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História Vontade do fogo X Poder Uchiha - Onde todos os corações sangram


Escrita por: TamiresVargas

Capítulo 8 - Onde todos os corações sangram


“É tempo de guerra, é o nosso tempo.

Alimente o fogo que queima por dentro

É hora de ir, é hora do show

Vamos lutar até as vontades deles serem quebradas

É hora do jogo, é um momento insano

Deixe a loucura voar.”

 

O vento assoviava em seus ouvidos enquanto ela se concentrava na pista recém encontrada. O barbante trançado estava endurecido e sujo de terra; arrebentado, sugeria uma tentativa de escape. O mofo que exalava indicava que sofrera com a chuva de um dos dias da semana.

Apertou a pulseira improvisada lembrando o apreço de Sasuke por ela. O presente simples foi feito por Itachi num momento de distração, mas para o pequeno significava uma joia lapidada com o maior esmero.

Mikoto se sentia frustrada, logo um ciclo de vinte e quatro horas se fecharia e o único vestígio de seu filho pouco lhe dizia sobre o paradeiro dele. Ela analisou o ambiente ao seu redor com uma minúcia quase doentia como se o esforço fizesse a relva lhe indicar um caminho. Engoliu o suspiro e caminhou devagar fitando o solo.

— Miko, o cheiro segue cinco direções diferentes. É provável que todas sejam armadilhas. — Moru pronunciou calmo captando a irritação diante de suas palavras. Ele podia perceber as oscilações de emoções através do odor que ela emanava. — Foram prevenidos e astutos, mas erraram na quantidade da marcação. — Apertou ainda mais seus olhos cegos e enterrou o focinho no solo. — A chuva teria apagados os traços naturais, no entanto a intensidade dela é menor do que a deles, portanto a terra foi demarcada após a precipitação.

— Algum rastro de Sasuke?

A toupeira negou vagarosamente com a cabeça, estava concentrada nas informações que a terra lhe trazia. O odor que captara era um chamariz simplório, contudo deixava uma pergunta intrigante: por que não possuía qualquer partícula daquele que o implantara? Moru levantou o focinho encontrando no ar suas características comuns e a sensação de procurar o inexistente se aconchegou em sua mente.

— Vou checar as armadilhas. Dê-me as coordenadas. — Mikoto pronunciou com frieza, produzindo os bunshins necessários.

Os clones não demoraram a terminar o serviço e devolver informações. Nada que ajudasse na procura. Alguns confirmaram as armadilhas ditas por Moru, outros se depararam com trilhas interrompidas.

Mikoto engoliu o choro que ameaçava romper sua garganta e continuou a busca sem esperança. Os olhos congelados por uma tristeza descrente e profunda. Era a única coisa que poderia fazer, o que faria até a morte lhe levar ou apresentar o corpo de seu filho.

A quilômetros de distância, o ANBU observava o ímpeto dela se arrefecer. De início, pensou que a mulher ofereceria risco aos planos, porém as habilidades de seu companheiro em esconder rastros tinham uma eficiência nunca antes vista. Baixou a luneta que segurava, ainda fitando para o ponto em que Mikoto estava. O rosto petrificado dela pressionava uma fina agulha contra a mente do ANBU, algo que ele deveria refutar, contudo parecia tão insignificante que não merecia atenção.

Ele retornou para junto de seu parceiro e lhe posicionou sobre a Uchiha, ouvindo o escárnio dele quando pronunciou que ela perdera o rastro e parecia perdida quanto ao caminho que deveria seguir. “Imagine a cara de desespero dela se soubesse como o moleque está”. O homem tripudiou se divertindo ao projetar o rosto aflito de Mikoto em sua mente. “Podíamos matá-lo diante dela! Consegue imaginar? Só de pensar na expressão que ela faria sinto vontade de quebrá-lo inteirinho!”

Yoshihiro se sentiu incomodado. O destino do garoto era irrelevante e não estava nas mãos deles decidir qual seria. Desejar qualquer fim para o menino não passava de um ato impulsivo e infantil, próprio de quem não conseguia controlar suas emoções.

— Como ele está?

— Vivo — respondeu Jun cuspindo a palavra. Ele percebeu o desagrado na expressão do outro e se irritou com a represália silenciosa. — Você dá muita atenção para aquele filhote de verme! Não me diga que está com pena?

— Nós recebemos uma missão e a integridade do garoto faz parte dela. Qualquer exceção é um descumprimento passível de punição — pontuou com a voz grave. — Vigie o perímetro.
 

Ao redor do santuário Naka, a emboscada estava pronta. Buki se juntara aos demais ANBU fazia poucos minutos. Sua máscara de gato refletiu o sol num instante e se apagou quando a nuvem bloqueou a estrela de fogo. Havia dado a ordem e deixado a estratégia por conta dos subordinados. Sabia que Danzou logo o moveria.

Um abutre grasnou acima de suas cabeças, e Buki percebeu que se tratava de um aviso. Fitou a entrada do santuário esperando pela saída dos Uchiha e se desfez em fumaça no momento seguinte.

A árvore queimou ao ser atingida pelo katon, seus galhos desmanchando em gotas de fogo que choviam sobre a terra batida. O tronco estalando em protesto veio abaixo segundos depois, apontando na direção daquele que o queimara. Os olhos de Fugaku exibiam o vermelho sangue de sua herança, lapidados numa frieza assassina.

Buki não sentiu medo, porém sua experiência lhe advertiu que seria prudente sair do caminho do líder Uchiha. Aproveitando-se do ataque dos outros ANBU, recuou para o solo e providenciou uma rota de escape no subterrâneo. Em um minuto havia se afastado o suficiente para sair do campo de batalha, contudo sua percepção lhe entregou uma realidade diferente.

Da terra, vapores surgiam formando uma névoa que se intensificava rapidamente, diminuindo a visibilidade ao passo que transformavam o túnel num ambiente insuportável. Buki avançou por mais alguns metros até ser obrigado a romper o solo quando uma labareda de fogo foi cuspida contra seu corpo. Ele saltou em posição defensiva, deixando-a para iniciar os selos de um ataque elétrico que arrancou o braço esquerdo de Fugaku.

A visão do homem retorcido em dor pairou na mente de Buki, que investiu o punho faiscando contra seu oponente aturdido. O estouro no estômago dele causou um baque seco que morreu no chiado agudo da eletricidade. O som dela aumentou de forma ensurdecedora rompendo a bolha de fantasia e mostrando o rosto daquele que deveria estar derrotado.

A expressão de Fugaku permaneceu talhada em cólera. O sentimento fluindo por suas veias expulsava o resquício de piedade que existia em seu coração. Conduziria à morte aqueles que ousaram emboscar o clã em seu lugar sagrado.

Buki não reagiu à figura demoníaca a sua frente e num segundo viveu uma vida inteira. O instinto de fuga rugia dentro de si, mas as consequências de um ato covarde o levariam a um sofrimento maior do que enfrentar o líder dos Uchiha. Ao retomar o controle da respiração, afastou-se num salto para trás recompondo os pensamentos outrora paralisados. Feito isso, desceu ao chão determinado a não prolongar a luta.

Ele evitou o sharingan concentrando sua atenção na sombra do oponente e reuniu a eletricidade nos dedos da mão esquerda, fazendo uma fina camada de chama recobri-los. O brilho laranja se intensificou formando um escudo que dificultava o contato visual dos olhos de sangue.

Buki desapareceu envolto em névoa, ressurgindo como as mãos que serviam de correntes aos tornozelos de Fugaku, enterrando-os no solo enquanto outro de si formava uma hélice espinhosa de fogo com um núcleo condensado de energia elétrica. O clone explodiu pouco antes de tocar as costas de Fugaku, descarregando sua essência nele. A onda percorreu a pele queimando-a de imediato ao passo que provocava convulsões no corpo atingido.

Buki notou a substituição quando já havia desperdiçado chakra, mas sua armadilha lhe conferia a vantagem necessária para a vitória. Girou os dedos numa meia-lua, ativando um ponto brilhante no tronco de uma árvore que refletiu outros espalhados pelo bosque. Eles cintilaram intensamente uma vez e se apagaram em seguida.

O frio invadiu as veias do ANBU quando o sangue quente jorrou da ferida no pulso. Ele arregalou os olhos diante do naco de carne que outrora lhe pertencia e atropelou seus próprios pensamentos forçando um contra-ataque. Conseguiu atirar uma kunai explosiva na direção de Fugaku, porém esta foi interceptada facilmente por uma shuriken.

A fumaça negra assumiu o vermelho do katon que Fugaku cuspiu, obrigando Buki a esmagar com chakra o toco amorfo para estancar o sangue. Com a mão restante, ele repetiu o gesto que fizera antes de ser golpeado, revelando os fios de eletricidade que se cruzavam no campo de batalha formando uma trama fechada. As mínimas aberturas possuíam espaço apenas para acomodar os tornozelos e chiavam baixo com a passagem da corrente.

Buki as diminuiu, as linhas ajustadas ao corpo de Fugaku o imobilizavam sem ferir. Realizou uma dúzia de selos que se converteram numa bruma negra que se expandia e contraía no compasso de uma respiração. Logo fileiras de dentes se sobressaíram no espectro sem rosto e uma baba viscosa escorreu pelas laterais da cavidade, corroendo o chão nos pontos em que tocava. A criatura se dissolveu no ar, reagrupando-se em frente ao oponente, pronta para tragá-lo para seu interior. O hálito pútrido golpeou o rosto de Fugaku que se manteve inerte enquanto o perigo acariciava sua vida.

Buki sentiu uma pontada no estômago, a dor se espalhando conforme a dúvida sobre a postura do inimigo se transformava numa certeza mortal. Não demorou ao ar corrente em seu pescoço se misturar com o do ambiente e notar o próprio sangue tingindo a paisagem. Sua visão caminhou pelo local buscando seu algoz, encontrando nele a mesma expressão que carregava antes do início da luta. Neste instante, Buki se lembrou do aviso que quisera dar a Danzou: “não subestime os Uchiha”, e uma tentativa de sorriso esticou o lado não paralisado de seu lábio, retorcendo o rosto sob a máscara de gato. O baque seco de seu crânio contra o solo não foi sentido. A perda de sangue já havia cumprido sua incumbência de sugar o homem para a escuridão.
 

O som do atrito entre os metais se converteu num silêncio abrupto atraindo os olhares dos herdeiros de Indra. Nenhuma gota fora derramada, porém a alma do mais jovem entre eles foi sugada pela lâmina de prata do ANBU.

Mikoto arfou descrente. O choque tomou sua expressão por um instante, mas se converteu em ódio no seguinte. O sharingan acendeu de forma inconsciente, gastando o chakra que deveria ser reservado para o clone durar mais tempo. Driblou um golpe, destruindo o bunshin, correu como a luz, aproveitando a cobertura de seus companheiros, desviou de um par de investidas e prendeu o olhar de seu alvo no seu.

Enquanto ele mergulhava num genjutsu, Mikoto lutava para se livrar da perseguição de um clone, vendo a perspectiva de desaparecer do campo de batalha a ponto de virar realidade. Continuou a corrida, encontrando dificuldade em se aproximar de seu alvo. Não esperava que os ANBU colaborassem daquele modo. Quando a saída parecia inexistente, Mikoto lançou mão de um katon. A bola de fogo obrigou seu perseguidor a se afastar e diante disso a chance foi aproveitada. Nenhum dos presentes percebeu a shuriken que emergiu da massa de chamas e cruzou a área até encontrar descanso no olho do ANBU dominado pela ilusão.

Ele urrou levando as mãos próximo ao ferimento, balançou a cabeça tentando desviar o foco da dor e se preparou para retirar a arma. Seus dedos roçaram o metal, segurando-o trêmulos, adquirindo firmeza conforme o ninja reunia coragem para o ato quando foram levados junto com seu braço por um canhão de água. A pressão do golpe arrancara o membro e parte do tronco ao redor do ombro, formando uma cratera que vomitava sangue.

Entregue ao sofrimento, o ANBU parecia aceitar a morte de bom grado, no entanto paz não era o objetivo de Mikoto para o homem. Mesmo com o chakra quase no fim, ela investiu contra ele novamente sem se importar com os ataques que vinham em sua direção. Próximo ao alvo foi surpreendida por uma lâmina de vento impossível de ser evitada que dividiu seu corpo ao meio. A decepção ofuscou seus olhos, mas o brilho voltou antes que seu clone desaparecesse. Fugaku havia retornado.
 

Mikoto reteve o passo ao ter o cérebro invadido pelas memórias. Fitou o vazio sentindo a boca seca e o peito se espremer. “Começou”, disse a si mesma, surpresa pelo pontapé ter partido de Konoha.

— Uma emboscada no santuário. Fomos descuidados... — respondeu ao olhar inquisitivo de Moru com desgosto e tristeza em igual quantidade, perdendo a atenção no horizonte.

Ela se lembrou das palavras do marido, compreendendo naquele momento o que ele havia sentido quando Shisui desapareceu. Não era para seus irmãos morrerem daquele modo banal, não era para perder vidas em troca de ganhar poder. Que honra teria uma vitória ganha através do sacrifício da integridade deles? O quanto era aceitável perder para retomar a glória do passado? Mikoto percebeu que lhe faltavam as respostas. Dominar Konoha perdia o sentido perto da possibilidade de seu lar deixar de existir.

Com um forte suspiro, ela soprou aqueles pensamentos para longe. Precisava continuar a busca por Sasuke. Tomou impulso para outra árvore, seguindo a pista que Moru havia encontrado, percorrendo quilômetros com facilidade até parar num estanque. O peito se encheu de gotas que ela reprimiu, tornando a respiração custosa e os punhos se fecharam para espantar o tremor interno.   

— O distrito será o próximo... — murmurou num tom rouco e pesado, sentindo como se uma agulha atravessasse sua garganta. — Preciso voltar... — A voz se perdeu na última sílaba.

Seu corpo não lhe obedeceu. Raiva e angústia cooperavam para destruir seu equilíbrio dominando seu cérebro com acusações. Num minuto todas as possibilidades passaram por ele, fragmentando o coração da matriarca Uchiha. 

— Miko-chan — chamou Moru ciente da batalha que acontecia no íntimo de Mikoto e de que o tempo não esperaria o fim dela.

— Eu já decidi — pronunciou, tomando o caminho contrário.
 

O resultado da batalha no santuário Naka foi um empate de dois mortos para cada lado. A estratégia inicial foi rediscutida rapidamente e alterada de acordo com as baixas sofridas. Os componentes de um dos grupos que perdeu seu líder foram redistribuídos entre os restantes enquanto o outro passaria a ser liderado pela pupila de Fugaku. Alguns membros outrora não convocados receberiam a responsabilidade de cuidar da proteção e evacuação do distrito caso necessário, conduzindo os civis através da única rota de fuga disponível. O resto já estava gravado na mente de todos: riscos, hipóteses, aberturas, dificuldades, probabilidades...

Tomar Konoha de dentro exigia neutralizar os detentores do poder. Parte destes não passava de velhos estúpidos que há muito não manuseavam uma kunai, a outra incluía Hiruzen e Minato.  

Ainda havia um ponto especial: Danzou. A desconfiança sobre o falcão de guerra começou na época da realocação dos clãs, quando sua decisão marginalizou os herdeiros de Indra ao despachá-los para os extremos da vila e foi alimentada pelas informações obtidas através de investigações. Muitos ninjas considerados desaparecidos estavam trabalhando para ele, formando um grupo apartado da ANBU que possuía objetivos ocultos e crescia com uma lealdade preocupante. O ataque ao santuário havia descortinado parte das intenções e garantido uma atenção especial a Danzou e seus lacaios dentro do plano dos Uchiha. Esperar que ele se rendesse era de uma inocência louvável e matá-lo uma possibilidade crescente.

Yashiro assobiou alto, ordenando a partida dos homens, contudo alguns se detiveram olhando para os corpos expostos dos companheiros.

— Senhor... — Um deles murmurou desviando o olhar para o morto e logo retornando a face de Yashiro.

— Não há tempo para honrar os mortos.

O homem ainda tentou buscar uma resposta diferente de Fugaku, porém este fechou os olhos e seguiu em frente.
 

“Nesse mundo só os fortes sobreviverão

Ouça o rugido e saberá que está vivo

Sinta a energia edificar sua alma porque chegou a hora

Emoção em carne viva, pura devoção

Eles testemunharão

E nossa memória irá perdurar por todos os tempos

Sem se esconder ou dividir.”
 

A águia voou baixo com velocidade, zunindo no ouvido de Aya ao passar por ele. A mensagem já estava na mão dela antes da ave ensaiar a entrega e foi lida num instante, sendo incendiada em seguida. A jovem caminhou tranquila pelas ruas do distrito Uchiha enquanto repassava a informação àqueles que ficariam sob seu comando. Seu semblante naturalmente austero espelhava a rigidez com a qual ela se dirigia a eles.

Aya levou pouco mais de trinta minutos para localizar e instruir todos. Sua voz baixa contrastava com a frieza do tom de quem não admitiria falhas e se unia aos olhos pétreos que continham uma sombra de ameaça.

A pupila de Fugaku era um ano mais velha que seu filho. Carregava o orgulho nas veias na mesma proporção que a arrogância na postura, nunca deixando que alguém se esquecesse de sua posição. Sendo a única que recebera treinamento direto do líder, Aya ascendeu dentro do clã, abandonando o carma de ter nascido numa família de comerciantes para se destacar entre os melhores guerreiros.

Ela observou o sol começar a se curvar para o oeste. Tinha algum tempo antes de executar a ordem que havia recebido.

Sequestrar dois dos conselheiros de Konoha e mantê-los sob custódia era simples demais para Aya, tanto que poderia agir sozinha. Era uma incumbência que a desagradava pela facilidade e ainda mais por lhe afastar das lutas. Teria se livrado dela se a situação não exigisse a urgência do ataque.

Faltavam dois minutos para a troca de turno dos ninjas que ficavam nas torres de vigilância. O grupo que observava o clã desde sua mudança para o distrito não aumentou em número, porém se diversificou com o tempo. Os ANBU deram lugar a membros da Raiz em substituições sutis que transformaram a massa de subordinados de Konoha em apenas três indivíduos.

Dentro de cada torre sempre ficavam dois ninjas em períodos de vinte e quatro horas. Os horários das trocas se alternavam com frequência assim como as duplas, que se cercavam de todos os cuidados para entrar e deixar o local com discrição. No entanto, eles estavam cercados pelos inimigos e mesmo o maior zelo foi insuficiente perante as dezenas de olhos carmesins.

Aya se moveu quando viu os ninjas entrando. Seu corpo original e um clone invadiram as torres e travaram uma luta curta. Sua técnica de imobilização aliada ao sharingan lhe conferiu a vitória rápida e necessária para dar continuidade ao plano.

Ela retirou as máscaras dos corpos, reconhecendo os rostos deles. Ninjas da Folha, seus inimigos. Pessoas que lhe cumprimentavam nas ruas, miseráveis que queriam a desgraça de seu povo.

A espada tremeu em suas mãos, suplicando pelo sangue daqueles vadios. Aya calou sua sede com um aperto firme que a fez estalar entre seus dedos. Deu as costas para o cenário com passos lentos, parando antes de cruzar o corredor. Fitou o chão e as paredes do lugar, lembrando a sensação que teve ao entender o que ele significava.

“Não confiam em nós.”

Embora tenham se sacrificado nas guerras e aceitado a posição ingrata na qual foram colocados, eram temidos e rotulados por uma lenda maldita. Décadas de humilhação por uma crença estúpida.

Aya voltou, guardando a espada na bainha e com suas próprias mãos decidiu o destino daqueles homens.
 

Minato contemplava a vila da janela de sua sala. A expressão serena ocultava a agitação que borbulhava em sua mente, exteriorizada pela pressão que seu polegar exercia sobre seu maxilar. Havia tomado as precauções, contudo isto não garantia que o ataque seria contido.

O líder máximo de Konoha reconhecia a dificuldade contida em sua decisão de proteger os habitantes da vila sem distinção. Beirava o impossível evitar o confronto e se tornava nítido, como um horizonte sem nuvens, a iminência da necessidade de ordenar o contra-ataque. A possibilidade guardava uma lógica que não encontrava sentido na mente de Minato embora defender a Folha da traição dos Uchiha fosse a resposta óbvia ao ato e contra-atacar uma consequência inevitável.

A meditação foi interrompida por Shikaku e um relatório que teve pouco tempo para ser digerido.

— Não há dúvidas que eles atacarão depois do ocorrido no santuário, mas temos outro inimigo que também precisa ser detido... A Raiz vai se aproveitar do ataque dos Uchiha. — disse o líder dos Nara, atento a reação do Hokage. — Precisamos revisar nossa estratégia. Danzou fará qualquer coisa para sair vitorioso.

A frase despertou um pensamento tenebroso na mente de Minato. Ele sabia que a ganância de Danzou não possuía limites nem se privava de instrumentos para atingir seu objetivo.

— Ordene que o clã Aburame vigie a vila, qualquer sinal deve ser reportado de imediato. Contate os ANBUS que estão nas torres do distrito e os mande redobrar a atenção. Os membros conhecidos da Raiz devem ser detidos e inutilizados se oferecerem resistência. — Minato parou por um instante e a preocupação desenhou vincos em sua testa. — Não podemos deixar transparecer aos civis, isso causaria pânico e tornaria a situação ainda mais complicada... Também torna protegê-los mais difícil. Se algum civil for morto não teremos como evitar uma guerra e Danzou certamente vai se utilizar desse artifício no pior momento para nós.

— Não queria acreditar que ele é capaz disso, contudo refutar possibilidades nos induzirá à derrota. — Shikaku mergulhou em possíveis cenários, traçando os mais obscuros. — Nós temos um inimigo em comum, porém os Uchiha não sabem disso e é em cima dessa desvantagem que a Raiz agirá. Eles podem matar qualquer um e por a culpa em quem for conveniente. Na pior das hipóteses, estaremos lutando contra os Uchiha enquanto Danzou conquista sua vitória pelas sombras.

— Ele está focando nas consequências. A estratégia de Danzou é simples: empurrar as pedras para esmagar quem estiver no abismo. O resultado parecerá inevitável e coerente aos olhos dos que estão no topo da montanha.

— O conselho... — Shikaku murmurou tingido por uma corrente de clareza.

— O conselho, o senhor feudal, a população... Se um Hokage não consegue proteger seu povo de que adianta mantê-lo no cargo? O Sandaime se aposentou devido ao resultado da guerra, mas quem pode garantir que ele não foi forçado ou induzido?... Os Uchiha não são os únicos que desejam ascender ao poder.   

O silêncio não teve tempo de se instaurar sendo repelido um segundo depois de chegar por batidas rápidas na porta. Quando a notícia trazida pelo ninja saiu de sua boca, Minato e Shikaku se entreolharam com firmeza.

— Perdemos o contato com as torres do distrito.
 

Enquanto a tranquilidade se perdia na torre do Hokage, Kagami e Kaoru se camuflavam entre as pessoas observando a movimentação de ninjas crescer gradualmente.

— Faz quase uma hora que não vejo um Uchiha. — Ela comentou sem desviar o olhar das ruas.

— Estão numa última reunião ou já tomaram seus postos. Não os veremos até o ataque começar.

Kaoru estremeceu por dentro, contudo manteve a indiferença no semblante, somente os olhos lhe traíram por um segundo que Kagami captou de imediato.

— Fugaku optará pela noite. — Ele continuou. — Envolverá menos civis dessa forma. Será uma investida silenciosa.

— Do jeito que as coisas estão óbvias acho difícil ele conseguir.

— Você vê essas pessoas preocupadas? — Kagami questionou e ao receber a negativa complementou: — A vida é tranquila para os ignorantes. E Fugaku não quer despertar o medo deles.

— É realmente mais fácil governar ovelhas... — Kaoru resmungou. — Agora entendo a tática dele.

A conversa se perdeu quando eles avistaram um ANBU que seguia Kushina e Naruto, e o desconcerto de Kaoru quase anulou seu jutsu de transformação. Segundos depois ela concluiu que o ninja fazia a escolta de sua família e respirou aliviada.

— Emoções nesse momento só irão lhe atrapalhar. Se não puder se separar delas, desista agora. — Kagami disse com dureza.

— Já disse que não vou voltar atrás!

— Então não cometa erros. Uma vida pode ser perdida por causa de um deles. — Ele a encarou friamente. — Todo o seu ser deve se focar no que se propôs a fazer. É isto ou esperar que os outros resolvam o problema.

Kaoru reteve o passo, sentindo o peso daquelas palavras e os sentimentos escondidos nela.

Kagami poderia estar vivendo o luto que era seu por direito e fechado os olhos para o que acontecia ao redor, afinal que motivo tinha para continuar lutando? No entanto, ele se vestiu de altruísmo e engoliu a dor para defender o que acreditava. E se aquele homem devastado ignorava suas emoções em prol do bem de outras pessoas, Kaoru se espelharia nele e faria o mesmo.

 — Não vou falhar. — Ela respondeu com firmeza.

Kagami assentiu, apontando com o olhar para dois ninjas que corriam pelos telhados a sua direita, soprou uma sílaba para Kaoru e ambos desapareceram em fumaça.  
 

Jiraya não se surpreendeu ao encontrar o covil da Raiz com ares de abandono, mas suspeitou da falta de vestígios. O lugar parecia uma casa deixada para trás após a mudança de seus moradores. Ele andou procurando algum detalhe que pudesse lhe ajudar a formular uma hipótese ou desse uma pista sobre a direção tomada pelo grupo de Danzou, porém apenas encontrou uma fenda na rocha. O formato dela lhe chamou atenção, fino e raso demais para ser fruto de alguma ação da natureza, mais parecia uma perfuração por algum objeto. “Uma batalha?...”, pensou passando os dedos pela abertura. “Uma luta interna. Insubordinação?...”

O pensamento foi interrompido por um bater de asas, e Jiraya assumiu posição de ataque.


Notas Finais


Música: Immortalized - Disturbed https://www.youtube.com/watch?v=d-x3raujsLo

Qualquer erro, avisem.
Bjs!


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