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História Velho Amor - Xxvi


Escrita por: yume_kako

Capítulo 26 - Xxvi


"Se não houvesse cerejeiras florescendo neste mundo

Quão mais tranquilos seriam nossos corações na primavera." - Imperador Meiji


Por todo o país comemorava-se o Hanami Matsuri, o Festival de Contemplação de Flores. De Sul a Norte as flores estavam desabrochando lindamente, o que impelia as famílias a se reunirem em parques para verem a beleza das flores, que  em sua maioria podia ser a Sakura (cerejeira), ou Ume (ameixeira). Mesmo sendo o início de Abril para os Japoneses o ano começava ali.

Sendo este também o pensamento de Orihime, suas energias estavam a todo vapor. Após seu monólogo sentia-se renovada. Criou uma série de alvos para si àquele ano, desta forma não perderia o foco.

Apenas o distanciamento de Ulquiorra que a deixava meio cabisbaixa, várias vezes pensou ir visitá-lo, mas além de não lembrar com precisão aonde ficava o apartamento, pois tinha ido de carro à noite; Não possuía coragem suficiente para ir. Se ele não atendia o telefone e não respondia às suas mensagens, era porque alguma coisa estava acontecendo. O moreno a preocupava.

Esses pensamentos lhe ocorriam durante sua parada para o almoço. Pouco antes de retornar a seu posto na padaria, seu celular vibra. Seus olhos castanhos arregalam-se ao ver quem finalmente respondia a sua mensagem. Melhor ainda, era um convite.

Estava escrito o seguinte na tela:

" Olá, Inoue. Me desculpe por não respondê-la durante esses dias, mas andava muito ocupado e sem tempo. Eu queria conversar com você pessoalmente, mas ainda não posso ir até você durante a semana. Porém, no sábado estarei livre. Podemos nos encontrar? No parque perto de sua escola realizarão o Yozakura*. Você pode me encontrar às 20h?"

Em resposta Inoue digitou:

"Fico feliz por ter entrado em contato. Estava muito preocupada com você. Eu irei sim. A escola pode ser nosso ponto de encontro. Tudo bem?"

A resposta logo chegou:

"Ok."

Ergueu os olhos para o canto superior da tela onde marcava as horas, seu horário estava no limite, correndo ela voltou à padaria. Estava almoçando no parquinho próximo dali. Dona Umi a esperava.

- Hey, dona Umi. - abordou a velhinha de súbito.

- Diga.

- A senhora já pensou em abrir uma konbini**? - indagou.

- Sim, sim. - respondeu desinteressada.

- Não daria certo? - insistiu.

- Konbini ficam abertas 24 horas, minha menina. Eu precisaria contratar mais pessoas.

- Com os lucros gerados por ela, isso não seria um problema. - ela parou observando a expressão pensativa da velha, prosseguiu -  Eu estava aqui matutando... O fluxo de nossos clientes é o mesmo. Não é ruim, mas também não posso dizer que seja ótimo. Antes era, mas, com aquela padaria que abriram com seus doces estrangeiros - dizia Inoue seguindo a velha entre as prateleiras - a garotada vai toda para lá. - explicava. -  Reparei que a konbini mais perto da redondeza está a 30 minutos caminhando daqui. Abrindo uma konbini atrairemos essas pessoas que vão até lá que moram próximas daqui. Não concorda?

- Falando desse jeito parece fácil, mas fique sabendo que para abrir a konbini eu teria de entrar em alguma das franquias. E esta padaria é minha mesmo. Eu teria de abrir mão do meu negócio que está aqui há anos! Acha que já não pensei nisso?

- Então, é só adaptar. Transforme-a em uma konbini.

- Quanto a isso, não sei se é permitido.

- Eu pesquisarei sobre para senhora. A senhora está velhinha, mas até que é esperta.

- Oras, mas o que é isso, Orihime-chan? Onde está seu respeito por mim? - Dona Umi fingia estar ofendida.

- Eu a estou elogiando. - saiu de fininho para os fundos. Um cliente tinha entrado.

***

Em frente ao espelho arrumava seu yukata. Tinha dificuldades em amarrar o laço. Com um esticãozinho aqui, outro ali, por fim conseguiu dar o nó. Agora, sentia que estava um pouco apertado demais. Com bastante cuidado puxou o laço para afrouxar um pouco. Ótimo. Ficara perfeito. O yukata era rosa bem clarinho e suas flores brancas. Seus cabelos estavam presos em um coque baixo e do lado esquerdo usava uma presilha no formato de flor. Estava ansiosa para rever Ulquiorra Schiffer. Sairia um pouco mais cedo, visto não andar com o geta*** há bastante tempo.

Chegou 10m antes do horário, pensou que andaria lentamente com o geta, mas na verdade não. Uma vez aprendido, não se esquece.

Passava de 20 horas e ele ainda não tinha chegado. Começou a ficar inquieta. Procurou seu celular na pequena bolsa, quando ele finalmente apareceu.

- Mil desculpas, Inoue.

- Desculpado, mas numa próxima vez tente enviar uma mensagem ao menos. - não estava nervosa.

- Sinto muito.

- Está tudo bem. Vamos?

- Sim.

Ulquiorra estava de social, segurava o terno no braço. O tom do terno era azul escuro. A calça e a gravata eram da mesma cor do terno. Somente a camiseta era branca e os sapatos pretos. Os cabelos estavam presos. Orihime estava decepcionada, queria vê-lo usando Yukata. Mas, não falou nada.

A caminhada durou apenas alguns minutos, atravessaram uns cinco quarteirões e logo chegaram. O lago estava cheio de pétalas e refletia o luar. Tinha-se uma bela visão. Ou triste se pensar que as pétalas iam secar e assim morrer.

A multidão se concentrava nas barracas e embaixo das árvores que estavam decoradas com lanternas de papel.

Não falaram nada durante todo o percurso. Exceto por concordarem em comer dango. Sentaram lado a lado à beira do lago. Quem se pronunciou foi Ulquiorra.

- Para ser sincero, eu não queria te ver. Eu acho que estar com você é bem mais doloroso, do que não estar.

Orihime permaneceu quieta. Ouvia atentamente as palavras dele. Ele não a encarava.

- Eu pedi para voltar à Espanha.

- Por minha causa? - questionou espantada.

- Não só por sua causa. Bem, a porcentagem maior é sim, mas resolvi que  quero conhecer outros lugares. Quando estive lá trabalhava e estudava ao mesmo tempo não tive condições de explorar do jeito que eu queria,; A Espanha está entre a França e Portugal e pelo estreito de Gibraltar posso me aventurar indo para Marrocos. - seu olhar estava distante, provavelmente se imaginando em futuras aventuras.

- E por que está me dizendo tudo isso? O que eu ganho em saber sobre seus planos? - havia irritação em sua voz, porém controlada.

- Realmente. Você não ganha nada. Eu até pensei em ir embora sem te dizer nada, por isso não atendia suas ligações.

- Não estava ocupado? - indignada perguntou.

- Estava sim. Estava treinando meu sucessor. Como precisei ensiná-lo desde o  princípio e o Japonês dele não é dos melhores, minhas tarefas acabaram em segundo plano o que me atrapalhou bastante. Só que eu não morreria em enviar uma mensagem para você ou ligar à noite, pós-expediente.

- Era o que eu pensava. - falou baixinho.

- Não posso negar que você se tornou minha amiga e que agir desse modo era infantil.Por esse motivo, por essa razão decidi falar contigo.

Ele virou o corpo na direção dela e tomou suas mãos para si. Agora, se encaravam. Ulquiorra começou.

- Mais do que está estampando, Orihime. Eu estou loucamente apaixonado por você. Digo "loucamente" porque não há um minuto sequer que eu não pense em você. Todas àquelas fotos que tiramos estão impressas em molduras por todo o meu apartamento. Você não percebeu, mas a visitei todos os dias em que esteve internada. Até pedi permissão para trabalhar em casa, assim teria facilidade em ir visitá-la. Conversamos sobre sermos egoístas uns com o outro e notei que isso não fazia bem a mim e nem a você. Percebi o papel de idiota que estava interpretando. O papel ridículo de disputar sua atenção com um menino de dezoito, dezenove anos. Não sei quantos anos ele têm.

- Kurosaki-kun completa dezenove em julho.

- E você já têm dezenove?

- Não, faço em setembro.

- Viu só? Eu pareço um velho bobo me intrometendo no romance de vocês. - soltou as mãos dela.

- Você não parece um velho, só porque tem dois ou três anos de diferença.- segurou as mãos dele de volta.

- São seis anos. Você é menor de idade para completar.

- Está exagerando, Ulquiorra.

- Não estou. Não me refiro a diferença de idade entre nós dois e sim do teu Kurosaki-kun. Estou competindo com ele a sua atenção.- Respirou fundo olhando para baixo. Ergueu a cabeça, olhou para àgua. - Esse tempo longe serviu para refletir nisso também. - apertou as mãos brancas de Inoue, a palidez das suas se sobressaíam a dela. Tornou seu olhar para ela. Seus olhos verdes brilhavam. -  Eu não quero ser seu amigo, até gostaria. Mas, não consigo. Essa história de "estar perto já é o suficiente" não existe. Eu não quero estar perto de você, a desejando e você pensando em outro. Não, é ridículo! Não me vejo em uma situação dessa. E como conversamos no hospital, isso é egoísta, eu admito. Por isso prefiro me distanciar. Viajar, conhecer outras pessoas, encher minha mente com coisas novas. Tenho certeza de que será bom. Não afirmo que a esquecerei, pois não desejo isso, mas ao menos você se tornará uma recordação. Alguém que eu costumava conhecer.

- Eu também gosto de você Ulquiorra-kun. Kurosaki-kun, porém, entrou em minha vida primeiro. Ele esteve aqui antes de você. E é ele quem amo.


Notas Finais


* Yozakura (夜桜): É o Hanami só que é à noite. Hanami (花見) é o nome para ver as flores durante o dia e Yozakura (夜桜) nome dado para ver durante à noite.

** Konbini: Loja de conveniência

*** Geta: Tamanco em forma de chinelo

Olá! Obrigada por acompanharem.

Eu disse que queria terminar antes de completar dois anos. Mas, é quase impossível para mim hahaha. Entretanto, quero finaliza-la agora durante todo o mês de agosto.

Beijos!


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