"– Quando a vingança bater à porta, abra-a. Quando a sorte estiver ao seu lado, caminhe junto a ela. Porém, seja cautelosa, doce menina, porque a sorte é traiçoeira e pode fazer você cair em sua própria armadilha."- Allane.
A mesa estava cheia das mais deliciosas comidas, das melhores e mais macias carnes e, obviamente, dos mais finos e antigos vinhos. Os sorrisos de cada um na mesa demonstrava a felicidade sentida por aquele tão esperado banquete, exceto pelo padre, amigo próximo às famílias, que observava cuidadosamente Damara, pois sentia nela poderosa energia.
– É uma pena que a rainha não possa vir, Príncipe Jeon. - Disse o rei, olhando o garoto que logo sorriu.
– Ela não está bem, meu senhor! Meu pai ficou para cuidar dela, mas mandou-me aqui para representa-los.
– E quanto os seus pais, Hoseok e Jimin?
– Estão em batalha, Vossa Majestade!
– São bons homens, quando retornarem, gostaria de visita-los.
– Será um prazer. - Respondeu Jimin entre um gentil sorriso.
– Meu filho demora mais que a própria mãe para se vestir!
O rei disse ao olhar seu relógio de bolso, mas sua esposa, que estava na outra extremidade da mesa, olhou sorridente para a escada, vendo que Jin descia sem pressa e um tanto tristonho os degraus, e assim que Pandora o viu, seu coração acelerou e suas pernas tremeram, e julgando pelo temperamento dela, levantaria e insultaria Jin, mas Damara a segurou, fazendo-a olhar para si, então sussurrou:
– Não faça nada, minha irmã.
– Então era isso? - Pandora também sussurrou, o mais baixo que pode. - Ele fez questão de trazer-me até aqui? Provavelmente conhecerá a noiva hoje.
Damara apenas riu, balançando a cabeça em seguida, ela poderia contar à irmã a verdade, mas preferia que Pandora tivesse a surpresa. SeokJin sentou-se à mesa, ao lado do pai e de frente à Pandora, que ainda o olhava, então, quando o garoto ergueu seu rosto e prendeu-se ao olhar da ruiva, parou até mesmo de respirar por tal surpresa. Não acreditava que ela estava ali, diante de si.
– Agora que estamos todos aqui reunidos, faremos o comunicado! - O rei sorriu, levantando-se, sendo seguidos por todos os outros da mesa, que seguraram suas taças de vinho. - O meu amado e único filho, herdeiro do trono real, completará dezessete anos em poucos dias, e como presente a ele e a todos deste reino, é com enorme prazer que anuncio seu noivado.
Jin apertou a taça em sua mão, enquanto Pandora segurava as lágrimas, sem desviar o olhar do garoto, porém, as palavras do rei surpreenderam a ambos, que imediatamente olharam para o homem.
– É com orgulho e honra que entrego a ti, meu filho, a mão de Pandora. Cuidará, amará e respeitará sua futura esposa, e quanto a ti, Pandora, respeitará, será fiel e amará ao meu filho acima de qualquer outra coisa.
– O que?
Perguntaram Jin e Pandora, em coro, arrancando risos de cada um ali presente.
– Um brinde aos futuros rei e rainha!
E assim, sem mais nada dizer, brindaram, ainda surpresos por aquilo. Após o brinde, finalmente, o jantar se iniciou, mas o silêncio incomodava de certa forma, até que o rei, infelizmente, decidiu perguntar:
– E quanto a seus pais, Pandora?
– Os meus pais faleceram, Vossa Majestade. - Ela forçou um riso, abaixando a cabeça. - Desde que eu era recém-nascida, minha irmã Damara cuidou de mim.
– É mesmo, senhora?
– Sim, meu senhor! - Damara sorriu. - Eu e meu marido sempre cuidamos bem de minha irmã.
Damara direcionou o olhar ao homem à frente, recebendo um sorriso lateral de Alcander, que ainda em silêncio, voltou a comer. O rei, sorridente e agradecido, disse:
– A rainha contou-me sobre vocês, sabemos que possuem apenas algumas terras, mas como Pandora é da família de nosso mais fiel e forte cavaleiro, principalmente, nosso querido amigo, decidimos que seria o melhor para o nosso filho.
– Agradeço, meu senhor. É uma honra para nós darmos a mão de minha irmã ao Príncipe Kim.
– Porém, Damara, agora que farão parte da família real, não poderei deixa-las desprotegidas. Gostaria de convida-las a viver no palácio, assim poupariamos, também, o Alcander do sofrimento que é ficar longe da família.
– Será uma honra, meu senhor.
E assim, após conhecerem-se um pouco mais, seguiu o jantar em silêncio, e após o mesmo terminar, cada um dos convidados foi direcionado à sala principal para comemorar o noivado com uma boa bebida. Jin, percebendo que seus pais e o restante da nobreza já começava a ficar um tanto alterados com a bebida, puxou Pandora pelo pulso, levando-a para o lado de fora do palácio.
– Você sabia disso, Pandora?
– Não! A rainha trouxe-me hoje, cheguei há pouco aqui. Nem sequer passou pela minha cabeça que se tratava de sua família.
– E, obviamente, aceitou logo de início vestir roupas luxosas e usar as joias mais belas logo de início. - Ele riu, fazendo Pandora também rir.
– Eu sou humilde, mas não sou burra, meu senhor.
– O que pretende, Pandora? Ficar com meu poder?
– Como tem coragem de dizer tais coisas a mim? Meu senhor, eu o amei mesmo antes de saber sobre o seu título, amei-te mesmo antes de saber o quão louco por mim era. O senhor poderia ser um simples homem do campo, poderia ter apenas um pequeno pedaço de terra para plantar, mas mesmo assim eu o amaria tanto quanto amo.
– Diz a verdade, Pandora?
– Olhe em meus olhos, Jin, acha que minto quando digo que o amo?
O sorriso desenhou-se nos lábios de Jin ao ouvir tais palavras, e por impulso a puxou para si, beijando-a com toda a saudade que sentiu por aqueles meses afastado de sua amada. Era como se toda a maldade se esvaisse com aquele ato, como se a saudade morresse pouco a pouco e como se o medo sumisse no mesmo instante. A felicidade preenchera os corações, principalmente, os de Alcander e Damara, que após tanto aguardar, conquistavam suas vitórias, e o casamento era a primeira delas.
***
Damara, contente, arrumava seu quarto de acordo com seus gostos, mas logo se cansou por conta da longa viagem feita e decidiu banhar-se, pela primeira vez, sem ser no rio próximo à sua cabana. Longo fora o banho, tão longo que ela nem ao menos percebeu que Hoseok aguardava por ela ao lado de fora do banheiro, e quando ela passou por ele, o rapaz rapidamente a trancou junto a ele em seu quarto. Ela encarou confusa o rosto do mais novo que prendia os pulsos dela contra a parede.
– Sei de seu segredo, Damara.
– Segredo?
– Eu a vi com o Taehyung.
Disse ele com raiva, fazendo Damara engolir seco, mas ela sorriu, erguendo as sobrancelhas.
– Ora, Hoseok, desde quando se preocupa com meus assuntos amorosos?
– Damara, tudo o que tivemos não significou nada?
– Tudo o que tivemos? - Ela riu - Dormimos juntos duas vezes, garoto, mas para usarmos a energia sexual para fins ritualísticos, avisei-te para não se apaixonar.
– Como ousa? Sabia que encantaria-me, Damara. És minha.
Damara gargalhou, empurrando Hoseok para trás uma das pernas, então o segurou pelo queixo e deslizou os lábios pelo maxilar alheio.
– Eu não sou sua, não sou do Taehyung, não sou do meu marido. Eu sou apenas minha, meu caro. Homem algum é meu dono, lembre-se disto.
Ela virou-se de costas para Hoseok, mas ele a segurou pela cintura, puxando-a outra vez para si quando direcionou os lábios ao pescoço ainda com vestígios das gotas de água, beijando-a naquela região tão sensível.
– Você sabe que sente falta de ser acariciada por um homem, Damara. Seu marido tocou-a somente uma vez, e senão por mim, ainda sofreria com seus desejos. - Disse ele ao morder o ombro nu de Damara, prosseguindo em seguida: - Não diga que resiste a mim, Damara.
Ela sorriu, agarrando o braço de Hoseok e o empurrando na cama, fazendo-o sentar-se, então deixou que a toalha caísse, revelando seu belo corpo que rapidamente fora colocado acima do dele. Hoseok segurou as coxas dela e ergueu o rosto quando ela o beijou, tão intensamente que o fez suspirar, e ao sentir o volume entre suas pernas, Damara riu e cessou o beijo, levando os lábios à orelha dele.
– Eu resisto, Hoseok, mas você... - Disse ela, afastando-se dele. - nem ao menos pode me ver sem ficar excitado.
Então, ela finalmente levantou-se e cobriu seu corpo, abrindo a porta do quarto para que Hoseok saísse.
– Com licença, meu senhor, preciso descansar.
E com um sorriso incrédulo, Hoseok levantou-se, mas ao chegar na porta, deixou outro beijo em Damara, que sequer se moveu, como se ser beijada por ele fosse tedioso. Hoseok rangeu os dentes e respirou fundo.
– O padre, Hoseok.
– O que?
– Ele desconfia de mim, mate-o.
– O que ganharei em troca?
– Nada. Eu estou ordenando que o mate, já sabe das regras.
– Sim, senhora.
E após Hoseok sair, Damara empurrou a porta e gargalhou, aproximando-se da janela de seu quarto, observando com orgulho tudo o que aos poucos conquistava, mas ao olhar o rei que se despedia do padre, ela rangeu os dentes com raiva, acabando por rir outra vez de seus planos.
– Sofrerá tanto quanto minha mãe sofreu, Vossa Majestade. Aguarde, meu senhor, porque a sua hora chegará, e você queimará junto à minha mãe.
***
Alcander e NamJoon ainda conversavam na sala, apreciando agora um forte licor, até que, curioso, o mais novo perguntou:
– Como conheceu sua esposa, senhor?
– Ah, meu senhor, conheci Damara naquele antigo Vilarejo que fora queimado.
– Ela é uma bruxa?
Alcander, já completamente bêbado, negou, mas deixou escapar algo que poderia ser usado facilmente contra ele:
– A mãe dela era uma bruxa, e eu contei ao nosso rei sobre aquele Vilarejo, e ele ordenou que eu matasse cada bruxa. Obviamente, apaixonei-me por Damara e salvei-a junto de Pandora, mas a mãe delas eu mandei matar.
– Senhor! Ela sabe disso?
– NamJoon, a justiça deve ser feita para essas aberrações, sempre concordou com isso.
– Mas deve ser doloroso para ela, senhor.
– Contei a ti, milorde, porque confio plenamente que guardará meus segredos, assim como tem feito durante anos.
– Eu guardarei, sabe bem que o considero como um pai.
– O Duque ficaria triste sabendo disto.
NamJoon riu, balançando a cabeça ao olhar para frente e suspirar.
– O meu pai me odeia, Alcander, eu já perdi a conta de quantas vezes brigamos, ou de quantas vezes ele afirmou que sou fruto da traição.
Alcander engoliu seco, desviando o olhar ao ouvir tais palavras, mas NamJoon, apesar de sua dor, sorriu.
– Eu adoraria ter um homem forte, inteligente e bondoso como pai, o senhor é assim.
– NamJoon, eu sou apenas um cavaleiro, nada mais.
– O senhor sabe o quanto amo a cavalaria, daria qualquer coisa para seguir seus passos, Alcander.
– Estou lisonjeado, garoto.
– Bem, está tarde, dormirei agora. Deveria fazer o mesmo, senhor.
– Vá na frente, irei em seguida.
– Com licença.
NamJoon sorriu e levantou-se, curvando seu corpo brevemente antes de finalmente seguir para seus aposentos, deixando Alcander sozinho e pensativo. Era verdade que NamJoon não possuía característica alguma de seu pai, afinal, apesar de seus olhos orientais, possuía traços ocidentais, começando pelo cabelo mais claro que o de seu pai e sua mãe e a pele levemente mais escura, porém, o que mais enfurecia o pai de NamJoon não era a falta de semelhança entre eles, mas sim o cuidado e carinho que Alcander sentia pelo menino desde que nascera. Afinal, seria NamJoon o fruto do pecado e da infidelidade?
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