O sol mal havia nascido quando Sasuke se ajoelhou no chão frio de seu quarto. A casa estava silenciosa, solitária. As paredes refletiam a luz alaranjada do amanhecer, mas os olhos dele estavam presos ao chão, imóveis. Suas mãos estavam juntas, firmes, e ele murmurava em voz baixa, quase imperceptível.
Estava orando.
Era algo raro. Quase esquecido.
— Eu não sei se tem alguém ouvindo — murmurou — mas se tiver… me dê forças. Não pra mim. Pro mundo. Ele precisa mais do que nunca.
Lá fora, o som de sirenes cruzava as ruas, helicópteros voavam distantes, e a TV ainda ligada no cômodo ao lado mostrava imagens caóticas. Vilões em fuga, cidades em colapso, civis aterrorizados. O mundo estava à beira do desespero.
Sasuke manteve os olhos fechados, respirou fundo, e continuou:
— Eu falhei. Mesmo tentando de tudo… ainda me sinto um passo atrás. Mas não vou parar. Não posso parar.
Um trovão distante ecoou. A guerra ainda não havia terminado — talvez nunca terminasse.
Sasuke abriu os olhos. Eles estavam firmes agora.
Ele se levantou. E, mesmo sozinho, no silêncio da sua casa, parecia carregar o peso do mundo nos ombros com mais determinação do que nunca.
Sasuke pegou o celular do criado-mudo com um leve suspiro. A tela acendeu, ofuscando seus olhos ainda pesados. Ele deslizou o dedo e foi recebido por uma enxurrada de notificações.
Notícias pipocavam sem parar:
"A verdadeira forma do Símbolo da Paz choca o mundo inteiro!"
"All Migth derrotou All for One, mas seu segredo foi exposto!"
"Herói número um revela sua fraqueza diante das câmeras!"
Sasuke ficou em silêncio, encarando a imagem congelada de All Migth após a batalha, diminuído, exausto, mas sorrindo. Ele fechou os olhos por um segundo, sentindo aquele peso em seu peito novamente.
Logo abaixo das notícias, mensagens de todos os seus amigos:
Kirishima: "Cara! Onde você se enfiou? Tava todo mundo preocupado!"
Todoroki: "Você sumiu. Me avisa da próxima vez, idiota."
Yaomomo: "Uchiha-san, por favor, me diga que está bem. Foi tudo muito assustador."
Lida: "Você não pode se isolar assim, Uchiha! Somos uma equipe!"
Midoriya: "Eu sei como se sente… mas não carregue isso sozinho. Você não precisa."
A última mensagem o fez respirar fundo. Ele apertou o celular contra o peito, como se quisesse absorver a força de cada palavra.
Ficou em silêncio por mais alguns instantes, apenas com o som distante das notícias na TV e os batimentos do seu próprio coração. Depois, destravou o celular de novo, abriu a conversa com Midoriya… e começou a digitar uma resposta.
Sasuke digitou lentamente, escolhendo bem as palavras.
Sasuke: "Eu precisava de um tempo... Só pra pensar. Mas estou bem. Só cansado de tudo isso."
Ele hesitou por um momento antes de enviar. Então pressionou "enviar" e ficou olhando para a tela.
A resposta de Midoriya veio quase instantaneamente.
Midoriya: "Eu imaginei. Eu também tô tentando entender tudo... mas tô aliviado em saber que você tá bem. A gente passou por muita coisa, né?"
Midoriya: "Se quiser conversar, mesmo que seja só pra ficar em silêncio do outro lado, tô aqui."
Sasuke soltou um pequeno sorriso, quase imperceptível. Ele não era de demonstrar, mas aquelas palavras o confortavam mais do que ele queria admitir. Seus dedos pairaram sobre a tela antes de digitar novamente.
Sasuke: "Valeu, Midoriya. Talvez eu precise disso... não agora, mas em breve."
Antes mesmo de Sasuke guardar o celular no bolso, um estrondo violento ecoou pela casa. A porta tremeu como se fosse ser arrancada das dobradiças.
Instintivamente, os olhos do Uchiha se afiaram, o coração disparou e o corpo entrou em alerta. Em um único movimento, ele ficou de pé, a mão já pronta para invocar sua técnica. Um silêncio opressor tomou conta da casa. O som da cidade lá fora parecia ter desaparecido. Só havia a respiração contida e o leve zumbido no ouvido da adrenalina.
Ele se aproximou da porta devagar, os passos silenciosos, cada músculo pronto para agir. Com um movimento rápido, girou a maçaneta e abriu a porta, já preparado para o pior—
—e então o viu.
Bakugou.
De pé, com o punho ainda levemente cerrado pela batida violenta, a expressão irritada de sempre, mas com algo nos olhos… algo que não se via facilmente.
– Demorou. – foi tudo que Bakugou disse, como se tivesse esperado uma eternidade por Sasuke abrir.
Sasuke soltou o ar que havia prendido e relaxou o ombro por um segundo. Mas não deixou de encará-lo com seriedade.
– Você quase quebrou a minha porta. – disse, seco.
– Se não fosse eu, podia ser alguém pior... – retrucou Bakugou, empurrando a porta devagar para entrar, como se não fosse exatamente uma visita convidada.
O silêncio voltou por um instante, mas dessa vez... era o silêncio entre dois guerreiros que tinham muito a dizer — e talvez nem soubessem como começar.
Sasuke cruzou os braços, observando Bakugou parar no meio da sala como se já conhecesse o lugar. Seu olhar permanecia firme, mas uma sutil curiosidade atravessava a frieza de sua expressão.
— Vai me dizer o que veio fazer aqui… ou só veio treinar a força do seu soco na minha porta?
Bakugou virou levemente o rosto, o maxilar travado. Ele parecia procurar as palavras certas — o que, vindo dele, já era suspeito o suficiente.
— Não tô aqui pra bater papo — resmungou, mas sua voz não tinha a agressividade de sempre. — Só achei que, depois de tudo, cê merecia saber que eu tô bem. Que... tô inteiro.
Sasuke manteve os olhos fixos nele por alguns segundos.
— Só isso? Veio até aqui pra dizer que tá inteiro?
Bakugou deu um passo à frente, os olhos firmes agora, mais sérios.
— Não. Também vim porque... — ele desviou o olhar, como se admitir aquilo fosse um esforço quase físico. — Eu devia ter dito obrigado lá atrás. Pelo que cês fizeram. Por mim.
Sasuke ergueu uma sobrancelha, surpreso. Um pequeno sorriso discreto escapou no canto da boca.
— Tava começando a achar que ia precisar ouvir isso de um Nomu antes de ouvir de você.
Bakugou bufou, mas não tentou negar. Em vez disso, apenas cruzou os braços e disse:
— Não se acostuma. Isso não vai acontecer de novo.
— Ver você grato? — retrucou Sasuke. — Com certeza não. Vai chover sangue antes disso.
Bakugou soltou um suspiro pesado, desviando o olhar como se estivesse se arrependendo de ter vindo até ali. Passou a mão pelos cabelos bagunçados e encarou Sasuke com a expressão mais neutra que conseguiu fazer.
— Era só isso. — murmurou. — Agora responde o resto do pessoal.
Sasuke o encarou em silêncio, sem se mover.
Bakugou continuou, impaciente:
— Tá todo mundo preocupado, idiota. Você sumiu desde que voltamos e não deu sinal de vida. Deku quase surtou, a garota das criações mandou uns cinco textos gigantes, Kirishima tava cogitando invadir sua casa e... bom, a fones de ouvido nem conseguia esconder a cara de preocupação.
Sasuke desviou o olhar por um instante ao ouvir o nome de Kyoka.
— Tsc... — resmungou. — Eu precisava de um tempo.
— Beleza, tira seu tempo, medita, se joga no sofá, sei lá — retrucou Bakugou. — Mas da próxima vez, só avisa. Não dá pra gente vencer o vilão dos vilões e depois perder você pra uma crise existencial.
Sasuke soltou uma risada seca, mas genuína.
— É justo.
Bakugou já caminhava até a porta quando parou, com a mão na maçaneta.
— E responde ela. A Jiro. Sério. — disse, sem olhar pra trás. — Ela ficou te esperando o tempo todo.
Sasuke fechou a porta assim que Bakugou saiu, o som do trinco ecoando na casa silenciosa. Caminhou em passos lentos até o sofá e se sentou, apoiando os cotovelos nos joelhos. Inspirou fundo, tentando organizar os próprios pensamentos, então puxou o celular do bolso.
Desbloqueou a tela e abriu o aplicativo de mensagens. As conversas não lidas estavam ali, várias. Mas seus olhos foram direto para o nome que aparecia em destaque: Kyoka Jiro.
Com um toque, abriu a conversa.
“Você sumiu... tá tudo bem?”
“Sasuke, sério, só diz se você tá vivo.”
“Eu sei que talvez você só precise de espaço, mas... eu fiquei preocupada.”
“Aquela luta foi pesada pra todo mundo. Mas... você não precisa lidar com isso sozinho, sabe?”
“Quando quiser falar, tô aqui.”
Sasuke ficou em silêncio, olhando fixamente para aquelas palavras. Seu dedo deslizou devagar pela tela, lendo e relendo cada mensagem, absorvendo o peso de cada uma. Por alguns segundos, pensou em responder. Seus dedos até pairaram sobre o teclado.
Mas não escreveu nada.
Bloqueou o celular novamente e o largou ao seu lado no sofá. Levou a mão ao rosto e apoiou a cabeça ali, deixando-se ficar em silêncio mais um pouco, as palavras de Kyoka ecoando em sua mente.
..
..
Kyoka estava deitada em sua cama, o quarto imerso numa penumbra suave, iluminado apenas pela luz azulada da tela do celular em suas mãos. Seus dedos rolavam a conversa com Sasuke pela milésima vez naquela manhã.
De repente, três pontinhos apareceram na tela.
"Visualizado há 1 minuto."
Ela prendeu a respiração por um instante, os olhos arregalando levemente. O coração deu um leve salto, como se algo finalmente estivesse prestes a acontecer. Mas os minutos passaram… e nada.
Nenhuma resposta. Nenhuma palavra.
Kyoka soltou o ar lentamente, tentando esconder de si mesma a pontada no peito. Ela largou o celular ao seu lado na cama e virou o rosto para o teto, os fones ainda pendurados nos ouvidos. Por mais que tentasse parecer tranquila, a ausência de resposta falava mais alto do que qualquer palavra.
— Idiota… — murmurou, sem raiva, apenas com um cansaço melancólico na voz.
Fechou os olhos, apertando um pouco mais os fones nos ouvidos, tentando se distrair com a música que tocava baixinho. Mas no fundo, ela só conseguia pensar nele.
Kyoka se levantou devagar da cama, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. Seus passos eram arrastados, e ela passou as mãos pelo rosto, tentando disfarçar os olhos levemente vermelhos — não de choro intenso, mas de uma tristeza silenciosa, daquelas que ficam por dentro, corroendo devagar.
Ao chegar na sala, viu seus pais sentados no sofá, assistindo ao noticiário que ainda falava sobre All Might e os recentes ataques. A mãe notou sua presença primeiro, olhando para ela com preocupação.
— Kyoka? — chamou com doçura. — Tá tudo bem, filha?
O pai abaixou o volume da TV, virando-se também para ela. A expressão dele era de alerta, mas ainda paciente.
Kyoka tentou forçar um sorriso, mas falhou. Desviou os olhos e encolheu um pouco os ombros, como se não quisesse ser vista.
— Só não tô conseguindo dormir — murmurou. — Tá tudo meio... confuso.
A mãe se levantou e foi até ela, segurando seu rosto com carinho.
— É sobre o que aconteceu ontem? Sobre aquele amigo seu… o Sasuke?
Kyoka fechou os olhos por um segundo, respirando fundo antes de responder num sussurro:
— Ele sumiu. E agora que apareceu, não quer nem responder ninguém…
O pai cruzou os braços, sério, mas compreensivo.
— Talvez ele só esteja tentando entender tudo também. Às vezes, a gente some quando precisa se encontrar de novo.
A mãe passou a mão pelos cabelos dela com cuidado.
— Mas isso não quer dizer que você não se importe. E nem que ele não se importe também.
Kyoka assentiu lentamente, tentando guardar aquelas palavras no coração. Mas era difícil não sentir aquele aperto constante — aquele silêncio vindo de alguém que, de alguma forma, se tornou importante demais para ela.
A batida na porta foi suave, quase tímida — um contraste gritante com o caos que andava tomando o mundo lá fora. Kyoka e a mãe se viraram ao mesmo tempo, surpresas. O pai dela franziu a testa, estranhando a visita àquela hora, mas se levantou com calma.
— Deve ser algum vizinho… — murmurou enquanto se aproximava da porta.
Ele espiou pelo olho mágico e, por um segundo, seus olhos se arregalaram em surpresa. Mas logo em seguida, um sorriso calmo se formou em seu rosto.
— Bem... — disse ele, olhando para trás. — Acho que alguém veio fazer as pazes.
Kyoka ficou imóvel por um instante, o coração batendo um pouco mais forte sem nem saber o motivo exato. A mãe a olhou com curiosidade, enquanto o pai destrancava a porta e a abria.
Do lado de fora, parado sob a luz fraca do corredor, estava Sasuke. Com as mãos nos bolsos, o olhar cansado, mas firme. Ele não disse nada de imediato. Apenas olhou para dentro.
E, quando Kyoka surgiu na visão dele, parada no meio da sala, ele a encarou como se estivesse prestes a dizer tudo o que não havia conseguido mandar por mensagem.
Antes mesmo que Sasuke pudesse abrir a boca, Kyoka já havia cruzado a sala em passos rápidos. Seu rosto ainda carregava o peso da preocupação, da angústia e do silêncio dos últimos dias. Ele sequer teve tempo de pensar — quando percebeu, ela já o envolvia num abraço apertado, os fios roxos roçando suavemente no queixo dele.
Sasuke congelou por um breve instante, surpreso. Seus braços ficaram suspensos no ar, mas logo desceram devagar, retribuindo o gesto com uma delicadeza incomum pra ele.
Nenhuma palavra foi dita. Apenas o som do coração acelerado de Kyoka, abafado contra o peito dele, e o alívio que parecia emanar daquele abraço silencioso.
Do fundo da casa, os pais de Kyoka se entreolharam. O pai apenas sorriu de canto e fechou a porta, deixando os dois ali, naquele momento só deles.
Sasuke abriu a boca, prestes a dizer algo — talvez um pedido de desculpas, talvez uma explicação. Mas antes que qualquer palavra escapasse, ele sentiu um toque morno e úmido atravessando o tecido da sua blusa.
Parou.
Baixou o olhar devagar e viu, entre seus braços, o rosto de Kyoka escondido contra seu peito. Seus ombros tremiam levemente. As lágrimas dela escorriam silenciosas, encharcando a blusa preta que ele usava.
Sasuke franziu o cenho, não em impaciência, mas em dor — dor por vê-la assim. Ele apertou o abraço, protegendo-a como se quisesse isolar ela do mundo.
— …Me desculpa — ele murmurou, a voz baixa e rouca, quase falhando. — Eu não queria te preocupar assim.
Kyoka não respondeu. Apenas ficou ali, chorando em silêncio, como se tivesse guardado tudo por tempo demais e agora seu corpo finalmente tivesse licença para desabar. E Sasuke, pela primeira vez em muito tempo, não sentiu que precisava dizer mais nada. Só estar ali bastava.
Com cuidado, Sasuke a afastou levemente, suas mãos firmes, mas gentis, segurando os ombros de Kyoka. Ela tentou manter o rosto abaixado, ainda envergonhada pelas lágrimas, mas ele ergueu seu queixo com dois dedos, forçando seus olhares a se encontrarem.
Com o polegar, limpou as lágrimas que escorriam pela bochecha dela, lentamente.
— Me desculpa… de novo — disse, olhando fundo em seus olhos. — Eu não devia ter sumido daquele jeito. Não depois de tudo o que aconteceu. Eu só… precisava pensar. Respirar. Entender o que estava sentindo.
Ele deu um passo para trás, passando a mão pelos cabelos, claramente tentando organizar os pensamentos.
— Quando a gente voltou… quando vi aquele caos… quando vi o All Might daquele jeito… eu percebi que nada nunca mais vai ser como antes. E isso me assustou. Mais do que eu queria admitir. — Seus olhos voltaram para ela. — Mas isso não justifica eu ter te deixado no escuro. Você não merecia isso.
Kyoka o encarava em silêncio, mas seus olhos já não estavam tão pesados. Havia dor, sim, mas também alívio por finalmente ouvir sua voz, por finalmente entender.
— Obrigado por vir até aqui fora. — completou Sasuke. — Mesmo depois de tudo.
Kyoka permaneceu em silêncio. Seus olhos ainda estavam úmidos, e ela mantinha o olhar fixo em Sasuke, como se tentasse absorver cada palavra que ele havia dito, tentando entender se eram reais ou apenas mais uma forma de afastamento.
O silêncio começou a incomodar. Sasuke desviou o olhar por um breve momento, coçando a nuca e respirando fundo. Ele odiava aquela sensação — a de não saber o que ela estava pensando.
— …Você não vai dizer nada? — perguntou, a voz mais baixa, um pouco rouca, carregada de incômodo. — Pode gritar comigo, se quiser. Me bater também. Qualquer coisa. Só não fica quieta assim.
O silêncio parecia mais doloroso que qualquer bronca. E ele, acostumado ao controle, ao cálculo… não sabia lidar com aquilo. Não com ela.
Kyoka ergueu os olhos lentamente, a voz saindo baixa, mas firme o suficiente para cortá-lo como uma lâmina fina:
— E aí, Sasuke… é bom ser ignorado?
A pergunta bateu fundo, seca e direta, sem rodeios. Não havia raiva explícita em seu tom, mas a mágoa era evidente. Ela cruzou os braços, não como quem se fechava, mas como quem tentava se proteger do turbilhão de sentimentos que estava segurando até ali.
— Porque foi exatamente assim que eu me senti esse tempo todo — ela continuou, os olhos brilhando, mas sem derramar mais lágrimas. — Eu me preocupei com você, mandei mensagens, esperei alguma coisa… qualquer coisa. E você só… sumiu. Sem dizer nada.
Sasuke ficou ali, parado, sem resposta imediata. O peso daquelas palavras era real. E ele sabia que merecia cada uma delas.
Kyoka respirou fundo, como se estivesse prestes a mergulhar em algo doloroso, mas necessário. Ela descruzou os braços e deu um passo à frente, a voz finalmente saindo com tudo o que ela havia guardado até ali:
— Você sempre faz isso, Sasuke. Carrega o mundo nas costas como se fosse o único que pode resolver tudo. Como se fosse sua responsabilidade proteger todo mundo. Mas sabe o que acontece quando você some e ignora todo mundo? A gente sofre. Eu sofro! Fico me perguntando se você tá vivo, se tá bem, se foi ferido… ou se simplesmente decidiu que ninguém mais importa!
Ela passou as mãos nos próprios cabelos, frustrada, tentando controlar a respiração acelerada.
— Eu entendo o que você passou. Eu vi o quanto tudo aquilo mexeu com você. Mas não é justo, tá? Não é justo me deixar no escuro. Não é justo me fazer sentir como se minhas palavras não valessem nada. Eu te mandei mensagem porque eu me importo! Porque eu… — a voz falhou por um segundo, mas ela forçou a continuação — porque eu gosto de você, idiota! E mesmo assim você me deixou no vácuo como se não fosse nada.
Ela fez uma pausa. A sala estava em silêncio, o ar pesado de emoção contida por tempo demais.
— Eu fiquei com medo. Medo de te perder. Medo de que você voltasse diferente. Ou pior… de que não voltasse. E quando você apareceu de novo, e nem respondeu nada… foi como levar outro soco. E agora você aparece aqui, do nada, sem uma palavra, e eu deveria ficar feliz? Fingir que tá tudo bem?
Ela balançou a cabeça, lágrimas voltando aos olhos, mas agora sem vergonha de deixá-las cair.
— Eu não quero ser só mais alguém pra você, Sasuke. Se você realmente sente alguma coisa… então começa a mostrar. Porque esse jogo de se afastar quando as coisas apertam… isso cansa. Dói.
E enfim, ela parou. Os olhos fixos nele, esperando uma resposta — qualquer resposta — que finalmente a fizesse entender o que ela realmente significava para ele.
Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha de Sasuke, silenciosa e pesada. Ele não tentou segurá-la, apenas a limpou com as costas da mão, os olhos baixos por um instante, como se cada palavra dela ainda ecoasse em sua mente.
Então, ele ergueu o olhar e deu um passo à frente, a voz baixa, mas firme:
— Você tem razão.
Ele respirou fundo, os olhos fixos nos dela.
— Eu cresci acreditando que se me importasse demais com alguém… isso se tornaria uma fraqueza. Que me afastar era a única maneira de manter quem eu gosto seguro. Eu fui treinado pra lutar sozinho, pra carregar tudo sem depender de ninguém. E por isso… eu machuco quem se importa comigo. Eu te machuquei.
Sasuke parou por um momento, o olhar sincero, vulnerável.
— Mas você… Kyoka… você me fez perceber que isso não é força. Força é ter coragem de me abrir, de confiar, de deixar alguém entrar. E se tem alguém que eu quero ao meu lado, é você. Não como mais uma pessoa qualquer. Não como alguém que eu posso ignorar e esperar que entenda. Mas como alguém que me faz querer ser melhor. Que me faz… querer voltar.
Ele deu mais um passo, bem próximo dela agora.
— Eu sinto muito por tudo. E se ainda houver espaço pra mim, mesmo depois de tudo isso… eu prometo, nunca mais vou desaparecer. Nunca mais vou deixar o silêncio falar no meu lugar.
A voz dele saiu um pouco trêmula no fim, mas verdadeira. Ele estendeu a mão, não como quem implora perdão, mas como quem quer, pela primeira vez, caminhar lado a lado.
Kyoka olhou nos olhos de Sasuke por alguns segundos, como se estivesse tentando encontrar alguma mentira ou hesitação ali. Mas não havia. Apenas sinceridade. Apenas ele.
Ela respirou fundo, seus dedos ainda tremendo um pouco quando se moveram — e, com delicadeza, ela pegou as mãos dele, apertando de leve.
— Você está desculpado — disse, a voz baixa, mas carregada de emoção. — Não porque foi fácil… mas porque eu sei que você tá tentando. E porque eu ainda me importo. Muito.
Ela sorriu de canto, ainda com os olhos marejados.
— Mas se você desaparecer de novo, eu mesma vou te caçar. Entendeu, Uchiha?
O tom dela era leve no fim, quase uma provocação — mas o aperto firme em suas mãos mostrava que aquele momento era real. Que, apesar da dor, ela ainda queria estar com ele. E, acima de tudo… que ele ainda tinha um lugar ao lado dela.
A porta da casa de Kyoka se abriu com um rangido suave, interrompendo o momento delicado entre os dois. O som foi suficiente para fazê-la arregalar os olhos em surpresa, como se tivesse sido pega em flagrante.
Sasuke, por instinto, soltou rapidamente as mãos dela, voltando à sua postura mais contida e séria, como se tentasse esconder qualquer traço de vulnerabilidade.
— Kyoka — disse a mãe dela, com um sorriso gentil no rosto. — Venha, querida. A comida tá pronta.
O pai, logo atrás, apenas lançou um olhar cúmplice para Sasuke, como se já tivesse entendido tudo.
Kyoka assentiu com um leve "já vou", olhando brevemente para Sasuke antes de se virar, o rosto ainda um pouco corado. Ela hesitou por um instante, mas não disse nada — só deu um pequeno sorriso antes de entrar.
– Você quer comer conosco? – o pai de Kyoka perguntou.
Sasuke rapidamente negou com a cabeça. – Não, muito obrigado. Já estou de saída.
Ele ficou parado na entrada por alguns segundos, em silêncio, observando a porta se fechar.
..
..
Ao chegar em casa, Sasuke trancou a porta atrás de si, jogando os sapatos de lado como sempre fazia. O ambiente silencioso e um tanto frio parecia acolhê-lo à sua maneira — simples, solitário, mas familiar. Foi quando notou um envelope em cima da mesinha de entrada, com o selo da U.A.
Ele arqueou uma sobrancelha e pegou a carta, rompendo o lacre com um movimento ágil dos dedos. Seus olhos percorreram as linhas do comunicado:
“Informamos que, a partir da próxima semana, os alunos da Classe 1-A irão residir temporariamente no dormitório escolar da U.A., visando a segurança e a integridade dos mesmos. Para tal, é necessário o preenchimento da autorização por um responsável legal.”
Sasuke terminou de ler e não pôde evitar uma risada breve, quase silenciosa, enquanto balançava a cabeça. — Responsável, hein? — murmurou para si mesmo, jogando o papel sobre a mesa com um sorriso sarcástico no canto dos lábios. — Sou o meu próprio responsável, afinal de contas.
Ele se jogou no sofá, com os braços apoiados atrás da cabeça, encarando o teto. Dormitórios, huh? Aquilo prometia.
Depois de largar a carta da U.A. sobre os novos dormitórios escolares e dar uma risada ao pensar que ele mesmo era seu responsável, Sasuke pegou o celular e respirou fundo. As notificações não paravam de piscar desde o momento em que ele voltou para casa, e agora era hora de responder cada um que se preocupou com ele.
Se acomodando no sofá, ele começou a digitar.
Para Midoriya, ele escreveu:
“Obrigado, Deku. Desculpa o susto. Precisava pensar em algumas coisas… obrigado por se importar.”
Para Yaoyorozu:
“Sumir foi errado. Você confiou em mim desde o início. Obrigado por tudo, Yaomomo.”
Para Todoroki:
“Fico feliz que tenha vindo comigo. Você é mais confiável do que pensa. Vamos conversar depois.”
Para Kirishima:
“Valeu, irmão. Você tem o coração de um verdadeiro herói...”
Para Lida:
“Você foi firme e justo, como sempre. E mesmo assim escolheu confiar em mim. Obrigado, Lida.”
Para Aizawa:
“Professor, estou bem. Não vou desaparecer de novo. Agradeço por se preocupar.”
Para Tsuyu, ele digitou e parou por um segundo antes de enviar:
“Oi, Tsuyu. Vi sua mensagem também. Desculpa não ter respondido antes. Estou bem agora, obrigada por pensar em mim.”
Por fim, ele olhou para o topo das conversas… Kyoka. Embora eles tivessem se visto, sentiu que uma última mensagem precisava ser enviada.
“Obrigado por não desistir de mim.”
Ele bloqueou o celular e o deixou sobre o peito, o olhar fixo no teto por um momento. Pela primeira vez em dias, havia silêncio por dentro e por fora.
O celular de Sasuke vibrou poucos minutos depois que ele enviou as mensagens. A primeira notificação veio de Tsuyu.
Ele desbloqueou a tela e abriu o chat.
Tsuyu:
“Sasuke, que bom saber que você está bem! Eu realmente fiquei preocupada… você simplesmente sumiu.”
“Não é como se fôssemos tão próximos quanto você e o Midoriya ou a Jiro, mas… mesmo assim, me importo. Todos nós nos importamos.”
“Você é importante, sabe? Mesmo com esse jeito frio e misterioso…”
“Se precisar conversar, eu sou uma boa ouvinte, ribbit.”
Ao terminar de ler, Sasuke ficou alguns segundos parado, com um leve sorriso no canto dos lábios. A sinceridade de Tsuyu era simples, mas tocava fundo. Ele respondeu com calma:
“Obrigado, Tsuyu. Isso significa mais do que parece. E… eu sei que posso contar com você.”
“Fico feliz por ter gente como você por perto.”
Ele então colocou o celular ao lado e deixou o corpo afundar um pouco mais no sofá. Aos poucos, tudo estava se ajeitando.
..
..
Do outro lado da cidade, Tsuyu estava sentada na beira de sua cama, com o celular entre as mãos. A tela ainda exibia a última mensagem de Sasuke. Ela já havia lido e relido aquelas palavras pelo menos umas dez vezes.
Seu coração batia mais rápido do que o normal — um sentimento estranho, diferente de tudo que costumava sentir durante uma missão ou uma luta. Era como se... ela quisesse continuar aquela conversa. Queria dizer mais. Saber mais. Estar mais presente.
— Por que você é assim, Sasuke? — ela murmurou baixinho, os olhos fixos no nome dele na tela.
Ela abriu o teclado, digitou algo, apagou. Tentou de novo, apagou de novo. O polegar ficou pairando sobre as teclas, hesitante.
— Eu só queria... me aproximar.
Não sabia exatamente o que sentia, mas a verdade é que Sasuke havia despertado nela algo novo. Curiosidade, carinho, admiração... algo que misturava tudo isso.
O som da chuva fina batendo na janela a fez suspirar.
— Ribbit… que droga…
No fundo, ela só queria uma desculpa para falar com ele de novo. Mas o Uchiha não era alguém fácil de se alcançar — mesmo quando estava a uma mensagem de distância.
Enquanto Tsuyu ainda encarava a tela do celular, indecisa sobre o que fazer, um som suave a despertou — tlim — uma nova notificação. Seus olhos se arregalaram ao ver o nome que apareceu: Sasuke.
Com o coração acelerado, ela abriu a conversa imediatamente.
Sasuke:
"Você tá bem, Tsuyu?"
Por um segundo, ela ficou sem reação. Aquilo a pegou completamente de surpresa. Não era uma pergunta cheia de floreios. Era simples. Direta. Mas vinda dele… significava muito.
Ela leu mais uma vez. Um leve sorriso surgiu em seus lábios.
— Ele pensou em mim… — murmurou baixinho, como se mal acreditasse.
Sentiu o rosto esquentar, o coração ainda disparado. Então respirou fundo, segurando o celular com firmeza, e começou a digitar, tentando esconder o quão feliz aquela simples mensagem tinha a deixado.
Tsuyu ficou olhando para a mensagem dele por alguns segundos, ainda com aquele sorriso tímido no rosto. Seu coração estava acelerado, mas havia algo em seu peito que parecia leve, confortável. Ela então digitou a resposta com calma, mas com um calor sincero no peito:
Asui:
"Sim, eu tô bem agora. Obrigada por perguntar."
"Ah, e... me chama de Asui, tá bom? É meu primeiro nome. Eu gostaria disso."
Ela enviou a mensagem e, assim que a viu sendo marcada como lida, mordeu levemente o lábio inferior, ansiosa pela reação dele. Ainda sorria, levemente corada, enquanto seu dedo permanecia parado sobre a tela, esperando a resposta do Uchiha.
..
Sasuke olhou para a resposta de Asui e, por um instante, ficou em silêncio. Um leve sorriso se formou em seus lábios. Era raro, mas verdadeiro. Ele então começou a digitar:
Sasuke:
"Asui, então... Gosto disso. Tem um som calmo. Combina com você."
Do outro lado, Tsuyu sentiu seu rosto esquentar. Ela respondeu rapidamente:
Asui:
"Você acha? Nunca soube muito bem o que combina comigo."
Sasuke:
"Serenidade. Lealdade. Coragem também. Você tem tudo isso."
Asui:
"Você percebe mais do que deixa transparecer, né, Sasuke?"
Sasuke:
"Observar é mais fácil do que falar. Mas... tô tentando mudar isso um pouco."
Asui:
"Acho bom. Gosto de ouvir o que você tem a dizer."
Sasuke:
"E eu gosto de falar com você. Mesmo que seja assim, por mensagem."
Asui:
"Então continua. Não some mais, tá?"
Sasuke:
"Não vou. Prometo."
A conversa seguiu, leve e tranquila. Por alguns minutos, ambos esqueceram o caos recente, as lutas, o medo... e só existia aquela troca de palavras, como se construíssem, ali, uma nova ponte entre os dois.
A conversa entre Sasuke e Asui continuou por bastante tempo naquela noite. Eles falaram sobre trivialidades, sobre o que pretendiam fazer nos dormitórios, sobre os colegas, sobre como o mundo parecia estranho depois da luta entre All Might e All for One.
Por um tempo, tudo foi simples. Natural.
Até que Asui hesitou diante da tela do celular.
Seus dedos pairaram sobre o teclado por alguns minutos, apagando e reescrevendo a mesma pergunta diversas vezes. Por fim, tomou fôlego, fechou os olhos e enviou.
Asui:
"Ei... posso perguntar uma coisa?"
"Você e a Kyoka... vocês são algo?"
Ela quase apertou o botão de apagar, mas seus olhos se arregalaram ao ver a notificação indicando que Sasuke já havia visualizado. Era tarde demais.
..
Do outro lado, Sasuke permaneceu olhando a tela, imóvel. Não esperava aquela pergunta — não vinda dela.
O cursor piscava na caixa de mensagem dele. Ainda não tinha respondido. Mas pensava em como faria isso da forma mais honesta possível.
Sasuke encarou a tela por alguns segundos antes de digitar calmamente:
Sasuke:
"Por quê?"
O silêncio entre as mensagens foi repentino. Do outro lado, Asui apertava o celular com força. Seus olhos estavam levemente arregalados, sem saber como responder aquilo.
Ela começou a digitar... e apagou. Depois digitou de novo... e apagou mais uma vez. Até que finalmente mandou algo:
Asui:
"Ah, nada demais. Só curiosidade. Esquece isso."
"Aliás, você viu que a U.A. vai reformar os dormitórios?"
Mas Sasuke não deixou passar. Sua próxima mensagem foi quase imediata:
Sasuke:
"Não. Fala. Quero saber."
Asui engoliu seco, sentindo o coração acelerar. Por que era tão difícil responder? Talvez porque a resposta envolvesse sentimentos que ela mesma ainda estava tentando entender.
Asui ficou alguns segundos olhando fixamente para o visor do celular. Sentia o coração batendo mais rápido do que gostaria de admitir. Finalmente, com os dedos trêmulos, digitou lentamente a pergunta que tanto hesitava em fazer:
Asui:
"Você gosta da Kyoka?"
Ela apertou "enviar" antes que pudesse pensar demais. Assim que a mensagem foi enviada, sentiu um frio na barriga, como se tivesse mergulhado de cabeça num lago gelado. Agora não havia mais volta. A pergunta estava feita… e a resposta de Sasuke poderia mudar tudo.
A resposta veio rápida, direta, e mesmo que fosse apenas uma palavra, dizia tudo:
Sasuke:
"Sim."
Asui leu aquilo e sentiu o coração apertar. Ela encarou o visor por alguns segundos, tentando digerir. Já sabia a resposta, no fundo… mas vê-la assim, tão clara, doía um pouco mais.
Estava prestes a encerrar a conversa com um simples "entendi", mas então outra mensagem chegou:
Sasuke:
"Mas… eu gosto de conversar com você. Me sinto em paz."
Os olhos dela se arregalaram levemente. O coração, que antes doía, agora batia de um jeito confuso. Ela não sabia exatamente o que responder… mas sabia que não queria que aquela conversa terminasse.
Asui ficou encarando o visor por mais um tempo, os dedos hesitantes sobre a tela. Então, finalmente, escreveu:
Asui:
"E a Kyoka? Ela não vai ficar com ciúmes?"
A resposta de Sasuke veio quase que de imediato, direta como sempre:
Sasuke:
"Você se importa com isso?"
Ela mordeu o lábio inferior, pensativa… mas no fim, seus dedos deslizaram com leveza:
Asui:
"Não."
Foi honesta. Mais honesta do que pensou que seria. E ao enviar, seu coração disparou.
Asui suspirou antes de digitar novamente. O peito apertado, como se estivesse dividida entre o que sentia e o que achava certo.
Asui:
"A Kyoka é minha amiga… eu não posso machucar ela com isso."
Houve alguns segundos de silêncio na conversa, até que a resposta de Sasuke apareceu, firme, porém gentil:
Sasuke:
"Ninguém precisa se machucar, Asui. Se todo mundo conversar, se resolver… da forma certa, com respeito… nada precisa terminar em dor."
Ela leu aquelas palavras várias vezes. E, pela primeira vez, se perguntou se talvez… só talvez… houvesse um jeito certo mesmo.
Asui ficou com os olhos fixos na tela do celular, ainda refletindo sobre a última mensagem, quando mais uma notificação surgiu. Era Sasuke, digitando novamente.
Sasuke:
"E… eu percebi.
O jeito que você olhou pra mim…
Naquele dia em que os garotos esconderam nossas roupas. Quando eu apareci só de toalha."
O coração dela acelerou. O ar ficou mais denso por um instante, e ela teve que apertar o celular com mais força pra não deixar escapar. Ela lembrava. Claro que lembrava. E agora, ele também.
Asui, ainda encarando a tela, respondeu com os dedos trêmulos:
Asui:
"Não sei do que você está falando. Foi impressão sua."
Quase imediatamente, mais uma mensagem chegou. Era Sasuke, e ele claramente estava se divertindo:
Sasuke:
"Ah, é? Quer que eu mande uma foto minha sem camisa pra refrescar sua memória?"
Asui arregalou os olhos, o rosto pegando fogo. Ela apertou o celular contra o peito e soltou um leve coaxar nervoso, antes de começar a digitar, completamente sem saber como responder àquela provocação.
Antes mesmo que Asui conseguisse digitar qualquer resposta, o celular vibrou novamente.
Era a foto.
Sasuke, sem dizer nada, havia enviado uma imagem dele sem camisa, o corpo ainda úmido, como se tivesse acabado de sair do banho. Os cabelos desgrenhados, o olhar sério — e aquela típica postura despreocupada.
Asui congelou.
Seu rosto ficou completamente vermelho, os olhos arregalados e fixos na tela. O coração disparou no peito, e ela mal conseguia respirar direito. Suas mãos tremiam levemente, e por um instante, ela apenas ficou ali, encarando a imagem.
Ela engoliu seco, desviou o olhar como se aquilo fosse "errado" — mas inevitavelmente olhou de novo. E mais uma vez.
Se fosse possível, ela teria atravessado a tela. Só não lambeu o visor porque, mesmo toda tímida, ainda tinha um pingo de autocontrole.
Mesmo assim, soltou um sussurro:
— Maldito gostoso...
Sasuke digitou com um meio sorriso nos lábios:
"A gente podia apimentar isso ainda mais, sabe..."
A resposta de Asui veio rápida, firme:
"Não, Sasuke."
Ele soltou um leve suspiro, ainda mantendo o tom provocativo, mas suavizando um pouco:
"Ok, ok... então ao menos me manda uma foto sua. Pra gente ficar quites, vai."
Do outro lado da cidade, Asui sentiu seu rosto esquentar. Ela hesitou por alguns segundos, encarando a tela do celular. Não era uma provocação direta... mas a intenção estava ali. E aquilo a deixava nervosa — e um pouco curiosa também.
Asui hesitou por alguns segundos, o coração acelerado enquanto encarava a conversa. Seus dedos tremiam levemente antes de abrir a câmera frontal do celular. Depois de respirar fundo, ela posicionou-se diante do espelho, com um leve sorriso no rosto.
Usava uma blusa leve e confortável, e o cabelo solto caía suavemente sobre os ombros. Era uma imagem simples, mas ainda assim havia algo encantador nela — algo genuinamente dela.
Ela anexou a foto e escreveu junto:
“Não é nada demais... Mas acho que estamos quites, né?”
Logo após enviar, ficou olhando para a tela, ansiosa pela resposta de Sasuke.
Sasuke viu a foto e por um instante apenas observou. Um leve sorriso surgiu em seus lábios, algo raro, mas sincero.
Digitou calmamente:
"Você é linda, Asui."
Houve uma pequena pausa, como se ele estivesse ponderando o que dizer em seguida, mas decidiu continuar:
"Natural, confiante… tem algo em você que realmente chama atenção. Obrigado por confiar em mim."
Era direto, mas ao mesmo tempo gentil. Ele não costumava elogiar, muito menos abrir espaço para conversas tão pessoais, mas com Asui... estava começando a ser diferente.
Asui encarou a tela do celular por alguns segundos, os olhos levemente arregalados. Ela releu a mensagem mais de uma vez, como se estivesse tentando confirmar que realmente era para ela.
Seu coração acelerou, batendo forte dentro do peito — era quase como se pudesse ouvi-lo.
Um leve calor subiu até suas bochechas, e ela se viu sorrindo sem perceber.
Ela levou a mão até os lábios, surpresa com sua própria reação, e então digitou de volta com os dedos um pouco trêmulos:
"Você realmente sabe como deixar uma garota sem ar, Sasuke..."
Logo apagou. Reescreveu.
"Obrigada... não sei muito bem o que dizer depois disso, mas... saber que você pensa isso de mim me faz feliz."
Asui ficou parada em frente ao espelho, o celular em mãos e o rosto ainda quente pelas mensagens trocadas com Sasuke. Ela mordeu levemente o lábio inferior, incerta, mas algo dentro dela dizia que já havia passado da linha do simples flerte.
Virou-se de costas, puxou um pouco o short curto que usava, revelando parte de suas curvas com um toque de provocação. Olhou uma última vez para o reflexo — o coração disparado — e tirou a foto.
Não era completamente explícita, mas deixava pouco para a imaginação. Um gesto ousado, ainda assim envolto no mistério da luz suave do quarto. Sem escrever nada, apenas apertou “enviar”.
Assim que a notificação chegou, Sasuke estava deitado, o celular repousando sobre o peito. Ao desbloquear a tela e ver a nova imagem, seus olhos se estreitaram por um breve instante, surpresos com a ousadia inesperada.
Ele ficou alguns segundos em silêncio, observando a foto. Um leve sorriso surgiu no canto de seus lábios — não de deboche, mas de genuína surpresa e admiração.
Digitou devagar:
“Então é assim que você joga, Asui?”
Fez uma pausa, olhou novamente a imagem e completou:
“Você é linda… e sabe exatamente o que está fazendo.”
Guardou o celular por um momento, mas o pensamento permaneceu com ele. Era um jogo perigoso, e ele sabia disso — mas parte dele também estava curioso para ver até onde aquilo iria.
..
Asui olhou para a tela do celular com o coração acelerado. Seus dedos pairaram sobre o teclado por alguns segundos antes de finalmente digitar:
"Você quer que eu continue?"
Ela mordeu o lábio inferior, sentindo uma mistura de nervosismo e curiosidade. Do outro lado, Sasuke leu a mensagem com um leve sorriso no canto dos lábios, os olhos fixos na tela, já pensando em sua resposta.
..
Sasuke encarou a mensagem por alguns segundos. Seus olhos perderam um pouco do brilho travesso de antes. Ele inspirou fundo, os dedos se movendo com firmeza no teclado.
"Melhor a gente parar por aqui." — ele escreveu.
"Não quero fazer nada que a gente se arrependa depois."
Ele ficou olhando a tela após enviar, sabendo que aquilo poderia esfriar o momento, mas era o certo. Mesmo com sua personalidade contida, ele se importava — mais do que deixava transparecer.
Sasuke digitou calmamente, com o tom mais leve:
"Vou descansar um pouco agora."
"A gente se vê na escola amanhã, Asui."
Ele ficou mais um instante com o celular na mão, observando a tela antes de colocá-lo de lado. Por mais confusas que as coisas estivessem, ele sabia que o amanhã traria novas chances para colocar tudo no lugar.
..
Tsuyu olhou para a última mensagem de Sasuke, sentindo o coração bater um pouco mais forte. Seus dedos pairaram sobre a tela por alguns segundos antes de digitar:
"Boa noite, Sasuke. Até amanhã."
Ela apertou "enviar" e deixou o celular de lado, deitando-se na cama. O teto parecia mais interessante do que nunca enquanto ela pensava:
– Como eu vou olhar pra ele amanhã depois de tudo isso…?
Seu rosto corou levemente, e ela puxou o cobertor até o queixo, deixando escapar um suspiro carregado de ansiedade e curiosidade.
Próximo capítulo: Mudando-se para os dormitórios.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.