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História The Checklist - Um passo de cada vez


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Olááá, estrelinhas!

A ideia era ter atualizado quando deu meia noite exatamente, mas acontece que eu...... esqueci. Aí eu tinha deitado pra dormir agora pouco, lembrei que disse no grupo de leitores que ia atualizar de madrugada, e levantei pra atualizar. Comprometimento com as promessas né mores n.

Esse é o famigerado capítulo que vocês estavam esperando porque ele também é o penúltimo capítulo da nossa história! Passou tão rápido e eu to triste por semana que vem ser o final de fato :( Também estou nervosa pra saber o que vocês vão achar da resolução de chanbaek, então vou calar a boquinha e deixar que leiam.

Betado pelo anjo que é a Dulce, meu amorzinho maior de todos! <3 Boa leitura, espero que gostem e até lá embaixo~!

Capítulo 16 - Um passo de cada vez


THE CHECKLIST

Capítulo 16 – Um passo de cada vez

 

A viagem poderia ter durado apenas um fim de semana, mas soou como o tempo de uma vida inteira para aquele grupo de estudantes.

 

Traziam lembranças maiores dos dois dias na praia do que imaginavam que aconteceria; a viagem de formatura servia como uma desculpa para que pudessem se livrar do estresse diário com o final do ensino médio, para que pudessem se despir de suas responsabilidades e aproveitar os dias como os bons adolescentes que ainda eram.

 

Certamente cada um aproveitou de sua própria maneira e não havia ninguém sendo questionado que não respondesse que havia gostado daquele fim de semana. As memórias construídas ao lado de pessoas importantes e com quem gostariam de dividir seu futuro era o maior prêmio que poderiam levar daquele momento efêmero.

 

Jongin exibiu seu anel de plástico a todos os amigos, ouvindo as zombarias do time de vôlei a respeito de como Sehun poderia ter ao menos encontrado algum anel que coubesse em seu dedo, mas preferiu focar na animação de Seulgi ao avistá-lo, enquanto a garota discursava a respeito de como Joohyun sempre achou aquilo muito brega, mas sempre quisera dividir com a namorada.

 

Jongdae e Minseok estreitaram seus laços após a conversa que tiveram no pequeno fliperama, ainda mais quando Jongin descobriu quem havia ganhado o ursinho que ocupava a cama de Minseok quando voltou para o quarto no primeiro dia. O jogo de gato e rato característico dos dois Kim ainda existia, mas era notório como haviam se aproximado mais naquele final de semana.

 

Às vezes, mudanças sutis também soavam como gritantes quando vindas de onde menos se espera, como era o caso de Minseok e Jongdae. Embora fizessem piada a respeito do ódio que nutriam um pelo outro o tempo todo, o time de vôlei enfrentava problemas para aceitar que aquilo estava mesmo acontecendo depois de quatro longos anos aguentando os grunhidos de Jongdae a respeito do presidente do clube.

 

Ainda assim, nenhuma mudança era mais notória do que a de Baekhyun e Chanyeol.

 

Não era segredo para nenhum dos estudantes que os dois estavam muito mais envolvidos um com o outro do que esperavam. Ninguém mais contava com o fato de que Chanyeol precisava terminar a lista para ter um encontro oficial com Baekhyun porque o Byun não fazia mais questão alguma que suas regras fossem seguidas pelo nerd.

 

Chanyeol era diferente.

 

Após o momento trocado no pôr do sol, com Baekhyun comentando em seguida sobre o quanto aquilo soava um clichê dos livros que Seulgi amava, tornou-se ainda mais evidente o laço que construíram na forma como seus olhares se conectavam por vezes, como suas mãos buscavam pela semelhante embaixo da mesa, como seus sorrisos se completavam como se rissem de uma piada interna.

 

Todos sabiam que a paixão havia capturado aqueles dois e não podiam estar mais felizes por ambos.

 

Todos, menos o time de vôlei e o clube de literatura, por suas respectivas razões.

 

Os esportistas ainda encontravam problemas em aceitar o fato de que Chanyeol havia apostado seu capitão; Baekhyun era precioso demais para todos eles para que aceitassem sem problemas que alguém brincasse com seus sentimentos, muito embora Chanyeol em momento nenhum tenha demonstrado estar tentando enganá-lo. Esperavam que o Byun soubesse bem o que estava fazendo, mas só aceitariam de fato o Park quando Baekhyun dissesse que estava tudo bem.

 

Yifan ainda podia quebrá-lo na porrada no pior dos casos.

 

O clube de literatura tinha seus próprios motivos para temer aquela aproximação intensa. Chanyeol estava obviamente envolvido demais com Baekhyun, nutrindo ainda mais seus sentimentos pelo capitão e alimentando-os com cada momento que dividiam. Não havia mal algum nisso, não fosse o fato de que conheciam o amigo que possuíam e sabiam o quanto sua consciência deveria estar pesando por ainda esconder um segredo de Baekhyun.

 

Sabiam que ora ou outra Chanyeol contaria a verdade, mas temiam por quão machucado o amigo estaria quando o momento derradeiro chegasse.

 

Três dias após chegarem de viagem e as aulas voltarem ao normal – entravam no último mês de aula antes do baile de formatura acontecer e encerrar por completo seu ano letivo –, o momento chegou.

 

Estavam todos reunidos no clube de literatura comentando a respeito do quanto sentiriam falta daquelas estantes e a calmaria que possuíam quando a escola acabasse, e perceberam a chegada do Park no momento em que sua mochila descansou ao lado das restantes e o recém-chegado arrastou-se até sentar ao lado dos amigos.

 

“Quem morreu, Chanyeol?”, Seulgi questionou, percebendo que o Park não diria nada.

 

“Talvez eu”, Chanyeol suspirou. “Eu não consigo mais.”

 

O olhar do rapaz estava baixo em suas mãos e não percebeu o momento em que os quatro amigos trocaram olhares entre si, cientes de que aquela conversa uma hora ou outra chegaria e precisavam ajudar o amigo da mesma forma que fizeram desde o início. Não era mais hora de avisá-lo de que havia grandes chances de isso acontecer, mas aconselhá-lo da melhor forma possível para que tivesse os resultados favoráveis que esperavam.

 

“O que aconteceu, Chanyeol?”, Sooyoung perguntou, aproximando sua cadeira do amigo.

 

Chanyeol, por fim, encarou os amigos e havia uma tristeza contida em seus olhos. O Park não era dessa forma – era muito tímido e atrapalhava-se com as palavras constantemente, além de um pouco desastrado e com tendência a falar demais quando nervoso, mas os olhos cansados por trás das lentes dos óculos traziam uma tristeza que não lhe era característica.

 

“Não posso mais fazer isso com Baekhyun”, Chanyeol explicou. “Não posso continuar agindo como se nada tivesse acontecido agora que a lista acabou porque... Porque não é justo com ele.”

 

“Você conversou com ele?”, Jongin quis saber. “Contou sobre a aposta?”

 

“Eu ainda não tive coragem”, Chanyeol suspirou. “Eu estive protelando esse tempo todo com a desculpa de que a lista ainda não havia acabado, que eu tinha um ou outro item ainda para cumprir, eu poderia falar depois que acabasse... Mas agora não tem mais para onde fugir. A lista acabou e eu não me perdoaria por começar algo com Baekhyun baseado nessa mentira.”

 

O desânimo era nítido na voz do rapaz, o que preocupava seus amigos. Era um tema sensível, sabiam disso, mas Chanyeol conseguia ver uma saída para todas as situações em que se metiam, mesmo para as mais absurdas. Sempre conseguia seguir em frente com um sorriso no rosto e com a certeza de que tudo ficaria bem no final, mas não conseguia ter essa mesma certeza agora que estava envolvido.

 

“Você está apaixonado por ele?”, Minseok questionou. Sabia a verdade, mas queria ouvir diretamente do amigo.

 

“Estou”, Chanyeol confirmou, voltando a olhar para suas mãos. “Eu sei que eu não deveria, mas... Baekhyun é incrível, sabe? Não tem como estar ao lado dele e acabar não se apaixonando. Enquanto eu cumpria a lista, eu aprendi muito mais sobre ele do que imaginei que aconteceria e eu me apaixonei por cada um de seus detalhes, e isso é uma merda porque ele não vai nunca mais olhar na minha cara quando souber dessa aposta idiota.”

 

“Não faça suposições dessa forma sem saber como Baekhyun realmente se sente”, Seulgi o repreendeu. “Você não disse nada para ele ainda, então como pode ter tanta certeza que ele o odiará?”

 

“Você não me odiaria?”, Chanyeol devolveu a pergunta. “Eu me odiaria, Seulgi. Eu não tinha direito de brincar com algo importante para ele.”

 

“Você brincou com isso?”, Seulgi retrucou. “Enquanto fazia a lista do Baekhyun, em qualquer um dos itens você estava pensando na aposta ou estava pensando no Baekhyun? Porque eu conheço você, Chanyeol, e eu sei que você não é capaz de magoar ninguém mesmo que quisesse.”

 

Chanyeol sabia a verdade – sabia que, em todos os momentos, a única coisa que permeava seus pensamentos era Baekhyun, e fazê-lo feliz era sua principal motivação. A lista era divertida de se cumprir, mas estar com o Byun era muito mais do que uma obrigação com um pedaço de papel. Era sua chance de conhecer um pouquinho mais do garoto adorável de sorriso aberto que aprendeu a amar ter ao seu lado.

 

“Eu acho que você deveria ir falar com ele logo, Chan”, Sooyoung se pronunciou. “Eu não sou a melhor pessoa para falar de sentimentos, você sabe, mas a verdade vem à tona uma hora ou outra. Se você gosta dele, se você quer ter algo com ele, então é melhor arrancar o band-aid de uma vez só.”

 

“Se Baekhyun aprendeu a ler você, como nós aprendemos”, Jongin incentivou, “ele também vai entender.”

 

“E se você precisar de consolo depois... Sabe que nós sempre estaremos aqui por você”, Minseok terminou com um sorriso pequeno para tranquilizá-lo.  “Temos responsabilidade nisso tanto quanto você e podemos pedir desculpas para ele também.”

 

Chanyeol agradeceu aos amigos com um murmúrio e um sorriso contido. Sabia que era uma decisão que devia ser tomada apenas por ele; seus amigos fizeram a aposta consigo, mas a escolha de seguir adiante com ela fora sua e era ele quem deveria arcar com suas consequências. Porém, saber que seus amigos estariam prontos para ampará-lo caso fosse necessário era o combustível que lhe faltava.

 

Não estava sozinho, por mais que sua mente lhe dissesse que era dessa forma que deveria ficar por ter sido tão estúpido em apostar alguém como Baekhyun. Seus amigos não o deixariam desemparado, não importava qual merda fizesse, e ter o apoio de pessoas queridas ao seu lado era importante para alguém que se deixava tão facilmente ser guiado pelo medo, como Chanyeol.

 

Havia grandes chances de que Baekhyun não quisesse nunca mais olhar em sua cara depois que lhe contasse a verdade, mas estava tentando se apegar ao que os amigos disseram sobre o capitão do time também ter aprendido a lê-lo e, se Baekhyun pudesse ler seus olhos, perceberia neles o arrependimento intrínseco.

 

Caso, ainda assim, fosse da escolha do esportista afastar-se, Chanyeol não faria nada para impedi-lo. Baekhyun merecia toda a felicidade do mundo e o Park estava disposto a tentar cumprir mais esse objetivo em uma lista já finalizada, mas a decisão estava nas mãos do mais velho.

 

Era hora de superar seu próprio medo e enfrentar seu passado se queria ter seu futuro como desejava que fosse.

 

. . .

 

Chanyeol imaginou que seria um ótimo lugar para se encontrar com Baekhyun porque era onde tudo acontecia para o capitão do time de vôlei.

 

O ginásio.

 

Durante o intervalo entre as aulas, ninguém procuraria pelos dois naquele lugar, e os esportistas não precisavam mais treinar tão duro depois que o campeonato acabou, então tinham a tranquilidade que buscava para aquele momento. Baekhyun ainda sequer desconfiava dos motivos que o levaram a chamá-lo, talvez estivesse pensando que fosse pelos bons momentos que também tiveram naquele lugar.

 

Chanyeol não podia negar que era um pouco nostálgico; fora naquele lugar que Baekhyun o beijou quando tentou ensiná-lo a sacar, foi no vestiário bem próximo dali que dividiram algumas recordações, inclusive do momento em que tomou coragem para beijá-lo por conta própria antes do último jogo.

 

Recordações essas que pareciam ter acontecido há muito tempo graças ao estresse a que estava submetido por não ter um minuto de paz em sua cabeça, todos os momentos lutando contra sua consciência, e parecendo ter o peso do mundo em seus ombros.

 

Respirou fundo mais uma vez, repassando o discurso em sua cabeça. Não podia entrar em desespero e começar a falar sem controle; precisava estar centrado, ter as palavras como suas amigas ao menos uma vez em sua vida, e conseguir passar seus motivos e erros de forma clara o bastante para que Baekhyun soubesse quais eram suas intenções.

 

Não podia magoá-lo mais do que já sabia que iria fazê-lo.

 

Ainda assim, as boas memórias insistiam em invadir sua mente, como uma forma de dissuadi-lo de falar com o Byun da maneira que devia. Recordava-se do primeiro encontro, de quando comprou o ursinho que Baekhyun queria e do sorriso em seu rosto ao recebê-lo; recordou-se de quando o recebeu em casa, quando se descobriram semelhantes em seus gostos, dos biscoitos que dividiram e até mesmo da culpa por ter contribuído para uma intoxicação alimentar do mais velho.

 

Recordou-se de quando foi à sua casa para alegrá-lo enquanto estava doente, das discussões bobas sobre quem seria o melhor entre o Homem de Ferro e o Capitão América, das risadas trocadas enquanto assistiam a filmes de herói. Recordou-se de como seu coração se apertou ao vê-lo entristecido quando seu irmão foi visitá-lo, de como parecia pequeno dentro de seu abraço e de como seu sorriso o aqueceu quando lhe mostrou seu ponto favorito na cidade, e que acabou se tornando um segredo de ambos.

 

Recordou-se do beijo trocado no ginásio, no vestiário, de como parecia invencível quando derrotaram o time rival na final do campeonato e como parecia intocável no auge de sua beleza enquanto sorria confiante. Recordou-se de como parecia feliz quando o abraçou, de sua surpresa quando seus pais o cumprimentaram pelo bom jogo, de sua juventude desenfreada na festa de Wendy quando percebeu, por fim e um pouco tarde demais, o quanto estava apaixonado por aquele garoto.

 

Baekhyun tornou-se um pilar que não esperava ter em sua vida no finalzinho de seu ensino médio. Tornou-se um pontinho de luz em seu caminho, com o sorriso constantemente aberto, com os olhares receptivos, com os lábios que lhe convidavam a todo momento, com o abraço mais confortável do mundo. Estava completa e indiscutivelmente apaixonado pelo mais velho e, não só por isso, mas principalmente por esse motivo, sabia que Baekhyun merecia a verdade.

 

Se ainda fosse da vontade do Byun que continuassem juntos e que arriscassem alguma coisa durante o verão que precedia a faculdade – quem sabe durante o ensino superior? –, Chanyeol só teria a agradecê-lo.

 

“Ei, Chanyeol!”, Baekhyun o chamou ofegante quando chegou ao vestiário e tirou o garoto de seus pensamentos. “Me desculpa o atraso. Kyungsoo me parou no meio do corredor e disse que era questão de vida ou morte que tirasse uma foto minha para o jornal da escola.”

 

“Você continua sendo uma estrela mesmo depois que o campeonato acabou”, Chanyeol brincou, levantando-se de onde estava sentado na arquibancada.

 

Baekhyun abriu um sorriso zombeteiro enquanto continuava a se aproximar do rapaz. “Que posso fazer?”, deu de ombros. “Os males da fama, não é?”

 

“Você está ficando convencido demais”, Chanyeol comentou, “quem será que está enchendo seu ego?”

 

“Talvez um garoto chamado Park Chanyeol”, Baekhyun respondeu com um breve sorriso antes de roubar-lhe um selinho. Chanyeol fechou os olhos para aproveitar a sensação; sabia que podia ser a última vez. “Você não cansa de me dizer o quanto sou incrível.”

 

Chanyeol assentiu em silêncio porque era verdade em ambas as situações. Não cansava de dizer a Baekhyun a pessoa incrível que era e o quanto se sentia sortudo por ter sido ele sua primeira paixão, e Baekhyun era, de fato, uma pessoa maravilhosa. Que mal havia em inflar um pouquinho seu ego quando ele lhe fazia tão bem?

 

“Não foi para isso que me chamou até aqui, foi?”, Baekhyun perguntou. “Tem a minha gelatina favorita hoje na cantina, e o Sehun vai comer a que eu pedi para o Tao guardar para mim se nós demorarmos muito.”

 

“Você tem razão, não foi para isso”, Chanyeol concordou, sentindo o nervosismo voltar a crescer em sua barriga. Precisava falar. Precisava ser agora. Então por que nenhuma palavra saía de sua boca...? “Não vai demorar, eu prometo.”

 

Baekhyun olhou-o estranho, mas deu de ombros, sentando-se na arquibancada. Chanyeol imitou seu gesto, sentando-se ao seu lado e voltando a pensar no discurso que havia ensaiado. Após a conversa com os amigos no clube de literatura, o Park teve bastante tempo durante suas aulas para criar um bom discurso para pedir desculpas ao esportista, mesmo que agora não se recordasse de uma palavra que fosse.

 

Devia saber que elas sempre seriam suas inimigas.

 

Olhou para Baekhyun, encontrando os olhos curiosos encarando-o. O capitão parecia tranquilo como sempre era, e Chanyeol odiou a si mesmo naquele momento por quebrar essa aura com o que tinha para falar.

 

“Na verdade, o que tenho para falar com você é bem sério”, Chanyeol comentou. “Eu... Bom, eu não queria que fosse assim.”

 

Baekhyun ergueu as sobrancelhas, mas a expressão em seu rosto permaneceu a mesma. Chanyeol não sabia se isso era um bom sinal – Baekhyun tinha alguma ideia do que tinha para falar? Estaria pensando que queria terminar aquilo que sequer tinham oficialmente? O que poderia estar se passando na cabeça do capitão?

 

Meneou a cabeça para afastar os pensamentos; não tinha tempo para se perguntar isso agora. Precisava se concentrar no problema que criou para si mesmo.

 

“Quase dois meses atrás, Seulgi nos arrastou até esse mesmo ginásio para ver a namorada treinando”, Chanyeol começou a explicar, achando melhor contar a história desde o início. “Os gêmeos e eu ficamos conversando enquanto assistíamos ao treino de vocês e... Chegamos em um momento da conversa onde o tópico era você e a sua lista e o porquê de ninguém nunca conseguir cumpri-la.”

 

Baekhyun assentiu ainda em silêncio e Chanyeol engoliu em seco, soltando um suspiro profundo. “Eu disse que não tinha a menor ideia de como uma lista podia ser tão complicada para que as pessoas não conseguissem cumpri-la. Não é como se você fosse a pessoa mais difícil do mundo, então por que todos falhavam? Foi então que os gêmeos deram uma ideia que eu nunca deveria ter aceitado.”

 

“O que os gêmeos disseram?”, Baekhyun perguntou. Sua expressão ainda denotava tranquilidade, mas Chanyeol aprendeu a ler seus olhos bem o bastante para encontrar a seriedade que se escondia ali.

 

“Eles comentaram que, como eu achava que não podia ser tão difícil assim, eu deveria tentar cumpri-la por conta própria. Dessa forma, eu tinha duas opções: falhar como todos os outros e engolir as minhas palavras, ou vencer a lista e conquistar você. Eu não sei o que eu tinha na cabeça quando eu concordei com isso porque... Bom, parecia fadado ao fracasso desde o início.”

 

Baekhyun continuou a ouvi-lo sem dizer nenhuma palavra e seu silêncio estava começando a agoniá-lo. Queria qualquer tipo de reação que fosse possível vinda de Baekhyun, qualquer coisa para que soubesse se estava bem ou ruim, mas o esportista escolheu ouvi-lo por completo antes de dizer qualquer coisa, e respeitaria sua decisão. Quem sabe fosse melhor que o Byun só começasse a odiá-lo depois que ouvisse todas as suas desculpas – e Chanyeol tinha muitas.

 

“Por isso eu fui falar com você e eu pedi para cumprir a sua lista. Pensei que você riria da minha cara e diria que eu nem tinha chance, mas você aceitou”, Chanyeol continuou a falar. “Enquanto nós passávamos um tempo juntos com o passar dos dias, eu passei a pensar cada vez menos no acordo que eu havia feito com os gêmeos. Tudo o que eu pensava, Baekhyun, eu juro, era em como eu estava errado ao seu respeito por pensar que não tinha como você ser tão bom assim para ter tantas pessoas atrás de você, e que a maioria deveria tentar apenas para tê-lo como um prêmio.”

 

“Como uma aposta”, Baekhyun falou por fim, “como a que você fez.”

 

Chanyeol engasgou com suas palavras, suas mãos correndo em direção ao óculos que escorregava por seu nariz como sempre fazia quando ficava nervoso. Não queria falar como uma aposta – embora de fato fosse uma – porque isso fazia com que tudo soasse ainda pior. Contudo, Baekhyun disse sem qualquer tipo de entonação em sua voz e Chanyeol apenas assentiu, sem motivos para refutá-lo.

 

Era o que era.  Precisava aceitar isso.

 

“Sim, como uma aposta”, concordou em um fio de voz. “Eu... Me desculpe, Baekhyun. Me desculpe, eu não queria que as coisas fossem assim. Sim, tudo começou porque era uma aposta que eu havia feito com os gêmeos, de que eu conseguia cumprir a sua lista em dois meses e eu nem sei porque eu concordei com isso. Quero dizer, isso nem é o tipo de coisa que eu faço, sabe? Eu não me envolvo com essas coisas, eu não me envolvo com pessoas como você porque... Bom, sou eu.”

 

As palavras começavam a sair sem nenhum controle como o Park buscava evitar no início, mas agora já não tinha mais como pará-las. Sentia-se nervoso e o nervosismo fazia com que começasse a se atropelar com o que tinha a dizer, ansioso para que Baekhyun pudesse entender seu lado e, porventura, de alguma forma, não o odiasse como Chanyeol sabia que ele tinha todo direito de fazê-lo.

 

“Eu não menti para você em nenhum momento enquanto nós estávamos juntos”, Chanyeol reforçou, consertando mais uma vez os óculos em seu nariz. Sentia o suor acumulado na região, denotando o quanto estava nervoso. “Eu juro que eu fui a pessoa mais sincera que pude em todo o tempo que estávamos juntos, tudo o que eu podia pensar era em você e você sempre foi tudo que permeou meus pensamentos nessas últimas semanas. Eu não menti principalmente quando disse que estava apaixonado por você, que ainda estou, e que provavelmente vou estar por muito tempo.”

 

Baekhyun ouviu suas palavras com atenção, mas Chanyeol estava nervoso demais no momento para que ainda pudesse ler suas feições. “Eu vou entender se você me odiar agora”, voltou a falar, sua voz começando a ficar embargada. Sim, iria entender, não iria se opor, mas isso não quer dizer que doeria menos. Sentia as lágrimas se formando no canto de seus olhos, mas esforçou-se para não as derramar. Não tinha esse direito. “Vou entender se você não quiser mais falar comigo, eu juro. Eu também não iria mais querer olhar na minha cara se fosse você. Eu fui estúpido e eu só quero que você aceite as minhas desculpas, Baek. Eu nunca quis magoar você...”

 

Chanyeol abaixou o olhar para suas mãos, buscando evitar o contato visual com Baekhyun. Sabia que estava sendo covarde fazendo isso, mas não se importava; se visse a mágoa expressa no olhar do rapaz por quem estava apaixonado, sabia que as lágrimas que estava evitando derramar encontrariam o caminho por suas bochechas, e sabia também que não tinha esse direito.

 

A única pessoa que tinha o direito de estar chateada naquele momento era Baekhyun.

 

“Chanyeol”, Baekhyun o chamou depois de um longo momento em que ficaram em silêncio, “olha para mim. Depois de me contar tudo isso, você precisa ao menos olhar para mim.”

 

Chanyeol não queria, não queria encarar os olhos magoados, não queria se sentir pior... Mas a mão de Baekhyun surgiu em seu queixo, erguendo seu rosto gentilmente e encontrou, ao contrário de tudo que esperava, a mesma tranquilidade do início na expressão de Baekhyun, e não havia nenhum resquício de mágoa em seu olhar.

 

O que aquilo significava?

 

“Olha para mim”, Baekhyun pediu mais uma vez e, dessa vez, Chanyeol sustentou o olhar. “Eu já sabia. Você me contou enquanto estava bêbado na festa da Wendy.”

 

A festa de Wendy havia acontecido há dez dias.

 

Há dez dias buscava coragem em seu interior para contar a verdade a Baekhyun e falhava em todos os momentos. Falhava sempre que o avistava sorrindo porque não queria tirar aquele sorriso, falhava quando Baekhyun deitava a cabeça em seu ombro porque não queria que aquele momento acabasse nunca, falhava quando Baekhyun o beijava porque queria aqueles beijos para sempre.

 

Contudo, Baekhyun sabia.

 

Baekhyun sabia de tudo há dez dias.

 

“Como...?”, Chanyeol perguntou. “Você sabia de tudo?”


“Sim, você disse na festa da Wendy, antes de cair adormecido, que eu o odiaria, você sabia que sim, e que fora estúpido ao se apaixonar quando a aposta dizia que deveria apenas me conquistar.”

 

Chanyeol nunca odiou a si mesmo mais do que naquele momento.

 

“Me desculpa... Me desculpa por te deixar ficar sabendo desse jeito, me desculpa por não lembrar depois, me desculpa por demorar tanto para falar alguma coisa, me-...”

 

“Chanyeol”, Baekhyun o interrompeu, “você pede desculpas demais para uma pessoa só.” Chanyeol pensou em desculpar-se novamente por isso, mas impediu-se a tempo. “Eu tive muito tempo para pensar a respeito de tudo isso desde que você me contou, e eu devo confessar que, no início, eu estive muito confuso com o que estava acontecendo.”

 

“Você continuou agindo normalmente comigo, como se nada tivesse acontecido”, Chanyeol murmurou, ainda confuso.

 

“Eu não queria que você soubesse que eu sabia”, Baekhyun encolheu os ombros. “Eu queria que continuássemos da mesma forma enquanto eu pensava a respeito disso, enquanto eu não tomasse uma decisão com o que eu sabia. Se você desconfiasse de alguma coisa, tenho certeza que nada seria o mesmo e talvez eu não tivesse chegado à conclusão que cheguei.”

 

“E qual foi?”, Chanyeol perguntou, embora sentisse o medo em suas veias. “Qual foi a conclusão que você chegou?”

 

Baekhyun respirou fundo antes de falar qualquer coisa, mantendo o olhar focado no rosto amedrontado do rapaz à sua frente. Ainda havia resquícios das lágrimas acumuladas no canto de seus olhos, sua respiração estava descompassada como se tivesse corrido uma maratona, e sua pele estava avermelhada pelo constrangimento do momento. Chanyeol estava a face de seu nervosismo e Baekhyun resolveu tranquilizá-lo naquele momento.

 

Não tinha motivo algum para prolongar o sofrimento de ninguém.

 

Apanhou as mãos de Chanyeol entre as suas, com um carinho mudo enquanto acariciava a pele de seu polegar. Chanyeol olhou desde as mãos unidas até o rosto do esportista mais uma vez, o olhar confuso fazendo morada nos olhos que Baekhyun aprendeu a ler tão bem.

 

“Eu cheguei a conclusão de que eu conheço você, Chanyeol”, Baekhyun lhe respondeu. “Durante as semanas em que nós nos aproximamos, enquanto você tentava cumprir a lista, eu também estava avaliando-o para saber se você deveria chegar ao final dela ou não. Eu precisava saber que você era uma boa pessoa porque era o que a minha avó me dizia, que eu deveria encontrar alguém que, além de estar disposto a passar por todos aqueles desafios para me conquistar, também estivesse disposto a estar ao meu lado a todo momento.”

 

Chanyeol continuou ouvindo-o, sabendo que agora era o momento de Baekhyun fazer seu discurso. A resposta ainda podia ser qualquer uma, mas deixaria para se desesperar mais tarde. “E o que eu vi em você, eu não vi em mais ninguém. Ninguém se preocupou comigo como você fez, Chan, e você não tinha como estar mentindo para mim em todos os momentos, em momentos que você nem precisava estar comigo porque a lista não lhe obrigava a isso.”

 

“Eu realmente queria o seu bem”, Chanyeol murmurou. “Eu juro...”

 

“Eu sei disso, Chan”, Baekhyun riu baixinho percebendo como o rapaz ainda estava disposto a continuar a se desculpar. “É óbvio que eu não gosto da ideia de que você fez uma aposta onde eu era o prêmio, mas eu não estou irritado por isso. A bem da verdade, eu me coloquei como prêmio dessa lista, é um pouco hipócrita ficar irritado com isso quando eu sabia que podia acontecer.”

 

“Ainda assim, foi errado-”

 

“Sim, foi errado e eu espero que você não pense em repetir”, Baekhyun o interrompeu. “Eu não estou irritado com você. Eu juro.”

 

“Então... Em que você está pensando?”, Chanyeol perguntou em um sussurro. Aquilo estava sendo bom demais para que fosse verdade.

 

“Você precisa prometer para mim que será sempre sincero comigo de agora em diante”, Baekhyun propôs. “Eu não gosto de mentiras, Chanyeol, e não acho que algo que se constrói com base em alguma mentira tem futuro. Precisa prometer que nós sempre contaremos um ao outro a verdade, independentemente se ela doer ou não.”

 

“Eu prometo!”, Chanyeol prometeu, tomado pelo entusiasmo. Aquela parecia uma resposta positiva. Baekhyun não o odiava. Baekhyun não estava irritado. Baekhyun não pedia que sumisse de sua frente.

 

Baekhyun ainda estava ali.

 

“Ninguém nunca se esforçou pela minha lista como você fez, Chanyeol”, Baekhyun sorriu. “Não era uma aposta há muito tempo, era?”

 

Chanyeol respondeu, meneando a cabeça em negativa diversas vezes. Não, não era uma aposta há muito tempo, talvez nunca tenha sido. Esqueceu-se da aposta no momento em que Baekhyun sorriu para si pela primeira vez, disposto a fazer o necessário para que aquele sorriso aparecesse mais uma vez. Realmente, talvez tenha se apaixonado desde a primeira vez que o viu.

 

Não era mais uma aposta. Era a história de como Baekhyun fez com que engolisse todas as suas palavras sem que soubesse, a história de como descobriu a luz em cada um dos sorrisos que lhe foram dados, a história de como viveu o clichê de comédia romântica ao se apaixonar pelo capitão do time e garoto mais popular do colégio.

 

“Se me permite a curiosidade”, Baekhyun questionou enquanto caminhavam em direção à saída do ginásio para retornar aos amigos no refeitório, “o que vocês apostaram?”

 

Chanyeol olhou novamente para as próprias mãos, ciente de que soaria ainda mais estúpido quando dissesse aquilo em voz alta. Hoje não acreditava que passara por todos os problemas por... Isso. “Se eu vencesse... Minseok nunca mais nos faria ler Crime e Castigo.”

 

A risada que Baekhyun soltou ao perceber o quanto o prêmio era ridículo fez com que o peso do mundo saísse de suas costas. “Eu não os culpo, agora que sei”, disse. “Crime e Castigo é realmente uma tortura. Não sei como Minseok tem paciência para ler isso.”

 

Chanyeol sequer se surpreendeu com o fato de que o capitão conhecia o livro russo; Baekhyun era uma caixinha de surpresas que estava sempre pronto para surpreendê-lo de alguma forma com o que conhecia. O Park apenas riu baixinho, aliviado por tudo ter dado certo como não imaginava que aconteceria, e agradecendo silenciosamente ao universo pelo som daquela risada ainda ecoar em seus ouvidos. Era o seu som favorito em todo o mundo.

 

. . .

 

Aparecer no refeitório parecia uma tarefa complicada demais.

 

Seus amigos provavelmente estavam nervosos e preocupados com seu sumiço por tanto tempo; talvez a conversa estivesse durando mais do que esperavam, talvez mais do que o necessário. Talvez estivessem pensando que sequer apareceria depois para não dar de cara com Baekhyun mais uma vez, e quem sabe estivessem se preparando para procurá-lo.

 

Ainda assim, aparecer com Baekhyun ao seu lado estava deixando-o ainda mais nervoso do que estaria caso aparecesse sozinho. Havia se preparado para lidar com sua tristeza e mascará-la bem o bastante até que estivesse sozinho e pudesse sentir pena de si mesmo em paz. Não esperava ter que lidar com um sentimento totalmente oposto a isso, e ainda não sabia bem o que fazer.

 

Como deveria se portar com Baekhyun...?

 

Não conversaram desde que deixaram o ginásio e Chanyeol não sabia se estava tudo bem entre os dois ao nível em que tudo continuava normal, ou se Baekhyun ainda precisava de um tempo até que as coisas voltassem aos seus eixos. Não queria forçar a barra e acabar deixando-o desconfortável, não passara nem mesmo meia hora desde que lhe contara a verdade.

 

Tirou o peso do mundo de seus ombros, é verdade, mas precisava ainda a dar pequenos passos até que tudo estivesse certo.

 

Às portas do refeitório, foi Baekhyun quem olhou para ele e sorriu antes de enlaçar seu pescoço, puxando-o para mais perto consequentemente, e Chanyeol só seguiu as ordens do mais velho. Sabia que não estavam atraindo atenção desnecessária porque aquilo já não era novidade para ninguém, mas a mesa que comportava o clube de literatura e o time de vôlei o olhava com espanto.

 

Principalmente os integrantes do clube.

 

Chanyeol sorriu meio amarelo antes de passar seu braço pela cintura de Baekhyun e continuarem andando até a mesa onde os amigos os aguardavam, porque era mais confortável para que andassem. Baekhyun parecia estar tranquilo com o que estava fazendo, então o Park disse a si mesmo que não tinha motivo algum para estar surtando.

 

Mas era sempre mais fácil falar do que fazer.

 

De soslaio, encontrou a mesa onde as líderes de torcida estavam sentadas e encontrou também o olhar de Wendy depositado neles. Não manteve o contato visual com a garota, mas percebeu a intensidade com a qual eram olhados e entendeu, naqueles curtos segundos, que a líder de torcida estava satisfeita por ver Baekhyun bem.

 

Son Seungwan não era uma pessoa ruim, Chanyeol sabia disso agora, mas ainda tinha medo demais dela para que pudesse provocá-la ao manter o olhar enquanto caminhava abraçado a Baekhyun até a mesa no centro do refeitório. Um passo de cada vez, foi o que disse a si mesmo, e enfrentar Wendy era um passo grande demais.

 

“E aí, pessoal”, Baekhyun os cumprimentou sentando-se no banco que estava livre, e Chanyeol não teve escolha além de sentar-se ao seu lado. “Me dá a minha gelatina, Zitao!”

 

Tao estendeu o potinho de gelatina para Baekhyun, que ainda permanecia alheio às caras de espanto do clube de literatura. Chanyeol trocou um longo olhar com os amigos, tentando explicar de forma silenciosa o que havia acontecido, mas os esportistas com certeza também notaram a estranheza entre aquele grupo.

 

“Chanyeol me falou sobre a aposta”, Baekhyun informou a todos como se falasse a respeito do tempo, ciente que o silêncio estava estranho por conta disso. “Parem de se encarar como se não pudessem falar a respeito.”

 

“O time de vôlei sabe?”, Chanyeol questionou ao Byun.

 

Baekhyun deu de ombros. “Eles são meus amigos e eu queria uma segunda opinião sobre o que fazer.”

 

“A nossa opinião é de que deveríamos ter quebrado a sua cara”, Yifan comentou antes que Tao o contivesse, “mas você tem sorte que Baekhyun acredita demais nas pessoas.”

 

“Me desculpem”, Chanyeol pediu mais uma vez, sua voz diminuindo pelo constrangimento. “Eu não queria magoar ninguém.”

 

“Então está tudo bem com vocês?”, Minseok perguntou. “Nos desculpe também, Baekhyun...”

 

“Está tudo bem, está tudo bem”, Baekhyun respondeu. “Chanyeol e eu tivemos uma boa conversa e acho que nada nos impede de ter também um bom recomeço. Eu sei que ele não é uma má pessoa.”

 

“Eu disse a você que Baekhyun não ia te odiar!”, Seulgi comentou animada. “Estou feliz por tudo ter dado certo para vocês.”

 

“Além do mais”, Baekhyun voltou a falar, comendo aos poucos da gelatina em suas mãos, “fazê-los ler Crime e Castigo é desumano, Minseok.”

 

O clube de literatura irrompeu em risadas, mesmo Chanyeol que ainda não sentia que tinha o direito de rir de sua situação, enquanto os demais esportistas tentavam entender qual era a graça. Minseok emburrou na mesma hora, um bico surgindo em seus lábios e recebendo um meio abraço de Jongdae como consolo.

 

Baekhyun riu também, aliviado por finalmente todos os problemas terem chegado ao final com um pouco de conversa. Gostava de como as coisas estavam agora: seus amigos mesclados aos de Chanyeol, formando um grande grupo como se fossem assim desde sempre, e estavam se divertindo mais do que nunca.

 

Olhou de canto para Chanyeol que estava conversando baixinho com Sooyoung sobre alguma coisa, um pequeno sorriso nascendo em seus lábios. Baekhyun sabia que não era de sua natureza guardar mágoas e não gostava da ideia de resolver qualquer situação enquanto estivesse de cabeça quente. Gostava da ideia de que tudo era possível ser resolvido com uma boa conversa e não seria diferente com Chanyeol.

 

Desde o início, sabia que havia duas opções para o seu dilema: conversar com Chanyeol e entender o que o havia levado àquela situação para que, por fim, decidisse se deixaria se levar pelo sentimento de mágoa e acabaria o que estavam construindo, independentemente de como isso doeria em si também, ou dar uma segunda chance para os olhos mais sinceros que já havia conhecido.

 

Baekhyun sabia que havia feito a escolha correta para si mesmo: ainda havia muito que queria ler dos livros abertos que habitavam aquele olhar.

 

. . .

 

O mirante parecia o lugar ideal para que visitassem.

 

Fazia um tempo desde a última vez em que foram ali juntos quando Baekhyun estava triste e precisava de um tempo para si mesmo. Desde então, aquele lugar ficou na memória de ambos como um local ao qual pertenciam juntos, embora nunca mais tenham ido. Era como o lugar seguro pelo qual poderiam buscar em conjunto quando necessário, e gostavam de como isso soava especial.

 

Agora que todos os problemas estavam resolvidos, de certa forma, parecia certo que recomeçassem com o lugar especial que construíram.

 

Quando as aulas se encerraram, Baekhyun dirigiu até o mirante com Chanyeol no banco do passageiro, cantarolando por vezes a música que deixou tocando para aliviar o clima. Conseguia sentir ainda o nervosismo que habitava o mais novo, mas entendia que havia colocado muito peso em seus ombros e precisava lidar com a retirada deles do seu próprio jeito.

 

Baekhyun não se importava. Estava disposto a esperar.

 

Estacionou o mais próximo que conseguiu do local, terminando a subida até seu ponto mais alto a pé, com Chanyeol ao seu lado. Com as mochilas largadas dentro do carro, estenderam apenas seus casacos no chão para que pudessem deitar sobre eles e aproveitarem o silêncio sublime que envolvia aquele lugar e o tornava ainda mais mágico.

 

O Byun manteve seus olhos focados no céu limpo acima de suas cabeças, aproveitando a brisa fresca que brincava com seus cabelos, e Chanyeol manteve seus olhos focados no garoto ao seu lado, que parecia tão bonito mesmo que fosse a cena mais simples do mundo. Baekhyun conseguia fazer com que tudo soasse sublime.

 

Estava estupidamente feliz por tudo ter terminado bem.

 

“Uma moeda por seus pensamentos”, Baekhyun propôs virando o rosto para olhá-lo.

 

“Estava pensando em como tenho sorte por tudo ter terminado bem”, Chanyeol explicou. “Eu estava preparado para lidar com a tristeza, com você indo para longe, mas... É... É bom ver que tudo deu certo.”

 

“Tivemos algumas longas semanas até aqui”, Baekhyun concordou, “mas eu também estou feliz por tudo ter terminado bem. Sem mais mentiras, certo?”

 

“Sem mais apostas”, Chanyeol prometeu também. “Só nós dois.”

 

O sorriso de Baekhyun se abriu um pouco e o garoto voltou a olhar para o céu como estava fazendo outrora. Chanyeol imitou seu gesto, permitindo que o silêncio caísse sobre ambos mais uma vez, mas não por muito tempo já que o Byun ainda tinha algumas coisas para falar.

 

Sempre fora tão confiante, não tinha a menor ideia do porquê aquilo soava estranho com o nerd.

 

“Eu acho que vou acabar indo para a mesma faculdade que o Baekbeom”, Baekhyun comentou, “e vamos jogar no mesmo time... Ele é o capitão, sabe. Eu acho que vou começar no banco, mas... Se você quiser ir assistir alguns jogos...”

 

“Eu adoraria”, Chanyeol concordou com um sorriso. “Você não ficaria no banco por muito tempo. É um jogador incrível!”

 

“Seria ótimo poder jogar logo para receber os seus beijos de boa sorte na faculdade também”, Baekhyun piscou, fazendo o Park ficar sem jeito. O som de sua risada ecoou novamente, como sempre acontecia quando suas provocações surtiam efeito. “Não acredito que a escola está acabando...”

 

“Eu pensei que o meu fim do ensino médio seria marcado apenas pelas provas finais e o nervosismo pelas cartas das faculdades chegando ou não”, Chanyeol comentou em seguida, “eu nunca esperei por essa reviravolta toda logo no final.”

 

“Eu cheguei para agitar os seus dias, não foi?”, Baekhyun brincou.

 

“Você faz piada, mas é verdade!”, o Park confirmou. “Tem muita coisa que eu fiz que eu nunca teria feito se não fosse por você, Baekhyun. Eu aprendi muito nessas semanas a respeito de mim mesmo, de como posso lidar com esse nervosismo ao lado de outras pessoas, com a minha timidez... Foi muito mais do que uma lista de tarefas a ser cumprida, foi uma jornada comigo mesmo.”

 

Baekhyun o olhou em silêncio, apenas com um sorriso terno em resposta às palavras de Chanyeol. Ficava feliz por ter sido de grande ajuda dessa forma ao mais novo, mesmo que não tivesse intenção; Chanyeol estava nitidamente mais desenvolto do que no começo, não corava por tudo que diziam e até estava melhorando com seu nervosismo em estar sob os olhares de muitas pessoas.

 

O Byun estava orgulhoso de seu garoto favorito.

 

Aproximou seu rosto ao de Chanyeol e percebeu a forma como os olhos lhe encararam vacilantes. Esperava por essa reação, dado ao fato de que Chanyeol ainda não sabia como agir. Não tinha problema algum: Baekhyun não via problema em ser ele a dar os primeiros passos novamente, como havia feito no início.

 

“Está tudo bem”, Baekhyun sussurrou com os olhos fixos nos do mais novo, “ainda somos só nós dois, como antes. Eu ainda estou apaixonado por você. Você ainda é o meu garoto.”

 

Chanyeol se permitiu sorrir, aliviando sua própria tensão, e permitindo que Baekhyun o beijasse como queria fazer e como o Park também desejava que acontecesse. Buscou pelas mãos do mais velho, apertando-as entre as suas mesmo que a posição em que estavam – deitados lado a lado – não favorecesse muito bem. A única coisa que queria era ter a certeza de que havia algo na qual se agarrar para saber que Baekhyun estava ali.

 

E que Baekhyun não iria a lugar nenhum.

 

Seus lábios se tocaram em um beijo gentil e calmo, sem grandes pretensões além de transmitir o carinho que nutriam um pelo outro, e o desejo de um bom recomeço. Ainda tinham tanta coisa para viver, um verão inteiro para aproveitarem ao lado um do outro antes que precisassem lidar com a incerteza da faculdade, e a distância que provavelmente teriam...

 

Um passo de cada vez e chegariam lá. Por enquanto, bastava que as mãos de Baekhyun estivessem unidas às suas enquanto trocavam um beijo desajeitado no lugar que sempre significaria recomeços para cada um dos dois, onde podiam contar as nuvens, suas risadas e seus mais antigos segredos.

 

Baekhyun não mais era um garoto invisível naquele mirante, e Chanyeol nunca deixaria de ser o seu garoto.


Notas Finais


Eeeee é isso ;) Eu espero que vocês tenham gostado!

A reação do Baekhyun talvez não seja como vocês imaginavam ou talvez vocês já soubessem que não teríamos uma reação habitual porque menino Baekhyun não segue a maré como a maioria das pessoas huahueuhahueua Eu queria que eles tivessem uma boa conversa a respeito da aposta ao invés de carregá-los de drama e acho que condiz bem com a personalidade que Baekhyun mostrou durante a história. Me deixem saber se vocês concordam ou imaginavam diferente!

Eu pessoalmente amo a última cena deles i.i

Qualquer coisa, estou aí nos comentários para ouvir vocês, se quiserem falar algo comigo vocês me acham no twitter também como @iambyuntiful e para dúvidas, sugestões, reclamações, críticas ou só me dar amor porque eu to triste com a fanfic indo pro fim, eu to no gato curioso nesse link https://curiouscat.me/iambyuntiful <3

Até semana que vem com o fim da nossa querida listinha e beijinhos~! <3


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