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História The Checklist - O mestre e o aprendiz


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Oláááá, estrelinhas! Como estão todos?

O capítulo dessa cena traz muitas cenas que eu tava ansiosíssima pra compartilhar com vocês GHJDFBDFKN~ÇKÇGN~D cês não tem noção de como é difícil guardar segredos grrrrrrr

Justamente por estar ansiosa que vou falar com vocês só lá nas notas finais mesmo para que possam ler logo o capítulo. Betado pela Dulce como sempre, esse anjo iluminado! Boa leitura, lindos, e até lá embaixo~! <3

Capítulo 9 - O mestre e o aprendiz


THE CHECKLIST

Capítulo nove – O mestre e o aprendiz

 

A sexta-feira trouxe paz a Chanyeol porque Byun Baekhyun estava de volta ao colégio.

 

Depois de uma semana ausente devido à intoxicação alimentar que sofreu – Baekhyun não pôde recusar ir ao médico quando não conseguia comer nada sem acabar vomitando – o capitão do time estava de volta a seu lugar de origem e pronto para colocar tudo de volta aos eixos. Estava sabendo a respeito dos burburinhos que sua ausência gerou e não imaginava que as pessoas reagiriam dessa forma.

 

Estava acostumado a ser idolatrado e que todos o amassem, mas não que sentissem sua falta ao nível em que não falavam a respeito de outra coisa que não fosse ele. No máximo, esperava que seus amigos e pessoas mais próximas sentissem a sua falta, e os demais questionassem o motivo do time de vôlei não estar treinando para os jogos que viriam em breve no campeonato estadual.

 

Precisava admitir que era até bom sentir que as pessoas gostavam de si dessa forma.

 

Contudo, sabia também que houve o lado ruim de sua ausência através do que seus amigos lhe contaram. Não gostou nem um pouco de saber como Chanyeol foi acuado por Wendy e suas amigas, e como foi acusado por ser o causador de sua ausência quando nenhuma delas tinha ciência de nada do que estava acontecendo. Sabia que podiam ter a melhor das intenções e estarem preocupadas consigo, mas isso não justificava em nada ameaçar um aluno até então inocente.

 

Perguntou-se porque Chanyeol não lhe dissera nada nos últimos dias quando foi visitá-lo; o Park parecia ser do tipo de pessoa que guarda tudo de ruim que acontece consigo e que não costumava partilhar com ninguém, ainda mais que estavam no início daquela relação estranha de conquista. Ainda assim, ciente de que tinha motivado o tratamento que o mais novo recebeu, Baekhyun não podia deixar de se sentir culpado.

 

Fora Chanyeol quem lhe levou as tarefas que precisava fazer em sua casa – depois de uma mensagem gigante questionando-lhe se era permitido que retornasse à sua casa sem estar sendo convidado e uma gama de desculpas por estar sendo intrusivo; Baekhyun só conseguia achá-lo adorável – e preocupou-se em mantê-lo informado sobre tudo o que estava acontecendo, mas não lhe disse nem uma palavra a respeito de como estava sendo para ele.

 

Não queria que Chanyeol sentisse que não podia confiar em si para lhe contar algumas coisas, e queria que o Park percebesse que estava disposto a ajudá-lo. Ele era mais do que só mais uma pessoa disposta a cumprir a sua lista, porque o capitão sentia que o Park podia ser muito melhor do que era se tivesse o empurrãozinho certo, e estava disposto a tentar isso por ele.

 

Só precisava fazer com que Chanyeol confiasse um pouquinho mais em si.

 

Uma vez de volta ao colégio, a primeira coisa que Baekhyun queria fazer era procurar pelo nerd e agradecer pela ajuda ao se dispor em levar os materiais até sua casa e lhe explicar tudo o que havia perdido. Seus amigos não se preocuparam em fazer isso – talvez porque sabiam que Chanyeol o faria ou queriam que o Park tivesse a oportunidade de fazer – e só serviam para atualizá-lo a respeito das fofocas que corriam.

 

O problema é que é difícil ser o garoto mais popular do colégio e querer andar livremente pelos corredores depois de uma semana ausente.

 

Sorriu e agradeceu por todos os cumprimentos e desejos de melhora, sendo tão simpático quanto sempre fora com todos seus colegas. Contudo, era nítido em seus olhos a pressa que possuía em encontrar alguém, mesmo que as pessoas não notassem por estarem muito ocupadas bajulando-o. Gostava muito da atenção que tinha, mas no momento só queria desvencilhar-se de todos e encontrar seu nerd.

 

Não havia sinal de Chanyeol e perguntou-se se não estaria muito cedo para que o rapaz tivesse chegado. Sabia que o Park costumava se atrasar e correr direto para o clube de literatura onde seus amigos já estavam e quem sabe lá fosse um bom lugar para começar a procurá-lo. Baekhyun deu tchau aos colegas que estavam ao seu redor, pronto para procurar pelo mais novo em seu habitat natural, mas fora interrompido mais uma vez.

 

Wendy estava parada à sua frente, sorridente como sempre era consigo.

 

Baekhyun gostava da líder de torcida. Wendy era animada e sabia fazer com que qualquer um acompanhasse seu ritmo e, às vezes, quando estavam muito desanimados em algum jogo pensando que não havia retorno, era ela a primeira a levantar o coro para trazer-lhes força novamente para continuar. Não tinha nada contra Seungwan e podia arriscar dizer que fora uma das tentativas de cumprir sua lista que mais o divertiu.

 

Agora Baekhyun começava a repensar se a Son era assim com todos ou exclusivamente com ele por querer conquistá-lo; a forma como agiu com Chanyeol não saía de sua cabeça.

 

“Baekhyun!”, Wendy o cumprimentou, aproximando-se do rapaz. Estava sozinha dessa vez e Baekhyun podia lhe dar total atenção. “Que bom vê-lo! Você ficou ausente a semana toda e não tem ideia de como esse lugar é morto sem você.”

 

“Olá, Wendy”, Baekhyun a cumprimentou sendo educado. Não retribuiu ao abraço que a garota lhe deu, mas afastou-a com gentileza quando o contato se prolongou por tempo demais. “Estive doente por alguns dias, mas estou muito bem agora, obrigado pela preocupação.”


“Nós ficamos sabendo!”, Wendy o respondeu. “Ficamos muito preocupados com você. Está mesmo melhor agora? Eu sabia que envolver-se com aquele nerd idiota ia te fazer mal, docinho, olha só. Ele mal chegou perto de você e você já adoeceu.”

 

“Chanyeol não tem nada a ver com o fato de que estive doente e eu gostaria que não o chamasse dessa forma porque você não é melhor do que ele”, Baekhyun a repreendeu. Wendy não lhe respondeu; o Byun tinha uma forma própria de repreender alguém e soar gentil da mesma forma. “Fiquei sabendo de algumas coisas que você fez e devo dizer que estou muito decepcionado.”

 

Wendy não esperava que isso chegasse aos ouvidos de Baekhyun. “Eu estava preocupada com você, docinho, pensei na pessoa mais óbvia a ter contribuído para a sua ausência”, justificou-se.

 

“Eu gostaria que você pedisse desculpas a ele, Seungwan”, Baekhyun solicitou. Não costumava usar o nome verdadeiro da garota e Wendy soube que era sério nesse momento. “Não gosto da forma como o tratou porque é muito diferente do que vi de você até hoje em todos esses anos. Me faz questionar quem é a Son Seungwan de verdade.”

 

Wendy reprimiu o resmungo em sua garganta porque humilhar-se ao ponto de pedir desculpas a Park Chanyeol era a última coisa que gostaria de fazer, mas também não queria que Baekhyun ficasse zangado consigo. Sabia que isso era uma possibilidade muito alta, uma vez que o próprio Byun estava solicitando que se desculpasse.

 

Engolindo as reclamações para si mesma, Wendy sorriu para o capitão. “Tudo bem, eu errei, sei reconhecer isso”, disse. “Quando eu o ver, pedirei desculpas.”

 

Baekhyun sorriu, encerrando a conversa entre os dois e voltando a fazer seu caminho em direção ao clube de literatura. Entretanto, seus passos foram mais uma vez interrompidos, porém por um motivo bom. Chanyeol estava ofegante parado no início do corredor, parecendo procurar pelo oxigênio antes de voltar a correr até o clube onde os amigos estavam.

 

Baekhyun sorriu de imediato ao vê-lo. Céus, Chanyeol conseguia ser tão fofo sem nem ao menos tentar.

 

O caminho para o clube de literatura passava por onde o capitão estava, então não se preocupou em caminhar até ele porque sabia que Chanyeol o veria em algum momento. Parou no meio do corredor, os demais alunos murmurando entre si o que aconteceria em seguida porque também tinham notado Chanyeol voltando a correr pelo corredor. Wendy permaneceu onde estava, desgostosa enquanto olhava o nerd se aproximando.


“Vai continuar correndo e nem me dar as boas-vindas?”, Baekhyun perguntou quando Chanyeol passou ao seu lado. “Estou magoado.”

 

Chanyeol freou seus passos, olhando para trás e percebendo a presença de Baekhyun. Imaginou que o capitão só retornaria após o fim de semana e fora uma surpreso vê-lo ali, sorrindo em sua direção, do jeito sacana que já estava se acostumando a ver. Respirou fundo mais uma vez, recuperando seu oxigênio e voltou até onde o Byun estava.


“Achei que voltaria só na segunda-feira”, justificou-se. “Bem-vindo de volta, capitão.”

 

“É bom estar de volta”, Baekhyun sorriu. “Fiquei sabendo que algumas pessoas sentiram a minha falta por aqui e é sempre bom dar as caras de vez em quando, não é?”

 

“É impressão minha ou vai usar sua semana doente como uma forma de aumentar o seu ego?”, Chanyeol brincou. Passar várias tardes ao lado de Baekhyun nos últimos dias contribuiu em muito para deixá-lo mais solto e confortável o suficiente para fazer uma brincadeira ou outra com o mais velho.

 

“Um homem usa as armas que tem, não é esse o ditado?”, Baekhyun respondeu com uma piscadela. “Obrigado por ter me ajudado nesses dias que fiquei fora, foi muito gentil da sua parte em me levar as anotações e os trabalhos que deveria fazer. A última coisa que quero na reta final do ensino médio é bombar alguma matéria.”

 

“Como se os professores realmente fossem bombar você”, Chanyeol rolou os olhos, “mas não foi nada. Foi divertido estar com você nesses dias, então... Acho que eu quem saí ganhando.”

 

Baekhyun lhe dirigiu seu sorriso favorito – aquele que comprimia seus olhos, que expunha todos seus dentes perfeitinhos e o fazia reluzir como o próprio sol – e Chanyeol não pôde deixar de devolver o sorriso, ainda que de forma tímida. Todos os alunos ainda estavam olhando para os dois no meio do corredor, e tornou-se consciente disso de forma muito abrupta.

 

Estar com Baekhyun era confortável porque não havia nada que o Byun não soubesse melhorar, mas estar em público e com Baekhyun ainda era algo que Chanyeol precisava melhorar.

 

“Queria lhe dar algo em agradecimento”, Baekhyun lhe confidenciou, encerrando a distância entre os dois com poucos passos.

 

Chanyeol sequer teve tempo para questionar-lhe o que era ou para dizer que não precisava. Baekhyun ergueu-se um pouquinho para alcançar o rosto do mais novo e selou os lábios de Chanyeol, em um selinho prolongado e provocativo. Não havia nada demais naquele gesto, mas o Park sentia como se seu coração estivesse pronto para correr uma maratona.

 

Baekhyun praticamente o beijou na frente de todos no colégio. Era diferente do selinho que ganhou em sua cama, era diferente do abraço trocado dentro do shopping, era diferente de tudo o que tinha acontecido até então. Todos estavam de prova do que acontecera e agora a notícia se espalharia como fogo, sem que Chanyeol pudesse ter controle sobre isso.

 

Mas Chanyeol não se importava porque Baekhyun sorriu mais uma vez ao se afastar e acenou em despedida, alegando que precisava passar na secretaria antes de ir para sua primeira aula. Chanyeol o assistiu sumir no corredor e, aos poucos, a maioria dos alunos também tomou seu próprio rumo para suas respectivas aulas, o que o Park também deveria fazer.

 

Pela visão periférica que tinha, percebeu que uma das poucas pessoas que restou olhando-o era Wendy, e que o olhar da garota não trazia nada além de animosidade. Contudo, dessa vez não sentira medo. Baekhyun estava de volta e o beijou de uma forma diferente do que já haviam feito, e nem mesmo Wendy poderia estragar a forma como Chanyeol estava se sentindo no momento, mesmo que ele próprio não entendesse o que era.

 

Deixou o corredor para trás, caminhando em direção ao clube de literatura onde os amigos estavam só para que fossem para a aula juntos – tinham química no primeiro horário e era a única aula que todos estavam juntos. O sorriso não abandonou seu rosto em nenhum momento e sabia que teria muito a explicar aos amigos, mas tudo bem.

 

Porque Baekhyun estava de volta.

 

. . .

 

Jongin não estava no clube de literatura.

 

Avisou aos amigos sobre não estar com paciência necessária para as discussões matinais entre os amigos e todos entenderam bem. Sabiam que, apesar de Jongin não rotineiramente estar dessa forma, o mais novo entre os gêmeos precisava de momentos sozinho para que conseguisse reconstruir seu humor e sentir-se bem novamente.

 

O Jongin de verdade era sempre alegre e disposto a irritar Minseok até o seu último fio de cabelo, a bater boca com Seulgi até que a garota também perdesse a paciência e a evitar irritar Sooyoung porque era a única do grupinho com quem ele não conseguia brigar. Jongin era o lado rebelde dos gêmeos, era o lado que gostava de provocar e não era esse o Jongin que estavam vendo desde o último domingo.

 

As palavras de seu irmão lhe deram muito para pensar e o garoto precisava tomar seu próprio tempo para achar as respostas certas.

 

Minseok não tinha a menor ideia do quanto lhe confundiu ao dizer que talvez sentisse algo por Sehun e, por isso, sentiu-se tão impactado com a ideia de que o atleta estivesse brincando consigo. Ele tinha razão sobre algo: se fosse qualquer outra pessoa, ambos já estariam planejando a vingança dos gêmeos e todos sabiam que seus planos não falhavam. Contudo, como fora Sehun, Jongin só conseguiu sentir-se triste.

 

O fato de estar infeliz apenas porque era o atleta e não esperava aquilo dele naquele momento – apesar de ter dito a si mesmo, durante todos os meses em que Sehun investiu sobre ele, que o Oh não merecia sua atenção por ser um conquistador barato – lhe fez pensar nos motivos para que isso tivesse acontecido. E, sinceramente, Jongin não gostava de nenhuma das possibilidades.

 

A que mais lhe tirava o sono era, obviamente, a de seu irmão.

 

Poderia mesmo estar gostando de Sehun sem que tivesse percebido? Como poderia não ter notado seus próprios sentimentos mudando sobre o Oh? Em que momento isso teria acontecido, qual foi o episódio que desencadeou essa mudança, como ocorreu, por quê? Jongin não tinha nenhuma das respostas e isso estava o atormentando.

 

Além do mais, aliava-se ao fato de que Sehun não parara de procurá-lo para conversar consigo e tentar explicar seus atos. Jongin não queria ouvi-lo porque tinha certeza de que qualquer coisa que o mais novo lhe dissesse seria suficiente para fazê-lo se confundir ainda mais do que estava e não era isso o que buscava. Poderia ouvir Sehun o quanto ele quisesse falar – quando sentisse que estava bem para isso.

 

O problema estava no fato de que cinco dias se passaram e Jongin ainda não estava perto da resposta.

 

Em partes, sabia que era a sua recusa em aceitar aquela probabilidade como uma resposta definitiva que estava atrasando seu processo. Estava tentando encontrar outras saídas, outras soluções que o afastassem daquilo que significaria um problema maior. Talvez só estivesse chateado por ter tido sua segurança quebrada após um voto de confiança; talvez só estivesse triste porque não gostava que lhe passassem a perna só porque era o “gêmeo bom”; talvez estivesse magoado porque Sehun mentira em sua cara ao dizer um motivo e agir por outro.

 

Talvez.

 

A verdade é que admitir que podia estar nutrindo qualquer sentimento pelo Oh implicava em aceitar que muitos problemas viriam pela frente. Como confiaria em Sehun? Mesmo que se apaixonasse por ele, mesmo que seu coração estivesse inclinado ao atleta, como faria sua cabeça entender que podia confiar nele depois de anos de desconfiança?

 

Jongin não queria essas dores de cabeça. O que fizera de mal ao mundo para merecê-las?

 

Arrependeu-se de todos os momentos em que não fora mais incisivo ao recusar as investidas do mais novo e até os momentos em que se divertiu vendo-o tentar alguma cantada mais criativa, mesmo que fosse recusá-lo em seguida. Isso talvez tenha soado como um convite para que ele continuasse – e Jongin nunca tentou pará-lo de fato – e agora estava preso a um problema que nem queria ter.

 

Esse era o mal de ter um bom coração. Às vezes, ele sofre por consequência e Jongin não gostava nada da sensação.

 

Olhou para seu celular, percebendo que estava quase na hora de começar sua primeira aula e de que deveria caminhar até sua sala, mas não tinha a menor vontade de assistir a um tempo de Química logo no início da manhã. Sua cabeça estava a mil com outros problemas e nenhuma fórmula química seria compreendida naquele estado – como se fosse fácil entendê-las quando estava disposto a isso.

 

Ao dar meia volta para caminhar, resignado, até sua sala – Minseok o mataria se matasse aula sem lhe informar – percebeu que não estava sozinho naquele corredor.

 

Sehun não disse nada no primeiro momento, apenas continuou encarando-o em silêncio absoluto e Jongin sentiu como se estivesse sendo analisado. A sensação era incômoda porque a expressão de seriedade no rosto de Sehun era diferente de tudo o que estava acostumado a ver. O mais novo era alegre, extrovertido e tinha um constante sorriso de canto nos lábios.

 

Naquela semana, também vira o olhar culpado e melancólico em seu rosto, mas não estava mais presente. A seriedade que ocupava seu rosto começava a preocupá-lo.

 

Estava disposto a ignorar sua presença uma vez que nada foi dito e passar reto por sua figura, mas Sehun o parou quando estavam lado a lado. O toque da mão gelada do mais novo em sua palma quente o sobressaltou, fazendo-o olhar em sua direção e questionar o que era aquilo. Sehun continuou olhando para frente sem lhe devolver o olhar, como se pensasse no que dizer.

 

“Quero que seja sincero comigo, Jongin”, Sehun pediu. Sua voz estava mansa e não parecia disposto a criar conflitos. “Por que você ainda está me ignorando? Por que não me dá nem ao menos a chance de explicar o que aconteceu e foge como se eu fosse o próprio diabo?”

 

“Eu já disse a você que não quero conversar sobre isso, Sehun”, Jongin respondeu. “Eu pensei que você tinha entendido das últimas vinte vezes que eu disse.”

 

“Eu tentei entender, de verdade”, Sehun respondeu. “Eu entendi porque você estava triste, eu entendi porque se sentiu magoado e eu não tiro o direito de que se sinta dessa forma. Mas eu também acho que mereço a chance de lhe explicar porque está errado.”

 

Jongin controlou o suspiro em sua garganta; discutir com Sehun naquele momento era perigoso. Era conhecido por deixar escapar informações que não eram para ser lançadas sem querer quando se sentia sonolento ou cansado e, naquele momento, Jongin estava muito cansado.

 

“Eu só preciso de um tempo, tudo bem, Sehun?”, Jongin pediu. “Um tempo para mim, para que eu pense sobre o que aconteceu sem que você esteja por perto sempre. Eu quero acreditar que você não é a imagem que eu tenho, mas eu não tive nenhum motivo para isso até agora.”


“Então deixa que eu mostre!”, Sehun propôs. “Deixe que eu te mostre que estou falando sério, que não vou brincar com você, que os meus sentimentos são de verdade. Eu te dou o tempo que você quiser, Jongin, eu só preciso que você me dê essa chance.”

 

Jongin analisou a proposta à sua frente. Da última vez em que aceitou algo vindo de Sehun acabou sendo o único a se dar mal ao permitir-se conversar mais do que o usual com o atleta, e chegaram ao ponto em que estavam agora. Se lhe desse uma nova chance, se Sehun entrasse em seus dias mais uma vez, o que aconteceria?

 

Conviveria com a dúvida em nunca saber se poderia ter sido algo bom ou não ou manter-se-ia seguro e distante?

 

Sehun soltou sua mão após o momento prolongado de silêncio vindo de Jongin e um pequeno sorriso resignado surgiu em seu rosto conforme afastava-se em passos pequenos. O silêncio de Jongin significava muitas coisas e o atleta sabia que nenhuma delas trazia bons anúncios para ele. Tivera uma única chance e não sabia o que tinha em sua cabeça ao imaginar que teria outra.

 

“Sabe por que preciso de um tempo, Sehun?”, Jongin o questionou, surpreendendo-o. “Porque eu cheguei a conclusão, durante esses dias, de que talvez eu sinta algo por você e eu preciso ter certeza a respeito disso antes de dar qualquer outro passo.”

 

Uma pequena centelha de esperança atreveu-se a acender em seu peito com o que ouviu, e talvez nem tudo estivesse perdido. Se Jongin tinha suas dúvidas a respeito de seus sentimentos, então havia uma chance para que conseguissem ficar juntos.

 

“Eu vou lhe responder a respeito dessa chance em algum momento, mas eu preciso entender a mim mesmo primeiro”, Jongin disse. “E preciso fazer isso sozinho.”

 

Sehun assentiu em silêncio; entendia perfeitamente o que estava acontecendo. Só podia torcer para que Jongin chegasse a conclusão de que sentir algo por ele não era uma má ideia e de que ele poderia fazê-lo feliz, poderia fazê-lo sorrir como estava fazendo na sorveteria antes que Zitao e Yifan chegassem. Não interferiria nesse processo de Jongin, mas esperaria ansioso pelo dia em que teria uma resposta.

 

“Tudo bem”, Sehun disse. “Eu vou esperar. Me desculpe se eu o fiz se sentir mal, Jongin. A única coisa que eu sempre quis com todas as cantadas e tudo mais era fazê-lo rir um pouco e perceber que gosto de você. Desculpe se tudo saiu errado.”

 

Jongin encolheu os ombros, aceitando o pedido de desculpas sem nada dizer em retorno. Olhou mais uma vez para seu celular, percebendo o atraso em que estava se metendo, e acenou em despedida a Sehun, tomando o rumo contrário ao do atleta para sua sala de aula.

 

Agora era oficial – tinha muito o que pensar e decidir o que acontecia em seu peito todas as vezes em que ouvia sobre Sehun ou o via à sua frente, e entender o que esses sentimentos representavam. Aceitar que existiam era o primeiro passo e exteriorizá-los a Sehun foi a maneira mais fácil que encontrou de fazer a si mesmo também acreditar que estavam ali.

 

Identificá-los era agora a sua missão, e Jongin não falharia.

 

. . .

 

O pesadelo de Minseok se chamava aula de Educação Física.

 

Era um ótimo aluno em todas as matérias e o exemplo que os professores costumavam usar com seus colegas, o que explicava um pouquinho a fama que possuía de ser muito certinho e seguir à risca todas as regras. Era o estudante modelo que todos detestavam e que o colégio amava exibir, e até que se orgulhava disso.

 

Mas todo mundo possui um calcanhar de Aquiles e o de Minseok eram as aulas de Educação Física.

 

Não tinha condicionamento físico algum, não tinha problema em admitir isso; não gostava de esportes, não gostava de ser forçado a participar de qualquer um deles e, quando era obrigado, fazia o possível para ser expulso da quadra o mais rápido possível, só para que se livrasse daquilo. Era sempre o primeiro a ser queimado quando jogavam queimada e não havia um colega seu que não soubesse os motivos.

 

Sabia o quanto desapontava seu professor, mas o que podia fazer? Detestava ter que ficar correndo de um lado para o outro sem motivo algum e não queria ser obrigado a isso. Já se exercitava o suficiente vindo até o colégio ou quando andava de bicicleta para encontrar seus amigos. Não tinha motivos para se esforçar além disso.

 

Porém, o professor, que também era o técnico do time de vôlei, não parecia pensar da mesma forma.

 

Insistia em todas as aulas para que Minseok participasse mais e o Kim tentava todas as suas desculpas para escapar, mas estava começando a perder seu repertório porque o professor recordava-se de cada uma delas, e o momento em que foram usadas. Não queria expor o principal motivo pelo qual fugia das aulas além daquele que já era conhecido por todos.

 

Detestava ser obrigado a participar das aulas porque aquele era, também, o ambiente de Kim Jongdae.

 

Era óbvio que aquela era a sua melhor matéria – ele era um atleta, o mínimo que se esperava é que tivesse um bom condicionamento físico e que conseguisse sustentar uma corrida vez por outra. Não queria ter que concorrer com Jongdae naquilo que sabia que era sua fraqueza, porque era dar a principal arma na mão de seu inimigo para que fosse aniquilado.

 

Tinha consciência de que seu professor não entenderia seu motivo – seus amigos não entendiam, por que o docente iria? – por isso estava evitando usar essa carta.

 

E, por evitar usá-la, era por isso que estava correndo em torno da quadra dentro do ginásio.

 

A vida não podia odiá-lo mais.

 

“E aí, Minseok”, Jongdae equiparou-se ao seu lado, correndo na sua velocidade para que ficassem ombro a ombro. “Já perdeu o fôlego?”

 

É claro que a vida podia odiá-lo mais. Como podia esperar algo diferente, certo?

 

“Não é da sua conta, Jongdae”, Minseok retrucou. “Por que não vai correr para outro lado e mostrar a todo mundo a única coisa boa que você sabe fazer, hm?”

 

“Todo mundo sabe o quanto sou bom em muito mais do que só correr”, Jongdae o provocou com um sorriso malicioso nos lábios, e Minseok controlou a vontade de rolar os olhos porque, caso tirasse os olhos do chão à sua frente, tinha certeza que ia cair. “Ver de perto o seu fracasso é muito mais interessante para mim.”

 

“Sua vida deve ser muito miserável mesmo para essa ser a sua única diversão”, Minseok desdenhou, tentando não se afetar com o fato de que estava sendo humilhante ter Jongdae controlando sua velocidade só porque Minseok não conseguia manter uma corrida. “Mas o que eu poderia esperar vindo de você, não é? Tudo em você é miserável.”

 

“Engraçado que você comente sobre isso”, Jongdae retorquiu, olhando para o longe como se estivesse pensativo, “porque é de mim que todo mundo no colégio gosta, sou eu em quem os mais novos se espelham junto com o resto do time, sou eu quem anseiam ser. Ao contrário de você, que ninguém conhece e os que conhecem não gostam nem um pouco. Quem é mesmo o miserável entre nós dois?”

 

Minseok nunca se importou com esse tipo de provocação. Sabia que a maioria das pessoas com quem estudava não ia com a sua cara porque era o queridinho dos professores e era o modelo usado de comparação para todos quando cometiam algum erro. Isso nunca o abalou antes que Jongdae usasse contra si.

 

Sabia que o Kim era aquilo que estava dizendo – apesar de um completo estúpido, a maioria dos alunos mais novos se espelhavam nos esportistas como uma tentativa de subir na hierarquia escolar e ganhar algum respeito entre seus colegas. A jaqueta usada pelos esportistas era o símbolo de respeito máximo entre os alunos, e o sonho de qualquer um que almejava um pouquinho de atenção.

 

Minseok não via motivos para que aquilo fosse tão visado, mas o que poderia fazer?

 

Ainda assim, engoliu a sensação ruim em sua garganta porque não daria motivos para que Jongdae percebesse que tinha lhe atingido. Ainda era superior àquele estúpido e provaria isso a ele, independentemente de estar saindo uma lástima em sua corrida ou não.

 

“Não me importo com o que as pessoas pensam a meu respeito”, Minseok respondeu, “ao contrário de você que vive da imagem que as pessoas construíram de ti. Quem é Kim Jongdae sem essa estúpida jaqueta? Será que é a você que admiram ou o que você usa?”

 

Jongdae estreitou os olhos em sua direção, começando a ficar irritado com aquilo. Não era suposto que Minseok lhe retrucasse. Sabia da aversão do mais velho pelas aulas de Educação Física e esperava que aquele fosse o ponto fraco que podia usar para irritá-lo a seu bel prazer só para tornar aquela aula um pouquinho mais divertida.

 

Mas é claro que o rato de biblioteca nunca lhe daria esse gostinho sem tentar retrucá-lo.

 

“Ainda assim, tenho mais relevância nesse colégio em uma semana do que você teve em anos”, Jongdae o provocou. “Quantas pessoas já se inscreveram no seu clube, hein? Duas? Um recorde, certo? Ano passado teve o grande número de ninguém.”

 

Ninguém usava o clube de literatura para afetá-lo.

 

“Antes os nossos poucos membros, mas que trazem conteúdo ao que fazemos, do que um monte de músculos inúteis como você é, Kim Jongdae!”, Minseok exclamou, empurrando-o com o ombro.

 

Jongdae não esperava a reação física e desequilibrou-se com o empurrão que recebeu; como forma de reflexo para não cair, agarrou-se a primeira coisa que viu, que coincidiu ser o braço de Minseok. Como não tinham lugar algum para se segurar, caíram ambos ao chão, com Minseok por cima do corpo de Jongdae, que reclamou assim que sentiu suas costas chocando-se contra o chão.

 

Minseok ergueu o olhar, pronto para brigar com Jongdae por ser estúpido o suficiente para puxá-lo para o chão consigo, mas as palavras morreram em sua boca quando percebeu o quanto estava perto do rosto do atleta. Jongdae abriu os olhos em seguida, seu rosto ainda contorcido em uma careta de dor, mas modificou-se para a mesma surpresa de Minseok ao perceber a curta distância em que estavam.

 

Seus lábios estavam tão próximos que temiam que qualquer tentativa de falar algo pudesse fazê-los se tocarem, e a última coisa que gostariam era de um beijo indireto com seu pior inimigo. Ainda assim, não conseguiam se levantar e quebrar o contato visual que estabeleceram porque aquilo era assinar a derrota e nenhum dos dois queria fazer isso.

 

Nenhum dos dois também queria admitir que não conseguiam quebrar o contato porque, naquela distância, havia muito mais a assimilar um do outro do que esperavam.

 

Minseok tinha marquinhas quase imperceptíveis perto de seu nariz e Jongdae contou as pintinhas visíveis em seu rosto; Jongdae tinha uma covinha que o mais velho nunca teria notado caso não estivesse tão perto de seu rosto, e havia um brilho diferente em seus olhos que não costumava notar quando o olhava a distância e nublado pelo ódio. Anotaram as pequenas particularidades do rosto um do outro em silêncio e permaneceram dessa forma, ainda com Minseok com seu corpo apoiado ao de Jongdae no chão do ginásio.

 

O momento foi quebrado pelo grito de seu professor.

 

“Minseok! Jongdae! Estão bem?”, o professor questionou à distância, libertando-os do transe em que estavam. Minseok se ergueu rapidamente, ganhando distância de Jongdae como se evitasse o próprio diabo.

 

“Está tudo bem, professor!”, Minseok respondeu. “Só nos desequilibramos e caímos, estamos bem.”

 

“Não vá se machucar, Jongdae! Temos um jogo se aproximando”, o professor o repreendeu.

 

Jongdae se ergueu também, evitando a todo custo olhar para Minseok. “Desculpe, treinador, não acontecerá de novo!”

 

O professor os deixou em paz após isso, mas ambos continuavam sem saber o que dizer um para o outro. Não havia nenhum insulto em suas mentes que pudessem usar, qualquer coisa para desestabilizar o outro – tudo que se passava em suas mentes eram as pequenas particularidades que anotaram em silêncio, e em como não conseguiam mais vê-las por estarem longes um do outro.

 

Talvez fosse melhor assim. Nunca estiveram tão próximos um do outro e o transe em que entraram, sem que conseguissem quebrar o contato, era muito mais estranho do que qualquer coisa que já tenha acontecido a ambos. As reações provocadas em seus corpos, os corações acelerados e a boca seca, não era algo que gostariam de sentir novamente tão cedo.

 

Afastaram-se em completo silêncio, em um acordo mútuo para que fingissem que aquilo nunca aconteceu.

 

. . .

 

Os alunos não tinham muitas possibilidades do que fazer quando as aulas terminavam, se fossem sinceros.

 

A maioria participava de clubes para as atividades extracurriculares que ocupavam boa parte de suas tardes. Contudo, ainda assim havia lacunas a serem preenchidas em suas semanas quando não havia reuniões para as quais comparecerem ou atividades a serem feitas. Dessa forma, mantinham-se ociosos por algumas horas.

 

Aqueles que buscavam ir mais cedo para casa adoravam esses dias de descanso garantido após uma manhã atribulada e repleta de conteúdo a ser assimilado, mas não eram a grande maioria. St. Peter High School era conhecida por ser uma escola onde os alunos amavam estar e sentiam-se queridos e seguros no local, buscando permanecer nas dependências da escola porque sempre havia alguma coisa interessante acontecendo pela qual poderiam buscar.

 

E, quase sempre, essas atividades envolviam os treinos dos times do colégio.

 

O time de futebol fora desbancado pelo time de vôlei há alguns anos e não possuíam mais o mesmo prestígio de anteriormente, mas ainda reuniam uma boa parcela de estudantes para observá-los jogando e gritando uns com os outros constantemente. O campeonato para eles estava quase no fim e os nervos estavam à flor da pele.

 

Não era o tipo de esporte que Chanyeol buscaria assistir mesmo que fosse o único disponível.

 

O vôlei, por outro lado, parecia uma opção mais segura e mais fácil de compreender porque os jogadores mantinham silêncio por boa parte da partida, provavelmente enquanto compartilhavam as táticas que usariam e combinavam suas jogadas. Era necessário que ficassem sempre em sincronia para que o bloqueio não falhasse e o ataque pudesse surgir, e o silêncio era necessário nesses momentos.

 

Era o esporte que a maioria das pessoas buscava assistir os treinos e a vibração ficava por conta de sua torcida. Não havia um jogador que não tivesse um punhado de alunos gritando por seu nome e isso sempre fazia com que os vissem sorrindo vez por outra, orgulhosos da fama que conquistaram, e esforçando-se para fazer valer os gritos que recebiam.

 

Baekhyun era, obviamente, o aluno por quem mais gritavam e era também o aluno para quem Chanyeol estava dedicando seus olhares.

 

O que tinha a esconder e para quem, afinal? Estava pensando no atleta desde o início da manhã quando recebeu o quase beijo de Baekhyun e não conseguia tirar sua cabeça das nuvens por conta desse acontecimento. Seus amigos já não suportavam ouvi-lo falar a respeito, mas Chanyeol não se importava porque poucas foram as vezes em que qualquer coisa o fez se sentir dessa forma.

 

Além do mais, amigos eram para isso. Foram eles quem o colocaram na furada que era conquistar Baekhyun por uma aposta, era no mínimo obrigação de todos eles – inclusive as garotas que nada tiveram a ver com a aposta – suportarem tudo o que tinha para falar sobre Baekhyun e seu jeito de conquistar qualquer pessoa.

 

Como o clube de literatura não tinha nenhuma reunião prevista naquela tarde, Minseok e Jongin disseram que estavam cansados e que iriam para casa, quebrando o acordo com Seulgi de que, sempre que possível, visitariam os treinos para fazerem companhia enquanto a garota suspirava por Irene. Conseguiam ver as mentiras nos olhos dos gêmeos, mas não os pressionaram para saber o que quer que estavam escondendo. Despediram-se dos amigos e seguiram em direção ao ginásio.

 

Seulgi foi a mais animada ao correr pela arquibancada e escolher um local onde dava para ver perfeitamente Joohyun treinando a coreografia com as líderes de torcida. Chanyeol sentou-se ao lado da amiga, seus olhos passando por cada uma das garotas e parando por um momento em Wendy. A garota não falou mais consigo desde a ameaça recebida e não tinha a menor ideia se isso era algo bom ou não. O que podia esperar dela, afinal de contas?

 

Chanyeol esperava que nada – nem de bom, nem de ruim.

 

Sooyoung sentou-se ao seu lado e preencheu a cota entre os amigos, contendo a risada ao ver Seulgi tão animada observando sua namorada. A Kang era a única cuja vida estava resolvida e que tudo estava dando certo para ela, então o mínimo que podiam fazer era graça de suas reações exageradas para que se sentissem melhor.

 

“Joohyun está muito estressada ultimamente”, Seulgi suspirou depois de sentar-se ao cansar de acenar para a namorada. “O próximo jogo está chegando daqui algumas semanas, né, e ela está uma pilha de nervos porque é o último jogo e é importante que saia tudo perfeito.”

 

“Tudo bem se as líderes de torcida errarem”, Sooyoung deu de ombros, “as estrelas do jogo são os jogadores. Eles não vão perder se elas errarem um passo ou outro.”

 

“Você precisa ser uma líder de torcida para entender o drama de uma, Sooyoung”, Seulgi riu. “Essa é a forma como todo mundo vai lembrar delas, ainda mais que a maioria se forma conosco daqui alguns meses. Se elas errarem no último jogo, não tem mais nenhum para que se redimam. Não importa se você fez um ótimo campeonato até aqui para estragar tudo na última chance.”

 

“Elas levam isso a sério demais”, Sooyoung rolou os olhos. “Ainda bem que a Irene tem você para desestressá-la, hm?”

 

As bochechas de Seulgi adquiriram vermelhidão ao perceber o que o sorrisinho da amiga escondia. “Pare de pensar coisas pervertidas sobre Joohyun e eu!”, exclamou. “Céus, era melhor quando você só fingia me ouvir para voltar a ler os seus livros.”

 

“Foi você quem pediu por mais atenção”, Sooyoung encolheu os ombros com um sorrisinho cínico. “Ei, Chanyeol. Veio ficar aqui com a gente só em corpo ou está a fim de conversar também?”

 

Chanyeol piscou rapidamente, voltando a olhar de uma amiga para outra. A bem da verdade, desligou-se da conversa assim que seus olhos deixaram as líderes de torcida e correram para a quadra onde o time de vôlei treinava contra os seus reservas. Não conseguia tirar os olhos de Baekhyun em quadra porque agora era diferente assisti-lo.

 

As amigas não tinham como saber sobre como estava distraído, o que era ótimo. O quanto mais conseguisse disfarçar, melhor conseguiria escapar daquilo sem grandes perguntas.

 

“Como se você não soubesse que Chanyeol só veio para ficar babando no Baekhyun”, Seulgi riu. “Tudo bem, Chan. Também só venho para babar na Joohyun.”

 

“Mas ela é sua namorada, você tem todo direito”, Sooyoung a lembrou. “O nosso Chanyeol aqui, por outro lado... Está sendo conquistado ao invés de conquistá-lo?”

 

Chanyeol não gostou nem um pouco do rumo que aquela conversa estava tomando. “Vocês estão malucas, isso sim”, negou tudo com veemência. “Eu só me distraí vendo o jogo, é mesmo muito rápido para acompanhar e eu estava tentando entender.”

 

“Não vai machucar se você admitir que estava vendo só o Baekhyun”, Sooyoung insistiu. “Olha lá, ele também olhou para você!”

 

Chanyeol não tirou seus olhos da figura do capitão mesmo enquanto conversava com suas amigas e percebeu o momento em que ele foi essencial para a marcação de um ponto contra o time reserva. Baekhyun era ágil e rápido em quadra e o Park mal conseguia acompanhar seus movimentos. Quando menos esperava, ele estava comemorando o ponto feito entre seus amigos.

 

Sorriu mesmo que involuntário; era impossível não ficar feliz quando ele estava feliz.

 

Baekhyun realmente olhou em sua direção como Sooyoung o alertou, o sorriso se estendendo ainda mais em seu rosto. O capitão acenou em sua direção, cumprimentando-o com um Hey, Chanyeol! sendo gritado e, em seguida, voltou sua atenção ao jogo que continuava acontecendo. Chanyeol continuou encarando-o com um sorriso bobo em seus lábios.

 

Céus. Talvez estivesse mesmo perdido.

 

“Olha aí quem está babando demais pelo capitão”, Sooyoung riu. “Seulgi, ele está perdido.”

 

“Eu sempre soube que perderíamos esse soldado”, Seulgi acompanhou a amiga em sua risada. “Bem-vindo ao time, Chanyeol!”

 

“Parem as duas, não é nada disso!”, Chanyeol se defendeu. “E você, Sooyoung? Também está caidinha por uma pessoa que você nem sabe quem é e fica colocando fotos no seu armário. Quantas recebeu hoje, hein?”

 

Sooyoung fechou a expressão na mesma hora, amuada pelo contra-ataque. Não gostava nem um pouco da forma como se sentia em relação às fotos porque era muito novo para a garota, e maldita fora a hora em que deixou isso escapar durante uma das reuniões do clube onde Chanyeol estava presente. Não havia imaginado que entregara uma arma contra si na mão do Park.

 

“Para a sua informação eu recebi duas”, Sooyoung retrucou, “e não te interessa nem um pouco o que está escrito nelas!”

 

Chanyeol se permitiu desligar mais uma vez da conversa porque Seulgi assumiu seu lugar ao questionar a amiga sobre o que estava escrito e porque ela também não podia saber (“Sherlock nunca esconderia nada do seu Watson!”, ela exclamou mesmo que Chanyeol não tenha pego a referência) e seus olhos viajaram mais uma vez até Baekhyun.

 

É claro que os amigos estavam loucos, não é? Não estava sendo conquistado por Baekhyun quando seu trabalho era fazer justamente o oposto.

 

Certo?

 

. . .

 

Quando todo mundo havia ido embora após o término do treino, Chanyeol escolheu ficar.

 

Não sabia, contudo, o porquê de ter feito isso; sabia que queria ver Baekhyun mais uma vez, mas não sabia até onde isso soava aceitável. Nem mesmo sabia se o capitão queria vê-lo ou se estava se intrometendo demais em sua vida ultimamente, como se não tivesse nada melhor para fazer – e, a bem da verdade, Chanyeol de fato não tinha. A única pessoa que podia ter uma vida mais atarefada entre os dois era claramente Baekhyun, e o Park não queria se tornar uma pedra em seu sapato.

 

Ainda assim, permaneceu nas arquibancadas após todos irem embora e continuou ali mesmo quando os garotos do time também deixaram o vestiário, despedindo-se dele quando o avistaram – chamando-o, mais uma vez,  de “o garoto do Baekhyun” e Chanyeol percebeu que sentiu falta desse apelido. Não havia nenhum sinal de Baekhyun, contudo, e o nerd permaneceu onde estava para esperá-lo.

 

Se chegou tão longe ao ponto de ficar ali depois de todo mundo ir embora, por que diabos deveria desistir agora? O Byun provavelmente estava demorando no banho já que, para todos os efeitos, ninguém estava à sua espera e podia demorar o quanto quisesse.

 

Chanyeol também sabia que podia esperá-lo dentro do vestiário e fazer uma surpresa. Talvez Baekhyun gostasse de ser recepcionado dessa forma, mas o mais novo não tinha certeza se estava pronto para a possibilidade de Baekhyun surgir apenas com uma toalha enrolada em sua cintura. Ainda era cedo demais para cenas assim. Por isso, escolheu permanecer onde estava porque o Byun precisaria passar por ali para poder ir embora.

 

Dez minutos mais tarde – quando completou meia hora que Chanyeol estava sentado sozinho – Baekhyun surgiu pelas portas do vestiário e seu olhar pousou imediatamente onde estava o mais novo.

 

“Chanyeol?”, Baekhyun o chamou, aproximando-se em passos largos. O Park se levantou, encurtando a distância entre os dois também ao descer da arquibancada. “Não foi para casa ainda?”

 

“Eu... Eu pensei em ficar para ver você”, justificou-se, sentindo-se estúpido com a escolha de palavras. “Eu assisti ao treino de vocês e estão incríveis! Estão super em boa forma e as jogadas são muito boas também, mal consigo ver vocês se comunicando. Vocês vão arrasar no próximo jogo, eu tenho certeza, e você vai se formar com honrarias por ter levado o time da escola em seu último ano aqui à vitória do campeonato estadual! Quero dizer, é o máximo, não é?”

 

Baekhyun o assistiu desenvolver seu monólogo com um sorrisinho no rosto, ciente de que Chanyeol falava demais quando se sentia nervoso. “Você já jogou vôlei alguma vez, Chanyeol?”

 

“Não, na verdade”, Chanyeol respondeu, agradecido por Baekhyun interromper seu falatório. Não sabia a hora de parar e continuava a envergonhar a si mesmo. “Nunca foi algo que me interessou antes, então não tenho a maior experiência de todas.”

 

“Quer aprender?”, Baekhyun propôs. “Sou eu quem fecha o ginásio, então podemos ficar aqui à vontade. Eu posso te ensinar a sacar, só para começarmos com algo mais fácil.”

 

Aquilo parecia ser algo que Baekhyun gostaria muito de fazer e uma forma de ficar mais próximo do capitão, então Chanyeol superou seu receio de fazer muito feio na frente de Baekhyun e aceitou sua proposta. Que mal podia fazer em sacar algumas bolas? Já havia visto várias vezes como os garotos faziam e não soava nada complicado. Jogar a bola para o alto e espalmá-la para o outro lado da rede era, com certeza, algo que saberia fazer.

 

Quando Baekhyun jogou a bola em sua direção para que tentasse, o Park estava confiante que arrancaria elogios do mais velho em relação a seu desempenho por não ser algo que fazia com frequência. Contudo, ao lançar a bola para o ar e esperar o ângulo certo para acertá-la, Chanyeol a assistiu quicar contra o chão mais uma vez enquanto espalmava o ar.

 

Perdera a primeira tentativa, mas estava nervoso, é claro que tudo se justificava. Porém, não tinha como usar a mesma desculpa ao falhar pela segunda, terceira, quarta vez – e era necessário que aceitasse que definitivamente era uma negação em qualquer esporte que tentasse.

 

Baekhyun reprimiu seu sorriso, aproximando-se de Chanyeol quando o mais novo apanhou a bola mais uma vez. “Quer ajuda, Chan?”, ofereceu. “Não tem nada demais em precisar de ajuda nas primeiras vezes.”

 

“Eu queria impressionar você”, Chanyeol admitiu com uma careta para a bola em suas mãos, “mas pelo visto sou mesmo um zero à esquerda com essa bola.”

 

“Não é nada que a gente não consiga consertar”, Baekhyun respondeu. Ficou às costas do mais novo, seu corpo rente ao de Chanyeol, mas não parecia estar consciente disso como o Park estava. Estava concentrado em posicionar o corpo de Chanyeol na posição certa para sacar a bola e em deixar seus braços no ângulo certo.

 

A respiração de Baekhyun batia contra seu pescoço e isso fazia com que se arrepiasse um pouco; não queria, contudo, que o mais velho percebesse isso. Como poderia se explicar?

 

“Você joga a bola para o alto”, Baekhyun indicou que fizesse e Chanyeol o obedeceu com certo delay; seu corpo estava muito mais consciente do mais velho às suas costas do que de suas orientações. “E espera o momento certo para acertá-la... Agora!”

 

A mão de Chanyeol espalmou contra a bola que voou para o alto lado da rede, ainda que tenha caído fora da quadra. Em teoria, isso não era nada bom e daria o passe da bola para o time oposto assim como um ponto contra sua equipe, mas não era nisso que gostaria de focar agora. Baekhyun ainda estava muito próximo mesmo que não fosse mais necessário, e era só nisso que conseguia pensar.

 

O mais velho não estava mais às suas costas, mas estava parado ao seu lado olhando para a bola do outro lado da quadra com um pequeno sorriso em seus lábios. Em seguida, olhou para Chanyeol com um sorriso mais aberto, passando um dos braços pela cintura do nerd e puxando-o para um abraço desajeitado. Chanyeol devolveu ainda que sem jeito por estar levemente ofegante pelas correntes elétricas que Baekhyun enviava por seu corpo.

 

“Só precisa controlar a sua força e quem sabe a gente até podia te colocar de reserva para o próximo jogo, hein?”, Baekhyun riu. “Nada mal para quem não sabe jogar, na verdade.”

 

“Eu tive um bom professor”, Chanyeol respondeu encolhendo os ombros um pouco. “Não teria como dar errado com as instruções dele.”

 

“É mesmo?”, Baekhyun perguntou, virando-se para ficar frente a frente com Chanyeol. Seus braços ainda rodeavam a cintura de Chanyeol em um abraço, mas o mais novo não sabia o que fazer com os seus. “Eu acho que seu professor merece algumas felicitações por isso, então.”

 

“Isso vai aumentar muito o ego dele”, Chanyeol avisou. “Não sei se é uma boa ideia.”

 

“Qual é, estamos só nós dois no ginásio”, Baekhyun insistiu, “só o mestre e o aprendiz. Juro que não sai daqui.”

 

Chanyeol rolou os olhos de leve pela insistência, mas sabia que Baekhyun merecia ouvir aquilo. Podia lidar com seu ego inflado depois. “Tudo bem”, desistiu. “Você é um professor incrível e estou honrado por ter a chance de aprender um pouco dos seus conhecimentos.”

 

O sorriso de Baekhyun tornou-se mais presunçoso e o Byun aproximou-se ainda mais de seu corpo. O abraço que dividiam agora unia seus corpos como há minutos atrás e Chanyeol precisava se recordar de que deveria controlar as reações de seu corpo se não quisesse que Baekhyun percebesse algo. Contudo, era tão difícil quando ele estava tão perto...

 

“Isso é ótimo de se ouvir”, Baekhyun comentou baixinho, “mas não era essa felicitação que eu esperava.”

 

Chanyeol não teve muito tempo para questionar o que Baekhyun esperava de si porque, mais uma vez surpreendido pelo capitão, sentiu os lábios sendo capturados pelos semelhantes. As mãos de Baekhyun subiram por suas costas até que se instalassem em seu pescoço, e o mais novo guiou as suas próprias até a cintura do menor, puxando-o para um abraço.

 

Sentiu quando Baekhyun tentou aprofundar o beijo e, ainda que tudo dentro de sua cabeça estivesse gritando em pânico por aquilo não estar em seus planos tão cedo, deixou que ele fizesse o que queria porque, no fundo, também queria aquilo. Suas bocas se moviam em tão boa sincronia que nem mesmo parecia ser o primeiro beijo que compartilhavam daquela forma.

 

Não havia espaço na cabeça de Chanyeol para as dúvidas sobre aquilo ser incomum, e Baekhyun não ser conhecido por beijar todos seus pretendentes; não havia espaço na cabeça de Chanyeol para questionar o motivo de escolhê-lo ou o que se passava na mente de Baekhyun; não havia espaço para nada que não fosse a sensação das mãos do mais velho em seus cabelos, os lábios macios cobrindo os seus e o contato gostoso entre suas mãos e a cintura do capitão, mantendo seus corpos tão próximos quanto era possível.

 

Baekhyun afastou-se aos poucos e com um sorrisinho presente em seus lábios assim que Chanyeol abriu os olhos – demorou um pouquinho mais para isso na esperança de que o Byun retornasse e continuassem o que estavam fazendo; não podia ser culpado por querer mais daquilo que era tão bom. Sentiu-se um pouco envergonhado ao olhar para Baekhyun após o beijo que trocaram, mas não se moveu nem um centímetro para afastá-lo.

 

“Eu estava falando dessa felicitação”, Baekhyun o corrigiu. “E, olha só, eu não me importaria de ensiná-lo mais vezes, se você quiser.”

 

“Quem sabe eu precise mesmo de mais aulas”, Chanyeol arriscou em flertar de volta; essa definitivamente não era a sua área, mas precisava tentar, certo? “Eu sou terrível.”

 

Baekhyun voltou a mexer com os fios de cabelo em sua nuca, inclinando o rosto para vê-lo melhor. “Não tem problema algum”, indicou. “Eu sou um professor muito paciente, para a sua sorte.”

 

Aquilo não era o que Chanyeol esperava quando decidiu aguardar Baekhyun para vê-lo após o treino e matar a urgência que o habitava, mas era muito melhor do que qualquer coisa que havia se passado em sua cabeça. Tudo que passara enquanto Baekhyun não estava presente no colégio não era nada em sua memória quando agora tinha algo melhor para se recordar: o retorno de Baekhyun ao colégio foi marcado pelos beijos que ainda sentia formigar em sua pele.


Notas Finais


CHANBAEK SE BEIJOU CHANBAEK SE BEIJOU CHANBAEK SE BEIJOU EU TO AAAAAAAAAAAAAAAAA, eu amo essa cena demais, senhores. E A CENA DE XIUCHEN TAMBÉM, OLHA SÓ SE NÃO TEMOS UMA TENSÃO SE CONSTRUINDO AQUI, MEUS ANJOSSSSSSSSSS

Ai gente esse capítulo eu nem sei quem eu sou nesse capítulo, eu amei muito escrevê-lo e espero que vocês tenham gostado também! Me deixem saber suas opiniões nos comentários aí embaixo, também me encontrem no twitter na @iambyuntiful e para dúvidas, sugestões, reclamações, críticas ou só me dar amor, vocês também me acham no gato curioso: https://curiouscat.me/iambyuntiful <3

Lembrando a todos que existe um grupo no whatsapp para os meus leitores e que vocês podem me pedir o link de entrada por dm no twitter ou as mps aqui no spirit mesmo quando quiserem! <3

Até sexta que vem (ou será que segunda temos novidades, hm?) e beijinhos <3


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