1. Spirit Fanfics >
  2. Touch-me - Clace >
  3. 26

História Touch-me - Clace - 26


Escrita por: sherdalx_lissa

Notas do Autor


🌠🕊

Capítulo 26 - 26


Londres city, Jace Herondale, quinta, 18 de fevereiro, 2018.

18:39 PM

Arregalei os olhos, sentindo a cor sair do meu rosto.

-- E-e-eu... e-eu... - Fechei os olhos, preguejando e tentando formar algo coerente. - Eu... O quê?!

Isabelle sorriu e repetiu calmalmente.

-- Precisamos conversar sobre você amar a Clary.

-- Eu não amo a Clary!

-- Verdade. - Alec assentiu.

-- Viu só? - Apontei para ele, olhando para Izzy.

-- Você ama muito a Clary. - Alec completou.

Virei para ele, indgnado.

-- Eu... Óbvio que não! Eu não amo ninguém estão me ouvindo?! Ninguém! - Minha voz falhou, ao lembrar da minha avó.

-- E eu sou a presidente da Coréia. - Izzy revirou os olhos, se levantando da poltrona que estava sentada. - Por quê não admite que ama ela?!

-- Porque. Eu. Não. Amo. - Disse pausadamente, com os dentes cerrados. - Por quê não entendem isso?!

-- Ela é só mais uma que esteve na sua cama então? - Alec também se levantou, apoiando as costas na mesinha ao lado de outra poltrona.

Me apressei em concordar.

-- Então por quê raios você disse que era dela. Assim como ela também era sua?

Arregalei os olhos. Toda a cor do meu rosto voltou, e com força. Grande parte por uma raiva descomunal.

-- O que vocês estavam fazendo ouvindo eu e a Clary transando?!

-- Vocês não estavam transando... - Izzy deu um sorriso sugestivo. - ...estavam fazendo amor.

-- Pelo anjo! - Dei um gargalhada sarcástica. - Eu nunca fiz amor. E nunca vou fazer. Porque para isso a pessoa precisa ter amor em si. O que eu não tenho.

Izzy suspirou fundo, apertando a parte interna dos olhos.

-- Senhor, me dai paciência, porque se me der força eu bato! - Ela me lançou um olhar irritado. Devolvi.

-- Jace. - Alec disse calmamente, me fazendo virar e olhar para ele. - Por quê acha que não ama a Clary?

-- E por quê vocês acham que eu amo? - Rebati.

-- Porque vocês já dormiram abraçados... - Izzy começou a contar nos dedos. - Porque você a observa sempre, e sorri involuntariamente. Vocês trocam olhares sempre. Vivem grudados. Ela é a única que conseguiu ir atrás de você em um momento que você não queria ver ninguém. E você tem muito ciúmes dela.

Ela me encarou com superioridade, perdi a fala.

-- Eu tenho seis ótimos motivos para vocês se amarem. Seis.

-- Vocês? - Perguntei, com o tom de voz ansioso. Praguejei mentalmente.

-- É um pouco óbvio que o sentimento é recíproco. - Ela deu de ombros. - Só que ela nunca vai admitir que te ama primeiro. Ela já entregou o coração dela, e se arrependeu.

Raphael Santiago.

Lembrei do nome do desgraçado, cerrando os punhos.

-- Então é mais fácil você entregar o coração primeiro. - Izzy disse com um leve sorriso.

Suspirei, revirando os olhos.

-- Eu não tenho um coração para entregar.

-- Realmente. - Ela abriu abertamente um sorriso orgulhoso e superior. - Você já entregou. Clary já o possui.

Minha boca secou. Mordi o lábio inferior, nervoso.

-- Alec, para a sua irmã. - Foi o quê consegui dizer.

-- Admite logo! - Izzy bateu o pé no chão, e riu.

-- Eu não vou admitir porra nenhuma. Porque não tem nada pra admitir.

Isabelle bufou, revirando os olhos castanhos de novo.

-- Você sabe que não tem problema nenhuma amar, não é? - Alec perguntou, cruzando os braços. - Ou dizer o que sente...

-- Então eu vou falar para vocês o que eu sinto. - Dei um sorriso cínico. - Nada!

Eles murcharam as expressões de expectativa.

-- Agora vão parar de encher o saco?

Isabelle cruzou os braços, contrariada.

Os dois ficaram em silêncio, pareceu que não tinham mais nenhum argumento.

-- Ótimo. Agora, se me dão licença... - Sai da sala. - Vou cuidar da minha vida, e sugiro que cuidem das suas, já que não tem nada para fazer.

Ao chegar no corredor, suspirei fundo e passei a mão no cabelo. De novo com isso? Já não me bastasse meu falecido anjo, minha consciência, agora meus irmãos de consideração? A vida só podia estar de zoação com a minha cara.

Ah, não.

Agora Stephen vinha vindo na minha direção.

-- Precisamos conversar. - Disse ele autoritário.

-- Sobre?

-- Sua vida acadêmica, e amorosa.

Porra, vida. Se quer me foder me chupa primeiro, caralho.

-- Acho que não é importante. - Tentei contornar a situação.

-- Se eu falei, é importante.

Bufei.

-- Pare de agir como um moleque. - Ele disse em tom de irritação.

-- Pare de agir como se importasse.

-- Eu me importo com você.

-- Então porquê ao invés de me perguntar como eu estou como pessoa, você quer saber da faculdade e da Clary? - Ele ficou em silêncio. - Porque é o que importa para você. Eu sou só a casca que você quer levar adiante como Steph segundo, mas deixa eu te falar uma coisa. - Fitei seus olhos azuis, sentindo sua raiva. - Eu não sou igual a você, e nunca vou ser. E eu nunca senti um orgulho tão grande de mim mesmo por isso.

Seu lábio inferior tremeu.

-- Eu não vou discutir com você, garoto insolente.

Enrijeci a mandíbula.

-- E eu não vim falar dos meus interesses, seu ingrato. Eu vim falar dos seus.

-- Meus?!

Ele ignorou a pergunta.

-- Eu vou ser direto porque não quero prolongar; quero que volte a morar em Londres.

Eu pisquei duas vezes. Desacreditado.

-- Como?!

Ele respirou fundo, e soltou o ar.

-- Eu quero que volte a morar em Londres.

Olhei para a janela, esperando um porco voador passando com chifres de unicórnio. Com um arco-íris e gnomos no fundo. Mas estava tudo normal.

-- Você quer que eu volte?

-- Quero. - Ele disse a contragosto.

-- Hoje não é 1° de abril.

-- Pare de ser infantil! Leve a sério algo na vida! É seu futuro!

Mordi o lábio.

-- E o que eu faria aqui. Digo, em Londres?

-- Terminaria a faculdade. - Ele disse. - E depois assumiria como coordenador geral da empresa. Sua vó era, e... bem. Ela não está mais aqui. Acho adequado que assuma isso logo.

Fiquei boquiaberto.

-- E eu vou morar aqui? - Perguntei, gesticulando.

-- Se quiser.

Em um momento eu pensei na possibilidade. E ela pareceu muito tentadora.

-- Ah, e se estiver assim por causa da sua namorada. Ela pode ficar também. - Arregalei os olhos. - Ela vai te colocar na linha.

Então tudo fez sentido. Aquele plano todo. Tudo o que ele disse, o porquê de querer que eu ficasse. E ficasse com Clary. Ela daria um jeito em mim. E meu pai com a minha mãe também, me transformando em seu bonequinho pessoal. Cerrei os punhos, tentando controlar minha vontade de socar meu pai bem no queixo, onde ele merecia.

-- Pense nisso. - Ele deu dois tapinhas no meu ombro. - Tem até domingo.

E então ele saiu em passos tranquilos pelo corredor.

Andei até a biblioteca, pensando. Eu poderia ir, fazer mais uma briga com a mimha família, e continuar negando o sobrenome Herondale o quanto podia. Mas algo me atingiu como um balde de água gelada, me acordando para a realidade. Esse momento já tinha chegado. Essa era a hora de eu dar adeus a tudo que realmente gostava. E viver uma vida infeliz, pelo bem da empresa da minha vó.

Toda vez que pensava nela, meu coração afundava, suas últimas palavras voltavam a minha cabeça, me deixando confuso. Sem perceber, chego a biblioteca, e me esparramo em uma poltrona velha, querendo afundar ali e morrer, para não ter que escolher nada.

Senti o cheiro de perfume cítrico da minha vó, me lembrando dela.

E você e Clary? Gosto dela, ela é uma ótima garota para você.

Você a ama?

Vocês se amam, Jace.

Por que não admite que está apaixonado por essa garota?

Não afaste aquela garota, ela também te ama.

Amor. Amor. Clary. Mais amor. Clary. E Clary. E amor... e...

-- AAARRGH! - Resmunguei, frustado.

Ela era só uma garota da faculdade. Só uma garota. Que eu por acaso esbarrei sem querer. Sem querer! E agora eu seguia quase apaixonado e perdido. Aliás, perdido eu estava, em tudo. E sozinho, eu sempre estava sozinho!

E quem me daria o mapa para sair dessa situação, me deixou ainda mais confuso... e se foi...

Fechei os olhos, apertando a ponte do nariz.

Ouvi a porta abrir. Bufei.

Será que não pode mais ter privacidade nessa merda?!

-- Ei. O que está fazendo aqui, sozinho? Posso entrar?

Talvez eu não precisasse tanto de privacidade.

-- Ariel? - Esfreguei o rosto, abrindo os olhos, vendo uma Clary e de jeans, camisa e cabelos molhados. - Entra.

Ela sorriu, e entrou, encostando a porta atrás de si.

-- Izzy e Alec falaram que precisava ficar sozinho.

-- Você nunca vai me deixar ficar sozinho, não é? - Ri fraco.

-- Não. - Ela deu um sorriso afetivo, e colocou uma mecha ruiva molhada atrás da orelha.

Dei um sorriso de canto. Senti algo se retorcer no meu peito. Talvez tenha sido as consequências do meu coração estar quase saindo da boca.

-- Você não parece muito bem. - Ela disse, se reencostando na mesa de mogno que minha vó usava para escrever receitas, cartas e bilhetes.

-- Obrigado. - Disse com sarcasmo. Encostei na poltrona, ficando esparramado de novo.

-- Eu estou falando sério. - Ela riu. - O que aconteceu?

Nada demais. Meu pai apenas disse tudo que eu nunca quis, mas que eu provavelmente vou aceitar por causa da minha avó. E também falou sobre você, para ficar aqui comigo. Engraçado, não é? Como o destino nos quer perto.

Não disse nada.

Apenas fiquei oohando para ela, detalhes do rosto sério e carinhoso, o cabelo ruivo, molhado. As esguias mãos na mesa, ajudando-a a se apoiar. Por fim, só fiz o que queria, e não podia.

-- Vem cá. - Abri os braços, e dei espaço para ela sentar no meu colo.

Ela arqueou uma sombrancelha, desconfiada.

-- Eu só quero um abraço. - Disse, fitando o chão.

Senti ela sorrir, como sempre. Olhei para cima, ao sentir uma mão fazendo carinho no meu cabelo. Ela me olhava afetuosamente, com aquele sorriso... Droga, aquele maldito sorriso!

-- Qual as palavras?

-- Vai ter vinho no jantar? - Sorri de canto, ela riu.

-- Não, mas serve. - Ela continuou fazendo carinho no meu cabelo.

Abri as pernas, ela ficou no meio delas, em pé. Abracei sua cintura e descansei a cabeça abaixo do seu umbigo, enquanto aproveitava seu carinho. Suspirei, apertando-a mais, como se ela pudesse fugir a qualquer instante.

-- Está tudo bem? - Ela perguntou baixinho.

-- Não.

-- Quer falar sobre o que aconteceu?

Fiz que não com a cabeça. Ela só correspondeu com um carinho na minha nuca.

-- Quer que eu saia?

-- Não. - Sussurrei.

Por algum motivo, eu sentia que ela sorria.

-- Jace. - Ela me chamou. Olhei para cima, apoiando o queixo no seu umbigo. Ela olhava para baixo, seus olhos verdes cintilavam por ter apenas dois abajures no local. Não tão próximos da gente. - Pode cantar se quiser.

Franzi o cenho, intrigado. Aquilo realmente era minha forma de desabafo. Mas será que ela prestou atenção em alguma coisa que eu disse? Ou melhor, cantei.

Fiz que não de novo, e coloquei ela no meu colo, de lado, e deitei minha cabeça abaixo do seu pescoço, fechando os olhos, sentindo cheiro de creme de baunilha, sabonete e perfume. Inspirei e expirei lentamente, abraçado com ela, quase cochilando em seu colo, enquanto ela continuava a acariciar meu cabelo.

-- Izzy e Alec te falaram alguma coisa? - Perguntei.

-- Não. Por quê? - Sua voz estava deliciosamente rouca, como se também estivesse sonolenta.

-- Nada. - Murmurei, me ajeitando.

-- Nós vamos voltar domingo, não é? - Ela perguntou. - Eu perdi muita coisa da faculdade pra repor. Imagino que você também.

Assenti, não muito interessado.

-- Está sentindo falta dele não é? Do seu irmão.

Senti ela assentir.

-- Muita.

-- Contou para ele?

-- Sim. - A voz dela falhou em uma risada. Sorri automaticamente.

-- E como ele reagiu?

Ela pigarreou.

-- "Usou camisinha? Você sentiu desconfortável? Está tudo bem com você?". - Ri baixinho. - "Se alguma dessas respostas forem não, eu mato ele." 


Caímos na risada.

-- E alguma das perguntas tiveram não como resposta? - Inspirei, sentindo seu cheiro.

-- Não. Ah, sim. Só uma vez, mas eu tomei a pílula.

Assenti, lembrando.

-- Eu estou com fome, você vem jantar? - Ela perguntou.

-- Você só está querendo beber.

Ela riu.

-- Vamos ou não?

-- Sim, senhora Ariel.

》 《

Na janta, meu pai não fes nenhum comentário, e nem mandou nenhuma indireta. Já minha mãe olhava para eu e Clary como se pudesse nos fazer pegar fogo. Estranhei, mas não falei nada, de certo Clary percebeu.

O jantar estava chato demais. Alec, eu e Clary quietos, Izzy tagarelando com meus pais.

Meu garfo caiu, entre mim e Clary, me abaixei para pegar o garfo, e levantei, não sem antes tocar na sua bunda redondinha.

Quando voltei no meu lugar, ela me fitava com repreensão e divertimento.

-- Por quê colocou a mão na minha bunda? - Ela sussurrou.

-- Foi um acidente.

Ela sentiu minha mão viola-la de novo, apertando sua bunda com força.

-- E por quê sua mão continua na minha bunda?

-- Continua sendo um acidente! - Disse baixinho.

Trocamos olhares e rimos.

Vi Alec e Izzy sorrirem maliciosamente, revirei os olhos para eles.

Minha mãe simplesmente levantou:

-- Eu preciso falar com você, Jace.

Arqueei uma sombrancelha.

-- Agora?

-- Já.

Bufando, murmurei um "já volto" e sai da mesa, sendo acompanhado pela minha mãe. Paramos no meio do corredor, ela se virou para mim, os olhos dourados brilhando na penumbra, como adagas de ouro. Engoli em seco.

-- O que pensa que esta fazendo?! - Ela exclamou.

Franzi o cenho.

-- Posso perguntar a mesma coisa.

-- Humpft. Garoto lerdo!

-- Bem dizem que eu puxei você.

-- Ora... seu.... - Ela mordeu a boca e cerrou os punhos, com raiva. Ela ficou a um fio de me bater. Eu tinha certeza.

-- Seu pai quer que volte para Londres.

-- Ele me disse.

-- Bom, ótimo. Porque eu concordo com ele.

-- Qual o interesse repentino em mim?! - Cruzei os braços. - Eu nunca passei de um garoto insolente e um saco de pancadas.

-- Não seja dramático, Jonathan.

-- Meu nome é Jace. - Apertei os dentes. - Diz logo o que você quer. Eu quero...

-- Voltar para ver sua ruivinha?

Pisquei, surpreso.

-- Hã... eu...

-- Fala sério, até o cego do Stephen já percebeu que você ama aquela garota.

Engoli em seco.

-- Eu já falei q...

-- Me poupe do seu teatrinho. Eu não sou os Lightwoods para ser enganada facilmente. Ah, e já lhe adianto, você só pagou de teimoso. Mas você está certo. Não fale que ama, nunca. E também não demonstre! Seu burro! Até seu pai que mal fica fora da empresa percebeu.

Minha respiração ficou pesada, meu estômago embrulhou, e senti meu coração doendo de tão rápido que batia.

-- Escute, Herondales destroem. Eles não amam, eles toleram. - Ela dizia as palavras de forma ríspida. - E...

-- Por quê paga tanto de Herondale se nunca foi uma?! - Havia esgotado minha paciência. - Você é uma Montclaire, mãe.

Ela bufou, e depois riu com cinismo.

-- Você acha que eu estava falando de mim?! - Ela bateu no ar e riu novamente. - Eu sempre falei do seu pai. Aquele... Aquele monstro.

Tomei uma surpresa maior ainda quando a voz dela falhou.

-- O que ele fez?! A interesseira é você! Se não quissesse casar com ele, era só dizer não.

-- Eu estaria morta! - Ela quase gritou. - Assim como fizeram com o amor da minha vida! - Seus olhos se inundaram com lágrimas.

-- O quê?!

-- Lembr de Amantis Graymark?

-- Já ouvi da história. E você era melhor amiga dela.

-- Não. - Uma lágrima brilhante e solitária desceu por sua bochecha. - Eu era sua parceira.

Confesso que demorou alguns longos segundos para eu me dar conta do que ela queria dizer.

-- Eu... Meu Deus! Mas o acidente...

-- Não duvido que Steph tenha armado o acidente. Amantis morreu. E eu não tinha mais nada, minha vida estava aos pedaços! - Ela começou a chorar. Fiquei espantado. - E então fui obrigada a me casar com ele.

-- E que porra eu tenho a ver com isso?! - Estava perdendo a paciência.

-- Você é igual a ele. - Ela cuspiu as palavras com ódio e desdém. - Igual. Arrogante, orgulhoso, frio e teimoso! Você é seu pai versão jovem!

Minha respiração começou a falhar, sangue subiu as minha bochechas, pelo ódio.

-- E se você ama a Clary, fiquei lomge dela! Pois seu pai também me amava, e ficou comigo! Me fazendo sofrer! É isso que você quer para ela?! Que ela sofra?!

Engoli em seco, olhando para o chão e negando.

-- Se afaste dela. - Ela praticamente ordenou. - Ou ela vai sofrer, Jonathan. Porquê você é um Herondale. E você vai fazer aquela garota sofrer mais que eu. Pois você é ainda pior que seu pai.

Não consegui segurar as lágrimas de ódio que desciam pelo meu rosto, limpei rapidamente.

-- Tire Clary da sua vida. Antes que você quebre o coração dela. Antes que transforme sua alma em ruína, como seu pai fez com a minha.

Então ela se virou e foi embora, me deixando sozinho.

》 《

Ao sair do banho, encontrei Clary no celular, sentada na ponta da cama. Ela me olhou e sorriu.

Um sorriso tão lindo, tão ingênuo, tão puro. Seus olhos descontraídos e felizes por me ver, por ver sua própria destruição. As mãos largaran o celular, as mesmas mãos que me fizeram carinho. A boca torcida para cima em um sorriso fofo. A mesma boca que me beijou, me confortou, e disse coisas obcenas ou implorou meu nome. Seu sorriso murchou para uma cara de preocupação e confusão.

-- Jace?

Tive certeza que o mundo tremeu. Tive certeza que se eu a abraçasse e dissesse que ia ficar tudo bem. Se eu a levasse embora dauqui... Talvez... talvez... Mas ela nunca iria embora apenas por ir. E eu sabia examente o que eu deveria falar. Eram três palavras tão irracionais e pequenas, e eu tinha tanto medo delas ditas pela minha boca.

Eu tinha uma maldição. A maldição do meu maldito cacete de sobrenome.

Mas... algo tão doce invadiu minha mente, que eu quase considerei.

Se amar alguém, fale a verdade. Mesmo se estiver com medo de não ser a coisa certa. Mesmo se estiver com medo de causar problemas, mesmo se estiver com medo que tudo desmorone. Diga, e diga alto. E você segue daí.

Quase.

Não. Eu não ia destruir Clary. Eu gostava demais dela para arruina-la e quebra-la.

Aquilo era o fim. Era o último sorriso que eu veria dela para mim, o último olhar carinhoso. As últimas palavras de preocupações. Meu último lampejo de luz antes de me afogar na escuridão.

Três palavras. Minha consciência insistiu.

Estremeci.

-- Jace, você está bem?

Inspirei fundo, me odiando mais do que qualquer coisa no mundo.

-- E te interessa?

Ela arregalou os olhos, chocada.

-- O que aconteceu com você?!

-- Não está vendo que a minha cara é a mesma? - A pior coisa que eu já senti na minha vida foi seus olhares magoados.

-- Jace, estava tudo bem.

-- Nunca esteve bem. - Forcei uma risada seca, me afastando enquanto queria abraça-la. - Porque você acha que meros abraços seus mudariam algo? Ou sua palavras?

O rosto dela foi pior que uma facada. Pior que um tiro. Eu com certeza ofereceria meu coração batendo em uma bandeja de prata para meus maiores inimigos ao vê-la com essa expressão. Aquilo era como queimar no inferno. Talvez pior.

-- Eu...

-- Fala sério, Clary, acha que eu estou com você porque?! - Fiz minha melhor cara de desdém, o que foi difícil. - Eu percebi que tinha algo de estranho, e decidi comprovar.

-- Você está dizendo que... aquilo foi tudo fingimento?! - Seus olhos se encheram, sem derrubar nenhuma lágrima.

-- Você acha mesmo que eu já senti algo por você? Foi apenas sexo, Ariel.

-- Nunca mais me chame assim! - Ela berrou.

Decidi ir fundo. A tacada final para acabar com a merda da minha vida:

-- Você apenas foi uma imbecil de novo, caindo em papinhos de garotos que só querem sexo. Você não é diferente daquela garota de 15 anos, só bem pouquinho mais difícil de enganar.

Seus lábios se entreabriram.

Eu poderia ouvir meu coração quebrando, parando. Minha respiração virando apenas uma brisa. Minha vida virar algo insignificante e maldita.

-- Nunca mais fale comigo, Jace Herondale! - Ela fungou, se afastando.

-- Eu cansei de transar com você, mesmo. - Dei de ombros, na melhor imitação de quem não queria chorar. E implorar perdão de joelhos.

-- Eu vou embora. - Ela disse esfregando o rosto e pegando roupas que estavam jogadas na cama. - Você é um merda; Herondale.

-- E você é uma menininha tola, que tinha medo de sexo.

Ela jogou tudo na mala, e foi procurar mais roupas em outros lugares, mas antes me empurrou com tanta força que eu quase cai para trás.

-- SAI DAQUI! - Berrou.

-- Não precisa pedir duas vezes. - Usei meu cinismo, meio embargado. Meus olhos ardiam.

-- VAI EMBORA! SEU MERDA! - Ela abriu a porta do quarto e praticamente me chutou. - Você é desprezível! DESPREZÍVEL! Como tem coragem de fazer isso?!

Eu fiz exatamente para não te machucar mais, minha princesa. As palavras estavam entaladas.

Então eu ouvi o que foi como quebrar a última fagulha da minha alma:

-- Eu odeio você.

Então a porta se fechou na minha cara. Me deixando parado, como o desgraçado que eu era.

Ouvi soluços dolorosos, baixinhos, e passos rápidos, arrumando coisas.

Eu queria sair dali. Mas minhas pernas não obedeceram. Ela simplesmente falsearam e me fizeram cair de joelhos. A dor subiu pelo meu corpo, até chegar ao rosto, e antes que eu percebesse, eu já estava chorando.

Rolei para o lado, ficando meio sentado encostado na parede, com a cabeça nos joelhos. Sentindo as lágrimas saírem como o pior castigo que eu pudesse sofrer na vida. Foi como se eu tivesse apagado, perdido a força, a luz, o pensamento... tudo.

Eu não conseguia nem admitir para mim mesmo, que era apaixonado por ela, que talvez a amasse. Eu tinha tanto medo de algo acontecer com a minha Ariel... Foi melhor assim.

Afinal eu era um Herondale.E Herondales destroem tudo que tocam.

E eu toquei Clary com o resto de amor tóxico que continha em meu corpo.

A porta se abriu, só ouvi botas de saltos, as rodinhas da mala, e Clary fungando.

-- Pode ficar com seu quarto, Herondalezinho de merda. E com tudo isso que possuí. Porque provavelmente não é uma grande perda para você, mas eu vou embora para sempre. Como se isso nunca tivesse existido.

A voz dela foi tão fria como uma geada quando me fatiou com as últimas palavras que eu ouvi de seu lábios:

-- Nunca existiu nós. E nunca existirá.

Com isso os sons do salto na madeira voltaram, e o da mala de rodinhas. Então estava feito.

Clary havia ido embora.


Notas Finais


Esse capítulo dói no meu coração

💛🐺


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...