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História The Prophecy - E Finalmente, As Montanhas do Sul


Escrita por: Bane

Capítulo 26 - E Finalmente, As Montanhas do Sul


Lucy queria rir de desesprero.

 Montanhas do Sul. Estavam exatamente onde deveriam estar.

 O estranho não se movera. Ficara sentado ali, quase tão imóvel quanto ela e Happy. Em todo aquele silêncio, pareceu-se passarem horas até que ele fizesse um leve movimento com a cabeça, como se a inclinasse para poder observar melhor. Esse gesto foi o suficiente para sobressaltar o coração da jovem. Happy continuava imóvel, os olhos vidrados em algo que ela não conseguia ver. Lucy se perguntava se o homem estaria encarando de maneira semelhante  os corpos nus de ambos em um futuro próximo.

 - Então foi você que entrou no meio da profeciazinha idiota- ele riu.

 Levantou-se com um rompante e caminhou com passos firmes até eles.

 Logo o ruído ecoante das grades ao serem bruscamente abertas foi o suficiente para que Happy saísse de sua letargia e voltasse a tremer. Mas o homem não estava na cela dele, estava na minha.

 - Ah, meu nome é Alexander, a propósito - ele se apresentou, usando o mesmo tom de voz que usaria para descrever o tempo. Não é como se estivessemos prisioneiros no subsolo do fim do mundo, não é mesmo?

Mas no momento Lucy não queria exatamente saber a porra do nome dele, queria saber onde estava Natsu e o que estava acontecendo.

- Seu maguinho do fogo está bem - ele deu um passo para dentro daquele buraco úmido que era a cela. - infelizmente não posso brincar com ele.

Lucy suspirou internamente. Por hora, Natsu parecia estar a salvo. Mas não tinha tempo par ficar aliviada, já que os olhos amarelados de Alexander se aproximavam cada vez mais. Ele iria pegá-la.

 E foi isso que fez.

 Cravou suas mãos gélidas no antebraço e a arremessou violentamente para fora da cela. Simples assim. Nenhum aviso prévio. Lucy xingou. Teria dado tudo certo se uma das grades não estivesse no meio no caminho.

 E agora sua têmpora voltara a sangrar. 

 Lucy apoiou as mãos no chão grudento tentando se equilibrar. Não soube dizer se a pancada fora proposital ou não, só rezava para que aquela meleca verde em suas mão não fossem dos restos mortais de alguém. 

 Foi quando apoiou-se mais um pouco na parede e seu pulso encostou no que aparentava ser um cabo de metal. 

 Happy pareceu prever a besteira que ela faria antes mesmo de a garota mover um músculo.

 - Lucy, não! - ele exclamou. 

 Mas ela já estava puxando a arma com toda a força que tinha para detonar a cabeça daquele desgraçado. Percebeu que não ter sido uma boa ideia quando um grito de agonia irrompeu de sua garganta. 

 Soltou a arma abruptamente e o estrondo chegou a ser quase tão alto quanto a gargalhada de Alexander.

 - Não sentiu a magia negra vindo daí, garota?

 De fato, havia sentido, mas não pudera deixar a chance passar. Agora seu braço direito estava entrando em uma letargia preocupante. O negro da queimadura começara a se estender e traçar caminhos e envergaduras que ela acha que logo cobririam seu braço. Como sangue negro sendo derramado em um rio.

 - Que porra é essa? - Lucy rosnou de dor e cólera assim que Alexander agarrou deu braço bom e iniciou sua lenta caminhada pelo corredor, ignorando completamente as consequências que o toque daquela arma causaram. 

 Por mais que Lucy tentasse se debater, não conseguia êxito nenhum além da força extra que era aplicada em seu braço toda vez que esforçava-se para se soltar. Pareciam mãos de ferro, com uma força sobrenatural e assustadora. O que mais a incomodava era o fato de que a aparência do homem demonstrava algo bem diferente, principalmente ao ser observada de perto; e não do fundo de uma cela escura e fedorenta.

 As meias luas negras que contornavam seus olhos quase pareciam hematomas. A palidez e a pele macilenta não ajudava a amenizar sua aparência decadente.

 - Só vamos dizer - ele respondeu com um toque de humor na voz arranhada. - que nem sempre é uma boa ideia mexer em armas carregadas com magia negra.

 Mas quem poderia fazer tal coisa? Lucy se perguntou ao continuar tropeçando pelas pedras irregulares. Seu braço ainda ardia com as chamas invisíveis que pareciam cobri-lo.

 Como se mais uma vez lesse sua mente - isso estava começando a lhe causar arrepios - ele desencaixou uma adaga assustadoramente afiada com seu metal escuro reluzindo graças aos archotes escassos que se espalhavam irregularmente pela penumbra.

 O chiado da carne sendo queimada preencheu o ar, mas diferente de Lucy, Alexander não soltou a arma. Apenas continuou a encarar com seu olhar aterrador. Parecia segurar uma flor fresca de primavera em vez daquela lâmina ácida de tortura. 

 Se o objetivo era assustá-la, ele alcançara sucesso facilmente, já que a bexiga de Lucy ameaçou se soltar bem ali.

 Na verdade, ela não se importaria nenhum pouco, não na presença daquele monstro. E de que era um monstro, Lucy tinha certeza. Nenhuma criatura benéfica teria uma áurea tão carregada em volta de si. Claro que a parte da adaga fumegante também provava seu ponto.

 Desembocaram em uma escadaria circular, escura e escorregadia. A cada curva trôpega Lucy percebia uma passagem nova que se abria para outras escuridões desconhecidas. Decidiu ignorá-las, já que não estava exatamente inclinada a descobrir o que se escondia naquelas sombras.

 Nada de bom, imaginava.

 Se não fosse por seu guia, ela ponderou, ficaria presa sob esta montanha. Perdida pelo resto da vida.

 - Não creio que não esteja ciente da profecia - Alexander declarou ao chegarem ao topo da escadaria. A luminosidade do local feriu os olhos de Lucy, mas o homem ao seu lado mal piscou. - Mesmo depois de toda essa perseguição frenética de Leah?

 - Nenhum de nós sabe do que está falando - Lucy cuspiu as palavras. De certa forma, era verdade. Apesar do que sua tia lhe contara era atrás, no seu apartamento, a garota se via tão perdida quanto seus amigos. - Se puder soltar meu br-

 Ele deu um puxão que a interrompendo.

 - De jeito maneira - sorriu. - Pois bem, agora vai passar a saber.

 - Sobre a porcaria da profecia?

 Alexander virou-se para ela, de encontro aos seus olhos.

 - E sobre sua prima morta.

 Lucy só conseguiu encará-lo.

 

~x~

 Natsu tentava se libertar de todos aqueles fios. Quanto mais se movia, mais as linhas de ouro o cortavam.

Um dia? Ficara apagado por um dia inteiro? Não podia ser.

 Lucy, Happy. Deus sabe onde eles estariam nesse momento. Mortos?

 Não, não pensaria assim. Não tinha estômago para as possibilidades e probabilidades.

 Ao dar seu último tropeço para fora daquele redemoinho dourado infernal a primeira coisa que notou foi um objeto bem familiar. Empoeirado e jogado na terra com muito pouco esmero.

 Se aproximou trêmulo, estendendo suas mãos manchadas de escarlate para o livro de Happy.

 Happy.

 Pensar no seu melhor amigo doía.

 Abriu aquelas páginas agora ainda mais empoeiradas e destruídas do que antes, deparando-se com vários círculos nos mapas e anotações em vermelho.

 Um instante depois o fechou com resignação e amargura. Tanta que fez seu coração se contorcer numa poça de agonia.

 Já sabia para onde ir.

 Montanhas do Sul, ele riu com escárnio.

 Claro.

 

~x~

 Happy tremia. O frio era intenso e sua mochila desaparecera. Assim como Lucy e o homem assustador. E só tinha um cadáver verde como companhia.

 Esplêndido.

 Ele se apoiou nos joelhos e decidiu, determinado, a apalpar e engatinhar às cegas.

 Além de úmido, o lugar era terroso e asqueroso. Ele teve o ímpeto de recolher suas mãos assim que as encostou nas rochas praticamente congeladas. Mas infelizmente, ele descobriu que as barras - ah, as barras - eram muito piores. Um único toque errado e suas mãos ou qualquer outra parte do seu corpo grudavam dolorosamente no ferro congelado. Ele se perguntou como Lucy conseguira segurar suas mãos com tanta delicadeza.

 Ou ela se machucou um bocado por ele, ou é um mestre na arte de desviar de barras congeladas.

 Happy realmente não estava gostando de engatinhar daquela forma. Além de parecer um gato comum, o que não era, quanto mais tempo passava naquele buraco imundo, mais seus olhos se adaptavam a escuridão, assim encontrando mais imundice.

 Aquelas celas eram abafadas. A sequência ininterrupta de grandes sem nenhuma espécie de parece as intercalando deveria fazer com que o ar circulasse mais livremente. Mas não, claro que não.

 Estava enterrado tão fundo naquele buraco que se cavasse um pouco mais as portas do inferno se abririam para ele.

 E realmente se abriram, momentos depois.

 Continuou a apalpar a única parede com que tinha contado. Era pior ainda. Todo tipo de musgo e germes se proliferavam e apodreciam ali. Até que sua pata encontrou um vão e seus olhos já acostumados com a penumbra perceberam uma espécie de vão na parede.

 Não poderia ser uma porta. Não na porcaria de uma cela.

 Happy investiu o que restara de sua força e coragem ali, descobrindo com o craquejar estrépito da rocha que preferiria ter permanecido no chão úmido, imóvel.

 Seu cérebro traduziu a visão que estava a sua frente com tanto choque e horror que Happy se viu perdendo sua força, a sua mente e esperança para aquela cena aterradora.

 Nos confins escuros do vão na parede, um outro cadáver se encontrava destruído pelo tempo e pelo frio. Não poderia dizer quem era ao olhar para aquela face decomposta, mas a marca da guilda se destaca no corpo pálido com uma coloração azul repugnante.

 Um mago da Fairy Tail.

 E na parede que se seguia - a verdadeira parede que os cercava- estava cravado, em palavras grades e profundas a frase que o fez cambalear para trás e cair.

 

A cada cela, um cadáver diferente.

Para aterrorizar o próximo na fila,

torturosa e irremediávelmente

 



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