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História Trickster: A ilha de Caballa. - Chegada ao ponto de partida


Escrita por: Reliearth

Notas do Autor


Olá novamente!!
Espero que esse cap clareie alguns pontos para vocês!
É altamente recomendável vocês escutarem as soundtracks do jogo pelo youtube enquanto leem, para uma experiência mais imersiva, mas não é um must, fica à critério de vocês.
Espero que gostem!!
Soundtrack - Blooming Cora Night.

Capítulo 2 - Chegada ao ponto de partida


Fanfic / Fanfiction Trickster: A ilha de Caballa. - Chegada ao ponto de partida

Duas semanas se passaram desde que Bernard adentrou o navio e fugiu de Londres, com uma intensa saudade de casa o jovem só podia agora olhar para o futuro, esperando que um dia seus pais o perdoassem por seu egoísmo.

De fato, como ele havia notado, aquela não era uma caravela mas sim um navio cruzeiro, haviam várias áreas de lazer e atividades durante o dia todo, mas o navio nunca parava, sempre continuava a se dirigir para a misteriosa ilha no meio do Oceano Pacífico.

O dia estava em seu entardecer, com o sol alaranjado se refletindo no horizonte oceânico, Bernard agora se encontrava em sua cabine que, apesar de pequena, era muito confortável.

— Não!! — ele vociferou com a folha em sua mão, a amassando e jogando no chão, junto com as outras. — Isso não está certo! Por que é tão...! — fez uma pausa gesticulando suas mãos, parecia não encontrar a palavra que buscava. — Difícil...! — clamou aliviado. — Escrever uma canção?!

O músico se levantou de sua cama frustrado e olhou pela janela de sua cabine, havia ficado ali o dia todo tentando compor a parte lírica de uma de suas músicas.

— O sol está se pondo... — pensou alto. — Talvez eu deva dar uma volta pelo deque.

Ele calçou seus sapatos ao lado de sua cama, e dirigiu-se para a porta, caminhou entre os corredores do navio até que finalmente avistou o seu destino. Defrontou-se com as decorações que haviam sido colocadas durante o período de sua absência. Haviam varais com bulbos de lâmpadas, aquelas fluorescentes colorizadas de laranja, deveras romântico para os casais que se formaram ali em tão pouco tempo, parecia que todos haviam esquecido da ilha e estavam tirando férias...

Além disso haviam várias flores tropicais, como coqueiros, hibiscos, plumérias e estrelícias, que davam um toque estival e caloroso, fora Bernard avisado de algum evento e esquecera?

Ele dirigiu-se à beira do navio, apoiando-se na grade de aço frio, cuja aparência imitava a madeira, para observar o mar dourado.

— Será que Abigail recebeu minha carta...? — novamente pensou em voz alta, enquanto ajustava seus óculos. — Espero que ela não me odeie por tê-la abandonado desse jeito...

— Preocupado com a vida que deixou para trás? — uma voz masculina, embora não corpulenta, o tirou de seus pensamentos.

Bernard se virou calmamente, lançando um olhar amigável de soslaio, era um esbelto rapaz, um pouco maior que ele — cuja altura era de um e setenta e três metros —, seus compridos cabelos, que batiam em sua cintura, eram escuros com um forte tom azul marinho.

— Não sei dizer. — Bernard respondeu com uma voz fraca. — Parecia uma ótima ideia, a princípio.

— Para você, e para mim. — o rapaz consolou-o, também se apoiando na grade. — Embora no fim, eu não tivesse escolha.

— E quem tem? — o músico murmurou em um pequeno desabafo. — Perdoe meus modos, meu nome é Bernard. — sorriu.

— Não por isso. Me chamo Johan. — o belo rapaz assentiu com a cabeça e voltou sua atenção ao horizonte, agora tomado pelo azul escuro — quase negro — do céu.

— Você acha que... — ele fez uma pausa e passou a mão em seus cabelos, colocando uma mecha por trás de sua orelha. — É só uma caça ao tesouro? Tenho a sensação de algo bem maior por trás disso tudo...

— “Agora que ele tocou no assunto...” — Bernard pensava. — “Don Cavalier seria tão mirabolante ao ponto de comprar uma ilha inteira, só para fazer uma caça ao tesouro?!”.

Após alguns segundos de reflexão com sua face expressando desconfiança, Bernard respondeu.

— Cavalier poderia ser alguma espécie de fanático que tinha muito dinheiro para gastar, talvez quisesse sair de cena de uma forma memorável, como Bilbo em “Senhor dos Anéis”.

— De fato! — Johan riu timidamente, escondendo o mesmo com uma mão em sua boca. — De qualquer modo, parece que vamos ter de descobrir por conta própria...

Ele voltou novamente seus olhos azuis para o mar, Johan parecia ter uma aura misteriosa que atraia as pessoas, embora ele mesmo parecesse não notar. Suas vestimentas claramente influenciavam nisso... Uma calça jeans rasgada com um dragão subindo pela perna direita, uma blusa roxa de mangas compridas, coberta por uma espécie de bata de material fino e bege que, apesar de não ter mangas, tinha um capuz.

— Já está ficando tarde. — disse Johan. — Vou voltar para minha cabine, espero ver você na cerimônia de hoje à noite.

— É mesmo! — exclamou. — A cerimônia é pela última noite no navio, certo?

— Exato, parece que chegaremos na ilha ainda hoje...

— Finalmente... — Bernard suspirou aliviado. — Espero te ver depois, Johan! — levantou uma mão a altura do ombro, em despedida.

Novamente o rapaz assentiu com a cabeça, expressando um meio sorriso amistoso, e então, dirigiu-se ao seu destino.

— Como pude ser tão desatento? — agora sozinho, Bernard suspirou. — Passei o dia tentando compor, e quase me esqueço de arrumar minhas coisas...

Lançando um último olhar para o escuro mar após seu monólogo, Bernard dirigiu-se para sua cabine, número cento e quatro. Passou a chave na fechadura e abriu a porta, se deparando com o chão coberto por bolinhas de papel. Ele as recolheu e jogou na lixeira, embaixo de uma escrivaninha que usara antes de se mudar para a cama de solteiro.

Era um bom quarto, a cama era encostada na parede, logo abaixo da janela de médio porte, e o chão era forrado por um carpete marrom. O guarda-roupa de duas portas lhe foi útil, e sua cor tabaco ornava muito bem com o clima aconchegante que as luzes alaranjadas — iguais aos da decoração no deque ­­— proporcionavam ao ambiente.

Ele arrumou suas coisas em sua bolsa tiracolo e se sentou na beira da cama, onde passava seus pés vestidos por uma meia branca no carpete, como se o mesmo pudesse sentir a carícia. Ele absorvia com afeição aquele ambiente o máximo que pudera, não fazia ideia do que iria enfrentar na ilha.

— Senhores passageiros. — uma voz robótica e compassada invadiu seu aposento. — Requisitamos sua presença no deque, onde daremos início ao fim deste cruzeiro.

Bernard se levantou, e novamente se dirigiu à porta, como fizera várias vezes durante as duas semanas. Com metade do seu corpo para fora, ele observou sua cabine enquanto apagava as luzes, deixando apenas o brilho do luar adentrar a janela, então fechou a porta da coisa que mais se parecia com sua casa e, limpando seu olhos, seguiu para seu destino.

Era lindo, fabuloso, uma imagem vivida das festas de “O Grande Gatsby”. Não parecia nada do que vira há pouco tempo, enquanto conversava com Johan, embora os varais com os bulbos e as plantas ainda estivessem lá.

No andar superior do deque havia uma espécie de área VIP, onde apenas os membros da staff podiam adentrar.

Uma mulher surgiu em pé, com suas mãos apoiadas na grade de maneira centrada, observava todos na festa com contentamento. Ela vestia-se de maneira elegante, um blazer feminino e uma boina — que cobria seus cabelos tingidos de roxo —, eram ambos vermelhos, e combinavam graciosamente com sua saia justa e botas marrons.

Ela recebeu um megafone de um outro rapaz, quase no mesmo estilo. Não demorou muito até que ela o ligasse e começasse a falar.

— Boa noite, meus caros aventureiros e aventureiras! — sua voz soava quase como a de um anjo, terna e bondosa. — É uma honra tê-los aqui conosco...

Todos agora prestavam atenção à moça, ela realmente sabia como cativar o público.

— Meu nome é Esther, e eu sou uma funcionária da Megalo Company! — aplausos e assovios tomaram o lugar, inclusive os de Bernard. Ela assentiu com a cabeça em um gesto de agradecimento, então continuou.

— Eu irei explicar sua participação neste evento produzido com enorme dedicação por Don Cavalier.

Novamente, aplausos e todos os tipos de reconhecimento que a ocasião pedira.

— Aqui em Caballa há uma estátua chamada “Benção de Posseidon”, o objetivo de vocês é procurar pela ilha toda até encontrá-la. — ela fez uma rápida pausa e continuou.

— A única coisa que se sabe dessa estátua, é que ela é feita de “Harkon”, um cristal que tem todas as cores do arco-íris, e que também emite uma poderosa aura sobre toda a ilha, capaz de despertar “habilidades” nas pessoas.

— “Uh... Como?!”. — Bernard indagou-se em meio a sua face franzida.

Um leve alvoroço surgiu no festivo ambiente, um comentário tão surreal não iria passar despercebido assim, especialmente pelos mais céticos. Mas Esther ignorou-os e continuou sua explanação.

— Também é importante notar que nenhum câmbio será aceito pelos moradores da ilha, com exceção do Galder, o câmbio local, que poderá ser adquirido fazendo trabalho para os nativos, ou... — ela soltou uma risadinha maliciosa. — Por outros meios.

Mal terminara a frase e comentários e burburios se espalharam pelo deque, do mesmo modo como o fogo se espalha em folhas secas. Eram comentários do tipo, “No que fui me meter?!”, “Sabia que seria uma má ideia!” e até mesmo, “Isso está parecendo um jogo virtual!”.

A elegante moça não parecia surpresa com o descontentamento dos participantes, mas fora surpreendida pelo sutil toque de um elegante homem — vestido ao estilo dos anos setenta — que pegou gentilmente o megafone de sua mão.

— Silêncio seus imbecis! — esganiçou ele com sua voz aveludada, que soava estranho nesse tom áspero. — Essa droga de jogo não tem muitas regras!! — continuou, e todos agora o escutavam pasmos. — Mas uma delas é respeitar a staff!

O homem devolveu o apetrecho para Esther, que também o olhava espantada, e voltou para seu assento elegantemente.

— O-obrigada, Don Giuvanni! — ela disse entre risadas nervosas. Agora com o megafone em sua mão, pigarreou e tomou fôlego.

— Como eu ia dizendo... — ela ajustou seu cabelo. — Serão entregues para cada participante, um aparelho chamado “MyView”, ele funciona como um tablet, porém, conterá suas informações como um participante do evento. — fez uma breve pausa, mas pudera perceber que tinha a atenção do público novamente.

— Com ele será possível se comunicar com outros participantes usando o “Friend Register”, e até mesmo verificar onde eles estão! Desnecessário dizer que ele não tem acesso ao mundo externo.

É claro que a maioria se interessou, quem não gostaria de receber um tablet de graça!

— Por fim, e agradeço a paciência de vocês até agora! — sorriu Esther. — A ilha! Segundo os nativos, ela foi habitada por heróis conhecidos como “Tricksters”. Eles eram divindades híbridas, de aparência humana com orelhas e caudas de animais. — ela notara as pessoas ficando agitadas novamente.

— Para enaltecer a cultura da ilha, e tornar o evento mais interessante! Nós decidimos distribuir para todos um kit, contendo um arco de cabelo de orelhas de animais e uma cauda, ambas sintética. Eles serão entregues após as inscrições. — Esther mudou seu tom de voz compassado, para um mais animado.

— Os kits serão aleatórios, portanto, torça para que pegue o seu animal favorito!!

Com um ar de “missão cumprida!” e um sorriso estampado no rosto, Esther soltou um suspiro de alívio e, por um segundo, sua postura ficou relaxada. Mas era inevitável, lá de cima ela podia ouvir, “Que perda de tempo!”, “Como faço para ir embora?” e, “Isso é uma palhaçada!!”, mas com um sorriso sagaz, ela usou seu megafone novamente.

— Imaginamos que isso aconteceria! — fez uma pausa, tendo a atenção de todos ali. — Para os que não estão interessados na fortuna e no evento. Ou simplesmente não tem tanta força de vontade para lutar pelos seus sonhos... — disse em um escárnio. — Pedimos que permaneçam em suas cabines! — sua voz angelical e pacata voltara, junto com um enorme sorriso.

— O navio irá levá-los de volta para os pontos de partida! — ela passou seus olhos entre as pessoas, conferindo se elas haviam entendido. — E isso é só!! Iremos desembarcar em Blooming Cora, em meia hora. Lá faremos as inscrições, e distribuições dos kits. Enquanto isso, aproveitem o show de nossa convidada de honra!! — a moça esticou seu braço apresentando uma mulher de cabelos rosados que aparecera ao seu lado. — Elicia!!

Muitas pessoas voltaram para a cabine resmungando, mas não chegou a ser a maioria... Ainda haviam muitas pessoas que decidiram participar.

— “Eu esperava que mais pessoas desistissem...” — pensou o músico, cabisbaixo.

A tensão se dissipou, de algum modo, quando Elicia se mostrou pronta para começar o show no palco montado ali no deque, ela estava tão próxima que, não fossem os seguranças, era possível tocá-la.

Bernard nunca ouvira falar dela, mas aparentemente todos ali sim, em especial uma jovem mulher loira vestida de uma forma extravagante, seus olhos estavam intensamente fixados em Elicia, e brilhavam como se nunca houvesse visto algo mais belo em toda sua vida.

Com o som do piano quebrando o silêncio, ela começou com sua música mais famosa “It's an Adventure, Right?". Uma cortina de fumaça cobriu o palco, e lá estava ela! Elicia saiu triunfante d’entre a fumaça, se destacando com glamour embaixo dos holofotes. Agitada e alegre, seu comprido cabelo rosa, amarrado em rabo de cavalo, balançava seguindo o movimento de seu corpo. Em sua cabeça, um headphone azul com uma estrela amarela, que somava-se ao seu figurino de forma adorável: um vestido rosa com babados, enfeitado por um laço amarelo lateral em sua cintura, e botas vermelhas.

Sua voz era realmente bonita, e era evidente que ela fazia aquilo com muita dedicação e carinho, tanto que, aos poucos, muitas pessoas que já haviam retornado às cabines voltaram para ver o show.

Bernard olhou encantado para os serenos olhos azuis da cantora. Dizem que os olhos são os espelhos da alma, e os de Elicia... Tinham o brilho de uma constelação.

— “Eu tenho inveja!” — pensou, com um olhar admirado. — “Espero que algum dia possa ser uma pequena parte do que você é...”

O tempo passou tão rápido! Infelizmente, o show acabara... Elicia se despediu enquanto puxava suas luvas que cobriam apenas uma parte de seus braços, e agradeceu a plateia, assim como Esther, que havia cantado a última música com ela de maneira excepcional, para a surpresa de todos! Foi então que finalmente aconteceu.

— Terra à vista!! — um homem vestido de marinheiro urrava freneticamente da vigia do navio, disfarçado de caravela. — Caballa está logo à frente!

Fogos de artifício iluminaram o céu e, suas luzes das mais variadas cores, mostravam no horizonte o vulto do tão misterioso destino. Bernard correu para a extremidade do deque, se inclinando na grade, não conseguia mais conter sua excitação, ele respirou fundo, e tudo que restara era esperar, mesmo que só mais um pouco.


Notas Finais


Gostaram gente? Algumas referências aqui e ali, algumas aparições notáveis, como nosso querido Don Giuvanni. <3
Como vocês notaram, alguns conceitos do jogo serão adaptados para a nossa realidade, mesmo que fuja um pouco pro lúdico, acredito que seja o melhor pro desenvolvimento da estória.
Se acharem algum errinho, por favor, me avisem!
Obrigado por lerem!


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