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História The Five Guardians - Envy


Escrita por: KimYutaka

Notas do Autor


Olá, meus grandes amores, que saudades! Espero que estejam todos muito bem!
Então, o aniversário do dia 22 foi o meu, mas quem está ganhando um presente são vocês, obaaaa!! Trouxe um capítulo bem longo para compensar a ausência e com bastante coisa, e como poderão perceber, terão altas tretas nesses últimos capítulos (acredito que terão mais uns cinco ou seis), então fiquem espertos, ein?? Estamos em contagem regressiva para o final!

Boa leitura, meus amores!

Capítulo 42 - Envy


Fanfic / Fanfiction The Five Guardians - Envy

            Julho de 1504.

 

 

            A tarde caía gélida e quieta, e o único som audível era o da lenha queimando na lareira. Park ainda estava em seu luto, apesar de um bom tempo já ter se passado, porém, mesmo com a triste perda de sua filha, o antigo Marquês já mudava seus planos. O homem levantou-se, chamando a atenção dos presentes, e quando um dos serviçais lhes levou as taças de vinho, cada um se serviu sem agradecer, exceto Hoseok, o que fez o homem suspirar em reprovação. Ele voltou a se sentar.

— Por que agradeceste, rapaz?

— Ora, senhor, foi uma gentileza ele nos servir.

— Que visão pequena, meu caro. – Ele riu, deliciando-se com o primeiro gole do vinho. – Este é apenas um empregado, não tens o porquê de agradece-lo.

— Desculpe-me, senhor, mas tenho bons modos e não creio que sejamos superiores.

            O mais velho gargalhou, gargalhou tão alto e sarcástico que o clima pareceu esfriar ainda mais.

— Tu achas, meu caro, que com tais pensamentos de plebeu será um bom marido para minha querida filha?

— Pois não, senhor?

— Já não basta ser um escudeiro afastado, senhor Jung? Achas que minha família aceitaria um homem de tão pouca ganância?

— Papai, por obséquio, pare de ofender o meu noivo. – Sussurrou Myung-Hee, mas o pai riu outra vez.

— Eu jamais permitirei este casamento absurdo, Myung-Hee. Achas que poderá se casar com um boçal?

— Senhor, estás ofendendo o escudeiro Jung, por gentileza, evite humilhações, ou pedirei para que se retire de minha residência. – Repreendeu-o Park.

— Sua residência, rapaz? Estas terras quem lhe cedeu foi o falecido Rei Jeon.

— De fato, meu senhor. – Jimin ergueu a cabeça e mostrou um sorriso vitorioso. – Estas terras foram cedidas unicamente a mim, e desta forma eu decido quem aqui fica ou não.

— Achas que és tão importante por ter em seu nome uma mera fazenda, meu caro?

— Não possuo tanto quanto o senhor, mas sei que posso conquistar até mais do que tens.

            Por um breve instante o homem calou-se, parecia sério e irritado, mas percebendo que Park permanecia convicto em suas palavras, acabou abrindo um sorriso contente, movendo sutilmente os ombros quando voltou a olhar para Hoseok.

— Percebeste, jovem rapaz? Este homem tem garra, tem ganância, elegância e voz, por isso o escolhi como meu sucessor.

            Levantou-se e caminhou até Hoseok, repousando sua mão livre em um dos ombros do rapaz, enquanto terminava com o vinho em sua taça. Jung permaneceu quieto, com o olhar baixo e com seus punhos cerrados, postura que o fez receber três tapinhas no ombro.

— Tu és fraco e pouco promissor, meu caro rapaz. Deverias juntar-se com uma mulher de sua classe e deixar minha filha para quem realmente a merece.

— Papai, isto é um absurdo! – Gritou Myung-Hee, levantando-se de sua poltrona. – Achas que sou um mero objeto que pode mudar de um lugar para outro desta forma? Meu querido pai, sou sua primeira filha e sequer passou por sua cabeça eu ser sua sucessora, deixou-me como simples dama de companhia, enquanto minha irmã desfrutava de tudo o que deveria, por direito, ser meu. O senhor jamais perguntou-me o que eu desejei durante minha vida, sequer perguntou se eu me interessava em prosseguir com nossa posição na sociedade! Porém, meu pai, desta vez eu decidirei por mim mesma. Casarei com Hoseok e morarei em uma casa no campo se assim for preciso, mas não dirá a mim o que devo ou não fazer.

— Como ousa, filha ingrata?

            Disse ele, aproximando-se de sua filha e a agarrando por um dos pulsos, para então soprar um riso e, também, segurar Jimin pelo braço, levantando-o.

— Casará com o Marquês Park, viúvo de sua irmã, e esquecerá essa bobagem de morar no campo com esse camponês imundo.

— Senhor, já lhe avisei sobre seus modos dentro de minha propriedade!

            Jimin puxou o braço novamente, também livrando o de Myung-Hee, dando assim um passo para trás.

— Casei-me com sua filha e mesmo após seu falecimento, obviamente continuarei a respeitando, meu senhor.

— E eu abrirei mão de minha herança e posição social, papai. Casarei com Hoseok e o senhor não poderá impedir.

            O homem apenas riu, cruzando suas mãos por trás de seu corpo, para então ditar tranquilamente:

— Pois se assim não fizerem, Park deixará de ser Marquês e você, minha querida filha, será mandada para o mais longe possível, então a trancarei em um convento.

            Após uma reverência e um sorriso, retirou-se da sala-de-estar, deixando sua filha aos prantos para trás, a qual rapidamente jogou-se entre as pernas de seu noivo e o segurou as mãos.

— Imploro-te, meu amado, mude-o a mente!

— Não posso, minha dama, não posso...

— Mas é claro que pode, meu amado! Faça-o por mim, imploro-te!

— É perigoso, minha querida.

— Esta é a única forma de ele nos permitir juntos! Ao menos que tu fosses um dos grandes nomes.

— Perdoe-me a incapacidade de ajudar-nos, Myung.

            Hoseok levantou-se e após uma reverência a ambos ali presentes, virou-os as costas, mas sua amada novamente o segurou as mãos, virando-o para si outra vez.

— Diga-me o porquê.

— Apenas confie em mim, Myung-Hee.

— Imploro-te para que não desistas assim de nós, meu amado.

— Há uma forma, mas é perigosa e pouco provável que aconteça. Ore para que eu consiga.

            Então, após solta-la as mãos, respirou fundo e saiu das terras de seu amigo, montou em seu cavalo e seguiu seu destino, implorando aos céus para que o ajudasse.

 

 

“— Hoseok, quando estivermos a caminho quero que faça-me um favor.

— Pois diga-me!

— Deixe a mente do cocheiro da filha do Marquês atordoada, faça com que ele tente mata-la! Eu salvarei a vida dela, e neste momento você trará a nós o cocheiro, que em uma hora dessas estará tentando fugir. Quando retornar, quero que faça o Marquês enxergar o grande herói que fui e, desta forma, acreditará que eu serei o melhor marido para sua filha.

— É uma ótima ideia, Jimin. Mas e quanto a filha? Terei que encantar a mente também?

— Não se preocupe quanto a isso, meu caro, pois eu sei que a conquistarei sem muito esforço.”

 

 

***

 

 

            O pôr do sol já era visível e a noite se aproximava sem pressa, e o triste escudeiro parecia correr contra o tempo, mesmo que este se passasse tão lentamente. Não se atreveu a bater na porta da velha casa, apenas abriu-a e adentrou-a. Damara estava de costas para a porta de sua casa, e mesmo com a brutalidade nos passos do rapaz, não se assustou, apenas sorriu e continuou olhando os objetos em cima de sua mesa empoeirada.

— Demorou, garoto.

— Estavas esperando-me?

— Digamos que eu soube sobre a sua visita.

            Disse ela, apontando discretamente para uma cadeira, convidando-o a sentar-se, mas ele recusou, apenas continuou parado em frente à porta já trancada. A bruxa levou-o um cálice de vinho, olhando-o admirada os olhos vermelhos.

— Vejo que já podes controlar adequadamente seus dons, Jung.

— Sempre fui um homem inteligente e controlado, senhorita. – Respondeu-a, agradecendo pelo vinho com um sorriso, assim o tomando. – Ou devo chama-la de “Condessa Kim”? – Ele sorriu.

— Ora, ora! Também podes me pegar desprevenida? Estou surpresa, rapaz. Sabes que não deverás contar a ninguém sobre o que descobriu, estou certa?

— Certamente, minha cara. – Outro gole no vinho fora dado, então ele finalmente se sentou. – Mas acho que tu gostarias de uma garantia para que minha boca se mantivesse fechada.

— O que desejas, Jung? Faremos um acordo, se assim queres.

            Damara encostou-se em sua mesa, também deliciando-se com uma bebida, mas ao contrário de Jung, sem álcool.

— Ajude-me a tornar-me Duque.

— Ora, sua proposta me admira. Há pouco não desejavas ser um dos nobres, poderia eu saber o porquê de sua mudança repentina de pensamento?

— Assim como a senhora, há alguém que eu amo. Para ser mais objetivo em minha explicação, apenas poderei casar-me com ela se eu estiver hierarquicamente acima do pai dela.

— E como pretendes fazer isto? Acredito que SeokJin ou JungKook não o aceitariam seu pedido. Afinal, percebo o afastamento de vocês, além de que no Reino de Jeon já há um Duque.

— Correta estás, Damara, e como sei sobre o grande potencial mágico que meu velho amigo Jin tem, não seria fácil alterar os pensamentos dele.

            Damara pensativa ficou, imaginando uma boa forma de ajudar o escudeiro, então, quando uma luz pareceu se acender em sua mente, ela sorriu e caminhou até a estante de livros, retirando dali um grande e velho livro, colocando-o acima da mesa. Curioso, Jung aproximou-se e parou ao lado dela, também olhando para o livro, mas desconhecia o idioma ali escrito.

— Em que língua escrevera?

— Criei um alfabeto para comunicar-me com minhas entidades, ninguém além de mim e eles sabe o que está escrito.

— Surpreendo-me com sua inteligência.

— Por gentileza, não force simpatia comigo, garoto. Deixe-me ver, deixe-me ver... – dizia ela, correndo seus dedos pelas linhas, e após folear algumas páginas, sorriu. – Aqui está!

            Damara afastou-se da mesa e correu até outra estante, recolhendo alguns itens que ali ainda haviam, segurando-os com uma das mãos enquanto caminhava até o outro cômodo junto a Hoseok. Parou em frente ao seu caldeirão e colocou os ingredientes na pequena mesa ao lado. Aproveitando-se de seu forno à lenha ainda estar aceso, colocou um de seus caldeirões, de tamanho médio, ali.

— Hoseok, traga-me o livro.

            Ele concordou e imediatamente a obedeceu, segurando-o aberto para que Damara o lesse, e tranquilamente seguiu a receita que ali estava escrita. O cheiro era forte e quase insuportável, o que fazia Hoseok se perguntar o que ela havia misturado dentro daquele caldeirão, e por mais que tentasse enxergar em sua mente o que ela fazia, era impossível, afinal, desta vez ela não estava distraída.

— O cheiro é péssimo.

— O gosto nem tanto.

— Desculpe-me a curiosidade, mas para que serve essa poção?

— Explicarei quando terminar, garoto. Cale-se e deixe-me concentrar.

— Perdoe-me.

            Disse praticamente em um sussurro, calando suas inúmeras perguntas durante aqueles longos minutos em que Damara fazia sua mistura, e quando o cheiro já não existia mais e a cor se tornara um vermelho escuro, ela retirou o caldeirão da chama e o colocou na mesa, para logo em seguida pegar uma garrafa de vinho quase pela metade, e mesmo sem esperar a poção esfriar, despejou-a ali dentro, sussurrando o encantamento devido para aquela finalidade, e então embrulhou a garrafa em um pedaço de seda vermelha, prendendo o tecido à garrafa com uma fita na cor dourada.

— Ora, sabes como combinar cores, senhora.

            Damara riu.

— Fazem parte do feitiço, Hoseok.

— Não entendo.

— As cores têm propriedades mágicas, rapaz. O vermelho tem diversas representações, assim como o dourado, mas neste caso usamos o vermelho como poder e conquista, enquanto o dourado aqui representa riqueza e persuasão.

            Hoseok assentia a cada explicação dada por Damara, e então quando ela o entregou a garrafa, sorriram.

— Deixe esta garrafa à luz do luar desta noite, em um local que ninguém além de você possa ver, e enquanto a coloca em sua posição escolhida, pense no que deseja. Amanhã ao anoitecer visitará o Rei, e dará a desculpa de que desejas escolher um bom vinho para o seu casamento com Myung-Hee, e entre as opções de vinho estará esse. Embrulhe os outros vinhos que levar com tecidos de mesma cor.

— Achas que ele acreditará?

— E o que faço a seguir?

— Ele parecerá hipnotizado, e a partir deste momento você terá exatos vinte minutos para o fazer acreditar que será um bom Duque. Achas que conseguirá?

— É mais que o suficiente, minha cara.

— Posso confiar meu segredo a ti?

— Se Duque eu me tornar, nunca saberão sobre Taehyung e a senhora.

— Agradeço-te, garoto. Agora vá!

            Então, após um largo sorriso, Hoseok se retirou dali junto à bruxa, para então seguirem caminhos opostos.

 

 

***

 

 

 

 

Venha, pequena criança, a levarei para longe, para uma terra de encantos. Venha, pequena criança, é hora de brincar aqui no meu Jardim das Sombras. Siga-me, doce criança, mostrarei o caminho através de toda a dor e tristeza...

            A doce e afinada voz de Damara soava pelo quarto, e distraída em sua cadeira sequer percebeu que alguém a admirava cantar. Taehyung, então, adentrou o cômodo.

— Não achas que esta é uma música um tanto sombria para nosso filho?

            A bruxa estremeceu o corpo ao ouvi-lo, acabando por sorrir quando o olhou, mas voltou sua atenção ao bordado que fazia tão pacientemente.

— Eu cantava para minha irmã dormir e ela não achava sombria, meu amado.

— A Rainha certamente tem gostos peculiares. – Ele sorriu, direcionando o olhar ao que sua esposa fazia. – Não sabia que bordavas, bruxinha.

— Tenho inúmeros talentos, aprendi ainda quando pequena.

— O que lhe faz acreditar que será uma menina?

            Perguntou ele, admirando o belo vestido prateado que a esposa bordava, e ela apenas sorriu.

— Intuição, acredito eu. Achas que será um rapazinho?

— Para mim não importa, pois amarei com todo o meu coração seja homem ou mulher. Se bem que seria um pouco incômodo ter uma filha tão bela quanto a mãe.

— Por que diz isso?

— Oras, imagine as filas enormes de pretendentes que rodearão este Palácio!

— Serás um pai enciumado?

— E como não seria, minha dama? Olhe a imensa beleza que tens. Tive grande sorte de tê-la, Damara.

            Os olhos de Damara brilharam ao ouvir tal declaração, e mesmo que seu emocional a dissesse para beija-lo, conteve-se, voltando a bordar.

— Nasci com a aparência de minha mãe.

— Nunca contaste a mim sobre o Vilarejo.

            Damara parou de falar por um momento, e mesmo relutante, decidiu contar.

— Éramos muitos, a maioria mulheres. Éramos felizes e respeitosas. – Ela suspirou, erguendo sua cabeça para o olhar. – Não haviam brigas, desrespeito, insultos ou inveja. Plantávamos, costurávamos, colhíamos, cozinhávamos, reuníamo-nos às noites, contávamos histórias e brincávamos. Não precisávamos temer algum ataque ou furto, pois éramos confiáveis. – O sorriso que previamente se abrira, logo desapareceu, e o olhar se concentrou em um ponto fixo do quarto. – Eu não estava presente quando atacaram o Vilarejo. Logo antes do amanhecer minha mãe exigiu que eu fosse colher ervas o mais longe possível. Ela fez com que eu levasse Pandora junto a mim, e dentro do cesto em que Pandora estava, ela guardou mantimentos, alguns escritos e o cordão que meu pai havia dado a ela.

— Ela sabia o que aconteceria...

— Sim, ela sabia e preferiu nos proteger.

— Por que ela não fugiu junto a vocês, minha amada?

— Estava escrito em um dos papéis que ela deveria ficar e lutar, pois este era seu destino. Minha mãe sempre disse que via em mim grande potencial, grande poder e sabedoria, mas eu acho que ela se enganou quanto a mim.

            Taehyung segurou as mãos de sua esposa, beijando-as demoradamente antes de abrir um doce sorriso a ela, voltando a olhar em seus olhos.

— Sua mãe sempre teve razão, Damara. És a mulher mais sábia e forte que conheço, admiro-te.

— Agradeço-te as palavras.

— Tens ideia de quem enviou aqueles homens para o Vilarejo? Se souberes, eu mesmo farei questão de manda-los presos.

            Damara negou de imediato, mesmo que soubesse quem havia dado as ordens, mas precisava ser discreta, afinal, de que adiantaria dizer se o Rei já estava morto? Ela forçou um sorriso e voltou ao que antes fazia, recebendo no topo de sua cabeça um breve beijo do Conde, o qual logo se levantou e reverenciou.

— Irei me recolher, minha dama. Espero-te esta noite?

— De fato, meu senhor.

            Então, quando ambos sorriram, Kyung, o cozinheiro, correu para dentro do cômodo.

— Desculpem-me a interrupção, mas trago-lhes más notícias!

— O que há, Kyung? Desembuche!

            Exigiu Damara, levantando-se de sua poltrona.

— Algo terrível aconteceu aos nossos guardas, estão mortos, talvez seja uma nova praga! Acompanhe-me, Conde Kim!

— Junto irei.

            Disse Damara, colocando o pequeno vestido acima de sua cama, mas Taehyung a impediu.

— Fique aqui, não é cenário para uma dama.

— Cale-se, meu senhor. Vamos, Kyung.

            Damara passou apressada por Taehyung, o qual apenas correu junto a eles sem contestar até o jardim do Palácio, deparando-se com os corpos de todos os guardas sem vida. Rapidamente ela ajoelhou-se diante a um dos corpos, percebendo que ao lado dele havia uma garrafa vazia; pegou-a e analisou o líquido.

— Como conseguiram este licor? – Perguntou Taehyung.

— Não sabemos, senhor.

— Obviamente roubaram de minha reserva! Inúteis. – Esbravejou Jin, cerrando os punhos.

— Mas não deve ser a causa da morte, meu primo. – Argumentou Taehyung.

— Esperem, meus senhores.

            Damara levou a boca da garrafa até perto do nariz, e quando reconheceu o cheiro do que ali havia, arregalou os olhos.

— Envenenamento.

— O que disseste, Damara? – Perguntou Jin.

— Reconheceria este aroma há quilômetros, Vossa Majestade. Misturaram ao licor uma quantidade absurda de Oleandro, uma flor altamente tóxica. Apenas uma pétala é o suficiente para matar uma pessoa. Quem fez isso, com toda a certeza, desejava que a morte fosse rápida. Deduzo isso devido à quantidade usada, já que o perfume que senti disfarça o cheiro do álcool.

— Malditos! – Gritou Jin, desferindo um soco em uma das árvores próximas. – Kyung, mande esvaziarem a minha reserva de licor. Ou melhor, esvaziem todas as reservas de bebidas que tenho, com toda a certeza alguém desejava envenenar a mim e aos meus homens, e se meu licor está contaminado, o restante de minha produção também está.

            Kyung concordou de imediato e se retirou para seguir as ordens, enquanto Damara, desconfiada, ainda observava os corpos, então, incomodada com algo, ergueu a cabeça até a janela de seu quarto, vendo Alcander sorridente. Após pedir licença aos ali presentes, imediatamente voltou ao seu quarto, irritada e ofegante.

— O que fizeste, Alcander? Enlouqueceste?

— Também estou feliz em vê-la. – Disse ele.

— O que tens na cabeça, Alcander? Envenenar os guardas? E se o Rei ingerisse o licor?

— Como tens certeza de que eu sou o responsável?

— Quem mais saberia dos perigos desta flor, Alcander? Poucos a conhecem.

— De que importa agora, minha dama?

— Para que fez, Alcander? Responda-me.

— Para que lhe sirva de aviso, minha cara. Estás afastada de seu principal foco.

            Damara rangeu os dentes e cerrou os punhos, dando um passo à frente, mas então percebeu o olhar de seu antigo marido desviar-se para a cama, e naquele momento seu coração falhou uma batida. Alcander recolheu o pequeno vestido quase pronto e apagou o sorriso.

— O que significa isso?

— Oras, estou bordando!

— Damara, o que estás escondendo?

            Alcander rangeu os dentes e deu um passo para frente, fazendo a bruxa recuar um para trás.

— Afaste-se, Alcander. Não me obrigue a usar de minha força.

— Não me amedronta, Damara.

            A bruxa soprou um riso sarcástico, então concentrou-se no cavaleiro, mas por mais que tentasse o fazer recuar, não conseguia. Damara persistiu em usar seus dons contra ele, mas de nada adiantou, pois sequer conseguia mover um fio de cabelo alheio. Alcander, risonho, jogou-a contra a cama e rasgou a camisola que ela vestia, e mesmo que tentasse se defender, Alcander era mais ágil em seus movimentos.

— Deixe-me ver seu corpo, bruxa!

— Solte-me, verme! Não há nada para ver!

— Estás grávida de outro homem! Deixe-me ver o volume em seu corpo!

            Pouco a pouco o cavaleiro despia a bruxa, mas sua força parecia inútil enquanto ela estapeava o rosto alheio, porém, quando ele conseguiu a segurar e finalmente retirava-a o restante do tecido rasgado do corpo, Jin o jogou para longe dela, abraçando-a com força.

— Enlouqueceste, Alcander?

— Esta mulher é uma adultera, Vossa Majestade!

— O que lhe faz acreditar em tal absurdo?

— Estava bordando roupas de criança!

— Ora, estúpido! Eu mesmo pedi para que sua esposa bordasse variadas roupas para meu herdeiro que logo nascerá! Pedi a ela que além de vestidos, também bordasse roupas masculinas, assim estaríamos preparados adequadamente para a criança que vier.

— Ele diz a verdade, Damara?

— Duvidas de minha palavra?

— Não, senhor. Perdoe-me. – Alcander ajoelhou-se.

— Peça perdão à sua esposa, pois duvidou de seu respeito e fidelidade. Não há mulher mais pura neste reino do que Damara.

— Estás coberto de razão, Vossa Majestade. Perdoe-me, minha dama, prometo-lhe não voltar a ser tão imprudente.

— Saia de meu Palácio, Alcander. Está afastado de seu posto até segunda ordem.

— Senhor, compreenda...

— Cale-se ou o exonerarei.

            Alcander imediatamente calou-se e Damara escondeu o rosto no peito do Rei, encolhendo-se ali, e quando seu olhar já não os alcançava, SeokJin abriu um sorriso agradecido a Alcander, o qual retribuiu tal sorriso antes de se retirar dali. O Rei sequer imaginava que aquela discussão aconteceria, mas agradeceu silenciosamente ao destino por ter arquitetado perfeita desculpa para a aproximação dele e da bruxa. Jin se afastou e olhou o rosto preocupado de Damara.

— Ele já se foi, minha dama. Descanse.

— Algo está errado comigo.

— Desculpe-me?

— Tentei me proteger, mas não pude usufruir de meus dons! Perdi-os.

— Mas é claro, minha dama, seus hormônios estão aflorando com sua gravidez e isso altera sua energia. Esta mistura de energias fez com que seu corpo criasse uma barreira para o uso de seus dons, pois se usa-los, poderá afetar a si mesma e ao seu filho.

— Como pude me esquecer? Minha mãe contou-me sobre isso! Céus, o que será de mim sem meus dons?

— Acalme-se, minha bela dama, pois cuidarei de ti.

            Jin sussurrou entre um sorriso, segurando-a pelo rosto antes de deixar em suas bochechas sutis carícias. Damara, agradecida e atordoada, sequer percebeu o quão ingênua estava sendo ao acreditar no Rei, o homem em que menos deveria confiar.

            O homem que retratava a própria inveja.

 

 

“ — Chamou-me, Vossa Majestade?

Perguntou Alcander, curvando seu corpo diante ao Rei. Jin sorriu e cruzou seus braços.

— Conheces a flor Oleandro?

— Sim, senhor.

— Pois quero que colha o suficiente para envenenar minha reserva de licor.

— Não entendo, senhor.

— Quero que envenene meu licor e que presenteie os guardas com uma garrafa, então fará com que Damara desconfie de ti, para uma discussão preocupante acontecer e eu intervir. Não sei como fará para que sua esposa desconfie, mas terá de fazer.

— Ainda não compreendo seus planos, senhor.

— Quero me aproximar de Damara, pois desejo aprender mais sobre magia.

— Insinua que minha esposa seja uma bruxa?

— Não insinuo, eu afirmo. Sabes bem que ela é uma bruxa, Alcander. Não se preocupe, pois não contarei a ninguém. Quero ser um mago tão bom quanto ela, e para isso preciso da confiança dela.

— Perdoe-me, Vossa Majestade, mas não trairei assim a confiança de minha amada esposa.

— Tens certeza, Alcander?

— Plena certeza, senhor.

— E se eu o nomeasse Visconde?”

 

 

 

 

 

 

“— Conte-me mais sobre a inveja, minha mãe!

— A inveja é quando uma pessoa sente ódio ou angústia por não possuir o que outra pessoa possui, querendo que aquilo seja de sua própria posse. A inveja é o pecado mais inútil, minha menina, e é por ser tão inútil que ela existe.

— Devo teme-la?

— Deverás, minha doce Damara, porque apesar de inútil, é dela que o sofrimento e derrota provém.”

 

           

 

 

 


Notas Finais


E aí, gostaram? Espero que sim!
Não esqueçam de comentar, viu?!
E se quiserem saber qual música que é essa que a Damara cantou, deixarei aqui o link: https://www.youtube.com/watch?v=1t8-_pI1-9Q


Vejo-os no próximo, meus bebês!
Beijinhos e até logo. <3


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