3 anos atrás
O Jovem Jeon estava aflito, não conseguia aceitar o que havia sido imposto a si. Ainda não conseguia acreditar que seus pais estivessem lhe passando uma responsabilidade tão grande como aquela. Era muito jovem, tinha apenas vinte anos e gostava de aproveitar a sua vida. Estava bem como estava, não queria que as coisas mudassem, muito menos ter que se ver preso em algo tão sério como um casamento. Havia se recusado, no entanto, seus pais continuavam a insistir na ideia e não desistiriam até que aceitasse o que acreditavam ser o seu "dever" e "destino" como futuro líder, posto que nunca sequer desejou. Ele estava cansado de se ver preso em meio à tradições e responsabilidades que sua família possuía por se tratar de uma família com alfas lúpus, os últimos de sua linhagem, que sempre tomavam o poder, por isso, sempre evitava tudo o que fosse relacionado aos assuntos burocráticos, queria ser apenas um jovem comum e poder viver conforme sua vontade, sem grandes preocupações, e estava conseguindo até então.
Entretanto, daquela vez, não estava sendo capaz de se livrar de tais assuntos, e, para piorar, estava no centro deles, sendo obrigado a fazer algo com o qual não estava de acordo, e seu pai estava disposto a persuadí-lo.
— Filho, você precisa seguir nossa tradição — seu pai dizia, fazendo Jeongguk revirar os olhos por estar farto de ter que ouvir as mesmas coisas. — Em breve assumirá o meu posto, será o líder do nosso grupo e precisa ter alguém ao seu lado, alguém que possa estar com você em sua liderança para lhe apoiar e com quem possa dar continuidade à nossa linhagem, e ninguém melhor do que um ômega lúpus para isso.
— Eu não dou a mínima para essa droga de tradição e nem para isso de linhagem! — Esbravejou, recebendo um olhar decepcionado do Jeon mais velho, porém não se importava, queria apenas que ele entendesse e não continuasse a insistir naquilo. — Só quero poder viver a minha vida da forma que quero, sem me preocupar em fazer o que me é imposto por um cargo que eu nem quero ter, sabe bem disso, pai.
— Jeongguk, nossa família sempre assumiu a liderança e guiou o nosso povo, somos os encarregados de assegurar que nossa alcateia permanecerá viva e em segurança, e eu não irei impedir que você interfira nesse legado — proferiu sério, mostrando que não iria desistir daquela ideia, mesmo que o filho não estivesse de acordo. Esperava que Jeongguk entendesse a importância daquela união e parasse de tornar as coisas tão difíceis.
— Que parte sobre eu não me importar o senhor ainda não entendeu? — O mais velho estava pronto para repreender o filho, porém, este fora mais rápido em completar sua fala. — Pai, eu tenho muito respeito pelo senhor e sempre aprendi a ter respeito e carinho pelo nosso grupo, no entanto, não é porque nossa família possui a promessa de sempre guiá-los, que desejo fazer o mesmo — disse sincero, buscando manter a calma para, mais um vez, tentar fazer com que seu pai lhe entendesse e desistisse de forçá-lo àquilo. — Não estou pronto para ser um líder e muito menos para entregar a minha vida em prol dessa posição, assim como não quero e nem estou pronto para me casar. Me deixe viver como eu quero, sem ter uma responsabilidade tão grande sobre mim, por favor.
— Jeon, nós somos alas lúpus, os únicos remanescentes da nossa linhagem — começou, após um longo suspiro. — Assim como nossa família antecede um legado de líderes, é o nosso dever assumir esse dever. Um dia eu não estarei mais aqui, e você terá que assumir o meu lugar, guiando e protegendo todos de nossa aldeia, assim como dando continuidade a ela. E, mesmo que possa parecer injusto ou algo indesejado para você agora, um dia entenderá o quanto o seu papel é importante, mesmo que seja uma responsabilidade muito grande. Eu acredito em você, Jeongguk, e sei que será um ótimo líder.
E aquela foi a última conversa que tiveram antes de Jeongguk finalmente se dar por vencido e finalmente aceitar o que haviam preparado para si, tendo a esperança de que realmente estivesse fazendo a coisa certa em aceitar sua obrigação como futuro líder, já que nunca conseguiria se livrar daquele posto e da obrigação que ele envolvia.
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— Eu não acredito que terei mesmo que fazer isso — o jovem Jeon murmurava para si mesmo, indignado ao olhar seu reflexo no espelho trajando as vestes formais que haviam lhe preparado para o encontro com o seu pretendente.
Jeon não fazia ideia de como era o noivo que haviam arranjado para si, apenas ouvira seu pai dizer que se tratava de um ômega muito bonito e de bons modos, no entanto, nada disso para ele importava. Ainda não concordava com a ideia de se casar com alguém que não amava e nem sequer conhecia, apenas para preservar uma raça, além de que não queria perder sua liberdade, estava bem vivendo da forma com que vivia, sem ter que se preocupar demais com os compromissos da alcateia, além dos que era obrigado por ser filho do grande líder. Queria poder continuar a curtir sua juventude, fazendo o que queria e se relacionando com quem desejasse, sem grandes compromissos.
— Jeongguk? — Ouviu uma voz familiar o chamar, fazendo-o desviar sua atenção de seu reflexo contrariado, para a porta da cabana em que esperava até o momento do jantar de apresentação, vendo um garoto alto e com cabelos castanhos claros parado ali, com uma expressão desapontada e ao mesmo tempo surpresa ao lhe analisar. — Por que está vestido assim? Não me diga que vai mesmo aceitar esse absurdo.
— Taehyung? O que está fazendo aqui? — Indagou, mais preocupado em saber o motivo de o beta estar ali, do que em lhe responder.
— Como assim? Vim ver se você já havia se recusado e se livrado de tudo isso — rebateu, com um tom impaciente em sua voz rouca. Não estava entendo a razão de o alfa estar vestido daquela forma, não era comum ver Jeongguk daquele jeito, e temia em saber o motivo para aquilo.
— Sabe que não posso fazer isso — o Jeon proferiu, se virando para ele e suspirando em seguida. — Eu te disse, não posso ir contra o pedido do meu pai, preciso fazer isso por ele, pela minha família e pela alcateia — declarou, sem ânimo, recebendo um olhar perplexo do mais velho.
— Eu não acredito que está mesmo concordando com isso — o Kim replicou, em negação. Não conseguia acreditar que Jeongguk realmente havia concordado com aquilo, ainda mais ele, que sempre gostou de sua liberdade e não se importava com os assuntos da família e se dizia contrário àquele casamento desde o início.
— Eu ainda não gosto, okay? — Exclamou, alterado, bufando antes de continuar. — E, não, eu não concordo. Não era isso o que queria para mim, no entanto, meu pai está certo, um dia terei que assumir o lugar dele e preciso aprender a ser mais responsável e assumir minhas obrigações como um lúpus e como um Jeon.
— Não estou mais te reconhecendo — o beta pronunciou ainda em negação. Quanto mais Jeongguk falava, menos acreditava em suas palavras, não queria acreditar.
— Não é como se você me conhecesse verdadeiramente, afinal — Jeongguk murmurou com desdém, já irritado em ter que explicar ao outro sobre algo que estava lhe amargurando, nem ao menos devia satisfações ao Kim para ter que aturar aquela reação de desaprovação, já bastava o quanto ele mesmo estava se cobrando.
— Ah, não? — Soltou uma risada sarcástica, desviando o olhar do alfa, completamente irritado com sua acusação. — Então você tem coragem de dizer que não te conheço, mesmo depois de tudo o que tivemos?
— Taehyung, não me venha com esse discurso novamente — revidou, levando uma de suas mãos até as têmporas, já incomodado com aquela conversa que estava lhe cansando ainda mais. — Nós nunca tivemos nada sério, sabe disso. Nós apenas nos divertíamos juntos, sem nenhum tipo de compromisso, e sempre deixei bem claro para você que o que tínhamos não passaria disso.
— "Tínhamos", Jeongguk? — Indagou, perplexo, retraindo os lábios e tentando não demonstrar o quanto aquelas palavras haviam lhe abalado. — Você está me descartando por causa do seu casamento arranjado? Não imaginei que fosse me tratar assim por causa de alguém que ainda nem sequer conheceu e por causa de um casamento o qual disse não estar de acordo.
— Eu já te expliquei o porquê de estar aceitando isso — suspirou mais uma vez, tentando manter a calma. — Agora, por favor, não faça com que as coisas se tornem mais estressantes, já estou sendo pressionado o suficiente.
— Jeongguk, por favor, desista dessa ideia — pediu, sentindo-se desperado por dentro e sentindo seus olhos começarem a lacrimejar. — Recuse esse casamento e fuja comigo.
— Fugir com você, Taehyung? — Questionou de forma irônica, soltando uma risada soprada e nitidamente sarcástica. — E para onde?
— Para longe, apenas não aceite isso e fique comigo — respondeu, já não conseguindo esconder seu desespero enquanto falava apressadamente e gesticulava de forma excessiva.
— Eu não posso, sinto muito — declarou, se sentindo mal ao ver o Kim daquela forma, mesmo que não coubesse a ele aquela decisão e mesmo que não possuíssem nenhum tipo de compromisso. Contudo, ainda não queria que se chateasse com algo que não lhe fosse respeito. — Você precisa entender que eu devo aceitar meus deveres e o fardo de ser quem eu sou, não há como fugir disso. De certo meu pai colocaria vários alfas atrás de nós e logo nos encontrariam. Não posso fazer isso — declarou, tentando fazer com que o beta enfim compreendesse a situação. — Taehyung, você não deve querer se prender a mim e aos momentos que passamos juntos, foram apenas momentos que não irão mais voltar. Viva a sua vida e aproveite sua liberdade.
— Você diz como se fosse algo muito fácil de se fazer — rebateu, com a voz embargada. As lágrimas nos olhos do beta já começavam a incomodá-lo.. — Eu não escolhi amar você, Jeongguk. Eu não queria me sentir preso a você e aos momentos que passamos juntos.
— Então não se prenda — o alfa proferiu, indo até o Kim e apoiando uma de suas mãos em seu ombro, fazendo-o se surpreender com a aproximação e o toque repentino. Encarava a mão do moreno em seu ombro enquanto evitava encará-lo para não demonstrar ainda mais o quão fragilizado estava, no entanto, logo sentiu a outra mão do Jeon segurar seu queixo e obrigá-lo a encará-lo. — Eu sinto muito, Tae, mas o que tivemos termina aqui.
Os olhos do mais velho se arregalaram enquanto as lágrimas começavam a se formar ainda mais. Ouvir aquelas palavras vindas do alfa era um baque para si, estava estagnado, sem saber como reagir ao que sentia seu coração se despedaçar.
— Obrigado por tudo até aqui. Espero que encontre alguém que lhe dê o valor que mereça e possa corresponder aos seus sentimentos.
Antes que Taehyung pudesse responder ou sequer absorver tudo o que lhe foi dito por Jeongguk, uma terceira voz lhe fez audível na entrada da cabana, atraindo a atenção dos dois jovens e fazendo com que Jeon se afastasse.
— Com licença, senhor. — Uma jovem de cabelos longos e negros pediu, fazendo uma reverência respeitosa antes de continuar. — Seu pai está lhe chamando. Os Park já chegaram e todos esperam por você na sala de jantar.
Jeongguk suspirou pesado antes de responder.
— Diga que já estou a caminho — ditou, vendo a moça fazer mais uma reverência antes de se retirar e, ao que não pudesse mais ser vista, Jeongguk voltara sua atenção a Taehyung. — Preciso ir. Fique bem — foi tudo o que disse antes de seguir para o encontro o qual realmente não desejava participar, no entanto, havia se decidido a aceitar aquele compromisso por acreditar nas palavras de seu pai sobre ser o correto a se fazer.
E, enquanto o alfa seguia até onde as duas famílias lhe aguardava, o jovem beta permanecia na cabana, agora não mais conseguindo conter as lágrimas, que corriam dolorosamente por perder aquele que amava.
Contudo, Taehyung estava disposto a não desistir.
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Jeongguk estava parado em frente à porta da sala de jantar, criando coragem para entrar e aceitar ter sua vida mudada completamente. Não estava pronto para perder sua liberdade, ainda mais se prender a alguém que não conhecia e tampouco amava, na verdade, nunca havia amado alguém até então, pelo menos, não romanticamente. Nunca alguém fora capaz de despertar real interesse de seu lobo, e tudo o que vivera até então, para ele, não passara de aventuras, formas de se divertir e tirar toda a pressão que era ser o filho do líder de seu grupo e ser visto como um exemplo a ser seguido, mesmo que evitasse ao máximo se sentir pressionado por ser quem ele era. Sempre quis ser apenas ele mesmo, sem se importar com deveres e tradições, no entanto, sabia que à partir do momento em que adentrasse aquela sala, isso iria mudar e teria que assumir as responsabilidades que aquela união lhe acarretaria.
O jovem alfa respirou fundo e, então, adentrou a sala, atraindo a atenção de todos os presentes e reverências daqueles que trabalhavam para sua família.
— Jeongguk, finalmente você chegou — o Jeon mais velho exclamou, vendo o filho se curvar em respeito aos convidados, assim como um pedido mudo de desculpas, antes de seguir até a mesa, sentando ao lado de sua mãe, que estava à direita de seu pai, este que se encontrava na ponta da grande mesa, e de frente a um jovem loiro, o qual julgara se tratar de seu futuro noivo. — Perdão pelo atraso de meu filho, ele às vezes é um pouco imprudente com os assuntos da família, mas tenho certeza que não era sua intenção ser descordeal, não é mesmo, filho? — Proferiu, se virando para o mais novo e o encarando de forma rígida, como se exigisse que se redimisse perante aos convidados.
— Sim. Eu peço perdão por tê-los feito esperar — pediu, quase de forma automática, já que, na realidade, não se importava com o atraso e já estava ansioso para que aquele jantar chegasse ao fim. Olhou para frente e viu o mesmo jovem lhe encarar, como se reprovasse o seu comportamento, o que o fez retribuir o olhar, lhe encarando da mesma forma, entretanto, sentiu seu lobo se remexer dentro de si, causando-lhe um certo desconforto. Tentava sustentar o olhar, até que ouviu seu pai se pronunciar novamente.
— Filho, creio que se lembre do senhor e da senhora Park — começou, fazendo com que Jeongguk direcionasse a atenção ao casal ao lado do loiro à sua frente, assentindo ao se recordar de tê-los visto algumas vezes na residência de sua família, tratando de assuntos com seus pais. O moreno fez mais uma reverência, sendo copiado pelo casal, antes que seu pai continuasse. — Este à sua frente é o filho deles, Park Jimin, seu futuro esposo — constatou o que o jovem já havia previsto, fazendo-o encarar novamente o herdeiro dos Park e sentindo um calafrio percorrer seu corpo com aquela declaração.
— Prazer — Jeongguk disse, vendo o outro desviar o olhar, com uma expressão desgostosa no rosto, ignorando completamente seu cumprimento, fazendo com que se arrependesse de tentar ser educado. Seu pai de certo não o conhecia bem para dizer-lhe se trarar de um ômega bem educado.
Todos ali haviam percebido o clima nada agradável que havia pairado sobre os dois jovens e, então, o pai de Jeongguk interveio, tentando aliviar a tensão e agir como um bom anfitrião.
— Vamos dar início ao banquete — ditou, fazendo um gesto sutil para que os empregados começassem a servi-los, vendo todos à mesa se endireitarem em seus assentos, ainda um tanto desconfortáveis.
Durante o jantar, Jeongguk se pegava encarando Jimin, observando atentamente seus traços e se repreendendo mentalmente ao notar que não conseguia encontrar sequer um defeito neste, tudo parecia perfeitamente desenhado; seus olhos tinham um lindo formato, sua pele era clara e bem cuidada, seus cabelos sedosos e sua boca extremamente convidativa, assim como a clavícula branquinha e com algumas pintinhas as quais se pegou a observar devido ao fato de o loiro trajar uma camisa branca um pouco aberta naquela região, e, a cada detalhe que ao qual se prendia do Park, mas sentia seu lobo inquieto dentro de si.
≈X≈
— Filho, por que não mostra ao Jimin os arredores? Creio que seja uma boa oportunidade para que ele comece a se habituar e para que vocês se conheçam melhor — o líder Jeon sugeriu, após terem terminado o jantar e estarem ambas as famílias na sala. Os mais velhos conversavam, enquanto que, os dois jovens, se mantinham em um silêncio um tanto constrangedor, então acreditou que seria uma boa ideia que os dois ficassem um tempo a sós, para que, talvez, assim, se sentissem mais à vontade para conversar.
Ambos os mais jovens não se sentiam muito satisfeitos com aquela sugestão, já que não sentiam que fossem se dar bem. Mesmo que Jeongguk sentisse seu lobo inquieto com a presença do Park, o que lhe era estranho, ele em si não se sentia tão animado a ter que bancar o bom anfitrião para ele, sendo que, claramente, o outro não quis nem ao menos ser educado consigo no início do jantar e nem mesmo lhe respondera nas vezes em que tentara puxar algum assunto durante o tempo em que estiveram ali. No entanto, os dois sabiam que não teriam muita escolha, visto que, se continuassem ali, continuariam incomodados com a presença um do outro e ainda teriam que ouvir seus pais tratando de assuntos de suas famílias e sobre o futuro casamento o qual estavam sendo obrigados a aceitar. E já que teriam um futuro juntos, talvez realmente fosse melhor ao menos tentarem se conhecer e, quem sabe, se darem bem.
Foi com isso em mente que Jeongguk concordou com a proposta do pai e se levantou, convidando Jimin para conhecer a aldeia em que viviam. O Park não mostrou relutância e o seguiu, contudo, assim que se encontraram sozinhos, o silêncio voltou a pairar entre os dois, deixando Jeon agoniado com aquele incômodo e falta de assunto entre eles e com o seu lobo se remexendo dentro de si, principalmente quando a brisa batia entre eles e levava o perfume doce do ômega até as narinas do alfa, que pareciam ainda mais aguçadas, com seu olfato aprovando completamente aquela essência que Jeongguk achara tão agradável. De fato, o moreno nunca houvera sentindo um aroma tão agradável em toda sua vida, e a visão dos fios loiros de Jimin dançando conforme o vento enquanto o mesmo tentava contê-los inutilmente com as mãos pequenas — que Jeongguk julgara extremamente adoráveis — era algo realmente agradável de se observar.
Enquanto caminhavam lado a lado, o alfa podia apreciar ainda melhor todos os detalhes do loiro, tendo a certeza de que era ainda mais belo do que constatara mais cedo naquela noite. Seus lábios eram tão cheinhos e bonitos, e pareciam ter uma textura tão macia, o que causava ao Jeon uma súbita vontade de comprovar sua teoria; mas, algo que também gostaria de saber sobre Jimin, era como seria o seu sorriso, já que não havia o visto sorrir desde que chegara à sua residência, o que era uma pena, já que tinha a certeza de que o ômega sorrindo seria ainda mais lindo do que sério e nitidamente frustrado como estava naquele momento. Todavia, não poderia julgá-lo, pois entendia muito bem como ele deveria estar se sentindo infeliz com tudo aquilo que estava acontecendo na vida de ambos, visto que era como ele mesmo se sentia.
— Eu sinto muito por estar sendo forçado a fazer isso — Jeongguk declarou, de repente, quebrando o silêncio entre eles. Realmente se sentia mal pelo outro estar sendo forçado a se casar consigo e queria o pedir desculpas desde o início, não queria que tivessem que passar por aquilo.
— Você sente? — Retrucou ironicamente, soltando uma risada debochada em seguida, a qual Jeongguk não entendera o motivo. — Se você se importa mesmo, por que não recusou o casamento e impediu que fôssemos forçados a isso?
— Eu fiz o que acreditam ser o melhor para nossas famílias e pelos nossos grupos — retrucou, já irritado com a forma com a qual o ômega lhe respondera. — Eu não queria isso também, mas aceitei por ser o melhor para todos.
— Melhor para quem? — Outra risada debochada e, nesse momento, o ômega parou em sua caminhada, se virando para encarar o alfa, que também havia cessado seu percurso. — Você está falando como os nossos pais. Acha mesmo que isso é o melhor para nós, Jeongguk? Nós nem nos conhecemos, muito menos sentimentos algo um pelo outro, nem sequer empatia.
Jeongguk não sabia o motivo, mas, ouvir aquelas palavras vindas do Park havia lhe incomodado. Não sabia se o aperto que havia sentido dentro de si era algo devido ao incômodo ou mais uma vez por seu lobo inquieto em seu interior, lhe confundindo.
— Se você odeia tanto essa ideia, por que aceitou? — Rebateu, agora usando o mesmo tom acusativo e ríspido do outro. — Você também poderia ter recusado, então não fale comigo como se a culpa de tudo o que está acontecendo fosse minha.
— Eu não tive escolha — o ômega exclamou, alterado. — Eu havia me recusado, porém, meus pais continuaram a insistir e todos da minha alcateia passaram a me pressionar, acreditando que realmente nossa união fosse algo benéfico para todos, então, a única coisa que poderia impedir que isso acontecesse, era que você se recusasse, mas, para minha surpresa e minha infelicidade, você aceitou, não me restando outra alternativa.
— Eu não acredito que você pode ser tão egoísta ao ponto de colocar a culpa em mim — Jeongguk proferiu, estupefato, deveres desacreditado com as palavras e comportamento do ômega. Havia o achado um tanto mal educado e antipático desde que se viram, no entanto, julgara ser apenas pelo estresse e frustração pela união forçada, porém, agora, estava a se perguntar se realmente ele era alguém pior do que havia imaginado, pois não era possível estar sendo tão egoísta. — Não vê que estamos passando pela mesma situação? Acha mesmo que eu estou feliz com esse casamento? Eu nunca tive vontade de me casar, muito menos com alguém como você — soltou, sem medir as palavras devido à sua irritação.
— O que está insinuando? — Indagou, com um tom intimidador na voz, encarando-o fixamente, como se estivesse o desafiando a continuar.
— Estou afirmando que você é desagradável e não seria jamais alguém que eu gostaria de ter como noivo — Jeongguk não se sentia ameaçado pelo outro, por isso, não hesitara em deixar ainda mais clara a antipatia que havia nutrido pelo ômega.
— E você é um ridículo, arrogante e prepotente que se acha demais. Nunca seria minha opção como esposo — o menor rebateu, irritado, soltando os insultos um atrás do outro rapidamente. — E eu achando que já havia conhecido alfas piores.
— Engraçado você dizer isso, já que, desde que nos conhecemos, não parou de agir feito um idiota. E meu pai ainda havia me dito que se tratava de alguém educado, mas vejo que estava enganado — declarou, se aproximando ainda mais do outro, de forma intimidadora. — Não passa de um ômega mimado, que não consegue encarar as próprias responsabilidades e consequências de seus atos. Realmente não é alguém que deveria assumir algo tão sério como um casamento.
— Não foi o meu pai quem me chamou de irresponsável, durante um jantar importante, para todos ouvirem — acusou, sem se incomodar com a aproximação do alfa. — Tem certeza de que está preparado para se casar, Jeon? Acho que não sou o único que não é qualificado para algo tão sério, mas tenho certeza de que serei um marido melhor do que você.
— Pelo menos eu assumo os meus deveres e tento fazer o que é certo.
— E o que é certo, esse casamento? — Riu, fazendo Jeongguk encará-lo ainda mais irritado, realmente não gostava da atitude prepotente do ômega. — Acha certo duas pessoas que acabaram de se conhecer e não sentem nada um pela outra, e que nem ao menos se dão bem, se casarem?
— O fato de não nos darmos bem é porque você não colabora para isso — revidou, não medindo seu olhar acusador e repreensivo para o loiro.
— Isso porque eu não tenho a mínima vontade de me dar bem e muito menos de me casar com você — proferiu, fazendo o alfa soltar um rosnado involuntário devido à personalidade difícil do ômega. Mal haviam se conhecido e Jimin já havia causado várias sensações das mais variadas em si, e não estava gostando nem um pouco daquilo, não gostava que o tirassem do controle.
— Eu tentei, mas realmente não dá para manter uma conversa civilizada com você, é arrogante demais — ditou, recebendo um olhar irritado do Park. — Melhor voltarmos, antes que eu desista de tudo isso e ponha um fim a esse casamento estúpido antes mesmo de começar.
— Digo o mesmo.
Jeongguk e Jimin seguiram até a cabana onde suas famílias ainda conversavam. O caminho de volta fora silencioso e ambos evitavam se olhar, completamente irritados um com o outro, levando-os a se sentirem frustrados ao pensarem que aquela união poderia ser ainda pior do que haviam imaginado, devido ao fiasco que havia sido a primeira aproximação, que acabara se tornando uma discussão. No entanto, não queriam comentar para os mais velhos sobre o quanto aquela conversa entre eles havia sido desastrosa, já que, a partir do momento em que concordaram com aquele jantar, haviam decidido consigo mesmos que, para suas famílias, tentariam fingir que estava tudo bem.
Mesmo que não soubessem até quando conseguiriam manter as aparências e levar aquilo adiante.
≈X≈
Após o encontro entre as famílias, os Park haviam partido e o senhor e a senhora Jeon estavam contentes devido o aparente sucesso daquele casamento, que já estava praticamente decidido. Conseguiram que seus filhos aceitassem a união e agora apenas restava que marcassem uma data e dessem início aos preparativos, e desejavam que tudo ocorresse o mais breve possível. Ainda não conseguiam acreditar que o filho, tão arredio e que estava tão contrário àquela ideia, havia realmente aceitado. Jeongguk era um rapaz de gênio forte e que gostava de sua liberdade e de poder aproveitar a vida sem se preocupar com as obrigações de sua família, mas agora seus pais acreditavam e se agarravam à ideia de que o filho estava mudando e finalmente disposto a assumir seus deveres com a família, já que, no futuro, ele seria o líder, por isso precisava começar a ser mais responsável e cumprir suas obrigações para saber lidar com o seu destino com o posto mais importante. E tinham fé de que o filho se tornaria um grande líder.
— Como foi sua conversa com o Park? Se deram bem? — O pai de Jeongguk indagou com curiosidade, quando se encontrava a sós com a esposa e o filho.
— Huh… — hesitou, pensando no que responder, todavia, não queria preocupar os pais, então achou que seria melhor não dizer a verdade, mesmo que desejasse contar a o desastre que havia sido os poucos momentos que passara com o Park e acabar com aquele casamento, já que, depois de sua discussão com o ômega, acreditava ainda mais que não daria certo. — Não chegamos a conversar muito, mas correu tudo bem.
O pai de Jeongguk o encarou, desconfiado, não convencido pelas palavras do filho. Entretanto, antes que pudesse questioná-lo sobre aquilo, sua esposa interveio, ansiosa para fazer mais perguntas ao filho.
— E o que achou de Jimin? Ele é muito bonito, não é? — Exclamou, animada, impressionando Jeongguk com o seu entusiasmo. Certamente, era a mais animada com aquele casamento.
— Sim, ele é bonito — disse, sem entusiasmo, mas com um meio sorriso, tentando esconder sua frustração, mesmo que realmente houvesse se encantado pela beleza do ômega, contudo, sua personalidade hostil havia lhe decepcionado, tudo estava se tornando mais difícil devido a isso.
— Filho, tem certeza de que está tudo bem? — Seu pai interferiu, percebendo que o filho parecia desapontado e com ainda menos ânimo do que antes do jantar. Temia que a relação do filho com o ômega se tornasse insustentável e que ambos desistissem do casamento, assim como se preocupava com o filho, que, mesmo o pedindo para que aceitasse aquela união contra a sua vontade, acreditava e torcia para que pudesse se dar bem e um dia realmente se apaixonar pelo futuro esposo. — Aconteceu alguma coisa entre você e Jimin? — Perguntou, sério, fazendo Jeongguk engolir em seco ao notar que seu pai havia percebido sua reação.
— Não aconteceu nada, pai — rebateu, prontamente, para que seu pai não insistisse em tirar a verdade de si. — Só estou um pouco cansado.
— Tudo bem — seu pai proferiu, mesmo que ainda não estivesse convencido. Conhecia bem o filho e sabia que o mesmo estava escondendo algo, porém, não queria pressioná-lo mais do que já estava fazendo.
— Meu amor, apenas quero que saiba que estamos muito orgulhosos de você — a senhora Jeon declarou, parando em frente ao filho e segurando atenciosamente uma de suas mãos, enquanto fitava o fundo de seus olhos. — Obrigada pelo esforço que está fazendo por nós e por todo o nosso povo. Torcemos para que você e Jimin possam se dar bem e se amar verdadeiramente no futuro. Assim como desejamos que o casamento de vocês seja feliz e duradouro e que possam construir uma linda família.
Jeongguk havia se sentido comovido pelo entusiasmo e palavras de sua mãe. Ele a amava tanto, assim como ao pai, não poderia decepcioná-los, por isso, faria a parte dele e tudo que estivesse ao seu alcance para que aquele casamento desse certo, apesar de que, naquele momento, aquilo parecesse algo difícil de acontecer.
— Obrigado, mãe. Eu também espero — ditou e, logo em seguida, sentiu-se ser envolvido pelo abraço acolhedor de sua progenitora, não hesitando em retribuir o carinho e, tão prontamente, sentiu uma das mãos firmes de seu pai em seu ombro e, levando o olhar, pôde observar a outra mão do mais velho igualmente depositada no ombro da ômega entre os dois, que ainda o abraçava.
Sentia-se completamente acolhido naquele momento.
— Nós amamos você — a mulher proferiu, fazendo o filho a abraçar ainda mais.
— Eu também amo vocês — declarou, olhando em direção ao pai e sorrindo, vendo-o retribuir aquele gesto, enquanto ainda não era capaz de se desvencilhar do abraço da mãe para encarar a realidade.
Ainda não sabia o que poderia fazer para que aquilo desse certo, tampouco sabia como se livrar da sensação que sentia por ter que abrir mão da forma com que vivia para se ver em meio a algo que nunca desejou, no entanto, torcia para que no futuro não se arrependesse e um dia pudesse se orgulhar de sua decisão e de seu esforço.
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