.
- Você é um idiota mesmo Abraham.
- E vocês são uns iludidos! O Youssef não tem nem bola!
Todos os primos dentro da sala olharam para Abraham incrivelmente enojados e desacreditados, Youssef era só uma pessoa com deficiência, ainda sim o primo parecia ver ele como alguém incapaz de se proteger.
- Eu confio na minha esposa.
- A pelo amor de Deus...
Bob estava começando e ficar irritado com seu primo então escolheu ficar um pouco quieto ou falaria algo que poderia piorar a situação.
Apple estava um pouco desconfortável e levemente deslocada com os olhares das mulheres da família de seu marido, mas diferente dos homens elas pareciam um pouco mais abertas a ela.
- Não precisa ficar tão nervosa, estamos aqui pra te apoiar no que você precisar Apple.
Leah, prima de Youssef, ela era muito tranquila e bem gentil meio apagada na família para falar a verdade, ela já tinha filhos então talvez não fosse ruim ela se aproximar, ainda sim queria tirar uma dúvida.
- Eu sei o que estão pensando de mim!
As moças e senhoras se olharam meio confusas e bastante perdidas com aquela frase, Apple colocou a mão na barriga e fez uma cara de choro bem óbvia, quem visse de longe acharia realmente que ela estava prestes a ter uma crise de choro, mas na verdade era atuação.
- Eu sei que estão falando que esse bebê não é do Youssef! Mas eu nunca trairia meu marido!
Foi-se feito um silêncio estranho e então Apple percebeu uma sensação estranha no ar, foi aí que sentiu uma mão mais idosa em seus ombros, olhou para cima e lá estava sua sogra e algumas das irmãs dela e cunhadas também encarando Apple com sangue nos olhos, porém não parecia que a raiva era em sua direção.
- Quem disse isso?
- o que?
- Quem disse que o bebê não é do Youssef?
Apple piscou duas vezes muito confusa, viu uma das senhoras saírem e voltarem com alguns utensílios domésticos e distribuírem sem muita dificuldade.
- os homens, principalmente o Abraham.
- Não precisa dizer mais nada.
Um exército de mulheres saiu da sala em direção ao quarto onde os homens estavam e então gritos masculino começaram a ser ouvidos e mais gritos, Apple não estava entendendo nada até o exército de mulheres aparecer com os homens, em questão de segundos todos os homens da família estavam na frente de Apple pedindo desculpas um a um, isso pegou a mais nova de surpresa.
Quando o último dos homens se desculpou, novamente as mulheres da casa vieram até ela dessa vez de forma acolhedora e a asseguraram que nada seria dito contra ela e o bebê.
Youssef ficou extremamente grato as tias e primas pela ajuda para lidar com aquela situação, ainda sim não planejava voltar para nova York tão cedo, só quando fosse a ser feita a apresentação do bebê a sinagoga, afinal seu avô era o Rabino.
O parto traumático e toda a escolha do nome de Christopher já era muito para sua pobre cabecinha e Apple ainda não estava 100% recuperada, desconfiava honestamente de como ela reagiria a circuncisão, afinal ela era uma mãe muito protetora e o bebê deles era muito doentinho.
- Apple pie, como está o Christopher?
Dizer que ela parecia um demônio ao lado do berço seria redundância, mas falando a verdade ele estava na mesma paranóia, Christopher era muito mais fraco que os outros bebês e sua imunidade já era comprovada ser extremamente baixa, a pele branca e olhou negros com aqueles poucos fios de cabelo e a aparência doentinha fazia os pais sentirem que ele pararia de respirar a qualquer instante.
- Ele está dormindo...mas tenho medo de que se eu me afastar ele vai parar de respirar.
Youssef escolheu não falar nada porque ele também tinha o mesmo pensamento.
Aqueles sentimentos eram muito pra Apple conseguir assimilar sozinha, ainda bem que ela conseguia atuar muito bem, porém sua mente estava entrando em colapso.
O primeiro sentimento que sentia em relação ao seu filho foi amor, ela amava muito seu filho isso era inegável, o amor era diferente do que sentia por Youssef mas amor de qualquer maneira, e esse era o sentimento mais lindo que conseguia descrever, agora os outros eram outra história.
Tinha medo de que alguém no futuro tentasse usar seu filho.
Estava preocupada com a saúde dele.
Tinha uma constante sensação de que em algum momento alguém iria o arrancar de seus braços.
Estava ansioso pelos pequenos movimentos que ele fazia.
Tudo isso parece preocupação normal de mãe, porém para Apple seu cérebro não conseguia compreender nem acompanhar aquela descarga simultânea de emoções, ainda sim estava feliz, e o motivo era Youssef.
- My Miracle... Você deixa eu e a sua mamãe muito preocupados sabia...
Apoiado no berço e olhando para Christopher de forma encantada Youssef não conseguia conter seu sorriso.
- Ele parece tanto com você...ele é perfeito...
Apple sentiu as bochechas quentes e esticou a mão pra dentro do berço encostando sua unha de forma delicada na pontinha do nariz do bebê.
- Ele tem seu nariz...
Youssef soltou uma risadinha gentil.
- E a cor do seus olhos e cabelo.
- Eu queria que ele se parecesse mais com você...
- Na realidade eu tô muito feliz que ele se pareça com você.
- por que? Eu te acho muito bonito!
Outra vez Youssef soltou uma doce risadinha e encarou a esposa por alguns segundos a deixando meio vermelha.
- Porque você me deu meu milagre, eu nunca imaginei que teria um filho...mas você me deu um...
Apple estava exatamente da cor de uma maçã.
- Não fale como se eu tivesse feito todo o trabalho sozinha, eu também nunca imaginei que iria engravidar algum dia.
O casal olhou novamente para o bebê que dormia tranquilo dentro do berço, ele parecia bem tranquilo no momento, por sorte Christopher foi um bebê calminho.
- Temos que ir ver meu vô...
- Temos?
- Sim, o Christopher tem que ser circuncidado.
A cara de Apple não foi nada boa, o que era de se esperar, porém ela sabia que não tinha muito escolha em relação aquilo.
- ok...
A sinagoga estava CHEIA nunca ninguém tinha visto uma festa tão grande para um bisneto do rabino antes.
Apple está completamente maluca vendo seu filho ser passado de braços em braços, pessoas falando próximas ao rostinho dele, fies da sinagoga vindo na direção dele e tudo parecia que poderia causar mal para seu bebê.
- Apple pie.... Eu sei que você está nervosa, eu também estou, mas por favor, sua cara está muito óbvia.
- Você sabe que nosso menino e fraquinho! Da. Um. Jeito. Agora!
Youssef soltou um suspiro e foi até sua tia dando uma desculpa esfarrapada e em poucos segundos Christopher estava no colo de sua mãe, dava pra ver a melhora de humor da Apple a quilômetros.
- Realmente é filho do Youssef...
Apple se virou dando de cara com Abraham, ele parecia desconcertado.
- O que?
- Ele parece com você, mas o formato do rosto, orelhas e nariz e igualzinho ao Youssef.
Apple ignorou completamente qualquer coisa que o mais velho queria insinuar e se focou no fato de que sim, seu bebê era parecido com seu marido, isso a deixou muito feliz.
Logo o BRIS (nota: BRIS é o nome da cerimônia de circuncisão) seria realizado, via seu bebê em um bercinho com lençóis brancos, na sua boquinha um pano com vinho e seu avô com um bisturi, ao lado dele um dos seus primos que era enfermeiro, ele nem estava acreditando, foi nesse mesmo berço que ele e seus irmãos tinham sido postos e agora era seu bebê que estava ali, as lágrimas escorreram sem ele perceber.
O escolhido para ser o SANDAK de Christopher (SANDAK: quer dizer padrinho) foi Bob.
A cerimônia foi bastante tranquila, ainda sim se ouvia uns burburinhos aqui e ali por causa do nome que os Cohen tinham escolhido, afinal "Morningstar" não era algo muito agradável aos ouvidos de nenhum religioso, Apple e Youssef estavam cagando muito para essa informação eles só queriam voltar logo pra casa.
Depois que Chris sarou e passou da marca de um ano a preocupação desenfreada de seus pais diminuiu consideravelmente, os Cohen se estabeleceram muito melhor em sua vida como família, e também o fato do bebê ter tido um "glow UP" mostrava que as coisas só iriam melhorar para eles.
- Daddy UP! UP!
- Christopher?? Como você chegou aqui?
Sujo de tinta e descabelado Youssef pegou seu bebê no colo e viu ele abrir um sorriso muito bonito com poucos dentinhos na boca.
- Cadê sua mãe?
Andou pelo jardim mas não achou a esposa porém a babá de Christopher parecia desesperada procurando ele, quando viu a criança no colo do pai soltou um suspiro aliviado.
Chris olhava sua babá do colo do pai, ele a reconhecia, aceitava que estivesse com ela, mas não sentia apego por ela, se amanhã ela fosse trocada por qualquer outra empregada não faria diferença nenhuma para ele.
- Ele saiu correndo, eu sinto muito! Eu sinto muito!
- Não tem problema, eu sei que ele é difícil, mas onde está minha esposa?
- a Senhora Cohen teve que ir em uma seleção da agência de modelos.
Youssef aceitou aquela resposta e simultaneamente teve uma ideia muito divertida, olhou para seu bebê e entrou na casa empolgado.
Estava morrendo de amores vendo Christopher de vestidinho e arquinho, ele realmente era muito bonito igual a mãe.
Queria passar com seu bebê tranquilamente então colocou uma bela saia e fez uma boa maquiagem, ninguém desconfiaria dele naquela roupa.
Youssef era uma drag muito bem feita e montada, suas roupas lhe davam liberdade para se expressar de forma que nunca tinha tido oportunidade na infância, torcia para que Christopher também encontrasse formas de se expressar no futuro a maneira dele.
- Você é igualzinho sua mãe, não pode ver uma fruta...
Chris sorriu lindamente na direção do pai mordendo uma bananinha, já Youssef tomava um sorvete (estava fazendo isso escondido)
- Oi mocinha está sozinha?
Youssef teve seu sorriso arrancado do rosto em segundos, olhou para os jovens ao seu lado e sentiu que eles não eram as melhores pessoas para encontrar sozinho, muito menos com seu bebê.
- Só vim tomar sorvete.
- Quem é essa bebezinha linda? Sua irmãzinha?
Youssef não estava afim de responder, não gostava de encontrar pessoas daquele jeito, sem contar que a vibe deles era meio desagradável.
- sim somos parentes...
- Deve ser chato dividir a mesa com um bebê? Acho que não tem escolha a não ser aproveitar a nossa companhia.
- Muito obrigado mas estou bem sozinha.
- Que isso, não precisa ter vergonha.
Sabia que ficava bem mais bonito de drag e sempre atraiu mais olhares montado, porém ele ficava parecendo uma garotinha de no máximo 13 anos, então ficava com o pé muito atrás com os homens que se aproximavam dele dessa maneira.
Ia responder quendo sentiu aquela sensação deliciosa e assustadora entrar na lanchonete, reconheceria aquela aura em qualquer lugar.
Insatisfeito por não receber o sim que queria os rapazes tentaram uma alternativa mais direta, porém antes de falarem alguma coisa uma mão grande e gelada foi-se colocada em seus ombros.
A sensação indescritível de ser completamente subjulgado por um verdadeiro predador era muito mais divertido do que aqueles homens poderia imaginar, mas entendia as caras de pânico que eles faziam.
A mais bela mulher que já pisou sobre a terra na opinião de Youssef, e também o ser mais macabro que já andou sobre a terra simultaneamente.
- O que está acontecendo? Posso saber? Quem te deu autorização para se aproximar delas?
A voz de Apple parecia ser feita de veludo, os lábios vermelhos e maquiagem perfeita, ela era com toda certeza o ser mais belo que já existiu.
O rapaz sentiu o osso da clavícula cedendo a pressão, olhou para a moça não sua frente e podia jurar que ela queria comer sua alma.
- A gente só estava conversando.
- acho que a conversa acabou então.
Ela olhou tão feio para os rapazes que eles simplesmente saíram correndo do local, e então ela ouviu pequenos aplausos.
- Minha heroína!
A mais nova olhou para seu marido extremamente cansada e soltou um suspiro derrotado se sentando ao lado do marido.
- Deveria tomar mais cuidado, não gosto nem de imaginar o que teria acontecido caso eu não estivesse passando por aqui.
- Eu sei me cuidar Apple pie...
- Não duvido disso, porém isso não tira de mim esse preocupação.
Youssef sorriu e se encostou no ombro da esposa sorrindo um pouco, ele definitivamente amava sua família.
Christopher olhou para os pais sentados na mesa, ele parecia bastante feliz e entretido observando seus pais, mesmo tendo só 2 anos ele sabia que seus pais se amavam e amor foi a primeira emoções que Christopher assimilou na vida.
Enquanto isso no Brasil 3 crianças estavam entrando no pré I.
Ele parecia um pequeno tigre com aquele cabelo de 2 cores, também era uma criança muito doce e gentil, talvez por isso a confusão tenha começado.
- me devolve!!!
- Não agora é meu!!!
Olhos laranja profundos e cabelo castanho bem escuro e bastante liso num corte de cuia que ficava uma gracinha nele.
- DEVOLVE MEU CAMINHÃO!
Antes de Hector responder sentiu um puxão violento e foi com tudo de bunda no chão, não doeu mas tomou um bom susto.
- É muito feio pegar as coisas dos mais novos!
Cabelos e olhos castanhos como mogno e várias pintinhas pelo rosto, e também um grande senso de justiça, Arnaldo já era um herói dês de criança.
Hector se levantou jogando a sujeira no chão e olhando feio para o menino bonitinho, viu o mais novo abraçar o caminhão e Arnaldo sorrir pra ele.
- Tá tudo bem agora Walter...
- vocês se conhecem?
Os dois se olharam e sorriram de forma bastante cumplicidade e muito gentil um para o outro.
- Minha irmãzinha é da sala dele.
Hector piscou duas vezes bem rápido, ele só tinha Shizui, ele sempre quis um irmão mais novo.
- E legal ter um irmão mais novo?
- Minhas irmãs são muito fofas e legais.
- Eu não tenho irmãos mais novos, só tenho uma irmã mais velha.
- Eu também tenho uma irmã mais velha, ela tem 11 anos! Ela sempre brinca comigo quando chega da escola.
Na cabeça de Hector isso era ser muito mais velho do que ele poderia entender, ainda sim parecia ser algo bem legal.
- Minha irmã e eu quase não temos tempo pra brincar, a gente tem que estudar.
- Mas a gente já estuda na escola.
Hector fez uma cara de incógnita novamente e viu o menininho fofo arrumar os óculos no rosto, ele era mais alto e mais bonito que ele mesmo tendo a mesma idade.
Veríssimos tem um sexto sentido ao encontrar alguém bonito, isso e desde criança, e Arnaldo e Walter eram muito bonitos assim como provavelmente eram de boa família, se lembrou de algo que seu pai tinha lhe dito.
"Faça bons amigos na escola, traga boas pessoas para Ordem"
Ordem, Ordem, Ordem, tudo sempre pra Ordem nada nunca pro Hector, até seu tempo de brincar era cronometrado, as vezes nem via sua irmã, e ele amava muito Shizui, talvez se levasse boas pessoas pra Ordem tivesse mais tempo pra brincar.
- A gente devia ser amigos.
- Você tentou pegar meu caminhão...
- Eu não sou amigo de valentões!
- Eu não sou um valentão!
Bateu o pé no chão extremamente inconformado com aquela afirmação, cruzou os braços muito bravo e fez um bico do tamanho do mundo, foi aí então que uma das professoras/freiras se aproximou dos três menininhos.
- Príncipe Hector? O que está fazendo aqui?
Era uma freira completamente normal, a única diferença era o fato de ter uma pequena tatuagem no rosto.
A senhora olhou para Walter e depois para Arnaldo fechando um pouco a cara, olhou para a torre do sino e então as badaladas anunciaram o meio dia.
- Arnaldo seus pais sabem que você não está participando das aulas de bale? Eles ficaram muito decepcionados com você, afinal você quem pediu para participar da turma.
- Eu não tô fugindo das aulas, eu vi o Walter chorando e vim atrás, eu amo dançar! Quando eu crescer eu vou ser famoso!
A senhora soltou um risinho meio sem graça e olhou para Walter que parecia ter chorado um pouquinho.
- E você rapaz deveria estar na recriação.
- Mas esse menino malvado pegou meu caminhão!
A freira sentiu as costas queimando e olhou pra trás vendo Hector com a pior cara da Vida em sua direção, ficou apavorada.
- ELE TINHA QUE ME DAR AS COISAS! TODO MUNDO TEM QUE ME OBEDECER!
- príncipe Hector por favor modos!
A freira tentou acalmar o jovem herdeiro mas ele estava muito revoltado com não ser obedecido.
Arnaldo segurou a mãozinha de Walter e olhou feio para Hector e então mostrou a língua dando meia volta e saindo com o mais velocidade do que gostaria de demonstrar.
- Vamos meu príncipe, seu motorista já deve estar esperando junto a sua irmã.
Sem muita escolha o herdeiro seguiu a freira até a entrada da escola e durante o caminho acabou passando pela sala onde estava acontecendo a aula de Balé.
Viu os Arnaldo na barra e fazendo os grandes Alongamentos, ele parecia muito feliz, os grandes movimentos combinavam com ele, por algum motivo ele ficou feliz pelo futuro amigo.
- príncipe Hector...
- Sim?
- Arnaldo é uma excelente criança, porém os pais dele são apenas os caseiros da escola, tenho certeza que vossa alteza irá encontrar alguém que tenha mais a oferecer a Ordem.
Novamente, tudo era em relação a ordem, ninguém parecia se importa com sua opinião e desejos, era a primeira decisão que tinham feito para si mesmos.
"Eu quero ser amigo dele"
Shizui estava sentadinha dentro do carro usando o uniforme da escola (que era extremamente católica por sinal)
Eles sempre iam pra casa um do lado do outro de mãos dadas, e olhando a paisagem, aqueles momentos dentro do carro eram um dos poucos onde os irmãos Veríssimos podiam estar juntos sem interrupções.
Assim que chegaram em casa Emi os esperava, ela agora ajudava Margot com a criação dos herdeiros e modéstia a parte estava se saindo muito bem.
Os irmãos andaram felizes até a sala que Sierra usava como descanso e viram o pai sair de dentro do cômodo com uma cara bem infeliz, isso fez o mais novo dos irmãos Veríssimos se preocupar bastante.
Saiu correndo na frente entrando no cômodo agoniado, viu sua mãe olhando para a janela honestamente muito brava e bastante infeliz.
- Mamãe?
Sierra automaticamente abriu um sorriso lindo e se virou para seu filho, o movimento fez seus longos cabelos loiros esvoaçarem no ar.
- oi filho, como foi a escola?
Hector ficou muito aliviado por não ter nenhum machucado em sua mãe dessa vez, não conseguia entender porque seu pai gostava de machucar sua mãe, e esse fato só fazia ele se ressentir ainda mais o próprio pai.
- foi legal, eu conheci dois meninos, eu quero ser amigo deles...
Sierra sorriu e pegou seu filho no colo sorrindo de forma acolhedora.
- Você é um bom menino filho, sei que vai fazer bons amigos.
Hector sorriu e abraçou a mãe de forma bastante carinhosa, Sierra se sentou na cadeira colocando seu menino no colo, olhou pra trás e Shizui a olhava de forma adorável.
- Vem aqui Shizui-chan...
Abrindo um sorriso completamente lindo e perfeito a menina correu para os braços da mãe/madrinha e logo os irmãos conversavam entre si.
Sierra olhou para cima e se deparou com Emi lhe trazendo o chá da tarde, as duas mães se olharam por alguns segundos e ficaram coradas e bastante tímidas, elas não queriam admitir o que já estava bem óbvio, no mínimo elas já estavam se envolvendo emocionalmente.
- Mamãe por que eu não tenho um irmão mais novo?
- o que?
Sierra olhou para Hector que estava 100% perguntando aquilo de forma inocente.
- Eu queria um irmão mais novo...
Sierra abriu um sorriso meio triste e também um pouco falso, abraçou as crianças com mais forças e deu um beijinho na testa de cada um.
- Eu já sou muito grata por ter vocês dois.
Os irmãos se olharam e sorriram de forma bastante fofa, quando as crianças fossem mais velhas falaria que eles tem sim um irmão mais novo.
Enquanto isso no escritório principal Antônio tinha seus ouvidos quase sangrando de tão alto que Adão restava gritando.
- VOCÊ ENGRAVIDOU UMA LUZIDIO!! COMO ISSO É POSSÍVEL????
- Foi um acidente pai, a camisinha...
- Não quero saber dessa Antônio....como sempre você nos arranja problema.
A decepção de seu pai era sempre uma facada em seu coração, era cansativo e doloroso ser julgado pelos erros que cometia, o problema e que esses erros agora tinham nome e CPF.
Enquanto isso no sul do Brasil outra pessoa estava com problemas familiares, esses por sinal bem tristes....
- Vem Brulio...vem pra mim!
- Não!!! Vem pra mim! Olha aqui Brulio!!
O bebê grande e muito adorável olhava de um lado para o outro encarando Gregório e Ivete, as duas crianças queriam ser a favorita do gurizinho.
Enquanto isso na sala os adultos tinham conversas desconfortáveis acompanhados de uma boa broa e chimarrão.
- E agora seu Ismael? O que acontece com a Ivete?
Ismael era o dono do suvaco seco, um barzinho de quinta categoria na beira da estrada, seus lucros eram praticamente nulos e a fama dele não era das melhores, afinal ele era o melhor amigo de Aloísio.
- Eu não tenho como deixar minha sobrinha...ela não tem culpa se os pais dela são irresponsáveis que não deveriam ter ficado juntos.
Ismael escolheu viver uma vida "tranquila" em Carpazinha por causa de seu temperamento nada bom ou simpático, justamente por isso ele e Aloísio se davam tão bem, nada une mais dois homens do que se quebrarem na porrada.
- o que tu tá fazendo é muito bonito, mas tu tem que pensar bem em como vai contar isso pra Ivete.
A mais velha na mesa e uma das poucas reais amigas de Cida e também sua maior cliente e divulgadora, Isabel mãe de Gregório, ela era uma mulher bem baixinha com cara de dondoca (ela era mesmo) ela sempre estava bem arrumada e com alguma jóia no corpo, no entanto ela era muito simpática, divertida e no geral um amor de pessoa, só tinha alguns parafusos a menos, fora isso era uma pessoa muito divertida.
- E como eu falo isso pra ela Isabel? "Teus pais foram cada um pra um canto e nenhum deles te quer e teu pai decidiu te deixar aqui comigo" ela tem 6 anos...como eu falo isso pra esse nenê? Ontem ela me perguntou quando o irresponsável do meu irmão vinha pegar ela...
Todos na mesa abaixaram a cabeça meio mal pela menina.
- Tu ama muito sua sobrinha né?
- Lógico que eu amo, ela não tem culpa dos pais serem esses bostas, todo mundo sempre falou que eu seria o irmão mais filho da puta, mas eu não largaria filho meu com meu irmão independente do meu casamento ter dado certo ou não.
Cida olhou pelo vão dá porta e viu Gregório colocando Brulio na bicicleta e Ivete o segurando, seu bebê sorria na presença das duas crianças, ainda sim nenhum dos 3 imaginava a conversa tão triste que os adultos estavam tendo no momento.
- Eu mal tenho dinheiro pra me sustentar, se não fosse os pequenos shows que o Aloísio faz no bar as vezes eu já teria falido.
Novamente uma tristeza se espalhou pela mesa, Aloísio em particular segurava as lágrimas, ele era um homem muito emotivo.
- eu preciso garantir que ela fique comigo, vai que meu irmão volta com a minha cunhada, eu não posso deixar a Ivete de lado.
Ismael era muita coisa, mas filho da puta não era uma delas.
Gregório entrou na cozinha com a delicadeza de um elefante tropeçando e Isabel olhou pra ele como se o mundo tivesse acabado e fosse Gregório o culpado.
- tia Cida o Brulio disse que quer tá com fome.
O pré adolescente tinha uma carinha de poucos amigos e o fato dele não ter um olho não ajudava muito...mas principalmente aquela personalidade terrível também não era atrativa.
Cida sorriu e se levantou da mesa com um sorriso e pegou no armário um pão caseiro lindíssimo.
- pega a Ivete e o Brulio, eu vou fazer um lanche pra vocês.
O rapazote comemorou de forma exagerada e logo as três crianças estavam na.frenre da Tv e comendo o lanche.
Ismael viu a sobrinha comendo feliz e torceu para que aquele sorriso durasse pra sempre, sentiu uma grande mão no seu.ombro e se virou vendo Aloísio.
- A gente vai te ajudar como pode, tenha certeza que pelo menos um prato de comida a gente sempre vai ter pra te oferecer.
O dono do bar colocou a mão sobre a de Aloísio e o olhou com imensa gratidão, Aloísio o puxou para um abraço e segurou o choro, ele amava muito seu melhor amigo e não queria o ver sofrendo daquele jeito.
Cida se sentou no sofá e colocou Brulio em seu colo, na tv passava um filme americano e então ela apareceu na tela e Cida virou a maior tiete de todos os tempos.
- Ela é tão linda!
- Eu te acho muito mais bonito meu amor.
Aloísio deu um beijinho na bochecha da esposa e Brulio sorriu vendo isso.
- Ela é tão alta e bonita, ela tem força igual a mim, e tem um filho só um ano mais novo que o Brulio, ela é um exemplo pra mim...
Aloísio sorriu de forma meio boba, achava a admiração fofa de sua mulher pela atriz americana só mostrava que tudo que ela queria era ser reconhecida, como ele queria ser capaz de mostrar pra todos o quanto sua esposa era incrível.
Os adultos continuaram conversando enquanto as crianças brincavam no chão da sala, aqueles momentos de paz mesmo que vem distantes nunca saíram da memória de Brulio.
Wagner chegou em casa e viu Walter brincando na sala com o seu caminhão, no entanto era bem óbvio que ele tinha chorado em algum momento daquele dia.
- Oi querido! Tudo bem? Como foi seu dia?
- Nada demais, só rotina...o que aconteceu com o Walter.
Suzane respirou fundo um pouco revoltada também e levemente brava, já queria falar isso com Wagner para resolver.
- Aparentemente um menino mais velho tentou pegar o brinquedo dele, a professora não fez nada, quem ajudou ele foi o filhinho do caseiro da escola.
- o que? Como assim? Eu escolhi essa escola por ter anos de tradição inglesa e ser super respeitada.
- eu queria marcar uma reunião com os pais desse menino.
- Eu apoio perfeitamente, ou melhor, marque uma reunião, eu vou comparecer com você.
Suzane sorriu meio boba e bastante feliz concordando com a cabeça, nesse momento Wanessa saiu do quarto e pulou em Wagner, os Torres pareciam muito uma propaganda de margarina.
O dia da reunião chegou e Wagner chegou primeiro que os outros pais, achou um pouco esquisito o padre e as duas freiras terem tatuagens no rosto, mas não era seu lugar para criticar qualquer pessoa, principalmente uma pessoa que estava dedicando sua vida a Deus e a educação de crianças.
A porta abriu e um homem Alto e muito bonito entrou na sala com um cigarro na boca, ele era definitivamente de tirar o fôlego de qualquer um e principalmente, aqueles lindos olhos laranja, nunca tinha visto nada igual.
- oi muito prazer.
- prazer...
- fiquei sabendo que meu filho Hector destratou o seu filho, eu sinto muito...
- Sim, eu gostaria de saber o que aconteceu.
- Claro, acho que devo pelo menos isso...mas que tal discutir isso em outro lugar?
Antônio abriu um sorriso lindo, sempre quis trazer Wagner pra Ordem, foi uma coincidência ele ter matriculado o filho na mesma escola que Hector, então aproveitaria aquela oportunidade.
- claro!
- ótimo, aqui me cartão...eu estou a uma chamada de distância.
Wagner pegou o papel intrigado, tinha algo naquele homem que parecia interessante a ser explorado, e agora ele estava bastante curioso.
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