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História Sunastreo - Transcendentemente


Escrita por: folklorewriter

Notas do Autor


Oi, gente!

Mais uma vez estou aqui para me divertir um pouco com swanqueen. Sempre quis mexer com algo que envolvia magia e realidades paralelas e, muito felizmente, resolvi tentar. Convido vocês a entrarem no universo de sunastreo e se perderem nessa fantasia comigo. Para quem sempre quis Emma e Regina mais novas em um mundo encantado, ou Emma sem memória (já que geralmente é sempre Regina quem fica sem), ou elas em um mundo e cultura diferentes, mas ainda ter partes da nossa realidade, essa fanfic é para vocês.

Já agradeço a quem estar lendo isso daqui e se interessou para apertar o primeiro capítulo <3 se quiserem conversar comigo, além de comentar na história, o meu twitter é @swenfolklore. Essa história também está no wattpad — é o mesmo @ ;)

Capítulo 1 - Transcendentemente


Fanfic / Fanfiction Sunastreo - Transcendentemente

ἐπειδὴ οὖν ἡ φύσις δίχα ἐτμήθη, ποθοῦν ἕκαστον τὸ ἥμισυ τὸ αὑτοῦ συνῄει...

"Então, quando a nossa forma natural humana foi cortada em duas partes, cada metade, sentindo falta da outra, se encontraria"

— Platão, O banquete, fragmento 191a (minha tradução).
 

 

As luzes conseguiam deixá-la ainda mais tonta. Se ela não parasse por um segundo e tentasse diminuir o nó presente na sua garganta agora, poderia desmaiar a qualquer momento por falta de ar naquele corredor, bem antes de chegar na mulher.

Ela ainda conseguia ouvir o barulho das pessoas rindo e conversando atrás dela, confirmando que todos ainda estavam comentando sobre a reunião de hoje enquanto a mulher que procurava estaria sozinha na sala de descanso no final do corredor, já que sempre fora do feitio dela de se apressar para fazer as coisas evitando manter contato com qualquer um.

Sentiu a sua garganta fechar ainda no meio do corredor, cortando com eficácia a sua respiração. Ou as paredes a sua volta ficaram mais brancas, ou a sua pressão começou a despencar, a causando uma certa tontura. Mesmo assim, se forçou a continuar até a sala de descanso. Vocês duas já passaram por coisas piores, pensou, isso não vai ser nada.

Ela tivera a sessão da reunião inteira para se preparar, nem ela e nem a mulher falaram alguma coisa ou interagiram de qualquer forma com os outros participantes, o que a ajudou a pensar muito sobre como poderia informá-la sobre a sua vinda até aqui. Ela cogitou várias vezes sair dali e voltar outro dia, mas ela já havia esperado tempo demais e sabia como era pagar um preço grande por covardia. Então, poderia estar sem nada ao seu favor e com toda a certeza do mundo que aquilo daria errado de primeira, mas ela não iria mais voltar atrás.

Virando o corredor e entrando na sala de descanso, o cheiro de bolinhos e biscoitos vencidos invadiu o seu olfato, revirando o seu estômago já atacado. Precisou se apoiar na porta para não jogar para fora todo o pouco de comida que ingerira aquele dia.

Ela estava certa que poderia desmaiar a qualquer momento.

Forçando a sua respiração uma, duas, três vezes, ela levantou o rosto e encarou firmemente cabelos longos e loiros de costas para ela, achando quem procurava. Ela deixou passar o sentimento de estranheza que teve ao perceber a mulher com uma calça jeans e uma camisa branca de alças finas, nunca realmente tendo a visto vestindo esses tecidos antes. Fora isso, a mulher estava tão calma, os movimentos das mãos abrindo um pacote de bolinho sem pressa, transmitindo uma energia tão mundana, nem parecia que a sua vida mudaria completamente agora. Bom, pelo menos uma das vidas dela.

Decidiu agir rápido antes que a sua vontade de chorar ali mesmo a vencesse.

— Emma? — ela chamou a atenção da mulher. Sua voz saiu incrivelmente falhada, se esse não fosse o chamado que a loira recebera por toda a vida dela, nem ela teria entendido o próprio nome que fora pronunciado mais como um suspiro.

Ainda terminando de abrir o bolinho, ela se virou curiosa. Reconheceu a mulher que acabara de lhe chamar da roda da recente reunião. Era a nova integrante que chegara hoje, bonita, porém parecia completamente abalada.

— Pois não? — Emma perguntou, ainda com um olhar franzido e tirando uma mordida do doce.

Por um momento foi notória uma decepção nova no rosto triste da estranha, mas ela conseguiu esconder rapidamente.

— Não me reconhece?

— Deveria? — perguntou após engolir o primeiro pedaço.

— Sim. — A pose da estranha se desmanchou toda. — E eu preciso que você me escute.

Emma parou de levar o bolinho para tirar outro pedaço em meio à sentença da moça, apenas abaixou a sua mão e sinalizou com a cabeça para ela continuar.

— Eu me chamo Regina. — Ela chegou mais perto, mas não perto o suficiente que fosse prejudicar a ela mesma por estar tão perto da sua amada após tanto tempo. — Eu sinceramente não sabia como começar essa conversa, nem como continuá-la.

Regina precisou de um tempo quando percebeu a loira abaixando o bolinho de volta para mesa e prestar total atenção nela, e até estudar a sua aparência.

Emma analisava tudo nela, focando mais no seu cabelo preto e curto e nos seus olhos castanhos.  Regina sentia-se a beira de uma crise quando notou conhecidos olhos esmeraldas fitando os dela. A loira demorou um pouco no seu olhar, porém, aparentemente, a sua cicatriz bem na lateral do seu lábio superior pareceu chamar atenção dela.

Quando percebeu que já estava encarando o rosto da mulher, Emma voltou a indicar para que ela continuasse a falar. Talvez só porque a morena parecia que ia desabar a qualquer momento, Emma deu-lhe o tempo que precisasse para falar.

— Eu sei de onde você vem — Regina começou de forma simples. — Eu sei de todo o seu passado antes de você viver no orfanato em que passou a sua juventude toda.

De primeira, Emma pareceu um pouco desorientada. A morena parecia ter engolido um pouco da emoção que estava sentindo e a voz dela ficou mais centrada e rouca. A loira apenas se perdeu momentaneamente pelo sentimento de familiaridade que aquela voz a causou, mas a sensação durou pouco, ela processou as palavras da tal Regina e acordou do seu transe.

Em um ato rápido, ela pegou a sua jaqueta vermelha de cima da mesa e se preparou para sair dali, aquele assunto sempre despertava nela a vontade de fugir. Com o passar dos anos, fez questão de apenas ignorá-lo e prometeu a si mesma que nunca procuraria saber sobre o seu passado.

Antes de poder passar pela porta, no entanto, ela foi surpreendida por Regina segurando o seu braço. Mas o ato pareceu mexer mais com a estranha do que com ela, a morena parecia ter se desconcertado pelo simples fato de tê-la tocado. Então, Emma falou por ela:

— Olha, eu não sei quem é você, quem te mandou aqui e muito menos o que você quer. Mas eu deixei de buscar respostas sobre o meu passado há muito tempo, moça, e eu não tenho nenhum interesse em nada dele. Então, se você trabalha para o casal que me abandonou ou algo assim, desista.

Com isso, Emma voou porta afora, mas, antes de sair completamente do estabelecimento, voltou para sala de reuniões ainda relativamente cheia e procurou pelo coordenador da semana, vestindo a sua jaqueta de volta.

— Como se chama a nova integrante? A morena que apareceu hoje e não disse nada.

O coordenador se segurou para não revirar os olhos para ela. — Você sabe que tem uma razão para existir o “anônimos” depois do “alcoólicos” nessas reuniões, não sabe? Se ela não quis se apresentar hoje, é porque ela ainda está criando coragem.

— Eu já sei o nome dela, Rafael, eu preciso do sobrenome.

— Você só pode estar brincando comigo, Swan, vai querer o quê também? O endereço dela?

Emma levantou uma sobrancelha, parecendo gostar da ideia, mas logo foi cortada por um olhar de alerta do coordenador.

— Não é só porque eu te conheço há mais tempo que eu vou passar o nome todo da mulher, que ela confidenciou só a mim. E eu não sei o endereço.

— Vamos, Rafael, por favor — Emma tentou mais uma vez, mas já estava perdendo a atenção dele para certas papeladas. Ela sabia que tinha que recorrer a algo mais persuasivo ou não conseguiria. Então, se arriscou com a primeira coisa que veio à sua mente — Eu me apresento na próxima sessão.

Como pensado, Rafael a olhou surpreso, seus olhos castanhos quase arregalados. — Faz um mês que você vem aqui e nunca disse uma palavra.

— Eu sei. — Engoliu a seco. — Mas eu estou disposta a falar bem no próximo encontro, se você me passar tudo que sabe sobre essa tal de Regina.

Rafael a encarou e depois olhou para o restante da sala, todos totalmente alheios a eles, ou conversando em pé entre si, ou ainda sentados na roda de cadeiras azuis, pensando profundamente em algo.

— Essa sua mania de achar que você é algum tipo de detetive ainda vai te fazer muito mal, Emma — ele a alertou uma última vez e suspirou em desistência. — Regina Mills, perdeu a família recentemente, 31 anos. Tudo o que eu sei.

Emma esperava mais informações, mas se deu por satisfeita e acenou para o seu coordenador antes de sair.

A esquina em que estacionara seu carro era sempre deserta essa hora da noite. Poderia esperar os outros membros do AA saírem como decidem sempre saírem todos juntos. Mas era contra da sua natureza mais intrínseca fazer qualquer trabalho em grupo.

Rafael estava certo quando ele a alertou sobre a sua fixação em achar que era uma detetive. Ela era boa em investigar, deduzir e prestar atenção nas coisas. Habilidades que ela havia usufruído durante a sua vida toda para conseguir colocar comida na mesa da sua casa, ainda mais depois que a sua avó se aposentou. É provável que ela tenha desenvolvido essas capacidades por ter sempre precisado se virar sozinha, seja no orfanato ou quando fugia para a rua.

Porém existia algo que já nascera com ela, um certo dom que ativava seus instintos, como, por exemplo, saber na maioria das vezes quando alguém estava mentindo. Ou, como nesse exato momento, os pequenos pêlos no seu pescoço, bem embaixo da sua nuca, se arrepiavam sozinhos, levando um alerta em forma de um choque que descia pela sua coluna com um único aviso: ela não estava sozinha e alguém a estava vigiando.

Ela continuou caminhando até o seu fusca amarelo, dessa vez prestando mais atenção e com todos os seus sensores naturais em alerta. Bem quando estava chegando perto do seu carro estacionado em cima da calçada da esquina, ela percebeu um vulto atrás dela.

O movimento foi rápido, ela conseguiu se virar antes que a pessoa chegasse nela. A primeira coisa que viu foi um braço esticado em sua direção, então o agarrou, puxando a pessoa para passar na sua frente e ser empurrada contra a porta do seu fusca. Só quando já havia a posicionado fortemente contra o metal amarelo e a imobilizado, dobrando o seu braço nas suas costas, Emma percebeu quem era.

— Você de novo? — a loira perguntou ofegante e afrouxou o seu agarre no braço da mulher, percebendo a cara de leve dor que Regina fazia. — Eu quase quebro o seu braço. Já disse para você me deixar em paz.

— Eu só quero conversar — a morena conseguiu soltar o seu pedido abafado, ainda se recuperando do choque do seu corpo contra o carro. — Pode me revistar antes, se quiser.

Emma pareceu considerar a súplica da mais velha, porque realmente as suas reações e falas pareciam sinceras e desesperadas desde o salão de reuniões. Cuidadosamente, a loira soltou o agarre no braço da estranha, mas a manteve contra o fusca e começou a revistá-la por cima.

Ela achou muito curioso o fato que a estranha parecia bem cuidada e, mesmo vestida de forma bem simples, ainda era uma roupa confortável para uma noite amena de verão. O rosto e o cabelo impecáveis, nitidamente macios de qualquer ângulo. O corpo físico não ficava de fora, era alguém que praticava alguma atividade física com regularidade, não tanto quanto ela mesma, é claro. Uma luta com essa mulher seria uma luta boa, ela venceria, com certeza, mas a morena a daria um certo cansaço.

Ela desceu dos braços quentes e lisos de Regina para o seu tronco, apalpando toda a blusa branca em busca de alguma coisa, evitando os seios da mulher. Percebeu a cintura fina dela, o que a causou certa distração, mas ela voltou ao seu foco e desceu rapidamente as mãos pelas pernas dela, procurando algo na calça preta e achando apenas uma chave e a sua carteira. Apesar dela estar usando um tênis preto bem simples, Emma notou pelo seu calcanhar que essa mulher, ou já usara muito salto alto na vida, ou subiu muitos morros e ladeiras.

Seu primeiro palpite era que poderia ser uma secretária ou uma advogada que trabalhava para os seus pais biológicos, mas a roupa que vestia não dizia isso. Não tinha idade nem para ser sua tia, visto que elas tinham apenas dois anos de diferença. Talvez uma prima, se forçasse muito, porque irmã, pelo menos de sangue, não era. Elas não tinham nenhum traço físico parecido.

Percebendo que a mulher realmente não carregava nada de suspeito, a virou. Quem foi pega de surpresa agora foi a loira, ela esperava tudo, menos encontrar a mulher agora na sua frente chorando silenciosamente.

Regina se encostou no carro e se permitiu chorar abertamente, um choro tão agonizante que Emma ficou sem saber o que fazer. Ela parecia completamente destruída e com um ar de cansaço. A crise da morena só piorava e ela começou a soluçar, fazendo leves barulhos de dor e dando pequenas respiradas fortes para puxar um pouco de ar. Era um tipo de choro que, talvez, por experiência, Emma já poderia imaginar a dor de cabeça que Regina estava provavelmente sentindo.

— Calma — a loira conseguiu falar, tendo sido deslocada momentaneamente pela crise dela. — Eu te machuquei ou alguma coisa?

A morena apenas negou com a cabeça, se encostando ainda mais no carro por apoio. Seus lábios formando um leve bico enquanto suas lágrimas caiam. Ela apenas soube perguntar:

— Posso pedir um abraço?

Emma olhou de um lado para o outro na esquina, preocupada em como aquela cena poderia estar sendo vista ou para tentar achar qualquer coisa que fizesse sentido naquele momento, mas a rua estava completamente vazia, sem ninguém e sem qualquer explicação.

Ela voltou a olhar para a mulher devastada na sua frente, cogitou contá-la que não era uma pessoa que gostava muito de abraçar e que tudo aquilo estava bem esquisito, mas resolveu poupar saliva até Regina se recuperar. 

Foi pensando em simplesmente dar um abraço raso e rápido, com no máximo dois tapinhas nas costas, que Emma abriu os seus braços e foi em direção a mulher. No entanto, foi quase um choque assim que seu corpo se juntou com o dela. Swan se perguntou por dois segundos se deixou passar alguma arma de choque enquanto revistava a mulher, mas seu pensamento logo foi afastado por uma névoa boa e calorosa assim que o seu abraço se encaixou completamente no de Regina.

Era alguma coisa na maciez que sentia no colo e nos braços dela, era um abraço aconchegante e todas as partes da mulher se encaixavam perfeitamente nas suas. O rosto dela deitava milimetricamente perfeito no seu pescoço, a bochecha dela bem na parte fofa e alta do seu ombro, os braços quentes e firmes a rodeavam tão bem e os seus próprios braços conseguiam rodear e agarrar cada lado da cintura fina da morena.

Foi algo tão acolhedor e certo, que o corpo de Emma instintivamente se permitiu relaxar e afundar no dela. Sua mente ficou em um branco total, ela não conseguia pensar, só sentir. E ela sentia algo tão familiar, parecia que ela tinha voltado a um lugar calmo, um lugar leve. As pequenas respiradas quentes de Regina contra o seu pescoço foi a trazendo de volta para a realidade.

— Eu senti tanto a sua falta e a do seu toque. 

Finalmente, a voz fina e ainda emocionada da morena a acordou totalmente e, assim que ela processou a sua fala, Emma deu um pulo para fora do abraço.

— E-eu nunca te vi antes na minha vida. — A loira parecia mais nervosa do que antes, não só pelo o que Regina quis insinuar, mas também porque foi muito fácil se perder no abraço da mulher.

— Eu sei que você não vai entender nada agora. — As lágrimas de Regina finalmente cessaram graças ao seu desespero subindo. — Mas eu juro que posso fazer você entender, se você me permitir.

— Entender o quê, Regina? — Emma perguntou mais alto agora, dando dois passos para longe da estranha.

— Eu sei de onde você veio. — Regina tentou chegar mais perto dela com as mãos erguidas, tentando acalmá-la. — Eu tenho todas as respostas: como você não tem ninguém nesse mundo, como você chegou sozinha aqui ou, como talvez, possa ter coisas estranhas que você carrega dentro de você que gostaria de entender ou saber de onde vem.

A loira começou a soltar pequenas risadas de nervoso, negando com a cabeça, completamente desacreditada de tudo.

— Eu posso chamar a polícia se você não me deixar em paz. — Emma apontou para o lado, insinuando querer que Regina saísse do caminho entre ela e o seu carro. — Isso é uma piada muito sem graça, seja quem foi quem te mandou ou se você quis se divertir sozinha, escolheu a pessoa errada para perturbar.

Regina se viu desesperada ao perceber Emma passando pelo seu lado, correndo em direção ao carro amarelo. No momento de pura crise ela soltou a única coisa que poderia ter ao seu favor:

— Sunastreō!

A mão da loira congelou na maçaneta do carro. Seus músculos tensionaram de uma forma que até o seu pulmão se contraiu pela força do impacto de medo e de surpresa que todo o seu corpo tivera. Sua garganta fechou severamente, ela não conseguia sequer respirar se quisesse.

A demora matava Regina lentamente, enquanto Emma ainda estava congelada, Regina nunca sentira o seu coração bater tão forte no peito, ela sentia suas costas e testa suando só de puro nervoso. Se aproveitando da pausa da loira na fuga, ela completou:

— Nascidas sob a mesma estrela. Eu e você.

Emma finalmente soltou a maçaneta e se virou devagar. Sua expressão agora dura e cuidadosa enquanto passou a encarar a morena. — Como você sabe disso? — Emma aumentou um pouco a sua voz. — Como você conhece sunastreō?!

O tom de voz alto e forte da mais nova fez Regina estremecer no lugar. Foi a vez dela de dar dois passos para trás.

— Eu sei porque fui eu quem te falou sobre isso. Eu fiz dele a nossa marca, o significado mais profundo que eu pensei que poderia descrever a gente. Conectadas sempre, em qualquer mundo, porque nascemos sob a mesma estrela. Sunastreō.

Emma a olhava assustada, não sabia o que pensar, sentia a sua cabeça doendo um pouco. Queria rir, queria gargalhar na cara dessa estranha e dessas bobagens, mas não conseguia. Queria apenas negar com a cabeça e sair de lá não dando a mínima. Mas não era uma conversa fácil de se ignorar, Regina não era uma pessoa fácil de se ignorar, ainda mais com o seu dom apenas enxergando sinceridade em tudo que a mulher fez até agora. Desespero realmente se formou dentro dela quando ouviu a mulher citar essa palavra misteriosa em específico.

A loira ainda tentava dar curtas e rápidas respiradas quando Regina percebeu uma coisa. — E como você sabe de sunastreō? Se não se lembra de mim e da nossa vida antiga.

Emma piscou os olhos, ela só conseguia olhar para cima, tentando puxar mais ar para o seu pulmão e pedindo uma pausa de tudo aquilo para si mesma. Ela só puxou um pouco da manga longa da sua jaqueta para mostrar o seu pulso direito, ainda olhando para cima, nem ela mesma querendo encarar a situação.

Dessa vez, Regina chegou mais perto para olhar o pulso da loira. Ela não conteve as lágrimas que ousaram cair novamente assim que viu o que estava marcado na pele dela, não só permanentemente nessa vida, como em várias, pelo visto.

— Eu não me recordo de ninguém fazendo isso em mim ou de ter feito eu mesma. As mais antigas funcionárias do orfanato disseram que eu já cheguei lá com isso.

Dando mais um passo para perto da mais nova, Regina segurou o seu pulso, fazendo Emma soltar um suspiro trêmulo na mesma hora, mas ainda sem se afastar ou conseguir olhar para baixo.

— Então, isso permaneceu com você — a voz de Regina saiu mais esperançosa. — Eu sei porque você não se lembra como conseguiu isso. Fui eu quem fiz, tatuei em você na nossa última noite juntas, no nosso mundo, o Nepenthe.

A morena soltou o pulso dela e segurou calmamente o seu queixo, trazendo a visão da loira para baixo e mostrar o seu próprio pulso.

— Assim como você fez em mim.

Foi o que precisou para a cabeça da loira começar a girar. No pulso da completa estranha estava a mesma tatuagem, contudo, com a sua escrita nela. Emma já escrevera essa palavra grega algumas vezes, era a única que sabia, graças a sua tatuagem. Não sabia o que significava, mas sempre que a pesquisava na internet com o alfabeto grego, aparecia algo como “nascer sob a mesma estrela”. Ela não podia ter certeza que quem escrevera a palavra grega no seu pulso fora a morena, porém, definitivamente, era a sua letra no pulso de Regina com a mesma palavra.

Ela finalmente se afastou de Regina e chegou mais perto do seu carro e, dessa vez, virou a maçaneta com força.

— Isso não faz sentido nenhum. Por favor, pelo seu próprio bem, não me procure mais — disse rapidamente e entrou no carro. Não demorou muito e o ligou, apertando o acelerador e saindo dali, deixando apenas fumaça sobre Regina.

__

MUNDO NEPENTHE

2 meses atrás

A risada de Emma se misturava com o barulho das ondas do mar e divertia a sua esposa. Regina tentava se concentrar, mas não conseguia com os movimentos erráticos da sua mulher e, ainda mais, com ela mesma sorrindo pela diversão da loira. Fazia tempo que elas não sentiam a mais pura felicidade e sensação de liberdade que nem hoje.

— Emma, fica quieta ou eu não vou conseguir fazer isso — Regina a alertou rindo, os músculos do rosto já doendo de tanto sorrir enquanto ela se concentrava em marcar o pulso da loira, iluminado apenas pelas duas luas no céu estrelado de Nepenthe.

A mais nova apenas caiu em uma nova gargalhada assim que o sorriso de Regina se misturou com as cócegas no seu pulso. — Regina, não dá — ela caiu em outra gargalhada. — Isso faz muitas cócegas.

— Isso deveria era doer, Emma — a feiticeira respondeu, tentando se concentrar. Ela engoliu a risada e a sua língua saiu um pouco para fora, entre os seus lábios, em concentração pelo o que fazia no pulso dela.

Emma percebeu a tentativa de concentração da sua mulher e, não conseguindo se conter, se inclinou e deu um beijo rápido em Regina. No entanto, a mais velha se afastou, retirando a sua mão do pulso da loira com medo de errar a palavra pelo movimento abrupto da mulher. O desequilíbrio fez ela cair na areia da praia e não na toalha delas.

A risada da loira soou alto pela orla por conta da queda da morena, ela aproveitou e, antes que Regina conseguisse se levantar, montou em cima dela. Subindo seu vestido branco para passar cada perna do lado da cintura da sua esposa, Emma sentou no seu colo e aproximou o seu rosto do rosto claramente irritado da feiticeira.

— Meu cabelo deve estar cheio de areia agora, Emma. Isso não tem graça! — Regina tentou levantar as suas duas mãos para empurrar a loira de cima dela, mas Emma foi mais rápida e agarrou os pulsos da morena no ar e os imprensou contra a areia.

— Ninguém mandou você se afastar tão desesperadamente de um beijo meu — respondeu, fazendo um biquinho.

Ela levantou os dois braços de Regina para ficarem acima da cabeça dela e segurou os dois pulsos com uma mão. Querendo enxergar mais do olhar profundo da sua esposa, Emma levou a sua mão livre para tirar alguns fios negros do rosto dela.

— Não era para você me desconcentrar — Regina se defendeu baixo, sua voz saindo fraca graças à nova posição. — Quase borrei a última letra.

— Eu deixo você finalizar daqui a pouco, meu amor — disse, agora alisando o rosto macio da morena. — Eu preciso muito fazer uma coisa antes.

Emma se inclinou e capturou os lábios da sua mulher com os seus, a beijando delicadamente. Regina logo se afundou ainda mais na areia da praia, seu corpo relaxando com o beijo sutil e lento da loira. Era apenas fácil demais se submeter à energia e ao carinho de Emma.

Sorrindo em meio ao beijo, a loira soltou os pulsos da feiticeira para segurar o seu rosto. Regina, então, esticou os braços e a abraçou, querendo trazer o corpo dela mais contra o seu.

Não demorou muito e a morena passou a sua língua pelo lábio inferior da sua mulher, pedindo passagem. Elas aprofundaram o beijo e nenhuma das duas sabiam quanto tempo ficaram ali, apenas sentindo uma à outra e ouvindo o barulho das ondas do mar, em meio a uma calma maresia.

— Eu te amo — Emma falou ainda com os lábios colados nos de Regina. — transcendentemente.

A morena riu pelo advérbio escolhido. — Sim, o nosso amor ultrapassa qualquer tempo e espaço, meu bem. — Foi a vez dela de fazer um carinho no cabelo loiro que caía na frente do ombro da mulher e pousava no seu peito. — Deixa eu marcar você agora com o nosso sunastreō.

— Eu acho que eu não quero mais sair dessa posição ou de perto de você nunca mais.

Assim que Emma confessou, elas ouviram um barulho no mato do morro perto da orla, no caminho da descida entre o pequeno castelo e o mar. As duas viraram o rosto para o morro no mesmo momento, seus sentidos de alerta nunca as deixando, mesmo em um momento calmo.

— Você ouviu isso? — Regina perguntou, ficando levemente assustada.

— Sim. — Emma assentiu e saiu de cima da sua esposa para ajudá-la a sentar. — Mas não deve ter sido nada de mais.

Regina aproveitou para limpar um pouco o seu cabelo e pegar de volta o palito com a tinta preta enquanto Emma encarava todo o morro, tentando achar algo ali.

— Venha, me dê o seu braço — Regina solicitou e puxou o pulso da loira enquanto ela ficava em alerta para qualquer movimento ao redor delas.

Foi quando a feiticeira utilizou mágica para voltar a riscar a sua pele que a sua atenção voltou para a morena. — Ok, agora está doendo.

— Estou na última letra — Regina avisou, colocando a língua para fora em concentração novamente. A dor da loira logo passou pelo ato adorável, mas, dessa vez, ela deixou com que a morena terminasse de marcá-la.

— Pronto. — A feiticeira finalizou e colocou o seu braço do lado do braço da sua esposa para comparar as suas marcas. — Mais forte e mais poderoso do que quaisquer alianças.

— Sua letra ficou mais bonita que a minha – Emma notou com um tom triste.

— Não importa, eu não trocaria essa marca ou a sua escrita na minha pele por nada. – Regina colocou a tinta de lado e segurou o rosto dela. — Porque é a sua letra.

— Eu te amo – Emma se inclinou e roçou o seu nariz com o da sua esposa.

— Eu também te amo – a morena respondeu, colando as suas testas. — Transcendentemente.


Notas Finais


Espero de coração que já estejam gostando.

E me digam o que acham!


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