Vistes os filetes escarlate escorrerem. Nem mesmo o Mar Vermelho foi algum dia tão vermelho quanto aquele que se via no chão daquele pequeno lugar revestido de porcelanato branco. O tom avermelhado era a única cor viva naquele local. A única coisa viva naquele local, pois a medida que a fenda aumentava, a vida se esvaia. Se esvaia como Apolo levando o sol no final da tarde, trazendo o frio da noite de Ártemis. Se esvaia como a última lágrima caída. Se esvaia como o final de uma música. Se esvaia em câmera lenta.
O acalentar do momento fazia o sofrimento ficar longe ou apenas tardio.
Não sabia-se se aquele branco era o paraíso ou ainda o banheiro de seu quarto.
Não sabia-se se o brilho era do paraíso ou apenas a luz ainda acesa do banheiro de seu quarto.
Não sabia-se se os sons eram as Musas cantando doces melodias sobre heróis ou de alguém batendo freneticamente a porta de seu quarto.
Não sabia-se se aquela sensação era prazerosa ou angustiante. Não sabia se as consequências seriam boas ou ruins.
Mas sabia-se que aquele tom de vermelho era belíssimo ao seus olhos, ficava muito mais belo ao olhar do que guardado em si, agora ele estava preenchendo o chão e esvaziando seu corpo.
Sua vida havia sido o próprio Aqueronte, mas agora estava pronto para seguir ao Campos Elísios ou qualquer outro que Hades o mandasse.
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